História Instructions Not Included - Capítulo Dezoito - Ele não é uma aberração

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​;ele não é uma aberração
 

Poucas semanas se passaram desde o tão aclamado beijo entre Jungkook e Jimin no estacionamento da academia de dança, e Jimin não conseguia se lembrar da última vez que esteve tão feliz em sua vida toda. Bom, excluindo o dia que reencontrou Jinwoo, é claro.

Era engraçado como a partir do momento que ele e o Jeon acertaram os seus sentimentos -- à sua maneira, Jimin notou que parecia que o embaraço e desconforto que havia entre os dois, nunca tivesse existido. Embora eles não tenham tido muito tempo livre para desfrutar da presença um do outro à sós pois, Jimin e Jungkook tinham que trabalhar e ainda tomar conta de Jinwoo, o loiro se encontrou verdadeiramente encantado pelos pequenos momentos doces que teve com o Jeon.

Um deles que ainda estava fresco em sua memória, era a pequena interação que ele e Jungkook tiveram durante uma das manhãs desta semana.

Jinwoo estava atrasado para escola e Jimin estava começando a se desesperar. Jungkook ainda não tinha saído do seu quarto, e o Park não fazia ideia de onde o moreno tinha deixado as chaves do carro, na noite passada. Não querendo chegar atrasado no seu trabalho ou na escola do filho, Jimin estava ao ponto de arrombar a porta do quarto de Jungkook e arrastá-lo de lá pelos cabelos, quando ele surgiu no fim do lance de escadas do apartamento com um sorriso desenhado no rosto. Jungkook caminhou até a cozinha com uma tranquilidade quase desconcertante, beijou Jinwoo nas bochechas cochichando um “bom dia”, e andou na direção de Jimin com um sorrisinho engraçado nos lábios e um olhar difícil de decifrar. Claro que Jimin se sobressaltou quando Jungkook beijou-lhe os lábios e sussurrou um “bom dia” preguiçoso, pouco se importando com Jinwoo que os assistia curioso.

“Papai, você e o papai Jungkook estão se pegando?”

Ah, aquela pergunta de Jinwoo não lhe deixou em paz pelo resto do dia.

Claro que foi um momento simples, um gesto simples vindo de Jungkook. Porém estes atos singelos estavam afetando o coração de Jimin, cada vez mais.

Jimin estava passando a ansiar pelos momentos que Jungkook decidia aleatoriamente lhe abraçar, ou quando lhe beijava a bochecha e afagava suas mãos. Seu coração palpitava tão feliz quando ele, Jinwoo e Jungkook se sentavam no sofá para fazer algo tão trivial como assistir Tv pois ali juntos dos dois, Jimin se sentia… completo.

Era uma sensação gostosa, que nascia no peito e se alastrava pelos outros membros do seu corpo, e impedia Jimin de parar de sorrir. Era uma felicidade quase inocente, pois ele se sentia contente de apenas estar na presença daqueles dois.

Jinwoo deu a ideia de assistir uma animação que tinha recentemente saído no Netflix, já que era sábado e ele adorava passar tempo com seus pais, e os dois obviamente não contestaram. Jinwoo teria chamado Sunhye para assistir o filme com os três, mas a mãe da menina tinha o final de semana de folga e o menino sabia como a sua amiga sentia falta da mulher. Enquanto Jinwoo se trocava com Jimin no andar de cima, Jungkook preparava três baldes de pipoca na cozinha totalmente concentrado. Jimin tinha consciência de que o filho provavelmente iria dormir no meio do filme, então achou melhor que ele vestisse seu pijama assim não teriam que trocá-lo na hora de o colocar na cama. Era uma boa ideia pois isso ao menos deixava o filho distraído até a pipoca estar pronta.

“O filme parece MUITO legal, pai,” Jinwoo tagarelava empolgado, enquanto Jimin o despia em cima da sua cama.

Jimin não conseguia expressar a sua felicidade em ver o filho tão solto e falante, era algo tão gostoso. Jinwoo não perdia a oportunidade de falar sobre algo com ele ou Jungkook, nem parecia que o bebê era atormentado pelos seus medos há semanas atrás.

