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História [Jikook em] — Além da dor. ||DARKFIC|| - Me faça querer viver.


Escrita por: Dimin-ssi

Notas do Autor


SeongJin, lindaaaaa!

Capítulo 9 - Me faça querer viver.


Fanfic / Fanfiction [Jikook em] — Além da dor. ||DARKFIC|| - Me faça querer viver.

Jungkook foi dormir e eu permaneci na mesma posição, ventral, durante todo o tempo que faltava para o dia liberar seus primeiros raios de sol.

Não. Por favor, não pergunte como eu me sinto.

— Bom dia. Vamos tomar café, meu menino? — Hiuka passa gentilmente sua mão sobre minhas costas, mas esse singelo toque bastou para que eu lembrasse das dores, e consequentemente as sentisse.

— Não estou com fome. — digo um pouco ríspido, talvez pelo contato que estava sendo incomodo.

— Você tem que comer. Ainda mais hoje que receberá o seu amigo. Tem que estar forte, se alimentar bem para aproveitar a tarde ao lado dele. — assenti com a cabeça e me coloquei de joelhos sobre o lençol.

Ela tinha razão. Eu não poderia deixar o episódio passado me atingir de tal modo que eu colocasse a perder a oportunidade de ver Hoseok, de forma alguma. Me levanto e junto da mais velha vamos para a cozinha.

~xxx~

Ao terminar minha primeira refeição do dia, segui para a sala. Foi inevitável não amargar ao ver Jungkook passar por mim. Não que eu já não sentisse esse desconforto todas as outras vezes, mas é que essa... essa foi diferente. Ele não feriu apenas a minha pele, e sim além dela. Ele conseguiu atingir cada camada do meu ser, ele foi tão fundo. Se eu fosse um oceano, eu posso dizer que ele haveria me tocado por inteiro. Se bem que, essa é apenas mais uma vez que tento descrever coisas que não possuem explicação. O mesmo diálogo. A mesma sensação. Nem primeira e, sabe-se lá quando será a última.

Quando citam que amor e ódio são facetas da mesma moeda, me soa tão familiar. 

 [11:00 am]

— Nervoso por hoje? — em nosso quintal, omma senta ao meu lado.

— Você não faz ideia do quanto. — forço uma risada e ela me abraça pela lateral do corpo.

— Mas aposto que também está feliz, estou certa? — SeongJin quebra o abraço para olhar em meus olhos. Ela sabia que eles não mentiriam a sua pergunta. — Pelo visto, estou enganada. O que aconteceu? Você está tristonho. — deixo uma nota de suspirar sair por minha boca entre aberta.

Como eu poderia mentir a quem me conhece tão bem? Contudo, como eu poderia lhe dizer a verdade? Coisas que apesar de ter seu amor incondicional, ela não seria capaz de entender. Pois sequer eu mesmo entendo. Já deu para perceber isso, certo?

— Ah, mãe... só estou com medo de ver Hoseok depois de tantos anos. — isso de forma alguma era tudo, mas servia de contribuição. Em partes não menti.

— Não precisa se preocupar com essas coisas. Hoje vocês terão a oportunidade de recuperar uma fração desse tempo perdido. — deposita um selar carinhoso em minha testa e antes de se levantar para ir ajudar Hiuka no almoço, ela completa. — Tenho bons pressentimentos sobre o dia de hoje, e sobre os próximos também.

Enquanto ela dava seus passos rumo ao interior da casa, me deixei ficar aqui, observando as flores ao meu redor, exalando suas essências. O canto dos pássaros, única melodia que me era permitida. O vento batendo em meu rosto e bagunçando meus cabelos.

Sim, eu estou vivo.

[14:00 pm]

As horas estão passando e o momento da visita de Hoseok se aproxima a cada segundo. Eu não sei como me portar, estou ansioso demais. Esperei tanto por esse dia que agora mal sei como agir.

Corri, literalmente, para o banheiro. A primeira coisa que faria seria tomar um banho. Um banho digno. Tirei minhas vestes velhas as colocando sobre a pia. Abaixo do chuveiro deixei a água limpar meu corpo, auxiliada de um sabonete cheiroso. Era incrível como nem os hematomas doíam mais, estava tão entusiasmado que me sentia uma nova pessoa.

Omma disse para que eu me arrumasse diante o espelho de seu quarto. Então fui até lá. Mesmo sabendo que appa não estava em casa, podia sentir sua energia naquele cômodo. Tentei ignorar isso e vesti as roupas que eu tinha separado na noite anterior. Não eram boas, mas dentre as que eu tinha eram as melhores.

