Jared Leto
Havia acabado de chegar em casa. Meu humor estava zero, minha cabeça latejava, enquanto minha mente pedia por cigarros. Quando eu estava prestes a subir as escadas para o meu quarto, ouvi Shannon me chamar. Droga! Voltei na metade dos degraus para ouvi-lo.
— O que é, Shannon? — Eu disse sem prestar tanta atenção
— Eu tenho uma coisa séria para falar com você! —Ele falou e então eu voltei os meus passos na escada e fui até ele.
— É realmente do meu interesse? —Perguntei, dirigindo-me até o sofá e me sentando.
— Sim. Acho que você gostaria de saber sobre uma certa pessoa.
— Se essa pessoa for a Margot... —Ele me interrompeu
— Você sabe que é! —Eu o encarei e ele continuou a falar — Bom, isso é algo meio complicado de se explicar, até porque eu não sou a pessoa ideal para te falar isso. Mas, você precisa saber. E ah, me agradeça depois, afinal se não fosse por mim você não iria sequer ficar sabendo.
— Dá para você parar de enrolar e me contar de uma vez? —Revirei os olhos — O que foi que você fez?
— Eu não fiz nada. Quem fez foi você! A Margot esta grávida. —Shannon disse e eu arregalei os olhos no mesmo momento.
— Como é? E-ela esta grávida? — Eu falei colocando a mão no rosto como se estivesse entrado em estado de choque.
— Sim, ela está. —Ele assentiu com a cabeça — Me agradeça por saber disso, pois ela vai e nem sequer iria te contar.
— O quê? Ela tinha que me contar... Porque ela não me contaria?
— Deixa eu te ajudar a adivinhar o porquê, Jared. Porque você foi um estúpido com ela, um completo idiota que esta se fazendo levar por algo do passado. E mais Jared, quando você me disse naquele dia que iria falar com ela, você foi? —Eu fiquei em silêncio e ele continuou — Não né, acho que isso também te responde.
Eu indaguei calado, e depois de alguns segundos com Shannon me encarando, eu falei:
— Eu sei que eu sou um completo idiota. Não precisa esfregar na cara... —Eu abaixei a cabeça, e deixei escapar algumas lágrimas.
Eu não sabia exatamente o que estava sentindo aquele momento. Se era raiva de mim mesmo pelas minhas atitudes, ou de não ter aproveitado a "oportunidade" de ter realmente me acertado com Margot, deixando para depois.
— Idiota, Jared? Você conseguiu ser pior que isso. E não é de hoje. Há anos eu não venho mais te reconhecendo como o meu irmão de antigamente... Você tornou-se um homem rancoroso, que não se importa com os outros, você não era assim. Deveria se lembrar também que não foi só você que sofreu Jared. Durante o tempo que Margot passou fora, você acha que ela não sentiu sua falta como você sentia dela? Você achava que ela também não tinha sofrido, Jared? —Ele alterou o tom de voz e eu apenas fiquei calado, pois não tinha o que falar. Sabia que tudo aquilo que ele estava dizendo era verdade.
— Ela ainda te ama, seu canalha e aproveite isso enquanto há tempo. Vá atrás dela e diga o que seu coração realmente sente, sem pensar em usa-la. Diga tudo o que guardou durante todos esses anos, diga que sentiu a falta dela. Nós sabemos que você sentiu e sente até hoje.
— Eu vou... — Falei me levantando do sofá — Mas, antes eu... Deixa quieto, eu preciso ir agora! — Fui correndo até o carro que estava estacionado na frente de casa e saí, sem ao menos escutar o que Shannon disse após eu sair.
Assim que entrei no carro, dirigi o mais rápido que pude. Estava formulando pensamentos em minha mente, mas nada tinha o poder de apagar tudo que fiz e voltar no tempo. Mas, eu precisava de uma chance para pedir "desculpas" a Margot. Por mais idiota que fosse, aquilo significava muito. Obviamente não iria remover todo o rancor que ela deve estar sentindo de mim, mas não custava nada tentar. Afinal de contas eu ainda a amo, e ela estava grávida, como dito por Shannon. E, as possibilidades sobre eu ser o pai da criança, eram de total certeza praticamente pelo que eu conheço sobre ela. Eu sei as pessoas mudam, mas não importa. Eu a quero novamente, eu a quero em meus braços como minha única e minha amada.
Eu estava me sentindo a pior das pessoas dentre todo mundo. Tudo o que Shannon disse começou a ecoar na minha cabeça, porém agora eu só tinha um objetivo e teria que correr atrás dele, antes que fosse tarde demais novamente.
