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História [Jikook em] — Além da dor. ||DARKFIC|| - Lembranças.


Escrita por: Dimin-ssi

Capítulo 3 - Lembranças.


Fanfic / Fanfiction [Jikook em] — Além da dor. ||DARKFIC|| - Lembranças.

Acordo e vejo que ainda estou no quarto onde Jungkook havia me deixado. Levanto com dificuldade, não me acostumei a dormir no chão duro e frio —apesar de já ser meu leito a tantos anos —, ser algum deveria se acostumar com isso. Caminho em direção a porta, mas a mesma se encontrava fechada. O ambiente sem a mínima iluminação me faz tropeçar em alguns objetos. Não faço ideia de quanto tempo já se passou, só sei que além dos hematomas, meu estômago também dói. Estou com muita, muita fome. Uma sensação de não comer a um longo tempo, nem o misero caldo que consumo duas vezes ao dia, um caldo ralo de vegetais passados que não é suficiente para alimentar uma pessoa. Pelo menos quando os homens dessa casa não estão presentes posso me alimentar mais dignamente. Hiuka faz questão de me tratar como um príncipe, e eu só tenho a agradecer por isso.

Mas o que eu preciso agora é ver minha mãe, saber como ela está e se aqueles desalmados fizeram algo de ruim a ela. Esse silêncio é o típico silêncio ensurdecedor

— Omma... Omma... OMMA! — chamo e grito por ela, mesmo sabendo que é mais fácil os brutamontes virem me calar. Começo a me desesperar ao pensar no pior e instintivamente forço a porta, mas ela ao menos se mexe. A única coisa que eu quero é que SeongJin esteja bem. 

Depois de algum tempo — sentado e pensando em como seria melhor estar morto —, vejo a porta se abrir dando visão à Jungkook que caminhava em minha direção, trazendo um prato e uma colher. Logo sentou ao meu lado e encarou-me durante alguns segundos, mas eu não me atrevi a o olhar nos olhos.... Estes olhos que estão sempre a exalar ódio pela minha pessoa, o que é muito triste, pois um dia eu já os vi brilhar e demonstrar carinho. Carinho por mim. Parece até loucura da minha parte dizer que um dia Jungkook me tratou bem, me cuidou. Se eu contasse a qualquer pessoa que sabe dos martírios que vivo nas mãos dele, esse alguém diria que eu sou um louco, e quem sabe isso tudo não seja loucura mesmo?!

Pois é inacreditável, chega a ser indizível e inconcebível o fato de um dia Jungkook dizer me amar. 

Ele disse.

Ele dizia, encostando sua mão na minha para em seguida a aconchegar em seu peito, me fazendo sentir as batidas do seu coração enquanto me olhava nos olhos e dizia manso: Eu te amo. Isso nunca vai mudar.

Mas mudou... mudou tanto que ao menos consigo encontrar resquícios desse Jungkook no atual.

— Jimin... — diz baixo, eu viro meu rosto a ele. — Coma. — dita como se fosse uma ordem e deixa o prato no chão, permanecendo sentado ao meu lado, o que me incomoda.  Não gosto de tê-lo tão próximo. 

Estou com muita fome, podendo até comer insetos por necessidade, mas antes de tocar no alimento eu preciso saber como está minha mãe. 

— Nossa mãe... Jungkook. — meus olhos estão marejados e minha voz embargada, esperar por uma resposta que nos é de importância, causa uma amargura absoluta. Meu corpo treme, a fome é apenas coadjuvante nesse caso, pois eu sei que os monstros com quais convivo junto de minha omma são capazes de tudo. Tudo.

— Nossa? Sua, você quis dizer né. — ele sempre insistiu em dizer que não era filho dela. Nunca a chamou de mãe, apenas pelo nome próprio. Para falar a verdade, sempre desconfiei que meus dois irmãos fossem frutos duma relação extraconjugal. Eles nunca demonstraram amor, simpatia ou respeito. Nunca ajudaram em nada. 

— Me diga...  Como ela está... por favor. — eu imploro por notícias. Se algo ruim tivesse a acontecido eu preferiria morrer de fome, sem ela eu morreria de qualquer jeito, mas antes, eu mataria todos eles. Não importa se são minha família, se mexer com minha omma eu não vou me calar. Me sentiria obrigado a fazer justiça com minhas próprias mãos. Eu os respeito muito, não desejo a eles a vida que levo, mas minha mãe é tudo para mim, sem ela eu perderia a noção de todas as coisas, digo que seria capaz de os torturar como fazem comigo e até pior, se existe coisa pior. 

Jungkook antes de responder começa a rir, rir sádico, esse sorriso que me causa angústia, medo, aflição.

— SeongJin vai ficar bem. Ela levou uma bela duma surra. — ao escutar isso sinto a raiva subir e o calor se fazer presente em meu rosto. Como ousam bater em uma mulher? Eu gostaria de gritar, gritar bem alto praguejando-os. — Mas está melhor agora. — fala como se fosse algo muito natural, bater naquela que lhe deu a vida. 