Escutei batidas na porta, seguidas da voz mansa de noona.

— Filho, posso entrar?

— Claro.

Ela abriu a porta e me olhou sorridente. Se aproximou de mim e penteou meus cabelos com seus dedos.

— Você é tão lindo, filho.

Peguei em sua mão e a beijei o dorso.

— A beleza que possuo é toda sua. — de fato. Sempre nos falaram que somos muitíssimos parecidos. O que me deixa feliz, pois se sou semelhante a dona SeongJin, eu fico envaidecido.

— Você não vai passar nenhum perfume?

— Qual? Não tenho perfume. E de jeito nenhum vou usar o dos outros. — ter o cheiro deles impregnado em mim, seria um castigo a mais.

— Claro que não. Por isso eu comprei um para você. — a olhei surpreso e ela me estendeu uma caixinha. Dei-a um abraço grato, logo abrindo a caixa e revelando um dos melhores perfumes que existia, segundo ela. Pois eu nada conheço sobre essas coisas.

Borrifei uma vez e omma tomou o frasco de minhas mãos, borrifando mais quatro vezes. Achei exagero? Achei, mas ela sabe o que faz.

Parei alguns segundos para apreciar aquela essência. Mesmo que eu estivesse mal trajado, aquele perfume com certeza compensaria.

— Filho, eu e Hiuka daremos uma saída para deixá-los mais à vontade. — disse dando os últimos retoques em meu cabelo com uma pomada, deixando minha testa mais a mostra. Apesar de eu preferir os fios caídos sobre meus olhos, assim eles escondem um pouco minhas emoções. Como aquele verso, os olhos são a janela da alma, e nesse momento não seria agradável que os outros enxergassem a minha.

[14:50 pm]

Fechei a mão em torno da maçaneta gelada e, antes de gira-la, eu pensei em como tudo isso parecia um sonho. Quem diria que a pouco tempo atrás a possibilidade de reencontrar Hoseok fosse nula; tão remota quanto a esperança de um dia sair dessa casa, vivo. É, eu tento acreditar que tudo será diferente, mas sinto como se essa parte da minha vida nunca pudesse ser esquecida, independente do que aconteça nela daqui algum tempo, se acontecer. Balanço minha cabeça tentando expulsar todo e qualquer pensamento que não refletisse o agora, o aqui e agora. Eu estou separado de Hoseok apenas por uma porta, e essa distância irá acabar assim que a abrir. Como eu deveria me sentir? Feliz, apenas. Entretanto, estou com medo também. Com medo daquela lei, lei da ação e reação. Você deve estar pensando, Jimin, deixe de ser louco e aproveite a companhia do seu amigo. Eu aproveitarei sim, cada segundo, mas o que acontecerá depois que ele sair por essa porta? O que aconteceria se os outros descobrissem?

Enfim, a porta foi aberta.

— Jimin...

— Hope...

Falamos quase em uníssono. Ambos frente a frente com o semblante entregando toda a emoção do momento. Por mim tão esperado, ou, por nós.

— Meu Minnie cresceu! — Hoseok me abraçou fortemente, quase tirando meus pés do chão.

Aquele contato foi tão inesperado, mas também, muito bem recebido.

— Hope, vamos entrar. — disse encabulado. Ainda estávamos na porta. Mesmo a vizinhança não sendo de conversar conosco, evitar burburinhos seria melhor.

Ele seguiu meus passos até o sofá e ali ficamos, sem trocar palavras inicialmente, já que falar não era necessário, pois, nossos olhares falavam por si só. Coisas que a boca não seria capaz de exteriorizar.

— Nossa... — Hoseok quebra o silêncio. — Como você está diferente. — não pude evitar rir da sua expressão. Sempre fazendo caras e bocas, até em simples palavras. Só que logo meu sorriso dissipou-se, eu me senti mal ao ter seu olhar a me analisar de cima a baixo. A minha figura mal trajada e totalmente inferior em relação a ele, me deixava inseguro. Manter contato visual ficou dificultoso.

Hoseok ao perceber meu embaraço, sentou mais próximo, passando seu braço por meus ombros.

— Você está muito bonito, Jimin. — abaixou sua cabeça para olhar em meu rosto onde o vermelho predominava.

— Você também... — soei praticamente inaudível, porém, talvez mesmo sem entender o que eu havia dito, Hoseok riu.

Ele estava realmente muito bonito, mais até do que eu poderia imaginar. Ele se vestia bem, tinha um cheiro que inebriava minhas narinas, seu cabelo tão bem arrumado. Tudo isso contribuía para que eu me retraísse mais.