“Ah, então vamos nos arrumar bem rápido ‘pra gente ir assistir, tudo bem?” sorriu quando o filho balançou a cabeça freneticamente. “Qual pijama você vai querer, bebê?”

Jinwoo riu.

“O do Homem de Ferro,” o menino respondeu arteiro, fazendo Jimin rir junto dele.

“Por que eu pergunto mesmo?” o pai riu consigo mesmo mais um pouco enquanto se afastava e caminhou até o guarda-roupa. “Qual deles?”

“O de pezinho!”

Jimin formou um bico.

“Você acha que ainda cabe, bebê? Seu pai me disse que ele comprou isso ‘pra você quando você tinha uns quatro aninhos,” perguntou enquanto pescava o pijama especial do filho no topo do guarda-roupa.

“É claro que cabe, papai!” o menino respondeu com convicção.

Jimin desdobrou o pijama, uma vez que o tinha em mãos, e se sentiu mal porque era evidente que o pijama não ia caber em Jinwoo.

“Okay, vem cá,” Jimin se ajoelhou no tapete felpudo do quarto de Jinwoo, de costas para o guarda-roupas, enquanto esperava pelo filho.

O menino pulou do colchão da cama, e correu até o pai empolgado. Fazia algum tempo que ele não usava o pijama do Homem de Ferro de pezinhos, já que Jungkook tinha comprado outros pois acreditava que aquele não cabia mais em si. Mas, Jinwoo amava aquele pijama, ele era o seu preferido de todos desde que o papai lhe deu! Ele tinha tantas memórias boas com ele, como da vez que ele e o papai brincaram vestindo os seus pijamas combinados. Jinwoo se sentia tão bem vestindo tanto aquele pijama.

“Vamos lá!” Jimin exclamou mesmo que sentisse que o filho talvez ficasse chateado por não poder vestir o pijama.

O pai desabotoou o pijama e ajudou o filho a colocar o pés e os bracinhos. Seu coração apertou um pouco quando viu que realmente, o pijama não iria fechar, e ficou curto demais nos bracinhos do filho. Jinwoo nunca foi uma criança muito grande, geralmente se encaixando entre os mais baixinhos da sua classe, mas o menino tinha crescido consideravelmente em dois anos, e o pijama não iria caber em seu corpo, não de forma confortável pelo menos.

“Bebê, acho que ele ‘tá muito pequeno,” Jimin disse cuidadosamente, afagando os cabelos do filho.

“Não, pai! Ele cabe!” Jinwoo não deu o braço a torcer, fazendo Jimin se sentir mal.

“Mas vai te machucar, meu amor, que tal vestir outro?” insistiu mais um pouco, escorregando a mão até o rostinho do filho.

Foi então que algo inesperado aconteceu, fazendo Jimin arregalar os olhos. Os olhinhos de Jinwoo se encheram d'água, e um bico tristonho nasceu nos lábios do filho. O pai ainda chocado com a reação do filho, não demorou em trazê-lo para seus braços, o suspendendo no ar. Jinwoo estava chorando.

“Oh, meu amor, o que foi?” perguntou preocupado.

Jimin não entendia porquê Jinwoo tinha simplesmente se entregado às lágrimas, mas seu coração se encheu de preocupação com a cena. O pai não entendia muito bem o apego que o filho tinha com a peça de roupa e se sentiu impotente diante a situação, quando Jinwoo não o respondeu e apenas o abraçou, encaixando o seu rosto no vão entre seu pescoço e clavícula, soluçando alto.

Incrivelmente não demorou muito até que Jungkook brotasse na porta do quarto do filho, assustando Jimin mais ainda. O pai ouviu algo que se assemelhava ao um soluço de Jinwoo, do andar de baixo, e largou tudo para trás para ver como o filho estava. Quando encontrou Jinwoo choramingando no colo de Jimin, vestindo o seu pijama do Homem de Ferro, ele  imediatamente entendeu o que tinha acontecido.