*
Dirigi até o apartamento de Margot, e fui até a portaria. Mas, o porteiro negou a minha entrada. Eu só poderia entrar se fosse autorizado por Margot, o que provavelmente não seria possível e eu não iria ter nem chances de me desculpar. Então eu pensei: "Margot e Cara vivem juntas, e dividem o apartamento". Sem mais pensar, resolvi ligar para Cara imediatamente, afinal ela e Margot sempre estão juntas.
Por mais que Cara na maioria das possibilidades estivesse com raiva de mim, eu precisava tentar. A minha necessidade no momento era Margot. Tudo já não mais me importava, foda-se drogas e os impensílios, eu só precisava dela. Ela era a droga no qual eu mais precisava.
Liguei para Cara, e por um milagre ela me atendeu. Fui breve pois ela não parecia estar bem humorada comigo, eu entendo. Falei que estava em frente ao apartamento 'delas' e que precisaria que ela fizesse um favor para mim, pedi liberasse o portão para que eu pudesse pedir desculpas a Margot por tudo que eu fiz. -Eu estava completamente desesperado. -Ela então disse que viria até aqui em baixo (na entrada do apartamento, onde eu estava) e que depois nos deixaria a sóis para eu tentar resolver isso, pois tudo que queria era ver a amiga feliz. Agradeci.
Em poucos minutos, Cara desceu e como dito veio até onde eu estava, seguidamente pediu para que o porteiro liberasse minha entrada.
— Veja lá o que vai fazer. Eu não sei o que está se passando na sua cabeça, mas eu espero que você não vá magoar a Margot, porque se for é melhor você nem subir...
— Eu não vou. Eu realmente preciso me desculpar pelas coisas que fiz com ela.
— Tudo bem, você tem uma chance. Vou confiar em você, pois sei que você não é esse homem rancoroso no qual estava sendo, pelo menos é o que eu espero. Se você magoar a minha Marg, eu vou te bater. —Ela me ameaçou e eu assenti — Eu vou sair, volto em trinta minutos, creio que já deve ter dado tempo de vocês conversarem.
— Obrigado!
— Eu só estou fazendo isso, porque sei o que você deve estar passando, e ela também precisa de você agora. Espero que realmente esteja disposto a mudar. Boa sorte! —Ela me deu um abraço, eu correspondi e em seguida ela saiu sem dizer mais nada.
Assim que ela saiu, e eu subi até o andar do prédio, pelas escadas mesmo, pois assim, conseguiria chegaria mais rápido até a porta do apartamento dela.
Assim que cheguei lá, dei algumas batidas de leve na porta e logo, Margot abriu a porta de fininho. Fez uma expressão de chateação quando percebeu que era eu que estava na porta; com toda certeza não era quem ela esperava.
— J-Jared? O que você esta fazendo aqui? —Ela disse gaguejando
— Margot... Nós precisamos conversar —Falei e ela franziu o cenho
— Eu não tenho nada para conversar com você. Vá embora, eu não estou afim de me estressar e creio que você também não esteja. —Ela disse quase fechando a porta na minha cara, mas eu segurei.
— Margot me escuta... Eu só quero que me escute, depois você faz o que você achar melhor, tudo bem?
Ela indagou calada
— Eu preciso que me perdoe pelas coisas que fiz com você, eu sei que fui um extremo canalha com tudo que fiz... —Falei segurando a porta —Desculpe, o meu orgulho foi maior que tudo. Eu não estava conformado, por você ter me abandonado; por isso queria vê-la pagar pela mesma moeda, que eu paguei. No entanto, eu não fazia ideia de que você também havia sofrido. A minha mente só focava no pior e na minha parte. Então eu te peço, por favor! — Ela soltou a porta, e eu ajoelhei-me no chão, segurando em suas pernas para que ela não saísse dali.
— Jared. Por favor, se levanta do chão.
— Me perdoa?
— E-eu não sei... Vamos conversar como pessoas civilizadas, então. Agora levanta daí — Ela falou abrindo a porta, dando espaço para que eu entrasse e em seguida estendeu sua mão, para que eu levantasse.
Levantei-me. Depois disso, eu entrei junto a ela no cômodo e a mesma encostou a porta. Logo após isso a primeira coisa que se passou em minha minha mente após entrar, foi abraça-la. Então eu abracei-a fortemente, sem mais pensar. Estava completamente necessitado daquilo; Estava necessitado de tê-la em meus braços. Por mais que ela só tenha correspondido o abraço após alguns segundos.
