3 anos depois – 25 de agosto de 2017
Houston, Texas.
Acordei com risadas e coisas caindo no chão e, com certa preguiça, abri meus olhos. Maldita decisão...
– O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO AQUI? SAIAM JÁ DO MEU QUARTO! – gritei irritada apontando para os dois pestinhas em minha frente – MIKE, DUSTIN EU VOU MATAR VOCÊS! – corri na direção daqueles idiotas, que correram para algum canto da casa antes que eu pudesse alcançá-los.
– Mareena? – minha irmã mais nova, Elisa, apareceu no quarto com uma presilha em mãos, que aparentemente, não estava conseguindo colocar.
– Ah, oi El... – tentei me recompor da raiva que acabara de sentir com os outros idiotas da família – Venha aqui, eu vou pôr para você. – a chamei e a mesma se posicionou de costas para mim, me entregando a presilha de borboleta vermelha e um pente.
– O Mike e o Dustin te acordaram de novo? – perguntou com sua voz doce e fina, tão gostosa de ouvir.
– Sim Lisa, mas isso não é novidade. – ri fraco e ela fez o mesmo.
– É que eles estão muito animados com a volta da Aylee. – disse e eu arregalei os olhos. Era hoje que a Alyee iria voltar de viagem, como eu poderia ter esquecido?!
– Nossa, eu tinha me esquecido! – bati na minha própria testa produzindo um som de estalo forte e alto. – Ela vai chegar que horas?
– A mamãe disse que ela já está na Rua Princeberg. – falou de modo calmo e eu me mantive estática por um momento.
– Mas são só 20 minutos daqui! – me levantei num pulo – Tenho que me arrumar Lisa. Te vejo depois. – dei um beijo na mesma e corri para o banheiro do corredor, já que era o único que tinha a água mais quente de todas.
Tomei um banho rápido e como de costume, havia esquecido minha toalha. Para minha sorte a mamãe sempre deixa uma pendurada para mim, talvez pelo fato de que meu esquecimento de toalhas estar se tornando rotineiro.
Fui correndo para o quarto e tranquei o mesmo. Peguei uma blusa branca e shorts de pano florido, calcei minhas sandálias e pus o colar dourado que o Alex havia me dado.
– Eu ainda sinto sua falta, Alex... – murmurei sorrindo para meu reflexo no espelho. Passei a mão de leve no pingente que possuía uma pedrinha azul, minha cor favorita.
– MAREENA, VENHA LOGO! – a voz da minha mãe era audível até no meu quarto. Mesmo estando um andar acima, parecia que ela estava gritando ao pé do meu ouvido.
‘Eles chegaram!’ – pensei e logo ouvi a porta batendo e muita gritaria, típico da família Castello. Somos descendentes de italianos, não era de se esperar menos que uma barulheira.
Fui até o corredor em passos longos e rápidos, mas acabei me esbarrando em uma pessoa.
– Ahren, eu estava te procurando! – chamei a atenção do meu irmão do meio, que não esboçou nenhum interesse pela conversa.
– Eu não vou fazer nada para você. – disse com uma voz tediosa enquanto lia o seu livro.
– Grosso, eu só queria... Ei, esse é o meu livro de física? Eu estava procurando ele a semana toda! – apontei ainda sem acreditar e o garoto apenas continuava sua caminhada – Dá para prestar atenção em mim, Ahren? – pedi com certa raiva na voz e ele me encarou por cima de seus óculos com mais tédio que antes.
– Esse livro é seu, mas estava no meu quarto. – voltou a olhar para aquelas páginas amareladas – Sugiro que limpe seu quarto de vez em quando, aquilo está uma zona. – completou e desceu as escadas.
– ‘’Sugiro que limpe seu quarto de vez em quando’’ – imitei sua fala com uma voz irritante – Nerd maldito!
Desci as escadas e fui para a sala, que apenas possuía malas e bagunça – o que não era novidade para a minha rotina –, e então pude ouvir vozes na cozinha e corri para a mesma. Lá estava ela, radiante com seus olhos extremamente verdes e cabelos loiros com alguns fios bagunçados, a minha Aylee.