Jimin assistiu o moreno atravessar o quarto em um piscar de olhos e se aproximar do dois. A palma de Jungkook logo repousou sobre a sua nas costas de Jinwoo, chamando a atenção do filho.

“O que foi, bebê?” Jungkook sussurrou, mesmo que já soubesse do que se tratava.

Jinwoo mais uma vez não respondeu, e Jungkook suspirou olhando na direção de Jimin.

“O pijama do Homem de Ferro não cabe mais nele,” Jimin disse suavemente demonstrando sua preocupação ao moreno.

Jungkook suspirou tendo seus pensamentos confirmados, e deixou um afego na mão de Jimin, como se o dissesse para não se preocupar. Com cuidado, Jungkook tomou o filho do colo de Jimin e o sentou na sua cama.

“Amor, não chora, eu já te disse que ia comprar um novo pra você, não falei?”

Jinwoo balançou a cabeça, fungando baixinho. Seu pai não entendia que aquele pijama era o seu preferido? Ele não podia ser substituído!

“Mas, esse era especial, papai,” o menino falou baixinho, levantando a cabeça mostrando seu narizinho vermelho devido ao choro  para os pais.

Jungkook e Jimin se entreolharam com os corações pesados.

“Ah, mas essa vai ser mais especial ainda,” Jungkook se ajoelhou de frente ao filho, e repousou sua mão no joelho de Jinwoo. “Porque nós vamos comprar um pro papai Jimin também!” Jungkook abriu um sorriso, enquanto beijava o rosto do filho. “Assim nós três vamos combinar, que tal?”

Jinwoo sentiu a mão macia do papai Jimin secar seu olhos, e beijinhos doces serem deixados em suas bochechas.

Por alguma razão, a ideia dele e os seus dois papais com pijamas especiais, lhe pareceu tão legal! Como ele pode se esquecer do papai Jimin assim? Eles não tinham um pijama especial, e ele não queria que o pai ficasse triste por isso.

“Eu gosto,” o menino se esforçou para dizer, olhando no olhos do pai sorrindo singelamente.

Jungkook e Jimin sorriram de volta.

“Então se troca e desce rapidinho que a pipoca já ‘tá pronta!”

Jinwoo pareceu se animar com a menção da pipoca, e abriu um sorriso. Logo Jungkook tinha retornado para o andar de  baixo, e Jimin vestiu um pijama dos Monstros S.A no filho. Sua mente divagava em como Jungkook era um pai excelente e ele ainda tinha tanto para aprender com ele. Jimin amava o jeito que Jungkook sempre acalmava Jinwoo, amava como ele realmente parecia ser o melhor pai do mundo.

O loiro sorriu triste, mas Jinwoo não foi capaz de ver.

Jimin adoraria ter tido um pai  como Jungkook.

“Pronto?” Park perguntou com um sorriso carinhoso,bagunçando os cabelos do filho.

“Aham!” Jinwoo respondeu animado, recebendo um beijo do pai na bochecha.

“Você pode descer então, que eu vou me trocar,” Jimin se levantou, dando espaço para o filho ir.

“Eu te ajudo, papai!” o menino rebateu, segurando a mão do pai e o pegando de surpresa. “Você me ajudou a me vestir, eu quero te ajudar também!”

O coração de Jimin se encheu de amor, e ele não resistiu em puxar o filho para o seu colo e o atacar de beijos, enquanto se jogava na cama do menino. Seu passado pouco o importava agora, ele seria o melhor pai que podia para Jinwoo.

“Ah, você é  lindo, filho,” resmungou entre os seus beijos e cócegas que faziam o menino rir. “Eu te amo mais que tudo, você sabe não é?” Jimin perguntou assim que cessou os ataques carinhosos ao filho, e observou o rostinho de Jinwoo tão próximo do seu. Os cabelos negros de Jinwoo estavam bagunçados e se destacavam em meio ao edredom de lavagem clara, e seu sorriso infantil fazia seu coração bater mais lentamente. Era incrível como sua vida inteira se resumia àquele ser, Jimin nunca imaginou que poderia amar alguém daquele jeito.

