História Just for Benefits ( Yixing Long Imagine ) - Coward

-Eu não queria ter te machucado - ele disse se aproximando com os olhos mais desesperados, e essa visão tornou a tarefa de não começar a chorar mais difícil do que já era.

-Não é por isso.

-Me desculpa, qualquer coisa que eu fiz, eu não pensei, não percebi. Mas não me deixa.

Suas palavras pareciam carregadas de tristeza e não tinham um sentido de um simples “fim de acordo”

Não me deixa.

-Não consigo mais Yixing - disse abaixando a vista a fim de esconder as lágrimas que se formaram nos meus olhos.

No fundo, escolhi o verbo conseguir ao invés do querer na tentativa de deixar claro que não era uma vontade minha, e sim necessidade.

-Por favor… - sua voz saiu embargada pelo choro que começava a brotar, e isso me pegou tão desprevenida que simplesmente virei e sai daquela sala o mais rápido que pude.

Eu precisava esquecer o Yixing, não podia ficar ali. Eu não ia resistir, mas eu precisava.

Assim que entrei no carro, encostei minha testa no volante e me permitir chorar sem me importar com nada. As lágrimas desciam numa quantidade absurda e meu peito doía cada vez mais com os soluços e eu sentia como se essa dor, não só física, nunca passariam.

-Seja forte ________, seja forte - repetia em meio às lágrimas, mas a frase não surtia efeito.

Vi meu celular piscar dentro da bolsa mas não tinha a mínima vontade de sequer rejeitar a ligação. Minha cabeça tinha se focado apenas nele, na voz triste e chorosa dele, no seu desespero com minha decisão, seu desespero em me deixar de lado.

Uni o pouco de força de vontade que me restava, e enxuguei as lágrimas a fim de ao menos enxergar a rua em que iria passar com o carro, o que menos precisava era matar alguém atropelado ou destruir alguma coisa.

Com a força divina, cheguei em casa intacta -pelo o menos fisicamente - e não pensei duas vezes antes de me jogar na cama e agora sim, deixar que todas as lágrimas caíssem dos meus olhos, molhando o travesseiro que eu abraçava.

------

Acordei com a campainha tocando sem parar, abri os olhos devagar, não só pelo o sono como pelas lágrimas de mais cedo, que acabaram inchando meus olhos. Olhei a janela e vi que tudo ainda estava escuro, peguei o celular e vi que ainda não eram nem 03:00.

Mesmo sabendo que o porteiro não simplesmente deixaria alguém entrar sem interfonar, principalmente de madrugada, levantei da cama e fui abrir a porta.

-Chanyeol?

-O que aconteceu?! - perguntou me envolvendo num abraço apertado.

-Do que você tá falando?

-Eu te liguei 1 milhão de vezes e você não atendeu. - se afastou e segurou meu rosto - Eu fiquei preocupado.

-Eu tô bem.

-Você tava chorando? - perguntou espantado e eu me senti encurralada. Não tinha como dizer isso.

-Não.

-Você tá com cara de choro _________.

-Problemas.

-Mas tá tudo bem agora?

-Uhum - tentei ser o mais convincente possível e o abracei de novo.

-Oppa, quer dormir aqui? - perguntei apertando ainda mais a cintura dele.

-Tem certeza?

-Tenho - respondi o puxando pra dentro.

Enquanto ele se deitava, eu me dei ao mísero trabalho de trocar a roupa para algo mais confortável antes de me deitar ao lado dele.

-Tenta relaxar ok? - pediu dando um beijo na minha testa e eu o abracei mais forte.

Quando acordei agora, já eram quase 06:30. Minha cabeça doía, meu nariz ardia e eu não tinha a menor vontade de levantar.

-Acorda ________ - senti a boca dele encontrar minha testa.

-Já acordei - murmurei tirando meus braços dele e deitando de barriga pra cima.

-Você não pretende ir trabalhar né? - perguntou segurando minha mão e eu neguei.

-Mas eu preciso ir.

-Eu vou fazer essa pergunta mesmo sabendo que não devia. Tem relação com aquele cara?

Silêncio.

Esse simples gesto foi suficiente para responder a essa pergunta. Na verdade, o silêncio é sempre uma resposta inoportuna e realista. Não tem como mentir uma resposta quando se fica em silêncio após a pergunta. É praticamente impossível.

-Ele te fez o que?

-Nada, juro.

-Você tava chorando, ele fez alguma coisa sim.

-Chanyeol, eu juro que não foi nada - me levantei da cama e sai do quarto, não queria estender aquele assunto.

-__________, aconteceu alguma coisa sim! Você passou a noite chorando, e sequer teve o trabalho de tirar a roupa que botou de manhã. Me diz o que ele fez!!

-ME FEZ FICAR APAIXONADA OK?! - gritei virando para encara-lo e seus olhos se abriram mais.

-Mas você disse que vocês não tinham mais nada.

-Ontem eu disse que queria acabar tudo.

-Queria mesmo?

Mais uma vez, silêncio.

-Você se arrependeu de transar comigo? - perguntou cabisbaixo.

-Não. Eu ainda gosto de você.

-Tem certeza?

-Sim.

-Mas mais dele né?

-Eu já tinha dito pra você.

-E eu ainda mantenho a vontade de te reconquistar, mas eu preciso que você diga, com suas palavras, o mais claro possível.

-Sim, eu gosto mais dele - falei olhando meus pés descalços.

-Eu vou te fazer esquecer ele, eu juro.