Corri para abraçá-la em um único impulso.
– Aylee, eu senti tanto a sua falta! – falei ainda em seus braços e pude escutar a mesma rindo.
– Eu também senti a sua falta Neena. – apertou-me mais em seus braços e logo nos soltamos. – Você mudou muito! Olha só isso, seu cabelo está enorme! – disse pegando em uma mecha do mesmo e rindo logo em seguida.
– Eu falei para cortar, mas ela disse que se alguém chegar perto do cabelo dela com uma tesoura, cabeças vão rolar. – minha mãe disse em tom de brincadeira enquanto colocava o café da manhã na mesa.
– Nessa parte você continua a mesma... – Aylee mordeu seu lábio fazendo uma careta e eu gargalhei, batendo de leve em seu ombro.
– Hey Mark! – cumprimentei o alto homem ao seu lado. – Você cresceu! E eu pensando que isso era impossível... – falei e ele riu.
– Queria poder dizer o mesmo de você mocinha. – tocou meu nariz e eu revirei os olhos.
– Eu tenho 1,72m Mark, você que é um poste de 2,0 metros.
– 1,95m. Mais respeito, por favor! – me corrigiu e eu parti para abraça-lo. – Senti sua falta ruivinha.
– Eu sei que sentiu. – o provoquei e ele bagunçou meus cabelos. Mark era como um irmão para mim.
– Então, vamos comer? – sugeriu minha mãe com um sorriso largo – Será que você poderia chamar o seu pai para comer, Maree? – perguntou e eu assenti, logo indo até o seu escritório.
– Pai? – bati na porta de madeira escura e o mesmo estava de terno e gravata, olhando atentamente o seu computador.
– Ah, oi querida. Pode entrar! – apontou para a cadeira e eu caminhei até seu lado.
– A mamãe pediu para irmos comer, você vem?
– Claro, só um instante. – ele ajeitou seus cabelos quase brancos e eu continuei a encarar o mesmo.
– Sabe pai, a Aylee chegou... – tentei puxar assunto, mas ele estava realmente preocupado com o que estava observando – Pai, o que você está fazendo? – me aproximei para ver a tela e ele a fechou parcialmente em um susto.
– Coisas de adulto, Maree. Você não entenderia! – disse a famosa e velha frase que eu já estava cansada de ouvir – Quer saber de uma? Eu acho que posso fazer isso depois... – se levantou sorrindo e eu abri um sorriso maior ainda – Vamos? – colocou sua armação de óculos marrom-tartaruga em cima da mesa e me abraçou de lado.
Fomos até a cozinha, sentando na grande mesa de refeições que havia na mesma. Estava uma zona, para falar a verdade. Mas o que esperar de uma família tão grande e tão elétrica?
Olhei para a minha mãe e ela estava radiante, talvez pelo fato de ver todos os filhos sentados na mesa e comendo juntos, algo que não acontecia desde que Aylee se mudou para Manhattan.
Família grande, mas é fácil de entender cada um com um olhar não tão profundo:
*Meus irmãos Dustin e Mike, os pirralhos de 7 e 8 anos respectivamente, estavam jogando pedaços de uma torta qualquer para todos os lados.
*Elisa, a garota mais doce desse planeta, é a mais nova da família com 6 anos de idade.
*Ahren é o estranho que sempre lê livros ou joga aqueles malditos jogos de tabuleiros dos anos 80 nas noites de Sábado.
*Aylee é a mais velha da família com seus 25 anos de vida, mas não é pela idade que se mede atitudes, já que a Aylee se torna uma criança de 12 anos quando vê um parque de diversões ou frozen yogurt de framboesa.
E essa cá estou eu, a irmã mais diferente da família. E quando eu digo diferente eu quero dizer diferente mesmo. A única ruiva de uma família de descendência italiana extremamente exótica que possui uma pele branca da cor da neve, uma mentalidade um tanto quanto bipolar e também a única pessoa da família a ser a principal culpada pela morte do melhor amigo.
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