Os olhinhos de jabuticaba do filho se encontraram com os seus, e Jimin se derreteu quando o filho deixou um beijinho em seus lábios.

“Eu também te amo muito, papai,” Jinwoo disse sincero.

Jimin não mediu esforços para abraçar o filho com todo amor que tinha, e sussurrar juras de amor em seu ouvido.

“SERÁ QUE VOCÊS DESCEM AINDA HOJE, OU SÓ ANO QUE VEM?”

O momento carinhoso entre pai e filho, foi brutalmente interrompido pelo grito de Jungkook, fazendo tanto Jimin quanto Jinwoo rirem.

“Acho melhor você descer, Woo, eu só vou colocar um moletom, tudo bem?”

Jinwoo assentiu rapidamente, e deixou mais um beijo nos lábios do pai antes de disparar para fora do quarto.

Em seguida foi a vez de Jimin de deixar o quarto de Jinwoo com um sorriso bobo nos lábios, e rapidamente se trocar no seu quarto. Ele estava prestes a deixar o seu quarto, quando viu o ursinho amarelo de Jinwoo no canto da sua cama, e sorriu bobo. O pai fez questão de voltar e apanhar o ursinho do filho, para aí sim tomar o seu caminho em direção a escada.

“Jimin, anda logo o filme vai começar!” Jungkook exclamou do sofá da sala enquanto estufava sua boca de pipoca e afagava o cabelo de Jinwoo, que já estava mais calmo.

“Já vou, calma!” Jimin gritou do andar de cima, sua voz se tornando mais alta à medida que descia os degraus da escada.

Quando alcançou a sala, Jimin sorriu arteiro quando viu a folga na qual Woo e Jungkook deitavam no sofá. Sem pensar duas vezes, o loiro disparou na direção do sofá e pulou por cima de Jinwoo, causando gargalhadas no menino e uma careta surpresa de Jungkook.

Jimin não enrolou em trazer o filho para o seu colo, rodeando o filho com seus braços e entregando o ursinho ao menino.

“Pai! Minha pipoca!” Woo exclamou aos risos, escorando sua cabecinha no ombro de Jimin. “Obrigado, por trazer o Amarelinho,” agradeceu adoravelmente.

O loiro riu baixinho, e ajeitou o filho no seu colo de maneira mais confortável, sentindo as costinhas do menino contra o seu peitoral.

“Sem problemas, meu amor,” o pai beijou o topo da cabeça do filho.

“Só quero dizer que eu não vou limpar isso não,” Jungkook anunciou jogando as mãos para cima, se referindo ao balde de pipoca que foi ao chão depois do excepcional pulo de Park Jimin no sofá.

“Quando que você já limpou alguma coisa, Jungkook?” Jimin provocou e riu da expressão indignada que tomou conta do rosto de Jungkook.

“Eu não vou nem dizer nada!” o moreno fez birra, cruzando os braços.

Jimin não pode impedir uma risada de nascer na sua garganta quando viu que Jungkook se aproximou de fininho dele e Jinwoo, mesmo que tivesse fazendo birra há pouquíssimo tempo atrás. O Jeon sorrateiramente deslizou seu braço pelos ombros de Jimin, e o loiro não pensou duas vezes antes de encostar sua cabeça no ombro do moreno, se sentindo extremamente confortável com aqueles dois.

Jungkook não pode impedir um sorrisinho de se formar em seus lábios.

O filme foi engraçado e divertido, e arrancou boas risadas da família. Os três ali presentes não podiam estar mais felizes, Jinwoo por assistir o filme que tanto queria com seus pais, e Jimin e Jungkook por estarem na presença um do outro. Eles não tinham pressa ou vontade de nomear o que estava rolando entre os dois, só sabiam que estavam felizes com o seu filho, e aquilo era tudo que importava. Não tinham pressa.

Como esperado, Jinwoo não se aguentou acordado por muito tempo, e logo estava ressonando baixinho, nos braços do pai. Jungkook e Jimin assim que notaram, abriram um sorriso e se entreolharam. Jungkook se afastou dos dois à procura do controle remoto da Tv, e a desligou enquanto Jimin se levantava e ajeitava o filho no seu colo.