— Me conte, como você está? —tentando puxar assunto, vendo que se dependesse de mim não trocaríamos mais nenhuma palavra. Eu não queria que fosse assim. Maldita insegurança!

— Estou bem, e você? — ao ver que mesmo durante a conversa recém iniciada eu não o olhava nos olhos, abaixou frente a mim, apoiando suas mãos em meus joelhos.

— Você quer que eu vá embora? — fitou firme meu rosto.

Envolvi o pescoço de Hoseok, como se pudesse o prender em meu abraço.

— Não! Por favor. — pedi quase por chorar. Pegou em minhas mãos que envolviam seu pescoço e, colocou as sobre minhas próprias coxas.

— Eu não iria mesmo que me pedisse. Só falei aquilo para ver se assim você notasse minha presença aqui. — voltou a sentar do meu lado.

— Me desculpe, eu só estou muito envergonhado.

— Vergonha? Pelo quê?

— Você... tão bem vestido enquanto eu...

— Hey! Que coisa boba. — limpou minhas lágrimas e depositou um selar em minha bochecha. — Você está tão lindo que as roupas que veste são totalmente desnecessárias. — ele riu; eu também.

— Aish... pare com isso. — falei empurrando de leve o seu corpo. Brincando. O olhei, agora menos tímido e, admirei o sorriso que enfeitava-lhe o rosto. — Incrível... — deixei sair sem perceber.

— Hum?

— O seu sorriso, Hope. Continua o mesmo.

— É? As suas bochechas também. — apertou a carne das maçãs do meu rosto. Exatamente como fazia antes.

Depois de rirmos bastante, como as duas crianças que éramos quando tivemos de nos separar, a alegria antes presente deu lugar a realidade atual. Os sorrisos foram findados e nossos olhares recíprocos se aprofundaram. Os olhos de Hoseok se iluminaram pela íris banhada e eu entendi. Eu entendi o que seus olhos queriam dizer, eles carregavam piedade de mim; daquela criança que ao menos sabia porque era castigada; do jovem que agora a sua frente possuía toda a dor refletida em seus trejeitos, em suas cicatrizes inutilmente cobertas, em seu olhar perdido.

— Jimin... — limpou a garganta. — Eu senti tanto sua falta. — sobrepôs minha mão com a sua.

— Eu também. — a apertei firme.

— Foi muito injusto tudo que aconteceu.

— Foi... — funguei.

— Minnie, eu estive contando os segundos para poder te ver novamente. — riu ao pensar em algo. — Sempre nos demos tão bem. Brincávamos o dia todo.

— Agora não somos mais crianças para brincar.

— Não mesmo. Fica difícil me imaginar fazendo cócegas em você, com aquela inocência que tínhamos.

— Aigo, Hoseok!

~xxx~

Conversa vai, conversa vem... até que o assunto que eu gostaria de evitar, foi inevitável.

— E, — pigarreou ao dar início. —E seus irmãos... — fez uma breve pausa, como se sentisse medo em perguntar aquilo — Continuam te maltratando?

— Velhos hábitos não mudam. — volto minha cabeça para baixo e respiro fundo. É doloroso. É sempre doloroso pensar nisso. Também me dói ter que falar sobre, mas Hoseok é meu amigo, melhor e único amigo, aliás.

— Filhos da puta! — Ele fecha os punhos e bate contra suas próprias coxas. — Oush... Com todo respeito a senhora Seongjin. Ela é incrível Jimin.

— Ela é mesmo. — sorri ao falar dela. — Sem minhas noonas, eu definitivamente não sou ninguém. Eu nem estaria aqui hoje se não fosse por elas.

— Nem fale uma coisa dessas! — Hoseok faz uma cruz no ar. O que tirou de mim uma vontade incontrolável de rir, apesar da tensão que a conversa trazia.

— Só verdades Hope, só verdades... — tento parar de rir. O que estava sendo difícil.

— E... — pigarreou novamente — O seu irmão mais velho? — sentiu-se mais uma vez sem jeito. Eu sabia o porquê, nós sabíamos. O sorriso que antes eu ostentava no rosto havia sido totalmente desmanchado, facilmente.

— O que tem ele? — tento não demonstrar o quanto fiquei abalado ao ouvir sobre.

— Ah... você sabe... — é claro que eu sei.

— Jungkook é a sombra e o reflexo do meu pai. Acho que não preciso dizer mais nada... — mordo o lábio inferior com força, tentando colocar a dor interior para fora. Tentativa fracassada.

