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História [Jikook em] — Além da dor. ||DARKFIC|| - A lua.


Escrita por: Dimin-ssi

Capítulo 2 - A lua.


Fanfic / Fanfiction [Jikook em] — Além da dor. ||DARKFIC|| - A lua.

A noite chega e eu sempre passo frio. Não sei qual horário é pior de se viver nessa casa. De dia, quando apanho e sou um escravo. Ou de noite, quando o frio aumenta e só tenho um tecido fino e rasgado para me aquecer.

São duas da manhã e estou congelando, não consigo dormir. Decido preparar um chá quente para tentar dar a meu corpo um descanso mais digno.

Quando estou na cozinha esquentando a água, escuto passos na escada e sem querer derrubo a xícara que estava em minhas mãos. 

É agora que devo me despedir dessa vida.

Uma sombra se define na porta e já estou quase clamando pela extrema unção. Desesperado.

— Jimin? Que barulho foi esse? — ouço a voz doce da minha mãe e isso me acalma. Ela trazia um cobertor grosso consigo.

— Desculpa, acabei quebrando uma xícara. Fiquei nervoso por achar que fosse outra pessoa. — minhas mãos tremiam muito, e não era só de frio.

— Sorte a sua que não. Vim te trazer essa coberta, está muito frio e eu não conseguia pregar os olhos imaginando você aqui, nesse chão. — ela me alcança o pano grosso e em seguida me abraça. — Durma bem, meu anjinho. Você sabe que eu te amo, né? Eu farei o possível e o impossível para te tirar dessa situação o mais breve. Não aguento te ver assim... — sua voz falha. Ela beija minha testa e o pranto toma conta de si. Seu choro parece incontrolável, o que me faz chorar também.

— Mãe, eu também te amo e sei que a senhora faria qualquer coisa por mim. Mas por favor, não se arrisque. A sua vida é mais importante que a minha. Eu não sei o que faria sem você. — ajeito alguns fios acastanhados que agora lhe cobriam parte do rosto.

— Nós iremos fugir dessa casa, você confia em mim? Eu te prometo, nem que seja a última coisa que façamos. Sairemos daqui e reconstruiremos nossas vidas juntos, da forma como sempre deveria ter sido. —envolvo o seu corpo, abraçando SeongJin como se nunca mais fosse a soltar. Então, após poucos minutos, ela retorna para o quarto, enquanto eu, para o meu colchão de lençóis.

Estou deitado olhando pela janela, aproveitando ao máximo esse edredom que agora me aquece. A lua está linda, eu adoraria ter alguém que me tirasse desse inferno e me levasse para passear lá fora. Isso me faria tão feliz. Se bem que, não posso negar ter criado um certo pânico das pessoas. Se minha própria família faz isso comigo sem nenhum remorso, imagina as desconhecidas que habitam o exterior.

Infelizmente, não tenho ninguém para me confidenciar a não ser minha mãe e Hiuka, a empregada. Não possuo amigos, pois todos que eu tinha meu pai deu um jeito de afastar de mim. Eu sinto tanta falta... A última vez que conversei com um deles — muito tempo atrás — ele me disse que iria me tirar daqui... a raiva que tinha de meus irmãos e pai era tão grandiosa, que seus olhos pareciam imersos na vontade de os matar. Mesmo sendo um pré-adolescente ele já sabia o quão mal os humanos poderiam ser, e eu descobri isso também, de uma maneira cruel.

Apesar de tudo que passo, eu não desejo o extermínio deles. São doentes mentalmente, por isso fazem essas coisas. Além de que, não deixam de ser minha família, né? Mas ainda assim eu ficaria muito melhor sem eles por perto.

Enquanto a lua me dá um momento de felicidade com sua beleza. Sonhos com o futuro. Ter alguém que me cuide, que me ame. Alguém que me faça sorrir e esquecer do meu passado, nesse momento meu presente. Uma fuga do mundo real, pois és inumano demais comigo. Essa é mais uma noite que a lua é minha confidente e minha força, pois um dia eu irei tocar no céu, e verei ela brilhar só para mim.

— O que a bichinha faz acordada? — escuto a voz do meu irmão mais velho. Fecho os olhos e respiro fundo. Nunca sei se devo ou não responder.

— Difícil dormir com esse frio. — digo com meus olhos ainda na janela.

— É, bastante. Ainda bem que eu tenho minha cama quentinha e meu ar condicionado. — olhando a lua, desejo ter uma cama de verdade para mim. Será que um dia terei uma vida digna?

— Fico feliz que você não passe frio. — as palavras saem automáticas da minha boca, eu me preocupo com minha família. Acreditando ou não. Sendo recíproco, ou não. 

— Uhum. — olha pra minha cama com desdém e ri. — Pena que não posso dizer o mesmo para você. — seus olhos focam no edredom que minha mãe havia trazido, e eu já sei o que vai acontecer. Então antes do pior, o dobro e entrego para ele.

— Toma, eu peguei escondido do quarto do nosso pai. — abaixo minha cabeça, não queria ver o momento que ele me esbofeteasse.