Jimin seguiu na frente do Jeon para colocar o Woo na cama, enquanto Jungkook levava os baldes de pipoca para cozinha, e apagava as luzes do apartamento. Ele foi rápido o suficiente para conseguir assistir Jimin cobrindo Jinwoo com o seu cobertor felpudo e quentinho, já que o clima só iria esfriar com o passar das semanas. Jungkook se aproximou da cama do filho silenciosamente, e deixou um beijo na testa do filho.

“Boa noite, meu amor,” Jungkook sussurrou carinhoso.

Jimin assistia o moreno no pé da cama com um olhar bobo, encantando pelas ações do moreno.

“Tira uma foto que dura mais, Jiminie-hyung,” Jungkook provocou, pegando Jimin de surpresa e o acordando do pequeno transe que tinha entrado.

“Você sabe quebrar o clima como ninguém, não é Jungkook?” o loiro revirou os olhos, não notando a aproximação perigosa do Jeon.

Não deu tempo do seu cérebro processar o que diria em seguida, pois Jungkook já tinha colado seus lábios nos deles.

Ah, como Jimin amava como ele fazia aquilo.

Sua mão logo escalou as costas do moreno, acariciando sua nuca com delicadeza. O calor da boca do Jeon na sua era incrível, e talvez o Park estivesse esperando por tê-lo o dia inteiro. Frustração não seria suficiente para descrever o que Jimin sentiu quando tão repentino como seu começo, o beijo foi cortado, não passando de um simples tocar de lábios.

Jimin estava pronto para protestar e beijar o moreno novamente, quando Jungkook voltou a falar.

“Você tem passaporte, hyung?” perguntou, enquanto puxava uma mecha de cabelo de Jimin para trás da sua orelha, e afagava o seu rosto.

Se aquilo fosse um desenho animado, Jimin teria um grande ponto de interrogação no flutuando sobre a sua cabeça.

Que?

“Hã, não?” sua resposta acabou soando mais como uma pergunta, o que fez o Jeon rir, e trazer o seu corpo mais perto do dele.

“Então teremos que providenciar um imediatamente,” Jungkook falou de maneira engraçada, enquanto repentinamente levantou Jimin em seus braços.

Jimin arregalou seus olhos quando notou que Jungkook o carregava para fora do quarto de Jinwoo, como se ele fosse uma noiva, na maior naturalidade. Quando menos notou, o loiro estava rindo sem saber muito bem porquê, enquanto Jungkook o carregava pelo corredor.

“Posso saber por quê eu irei precisar de um passaporte?” Jimin perguntou, descansando sua cabeça no ombro forte de Jungkook.

O moreno chutou a porta do quarto de Jimin, e o jogou sobre a cama de casal sem maiores preocupações.

Céus, Jungkook era louco!

Enquanto o Park ainda se recuperava do ataque de risadas que teve quando foi jogado em sua cama, Jungkook se aproximou do loiro e o ajeitou na cama dessa vez com cuidado, cobrindo o seu corpo com uma manta quentinha.

“Fique sabendo, senhor Park, que você foi convocado para a nossa viagem anual aos parques da Disney em Orlando na Flórida, no final de Dezembro,” Jungkook explicou, sorrindo quando viu os olhos de Jimin brilharem depois de ouvir o que lhe foi dito.

“Sé-sério?” Jimin perguntou descrente.

“Aham,” o moreno sorriu.

O loiro não poupou esforços para pular em cima de Jungkook, rindo como uma criancinha.

“OBRIGADO, OBRIGADO, OBRIGADO!” Jimin sorria feliz como nunca, beijando o rosto de Jungkook loucamente.

Ele sempre teve o sonho de conhecer os parques da Disney, como muitas crianças pelo mundo. Mas, os anos passaram e o seu sonho tão puro parecia cada vez mais distante, quando notou que nunca seria adotado. Jimin não podia explicar o quão feliz estava com aquela notícia, céus, Jungkook era um anjo!

