- Não sabemos, mas precisamos descobrir. - Alana respondeu firme. Todos assentiram e se sentaram n'uma mesa do local.
- Vocês também sonham? - Lauren perguntou hesitante.
- Sim. - Alana e Enzo responderam juntos.
- Não. Eu sou a única normal aqui. - Disse Tessa com tom sarcástico, enquanto revirava os olhos.
- E vocês também já... se machucaram? - Lauren perguntou com medo de soar louca na frente daqueles desconhecidos.
- S-sim... - Alana engoliu em seco e sentiu um pesar pousar-lhes ao ombro.
Atrás da porta, Ector se encontrava entre caras e bocas, ouvindo toda a conversa, sem nenhum pingo de ética; mas era preciso, ele dependia disso; a vida dele dependia disso; e ele lutaria com todas as forças para manter-se vivo, manter-se a salvo naquele mundo no qual ele, Alana, Enzo e Lauren habitavam. Não só eles como também outras pessoas, estas pessoas que ainda não haviam sido encontradas pelo professor perigoso.
- Mas será que somos apenas nós? - Enzo perguntou pensativo. - E se sim... por que nós? - Completou fazendo todos na mesa se encolherem amedrontados, e Tessa se encolher também amedrontada. Estava com medo de perder a seus amigos para estes sonhos toscos e sem sentido que ao mesmo tempo que eram isso, eram incríveis e inimagináveis.
Ector retirou-se dali, seguiu para sua casa, tomou um calmante, e apagou. Apagou até acordar em seu mundo preferido.
[...]
- Tenho um trabalho a você, Pedro. - Pedro andou até a mesa coberta de papéis e começou a olhar bem para os rostos conhecidos de Alana, Enzo e Lauren, e para os embaçados, nos quais ele ainda não havia identificado, como Jared.
- Como posso te servir, senhor? - Pedro perguntou falsamente. Ele só queria matar ele e tomar seu trono; apenas isso.
- Ache Kendra Foster. - Ele entregou uma foto de uma garota negra, sorridente e com os cabelos rebeldes, ao mesmo tempo que arrumados. - Ela anda caluniando a minha pessoa e minhas regras de vida. Quero ter uma conversinha com ela. - O homem finalizou com um sorriso doentio e retirou-se gargalhando.
Pedro saiu á procura de Kendra, e não foi tão difícil achá-la.
- Professor Ector! - Kendra gritou esguelante com sua voz irritante.
- Aqui eu não sou o Ector, Kendra. - Pedro sorriu de lado apontando uma arma na cabeça de Kendra. Kendra riu desesperada.
- Professor Ector, qual a diferença entre a arma e o revólver? - Ector disparou a arma que pegou de raspão nos cabelos de Kendra que soltou um grito fino mais irritante que sua própria voz. - Professor Ector quer matar Kendra Foxti? Professor Ector, se tu fizer isso de novo minha mão vai decolar e vai pousar na tua cara! - Kendra afirmou engolindo seu desespero para si, mantendo apenas o lado "humorístico".
- Agora não é hora para as suas brincadeirinhas, você mexeu com ele e ele quer ter uma boa conversinha com você. - Ector sorriu com a possibilidade de Kendra ser morta por ele, odiava a criatura.
- Ele quer é me ver porque ele me ama, todos amam Kendra Foxti! - Kendra afirmou tentando se convencer disso mas sabia que sua vida acabaria naquele mesmo dia.
[...]
- Trouxe ela? - Ele perguntou a Pedro, tendo como resposta um braço sendo puxado e logo uma garota entrando desengonçada em sua sala.
- Olá. - Ele sorriu doentiamente.
- Muito prazer, Kendra Foxti. - Kendra respondeu-o rapidamente, como sempre.
Pedro o acompanhou no sorriso doentio tendo a confirmação de seus pensamentos. Kendra seria morta.
[...]
Ector acordou sorridente e saltitante, sentou na frente do computador e começou a trabalhar n'um texto um tanto intrigante sobre sua outra personalidade, sua outra vida, em seu outro mundo; Pedro. Sua atenção foi cortada com um barulho de chuva e um barulho de uma lata de lixo sendo chutada. Caminhou até a janela, onde encontrou Jared, um mendigo levemente enfurecido.
- Se você ao menos tivesse uma casa ou um lugar para dormir você pararia de chutar a lixeira alheia? - Ector perguntou enfurecido e arrogante; fechou as janelas e prosseguiu com o texto.
- Você vai ver só seu riquinho bosta. - Jared murmurou com os olhos brilhando de raiva. Ele, como todas as vezes, se vingaria de quem mexe com ele, no caso, Ector.
[...]
- Por que vocês fizeram isto com ele?! - Jared gritou tomado pela raiva após ver um homem ser morto na frente da filha.
- Está vendo, gracinha? - Um dos homens andou até a menina em estado de choque, ignorando a pergunta de Jared. - Se você seguir as leis de vida que seu pai seguia, você será a próxima a pintar o chão de sangue. - Disse calmamente para a menina que esbugalhou os olhos e desesperou-se n'um instante.
- Deixa ela em paz! - Jared gritou pulando nas costas do homem, sendo puxado logo em seguida pelo outro que até aí, apenas assistia o "espetáculo". - Me solta, seu imbecil! - Jared gritou raivoso e imperativo, porém em troca, apenas obteve como resposta um soco no rosto, e logo na barriga; no estômago, mais especificamente.
Os homens foram embora deixando Jared caído agonizante. Gemia de dor e raiva por não fazer nada com aqueles caras. Mas faria; logo faria. A menina que até aí não havia feito nada a não ser encarar o corpo falecido do pai, olhou para o rapaz e perguntou inocentemente:
- O que eles queriam dizer com "as leis da vida"? - Sua voz infantil, doce e angelical ecoou nos ouvidos de Jared fazendo-o lembrar de alguém.
- Não pode ser. - Ele apenas disse isso antes que percebesse o corpo caído da menina, também falecido, no chão, ao lado do pai.
Jared levantou e foi até os corpos estirados no chão vermelho vivo; vermelho sangue. Notou um bilhete no punho cerrado do homem, pegou-o e deparou-se com uma ilustração sua, em lápis apenas, com as seguintes palavras em baixo, a lápis também.
"Você é a chave para a liberdade.
Esconda-se antes que o achem.
Esconda-se antes que o matem."
[...]
Jared sentiu pingos molharem sua face. Droga, estava chovendo de novo! Aonde ele iria se esconder da chuva? Viu a janela entre-aberta de Ector e sorriu abertamente sussurrando:
- Agora você me paga, seu riquinho egocêntrico.
Jared pulou a janela sem fazer um som sequer, caminhou pela casa quieta e avistou um computador com a tela acesa. Andou até ele, e, ao invés de roubar, procurou por informações para vazar. Se ele se vingaria, seria de uma maneira grandiosa. Ao chegar perto o suficiente do computador pôde avistar um texto com um tema de "Pedro"; estranhando e lembrando de já ter ouvido este nome em algum de seus sonhos, começou a ler.
Ao terminar, Jared deu um pulo para trás, assustado com o que lera. Tratou de compartilhar aquele texto na própria rede-social de Ector, pois o mesmo deixava sua senha gravada, saiu de lá sem fazer um mínimo som, e tratou de ficar longe da casa do professor.
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