— Vocês... bateram... nela? — digo incrédulo, tento controlar meu tom de voz, mas é nítido minha fúria. Minha respiração descompassada e o suor frio a banhar meu corpo. 

— Ela mereceu. Você quer apanhar também? — Jungkook diz debochado. 

— Você sabe que pode até me matar. Seria um favor. — respondo encarando seu rosto, eu queria que ele visse o quanto sou indiferente em estar vivo ou morto.

Aquele olhar que Jungkook estava a lançar sobre mim, olhar esse que sempre antecedia as flagelações. 

— Shiu, não quero que isso aconteça. — ele pega a colher molhada e quente, colocando superficialmente em minha boca, como se fosse o seu dedo indicador pedindo por silêncio. — Qual sentido minha vida teria se você me deixasse? — vejo se aproximar lentamente do meu rosto, consigo sentir o calor da sua respiração e meus olhos se arregalam.  

Jungkook retira a colher da minha boca e aproxima a sua, até ficarmos separados por milímetros. Ele passa a língua por seu lábio inferior, os umedecendo e em seguida morde. Faz isso tudo para me provocar. Acha que por eu ser gay, tem o direito de zombar de mim. 

— Jimin, você se lembra de quando eu te beijei? Você se lembra do meu gosto? Lembra? — não, de novo não. Isso deve ser muito ódio reprimido. 

Eu não tive culpa de nada.

— Isso é uma menti-... — me interrompe colocando o palmo de sua mão em minha boca. 

— Cala a boca, só escuta o seu mestre. Você sabe melhor do que ninguém que é verdade. E que gostou. Gostou tanto que hoje em dia não consegue me deixar mesmo com todas as atrocidades que eu faço contra você. 

Eu não consigo falar, mas se pudesse diria que eu sinto é pena por ele ser assim, tão abominável, cruel e psicopata. Ele me causa repulsa. 

— Tadinho, tá chorando porque sente saudade disso, né? Putinho. — ele vê as lágrimas dando sinal em meus olhos, e não perde a oportunidade de rir sobre minha desgraça. Saudade. Como pode ser tão ridículo? — Nossas bocas se encaixaram perfeitamente, como se fossem feitas uma para a outra. Sua língua brincava com a minha e eu te puxei forte contra meu peito, lembra? — ele mordia e passava um dos dedos em seus lábios, como se fosse os meus. Eu evitava olhar, mas ele puxava meus cabelos, forçando minha cabeça em sua direção. 

Gostaria de dizer que não lembro mais de nada. Que tudo ficou no passado, pois não são lembranças boas ou que causem saudades; são dolorosas por tudo que acontecera após. 

— Eu sei que lembra, lembra tanto quanto eu. E eu sei também que daria tudo para me sentir dentro de você. — ele fala tudo aos sussurros em meu ouvido esquerdo. Só que ao invés de me proporcionar algo bom, eu continuo chorando. — Sei que está necessitado por mim. Sei que guarda sua virgindade para aquele que ama. Eu. — suas mãos continuam em meus cabelos, puxando forte minhas madeixas. Eu apenas reprovo com a cabeça. Reprovo todas suas palavras. 

Só consigo pensar no quanto Jungkook é desprezível. Ele me tortura a anos, me bate, me deixa com feridas abertas e ainda faz questão de jogar na minha cara coisas que eu só gostaria de esquecer. 

Ele para de falar e começa a rir, rir feito um babaca. Eu quero o chutar, o empurrar para longe, mas me sinto um impotente. 

— Sai Jungkook, sai daqui! Me deixa em paz, por favor. — eu preferia levar socos e ficar desacordado novamente, para não ter de continuar escutando todas aquelas palavras sujas. 

— Eu não quero sair. Eu quero entrar em você. — Jungkook ri de suas próprias palavras cômicas. Ele sim é doente, e não eu.

Escuto a voz de nosso appa chamar por Jungkook, eu nunca fiquei tão feliz em ouvir a voz dele. Sério. Meu irmão é doido, eu não sei se ele conhece a palavra limites, tenho medo do que ele seria capaz de fazer se não tivesse sido interrompido. 

Pego o prato de sopa, e sinto até ânsia depois disso tudo, mas como igual, pois quero estar forte para ver minha mãe...e quem sabe fugir com ela desse hospício, onde os loucos não somos eu e ela, mas sim aqueles que se acham certos em prender um ser humano e abusar dele, destruir sua dignidade e pisar em cima da sua autoestima. Sempre me dizem que sou um ninguém e que preferiam me ver morto do que gostando doutro homem. Não sou julgado pelas coisas ruins que fiz, pois para eles meu único erro foi amar alguém do mesmo sexo que eu. 

 

 



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