— Argh, seu pai é nojento! Eu não sei como ele pode ser tão desumano com você. — Hoseok falava raivoso. Ele estava ficando vermelho e sua respiração parecia pesar em seu peito.

— Eu já cansei de tentar entender isso também, Hope. Hoje eu só aceito. — deixo um sorriso contrastar com meus sentimentos. Eles não combinavam, mas sorrir me parecia necessário. Não quero que Hope me veja como alguém vitimado, apesar de parecer irrevogável.

— Não. Você não pode se acomodar. Não pode se acostumar a viver assim. — sacudiu meus ombros.

— Mas o que posso fazer?

— Você tem que lutar, cara!

— Eu não tenho forças para isso. — soo demasiadamente dramático, involuntariamente.

— Você tem mais força do que imagina, meu Minnie. — ele colocou a mão acima do meu joelho e continuou. — Só alguém muito forte pode passar por todas essas coisas e ainda conseguir sorrir, como eu o vi sorrir hoje.

Hoseok teria razão? Eu me senti estranhamente melhor e encorajado ao escutar essas simples palavras.

— Obrigado... — aconcheguei sua mão com a minha.

— Ah, meu bem... — escutá-lo me chamando assim, tão carinhosamente, me deixou um pouco constrangido. Não estou acostumado com isso. A ser tratado bem, a ser querido por alguém. — Você sabe, né? Agora eu estou com você e de forma alguma abrirei mão disso. Jimin, de forma alguma irei desistir de ti. — ele deixou seus dedos passearem abaixo dos meus olhos, me fazendo perceber que todo esforço que eu tinha feito para não sucumbir em lágrimas, teria sido em vão.

— Eu quero muito isso. Eu quero ter você comigo, Hope. Eu quero. — disse carecido trazendo sua destra próxima a meu peito, a apertando contra meu coração. Não sei por que fiz isso, talvez porque ele houvesse tocado ali, de todas as formas.

Hoseok aninhou minha cabeça em seu peito e bagunçou um pouco meus fios. Fechei meus olhos e me senti protegido.

— Então. — ele quebrou o contato para olhar diretamente em meus olhos. — Hoje à noite eu posso sequestrar você? — completou com uma mordida natural no lábio inferior e, logo seus dentes abocanharam o lábio superior também. Estaria nervoso por fazer uma proposta tão ousada, devido às circunstâncias?

— Quê? — exclamei confuso e ainda não conseguindo processar tal ideia. Sair dessa casa? Como?

— É... Vamos sair.

— Hope, eles trancam a porta e a chave fica no quarto dos meus pais. — falei mostrando o quão impossível seria.

Olhou em direção a porta e ao voltar seus orbes para mim, sorriu ladino.

— Mas agora a chave está ali.

— Sim, só que... — interrompeu-me e levantando rapidamente caminhou apressado até a porta.

— Eu já volto! Não vou demorar. — jogou suas palavras e antes de sair retirou a chave da fechadura, me deixando sem falar e entender nada. Fui até a porta para o esperar.

Cada segundo parecia uma eternidade, eu sentia como se a qualquer momento alguém pudesse chegar e por fim em tudo, inclusive em nossas vidas.

Exatos quarenta minutos depois.

— O que foi fazer? — perguntei confuso o vendo ofegante em minha porta.

— Pegue e guarde bem. — me estendeu duas chaves. A verdadeira e a cópia recém feita.

— Aonde conseguiu?

— Acha que os chaveiros servem para quê? — ele riu da minha inocência, ou melhor, burrice mesmo.

— Meninos eu sinto muito, mas está na hora de vocês se despedirem. Seu pai logo vai chegar. — omma nos alertou ao entrar dentro de casa afobada.

— Tenho que ir Minnie. Não se esqueça, hoje a noite virei te buscar. — ele pegou em minhas mãos e colocou-as sobre suas bochechas. — Uma hora da madrugada está bom? — assenti com a cabeça, sorrindo a ele que pôs minhas mãos em seus ombros enquanto as dele seguraram firme minha cintura. — Então está certo. Até logo. — terminou de se despedir com um selar em minha bochecha.

Enquanto eu via Hoseok sair pela porta, segurei firme a chave em minha mão, como se nela eu carregasse um pouco dele. Eu precisava a esconder, a proteger antes que os homens voltassem. Corri para a sala, procurando por um lugar discreto. Por fim, achei melhor a deixar enterrada na terra de um vaso de plantas que ficava na mesinha de centro. Tão clichê, mas fui pela estratégia do obvio. Ok, talvez não tão obvio assim por se tratar de mim, ou daquele Jimin que eu gostaria de também enterrar.

 

 



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