— Por que tá me devolvendo? Não é pra mim que você tem que entregar. — levanto meu olhar e ajoelho no chão. Eu conheço esse filme de cor.

— Eu te imploro irmão, não chama o pai, ele vai me matar. — meu medo maior não é por mim, mas sim por omma. Ela vai querer falar a verdade e isso não vai terminar bem. Nunca termina.

— Você bem que gostaria de morrer, né? Essa vida que leva é uma merda. Eu se fosse você, pediria pela morte. Mas isso não vai acontecer, porque acabaria com a graça de te ver sofrer.

— Por que vocês me odeiam tanto? O que eu fiz? Eu não mereço isso... — não controlo e acabo chorando.

— Sabe porque a gente te odeia, boneca? Huh? — sinto sua mão fria encostar de leve na minha pele. — Porque você existe. — então, a mão alheia se afasta e volta num movimento rápido e estalado, dando-me a sensação ardente em minha face lateral. Um tapa forte o suficiente para que eu sentisse o gosto de sangue novo em minha boca. Eu não revido, nem me imagino fazendo isso. Não tenho força o suficiente para batalhar.

Permaneço de joelhos e com a cabeça baixa. Do nada, meu irmão corre até a cozinha, me deixando sem entender. Posto que, dificilmente consigo compreender seus atos para comigo.

Uma chaleira. Era isso que ele trazia ao retornar da cozinha.

— Fica de bruços, vamos! — chuta meu corpo e eu obedeço. Tenho medo, muito medo. Fecho meus olhos e chamo mentalmente por minha mãe. Eu não gostaria de forma alguma que ela presenciasse essa cena, mas pensar nela de certo modo me traz paz para esses momentos abstrusos... até que sinto minhas costas queimarem. — Acho que isso te manterá aquecido. —água. Água fervente sendo derramada diretamente em minha pele, que agora deve estar em carne viva. Eu gemo baixinho de dor, mas minha vontade é de gritar. — Viu como sou bom para você? Quem mais nessa casa iria se preocupar tanto em te deixar aquecido? — ele não controlava sua risada, como se minha tragédia fosse sua fonte de contentamento. — Ah, acho que não vai precisar mais disso aqui. — pega o edredom e recua em direção a cozinha. E quando volta, joga por cima de mim o tecido totalmente encharcado de água. Dessa vez gelada. Eu tremo muito com a sensação.

Rindo por uma última vez, Jungkook se afasta de mim, indo para o seu quarto. Já eu, continuo deitado no chão com o pano molhado sobre meu dorso, a de certa forma aliviar um pouco as dores das minhas novas feridas. Minhas queimaduras dessa noite.

Na espera dum amanhã melhor, o que me parece impossível a cada dia que passa, adormeço com lágrimas secando e um sorriso de esperança.

~xxx~

— Bom dia, meu anjo. — acordo com um selar de minha mãe. Ela ainda não percebeu que estou dormindo embaixo de um pano úmido e que minhas costas estão queimadas.

— Bom dia omma, dormiu bem? — pergunto já me levantando, porém, percebo que se me levantasse agora ela veria minha camisa com sangue. E eu não quero a deixar mais preocupada e nervosa do que já é.

— Você sabe que não. Ei, espera aí. — SeongJin toca no edredom e suas mãos ficam molhadas. — O que é isso Jimin?! Quem fez isso?

— Ninguém mãe, fala mais baixo por favor. — meus olhos se enchem d’agua.

— Jimin eu não aguento mais, isso tem que acabar! — ela se levanta furiosa e eu estou com medo do que possa fazer. Tento impedir que faça algo, mas foi tarde demais.

Vejo tudo em câmera lenta: o momento que omma sai correndo em direção a cozinha, onde meu pai estava tomando café.

Vi quando ela pegou uma das facas que estavam em cima da mesa e tentou golpeá-lo nas costas. Eu fiquei paralisado, não tinha reação alguma. Meu irmão mais novo percebeu e, antes que ela pudesse finalizar o ato, a empurrou com força ao chão.

Eu fiquei muito preocupado então corri em sua direção, porém quando cheguei do lado dela, Jungkook me puxa pelo braço me levando para um quarto escuro.

Daqui posso escutar os gritos de SeongJin, isso me aflige tanto! Eu começo a bater na porta com toda força que tenho, tentando inutilmente a derrubar para salvar a única pessoa que me ama nesse mundo. Sem ela não sei o que será de mim.

Sem esperar, a porta se abre e eu vejo o sorriso sádico no rosto de Jungkook, me causando pavor.

— A princesa quer fazer barulho? — ele pega firme no meu pulso e aperta muito forte.

— O que vocês estão fazendo? Ela é sua mãe também! Como você pode ter corag-... — antes que eu possa terminar de falar, Jungkook cabeceia minha testa e eu caio desacordado no chão.

Desacordado, pela incontável vez.

Mãe, me desculpa. Eu sou um inútil, nem te proteger fui capaz.

Me matem, me matem logo! Eu estou cansado dessa vida, dessa pseudo vida. Estou destruído, dilacerado. 

Eu já estou morto.

 

 



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