“Hey, não precisa agradecer,” Jungkook soltou uma risadinha, e afastou Jimin um pouco do seu rosto, apenas para deixar um beijinho doce nos lábios do loiro. “Vai ser incrível viajar com você e o com o bebê, sabe? Nós três, o sol da Flórida, sorvete, parques maravilhosos, nós dois,” o Jeon dizia baixinho, sua testa colada com a de Jimin. “Eu mal posso esperar,” sorriu, fazendo o coração de Jimin acelerar.

“Você é maravilhoso, sabia?” o loiro suspirou, antes de colar seus lábios nos de Jungkook.

“Sei,” o Jeon respondeu entre o beijo, fazendo Jimin desistir de o beijar e caiu na risada, enquanto deitava sua cabeça no peito de Jungkook.

“Boa noite, ‘saeng.”

“Boa noite, hyung.”

✦

“...quarenta-e-oito, quarenta-e-nove, cinquenta! Prontos ou não, lá vou eu!” Jinwoo anunciou se virando, pronto para achar os seus pais.

Depois de uma pequena discussão pelo café da manhã sobre o que fariam naquele dia, a família Jeon Park decidiu ir comprar os pijamas especiais que Jungkook prometeu à Jinwoo. Bom, era domingo e Jimin odiava a mania de Jungkook de nunca querer sair, eles definitivamente não iriam ficar em casa, de qualquer maneira. Então não deu em outra, ás dez horas da manhã Jinwoo já dormia na cadeirinha do carro e Jimin e Jungkook cantavam as músicas do rádio à caminho da cidade vizinha comprar os benditos pijamas de pezinho. Após muito -- muito esforço mesmo, a família conseguiu achar o tal lugar que vendia pijamas infantis e adultos.

Horas de intensa busca e fila no caixa se passaram, e Jungkook, Jimin e Jinwoo saíram de lá com três pijamas do Homem de Ferro e uma criança extremamente feliz. Pois é, Jinwoo quis que os seus dois papais combinassem consigo, e quando Jimin e Jungkook não fariam um pequeno sacrifício para ver o filho feliz? Exato, meu caro. Jimin tinha que admitir, no entanto, que estava um tanto ansioso para vestir o seu novo pijama com aqueles dois.

Ainda era relativamente cedo quando a família entrou no carro de volta para casa. Os três não tinham planos para o resto da tarde, então quando Jinwoo avistou um parquinho infantil maneiro -- palavras do próprio --, Jungkook e Jimin não viram problema em parar para brincar um pouco com o filho. Passar tempo com Woo sempre era uma benção, e segundo Jimin era bom para o filho sair de casa mais vezes.

“Papai~” Jinwoo chamou, sorrindo animado com a brincadeira.

Ah, aquilo era tão divertido!

Quando os pais o perguntaram sobre do que ele gostaria de brincar, Jinwoo não hesitou um segundo em dizer em alto e bom som: esconde-esconde. Ele adorava brincar disso com o papai Jungkook, quando era pequeno, e fazia algum tempo desde que não brincavam disso. Acabou que Jimin foi o primeiro a contar, e o loiro trouxe boas risadas para tanto Jungkook como Jimin, já que ele era aparentemente péssimo em encontrar pessoas. Jungkook foi o segundo a contar, e o papai Jimin ficou com um bico enorme por ter sido o primeiro a ser pego.

Jinwoo notou que os pais estavam bem próximos nas últimas semanas, e aquilo o fazia estranhamente feliz. Ele gostava de ver o papai Jimin e o papai Jungkook se abraçando, e gostava de os ver se dando bem. Eles pareciam uma família, não uma família igual a dos seus coleguinhas de classe, mas uma família perfeita ao seu singelo ver.

Agora era a vez de Jinwoo contar e ele não podia estar mais animado.