Fiquei abraçado a ela por um tempo. Aquilo foi como o meu porto seguro, era algo reconfortante estar ali abraçando-a no meio da sala, no extremo silêncio que estava a casa.
Lágrimas escorreram de meus olhos mesmo sem eu mesmo pensar, e quando nos soltamos e pude observa-la, assim que olhei para seus olhos, vi que ela também deixava escapar lágrimas. O silêncio dominava a sala, porém eu interrompi. Precisava colocar para fora, aquilo tudo que vinha consumindo a minha mente há anos, e que só agora pensei em falar.
— Margot... Quando você foi embora, foi como um vazio no meu coração. Eu não estava mais me importando com nada. Eu sofri muito com isso, pensava que você tinha desistido de mim, que havia seguido o conselho dos outros e acabado com o nosso amor. —Falei próximo a ela, encarando os seus olhos marejados, profundos como o oceano. Continuei —Então, eu comecei a viver apenas em meu quarto. Já não tinha vontade de fazer mais nada. E foi nesse tempo que eu cheguei a me drogar... para esquecer tudo, para tentar esquecer você. Afinal de contas, eu havia colocado na cabeça que você tinha me abandonado e que não precisava mais de mim. Cheguei até a pensar em desistir do Thirthy seconds to mars, mas graças a Shannon e Tomo isso não aconteceu. Ainda bem, pois não era apenas o meu sonho investido, mas também o deles. Margot... Eu só preciso que você aceite o meu pedido de desculpas. —Eu toquei em seu rosto, e ela afastou-se levemente para trás. —E acredite ou não, por mais que eu não tenha em nenhum momento expressados meus sentimentos após a sua volta... E-eu não parei de pensar em você, mesmo durante todo esse tempo, todo esses anos que passamos longe um do outro, meu coração, minha mente, meu corpo, chamam por você. — Limpei minhas lágrimas e ela aproximou-se novamente de mim, encostando minha cabeça em seu ombro, ainda chorando.
— Jared... Você não sabe como eu senti a sua falta... Eu cheguei a tentar me cortar, mas a minha mãe felizmente descobriu a tempo e não deixou que eu fizesse. Eu estava tentando seguir; seguir o que as pessoas falavam para mim, mas eu não conseguia. Todo dia crescia em mim uma nova expectativa de te ver novamente, de te encontrar e retomar o nosso amor... Tanto é que eu lia diversas notícias sobre você, até saber que você estava com outra. Você não sabe como aquilo me destruiu. Foi como uma faca rasgando lentamente cada pedaço do meu corpo. Mas, os tempos mudaram e agora, acho que estou bem. Afinal, você vai se casar com outra e eu devo esquecê-lo completamente caso não queira ver mais sofrimento. E como as pessoas sempre diziam: "Isso não vai durar muito; vocês são só crianças apaixonadas, logo tudo vai passar" —Ela abaixou a cabeça então, eu segurei seu queixo levemente
— Podemos até ser crianças apaixonadas, mas o que foi feito um para o outro, será inseparável. Eu ainda te amo, mas não como antigamente... Pelo incrível que pareça eu te amo mais. Por favor, Margot...
— Não me peça por favor. Você esta me destruindo, me despedaçando, me matando por dentro com as suas palavras. —Ela tocou em meu rosto — É claro que eu te perdoo. Era capaz de eu me matar se não te perdoasse.
Era aquilo mesmo que eu havia escutado? Olhei para ela parecendo não acreditar, e então ouvi-a dizer que também precisava se desculpar.
— Margot, você não precisa se desculpar. A culpa disso foi minha, você já havia se lamentado antes, mas, eu parecia não escutar. Eu sei que nada pode apagar o passado, porém um bom recomeço poderá mudar tudo. —Antes que ela pudesse dizer alguma coisa gritei alto: "EU TE AMO", para que todo mundo pudesse escutar.
— Jared... Eu acho melhor você ir embora. A sua noiva deve estar esperando você, e ela não iria gostar nada de saber que você veio até aqui...
— Margot, você sabe que eu não a amo. Eu amo você! E estou disposto a fazer qualquer coisa para ter você de volta, por favor, qualquer coisa...
— E-eu acho melhor não. —Ela disse afastando-se lentamente de mim
— Margot por favor! Eu prometo que de hoje em diante, ninguém irá mais nos atrapalhar... Eu já decidi o que vou fazer. Hoje mesmo, termino tudo com Katherine e resolvo as coisas que faltam, se você me deixar entrar em sua vida novamente.
