História It's Over - Benpyo - Capítulo Único

                Meus pés caminhavam lentamente enquanto meus pensamentos viajavam por milhões de lembranças, e a chuva me acompanhava em todo o trajeto. Meus cabelos pesando sobre minha testa por conta de toda água que tentava lavar meus problemas para longe.
Sentia que tudo havia acontecido muito rápido e mesmo assim meu coração havia sido fisgado, aqui nessa rua onde eu fazia palco de toda a tristeza que me corroía podia ver seu rosto em meio dos pingos que embaralhavam minha visão junto ao som dos trovões que começavam.

                Foi em uma tarde de quarta feira que eu o conheci, e no mesmo dia eu quis protege-lo de todos, digo de fato que o queria somente para mim. Sentia-me atraído por seu sorriso, à timidez que trazia consigo fazia meu coração pular apenas de vê-lo fazendo pequenas coisas.
 

Não era como se eu tivesse o amado desde o começo, mas me fazia querer amá-lo.

                Meu peito doía ao lembrar como cheguei até essa rodovia em uma noite de chuva, caminhando a passos lentos com o céu sem estrelas servindo como testemunha.
Lembro-me como se fosse ontem o dia em que tomei seus lábios pela primeira vez, o modo como meu coração palpitou, os lábios macios e seu sabor.

                Talvez eu soubesse que seus sorrisos e seus olhos poderiam nunca ser destinados somente a mim, mas precisava tentar, necessitava tê-lo.

                Acabo de me encostar a um estabelecimento, as pessoas passam por mim e apenas viram seus rostos fingindo não ver meu sofrimento, não que eu queira ser alvo de compaixão por pena, mas ao menos encorajassem dizendo que tudo acabaria logo.

                A chuva logo passa, as nuvens irão sumir e na manhã seguinte o sol brilhará para um novo dia.

                 Avistei um casal a pouco, eles pareciam felizes e a garota falou que seu “Oppa” estava bonito. Minha mente trouxe o momento em que ele me viu no dia em que o tornei meu oficialmente, foi em um domingo que nossos corpos se encontraram pela primeira vez, os elogios e palavras desconexas que trocamos era a mais pura prova de que nos entendíamos e após nosso contato eu o pedi em namoro.

                Lágrimas escorriam por meus olhos se misturando com as gotas que caiam dos meus fios, era difícil entender como tudo havia chegado até o ponto que estava.

                Eu o havia perdido.

                Passei as mãos por meu rosto parando sobre os olhos, sentia cada batida no meu peito contorcer meus sentimentos, cada pensamento de que não o teria mais ali para me acordar com suas gracinhas, nada mais seria real e nunca teria a oportunidade de dizer finalmente que eu o amava. Ele nunca havia ouvido isso de mim.

                Em uma de nossas brigas sem cabimento, ele me deixou dizendo que já não era mais o mesmo de antes, tudo o que ele falava caia como uma avalanche por cima de meus ombros. Eu negava já que não via a situação com seus olhos, me sentia inocente até ouvir.

                - Acabou, cansei de tudo isso.

                Hoje ele esta se preparando para se casar amanhã, jamais imaginei tal cena em que eu não fosse o coadjuvante com o mesmo. Sua família o arranjou uma noiva para que o legado e nome da família fossem passados adiante, já que com uma relação homossexual ele jamais poderia participar das celebrações tradicionais.

                E foi por isso que volto a andar nessas ruas tão bem conhecidas por mim, não devia ter ido vê-lo hoje. Ajoelhei-me aos seus pés e implorei aos seus pais para que o casamento fosse cancelado, já havia feito qualquer coisa para que isso tudo fosse para os ares e sabia como seus pais me odiavam, mas o que mais eu teria a perder?

                O perdi e amanhã o perderei por completo.

                Ele irá casar, ter uma bela esposa e quem sabe filhos terá uma casa com um grande quintal, um cachorro que o receberá todo fim do dia. Será feliz.

                Meu andar agora se tornava pesado, meus olhos não miravam uma direção, apenas mostravam que lágrimas podiam sair como cachoeiras.

- BENJI! – ouvi meu nome ao longe, parei no mesmo instante ouvindo apenas a chuva batendo no chão e em minhas vestes.

- Minpyo? – perguntei me virando forçando meus olhos buscando identificar seu rosto que ficava pouco a pouco mais nítido. – O que você faz aqui? – perguntei o vendo parar em minha frente.

- Quero saber o que te deu na cabeça de se ajoelhar na minha frente e da minha família. – a chuva maltratava seu rosto o fazendo esfregar a manga tão encharcada quanto eu.

- Li uma vez que para um apaixonado, nada está perdido até que você lute em seu ultimo suspiro. – falei tirando o excesso de água que havia em meus olhos.

- Você esta apaixonado por mim? – seus olhos que com muita dificuldade encontrava os meus, me deixavam tão hipnotizado que demorei a responder.

- Não, eu te amo Minpyo. Amo demais para te ver casando com outro alguém que não seja eu, cada minuto longe de você dói mais do que qualquer dor que possa imaginar. – a chuva havia piorado, mas mesmo assim notei sua expressão de choro.

- Você nunca me disse isso, por quê? Porque esperou até aqui? Porque Benji?

- Porque sou um tolo, acreditava que não precisava falar e que você saberia e agora estou te perdendo. – me ajoelhei no chão e juntei minhas mãos na altura do rosto e o olhei.

- Não se case Pyo, eu te imploro. Não faça isso. – minhas lágrimas escorriam pelo rosto, mesmo que ficassem quase invisíveis.

- Para de fazer isso. – ele se abaixou e me puxou para cima, mesmo que eu fosse mais alto que ele. – Eu não vou me casar mais. – eu o olhei sem entender. – Aparentemente minha “noiva” – ele fez aspas com os dedos. – Viu a cena na porta de casa e disse que eu seria idiota se me casasse com ela e perdesse o moço lindo da porta.

                Sem pensar passei minhas mãos no contorno de seu rosto o puxando para um beijo o qual depositei todo o meu amor, não estava disposto a perdê-lo para mais ninguém. Senti seus braços me envolverem e então soube.

                Eu o havia comigo.

- Eu te amo Benji. – disse ele ao fim do beijo.

- E eu te amo Minpyo.

                Enfim o tinha em meus braços, não haveria ninguém que ocuparia o espaço que ele ocupava em meu coração. Eu e ele seria sempre Benpyo.