Seus olhinhos vasculhavam o parque atentos à figura dos seus pais, não ligando tanto assim para as crianças que corriam por aí e brincavam no parquinho. Seus passos eram extremamente calculados e seus ouvidos estavam atentos à qualquer som comprometedor.Jinwoo atravessou o parquinho, deixando a casinha de madeira para trás, passando pelo balanço. À medida que o tempo passava, a sua ansiedade crescia e junto dela a sua vontade de achar o seus pais de uma vez. Seus olhos não encontravam os pais de maneira alguma, mesmo que ele estivesse extremamente concentrado! Tudo que Jinwoo podia ver eram várias crianças e seus pais brincando pelo parquinho nos balanços, gangorras e escorregas! Jinwoo girou esperando encontrar os pais mais rápido se ele olhasse em todas as direções, mas o menino mal notou que havia alguém próximo de si quando o fez.

“Opa!” o senhor de idade deu uma risadinha, segurando Jinwoo à tempo do menino cair de costas no chão. “Você deveria ser mais atento, rapazinho!” o senhor ajudou Jinwoo a se levantar e lhe bagunçou os cabelos.

“Hã, me desculpe,” Jinwoo sorriu sem graça. “E, obrigada por me segurar ajusshi,” disse educado.

“Sem problemas, rapazinho, onde está sua mãe?” o senhor perguntou de maneira quase inocente.

Jinwoo sentiu vontade de rir.

“Eu não tenho uma mãe, ajusshi,” o menino riu um pouquinho, achando o senhor bobinho pela pergunta.

“Oras, como assim não tem mãe menino?” o senhor parecia confuso e irritado pela risada de Jinwoo. Desde quando ele era motivo de chacota? Aquele menino não tinha educação?

“Eu tenho dois pais, senhor,” Jinwoo explicou devagar, como se o velhinho não fosse capaz de o entender se ele falasse rápido demais.

“Dois pais?” o senhor franziu o cenho. “Você é adotado, meu filho?” a voz do mais velho agora parecia carregar um pesar, como se sentisse pena do menino.

“Não, ajusshi!” Jinwoo riu mais um pouquinho, achando engraçado. “Eu nasci da barriguinha do meu pai!”

O senhor arregalou os olhos chocado pela resposta do menino. Como assim ele nasceu da barriga de um homem?

“Woo, filho!” Jungkook chamou pelo menino quando o avistou de longe, seu coração batendo acelerado.

Ele e Jimin se assustaram quando não conseguiram encontrar o filho onde tinham combinado que ele deveria ficar, do seu esconderijo. Ah, mas os dois precisavam ter uma conversa com Jinwoo sobre sair e andar por aí sozinho.

Jimin e Jungkook não pouparam esforços para correr até o filho, e o apertar em seus braços.

“Onde você estava, meu amor? Nós falamos para você não se afastar muito do balanço!” Jimin se ajoelhou, afagando o cabelo do filho com alívio fluindo pelo seu corpo.

Ele e Jungkook odiavam se lembrar do episódio do supermercado, céus, foi um dos piores dias das suas vidas. O importante era que Jinwoo estava ali com os dois, e seguro.

“Me desculpa, papai, eu não percebi que eu ‘tava muito longe,” Jinwoo se desculpou sinceramente, recebendo um beijo do pai na sua bochecha.

Ele estava tão focado em encontrar seus pais, que Jinwoo acabou não se lembrando do acordo que fez com os pais. Ah, será que eles iriam o perdoar?

“Só não faça isso de novo, tudo bem?” Jungkook bagunçou os cabelos do filho, suspirando aliviado por ter encontrado Jinwoo bem. “Acho melhor nós irmos, você tem escola amanhã, Woo,” Jungkook falou com o menino e Jimin se levantou, limpando as calças, pronto para ir embora.

Jinwoo segurou na mão de Jimin e Jungkook, sorrindo para os pais e só então que os dois notaram o senhor próximo aos três, e se lembraram de ver Jinwoo conversando com ele, quando estavam o procurando pelo parquinho.

“Oh, boa tarde ajusshi-”

“ABERRAÇÃO!” Jimin foi brutalmente interrompido pelo grito do senhor.

O coração de Jinwoo disparou com o susto que levou do grito, e o menino em um piscar de olhos estava se escondendo atrás dos seus pais.

“Ajusshi, o senhor está bem?” Jungkook perguntou, sobressaltado pelo grito.