— Eu não posso... Eu até quero, mas não posso deixar você fazer isso. Você vai estar acabando com os seus sonhos e eu não quero ser culpada por isso.
— O meu maior sonho é estar com você. O meu maior sonho é você! O resto não me importa... —Eu aproximei-me dela e juntei nossos lábios.
Juntei nossos lábios em um simplesmente movimento e fui sentindo lentamente o toque suave de seus lábios macios, encaixados ao meu.
— Jared, não. Você vai se arrepender depois...
— Eu não vou. Afinal, eu preciso correr atrás das minhas verdadeiras escolhas. E ainda mais agora que seremos uma família, não é mesmo? —Encarei os seus olhos marejados por lágrimas — Você não acha que também deve me contar algo?
— V-Você sabe? — Ela disse afastando-se de mim lentamente, mas eu a trouxe para perto novamente, devagar.
— Eu sei que você esta esperando um filho... — Eu falei abraçando ela por trás com cuidado —E, essa criança que você espera é minha, não é? É meu filho, não é?
Ela fechou os olhos e ficou calada por algum tempo, mas logo depois disso.
— Como você sabe que é seu filho? —Ela disse olhando para baixo e eu levantei seu queixo lentamente
— Eu tenho certeza que você não ficou com outros homens depois daquele dia.
— ... As pessoas pessoas mudam. Poderia ter acontecido o mesmo comigo, mas não. —Ela olhou para baixo —Sabe Jared, não era para você saber disso, e e-eu não sei como descobriu... Eu não iria te contar.
— Você não iria me contar? Porque não? Você pretendia cuidar da criança sozinha, enquanto eu permanecia preso num casamento infeliz, sem saber que iria ter um filho?
— Sim, eu pretendia. Achei que você não fosse se importar... Que me mandaria sumir e arcar com as consequências. Afinal, no dia em que nos brigamos, você me gritou pelo fato de eu falar que não tomava anticoncepcionais, foi horrível. Você me magoou muito!
— Saiba que eu me importo. É claro que eu me importo! Ainda mais agora que esta esperando um filho meu, não sabe o quanto isso me completou. —Ergui levemente seu queixo — Desculpe por tudo o que eu te fiz, ... Eu não queria que fosse assim. Às vezes as drogas me deixam mais agressivo.
— Você se droga? —Ela arqueou a sobrancelha direita parecendo surpresa
— Desde os vinte anos... Mas, isso não vem ao caso agora. Só saiba que eu estou disposto a tudo para ter você e este serzinho que está em sua barriga de volta. Me deixa tentar entrar em sua vida novamente. Passamos por tantas coisas que achávamos ter valor, mas vendo agora, não possui valor algum. Não há valor maior que o amor. E, o único fim que combina com a gente nesse momento, é o fim da distância entre nossos lábios —Ela me interrompeu
— Tudo em minha cabeça diz não, mas eu não consigo te dizer não. Esse é um dos meus defeitos, dentre vários que me deixa completamente chateada... Mas, você sabe que eu não resisto e eu odeio isso.
— Então você vai me dar uma chance?
— Sim... —Ela disse e eu dei um beijo rápido em seus lábios. Peguei-a no colo com cuidado e levei-a para o sofá. Deitando-a por lá.
Ficamos nos encarando por um tempo, um ao lado do outro, numa troca de olhares inexplicável. Então eu falei:
— Apartir de agora, podemos ser nós mesmo realmente, sem nos preocupar com nada, nem muito menos com os outros. Meu corpo clamava por você e agora novamente eu tenho você! —Deslizei suavemente minhas mãos pelo rosto dela com cuidado e ela respirou fundo.
— Temos muita coisa para conversar... — Falei e ela me interrompeu
— Sim, e também muita coisa para resolver... Uma delas é com Katherine.
— Te prometo que resolvo tudo amanhã... Agora só me deixa passar o resto dessa noite aqui com você? Nós ainda temos muita coisa para resolver entre nós.
— Tudo bem... —Ela disse e me deu um beijo na bochecha. Puxei-a devagar para um beijo de língua demorado e repleto de desejo de ambas as partes.
Estávamos agora lado a lado, e podíamos sentir intensamente o calor de nossos corpos juntos. Foi uma sensação maravilhosa poder sentir tudo aquilo novamente. Uma liberção de todas as mágoas de minhas alma. O preenchimento do meu coração.
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