“Vocês, todos vocês são aberrações!” o velho pareceu ignorar as palavras do Jeon, ainda chocado pela ideia de um homem grávido. “Dois homens não podem gerar uma criança! Isso é obra do diabo!” o senhor parecia cego, gritava sem se importar com os seus arredores.

Jungkook e Jimin arregalaram os olhos, descrentes perante à situação que se desenrolava em sua frente. Jinwoo agarrava suas roupas com força, assustado com as palavras daquele senhor. Por que aquele homem dizia que eles eram aberrações? Seu coraçãozinho batia acelerado, com medo do que iria acontecer à medida que seus olhos se nublavam pelas lágrimas que lá nasciam. Jinwoo odiava quando pessoas gritavam com ele, pois ele sempre chorava.

Jimin estava em choque com o que estava acontecendo, não sabendo o que dizer ou o que fazer. Seu coração batia dolorosamente no peito, e cada palavra que saía da boca do senhor pareciam socos no seu estômago. O homem gritava e os xingava sem parar, Jinwoo chorava e Jungkook não parecia estar em uma situação melhor que ele. Jimin estava tão confuso, ele não fazia ideia de como agir, era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Sua atenção foi capturada pelo choro alto de Jinwoo e o seu instinto paterno falou mais alto, trazendo o filho para o seu colo e o abraçando com força.

“Tape os ouvidos, meu amor, não ouça o que ele está dizendo,” sussurrou, sentindo o seu estômago revirar pelas coisas sujas que o homem dizia.

Jinwoo soluçou e fez o que o pai lhe disse, mas, ele ainda podia ouvir o homem.

Ver Jimin com os olhos cheios de lágrimas abraçado à Jinwoo que tapava os seus ouvidos enquanto se entregava aos soluços, doeu no peito de Jungkook, como nada jamais doeu. Ele nunca imaginou que teria que ouvir aquele tipo de coisa.

A mutação genética que permitia alguns homens gerar vida, ainda era incrivelmente recente e rara. Ela foi encontrado há apenas quinze anos atrás, e menos de um porcento da população total masculina o possuía. O número de homens capazes de suportar uma gravidez completa e ter uma criança saudável era ainda menor, quase inexistente pelo que o Jeon se lembrava. A gravidez masculina não era algo considerado normal ainda, mas todas as pessoas que conheceram Jinwoo e sabiam do pequeno milagre que o menino era, não agiam da maneira que aquele senhor estava agindo. Aquilo o entristecia, ver alguém disposto a odiar por uma razão tão estúpida como aquela, mas o Jeon entendia que o velho só estava assustado e talvez com medo de algo novo. Mas, acima de tudo, Jungkook sabia que ele não ficaria lá simplesmente ouvindo toda aquela merda que saia da boca daquele ser.

“Vamos embora daqui, hyung,” Jungkook sussurrou no ouvido de Jimin dando as costas para o senhor, e enlaçou a cintura de Jimin o guiando para longe daquele homem.

“UM HOMEM NÃO PODE GERAR CRIANÇAS, APENAS MULHERES PODEM!” o senhor gritava como se não houvesse um amanhã. “O lugar de um homem é com uma mulher! Não haveria mulheres no mundo se o lugar do homem fosse com outro!”

Parecia que a distância que crescia entre a família e o senhor era inexistente, pois eles ainda podiam ouvir os gritos acusadores. Seus pais já estavam de frente ao carro negro de Jungkook, mas Jinwoo ainda podia ver o ajusshi de longe, mesmo tendo os olhinhos molhados. Pessoas o assistiam mas ninguém queria se aproximar. Ele ainda gritava suas palavras carregadas de ódio, condenando Jinwoo por ser especial.

Jinwoo decidiu fechar seus olhinhos, ele não queria mais vê-lo.

“Essa criança é uma aberração, ele é filho do diabo! Ele não deveria estar vivo, essa criança vai nos destru-”

Jungkook bateu a porta do carro, e agora tudo que Jinwoo podia ouvir era o canto doce de Jimin em seu ouvido e o som dos pneus do carro contra o asfalto.