-Channie, eu não quero ser grossa, mas você se importaria em me deixar sozinha?

-Tudo bem - se aproximou e me deu um longo selinho.

Eu só queria me trancar num quarto e fugir de tudo isso. Fugir como fiz hoje, simplesmente não ir trabalhar. Desligar o celular e ficar na cama. Só eu e eu.

Mas infelizmente, eu precisava trabalhar para conseguir viver ou ao menos ter um lugar onde morar. Passei um tempo, me preparando psicologicamente para ver o Yixing. Graças a Deus eu tinha certeza que não ia acontecer nenhuma reunião, então a chance de ficar muito tempo olhando pra cara dele era menor.

Assim que cheguei à empresa, praticamente corri até minha sala e me tranquei lá. Minha cabeça pensava em tudo,e ao mesmo tempo em nada. Olhar aquela sala me fez lembrar do que o Yixing tinha dito, e o pior de tudo, como ele tinha dito.

Talvez eu tivesse sido uma sem coração em simplesmente deixa-lo de lado, ou uma covarde, ou quem sabe, a certa por querer por um fim naquilo. Meu coração na verdade, já tinha decidido o que tinha sido, uma covarde.

A reação do Yixing deixou claro que ele gostava de mim, e eu sei muito bem o que sinto por ele, então por quê sair correndo?

Eu fui covarde o suficiente a ponto de ter medo de me entregar a uma pessoa e me sentir totalmente envolvida pelos sentimentos dela, isso é a verdade.

-Unnie? - Yeonjoo perguntou entrando na sala com a voz preocupada.

-Hum?

-O que aconteceu?

-Tudo que eu menos queria.

-Como assim?

-Eu terminei tudo com o Yixing.

-Mas por que?!

-Eu não ia aguentar mais, ele não era mais só um cara com quem eu transava.

-Ele tá péssimo se serve de consolo.

-Como você sabe?

-Ele acabou de passar, e a cara dele ta arrasada.

-Eu não tô melhor que ele.

-Unnie, eu sinto muito.

-Tudo bem - dei um sorriso fraco e ela sorriu.

-Só vim falar com você, mas qualquer coisa pode me chamar - disse levantando e eu concordei.

Assim que ela falou de como o Yixing estava, eu tive vontade de me jogar na mesa e chorar eternamente. Agora eu me sentia uma completa idiota por ter acabado tudo com ele, principalmente agora que eu sei que ele ficou tão mal, isso só podia dizer que gostava de mim.

-Você devia parar de tentar fazer as coisas - disse batendo na minha testa.

Enquanto eu batia a cabeça na mesa, ouvi o celular apitar e ao pega-lo vi uma mensagem do Chanyeol.

-Amanhã a gente vai sair ok? Pra você esquecer tudo com uma boa cerveja. - Chanyeol.

Não, não quero sair, só quero dormir.

-De que horas? - ________

-20:00 tá bom? - Chanyeol

-Sim. - _________

-Então até amanhã. - Chanyeol.

Por que eu tinha dito que sim? Porque sou uma covarde idiota. Covarde pra dizer que não quero nada com ele. Covarde pra pedir desculpas a pessoa que eu realmente gosto. Covarde pra assumir as consequências dos meus atos. Covarde pra tudo.

Se ontem eu não consegui me concentrar, hoje eu não sabia nem se conhecia realmente aquelas letras no computador. Todas elas não pareciam passar de riscos fazendo desenhos. E só.

Pensar nisso me fez lembrar da primeira vez que eu reparei o quanto o sorriso dele era lindo.

*FLASHBACK*

-Coreano é muito mais difícil que mandarim - Yixing disse jogando uma folha de papel na mesa que dividiamos na sua sala.

Já passava das 22:00 e nós, dois estrangeiros, tentávamos decifrar palavras coreanas extremamente formais, escritas em um dos contratos mais importantes das nossas carreiras.

-Eu não posso concordar, só sei dizer oi em mandarim.

-Quero ver sua pronúncia - disse encostando na cadeira e me desafiando com o olhar.

-Vai continuar querendo. - respondi sem o olhar.

-Sério? Tá com vergonha de falar mandarim pra mim?

-Não é vergonha, eu só não quero.

-Qual é ________? Sabia que pode ser um fetiche? - perguntou com um sorriso pervertido e eu tenho certeza que o olhei com cara de nojo.

-Ok ok, mantenha seus fetiches esquisitos para as outras garotas ok? - disse apontando a caneta pra ele e o vi dar um sorriso aberto.

Um sorriso que diga-se de passagem era lindo. Aliás, ele devia sorrir assim mais vezes. Tenho certeza que as pessoas iam mudar totalmente a imagem de cara grosseiro que tinha dele.

-Oi nem é uma palavra tão grande.

-Nǐ hǎo - falei rápido tentando não prolongar ainda mais o assunto.

-O que?

-Ah, eu já disse.

-Não, eu não ouvi. Repete! - pediu animado e eu revirei os olhos.

-Nǐ hǎo - repeti mais devagar e pude sentir a diferença gritante da minha pronúncia para a de um nativo.

-Isso ficou engraçado - ele disse com um sorriso ainda maior e sacudiu a cabeça algumas vezes.

-Eu devia mandar você falar alguma coisa também!

-Em momento algum eu disse que sabia falar alguma coisa além de coreano e mandarim, então não vou falar nada.

-Idiota.

-Não precisa ficar assim, na verdade, foi bem fofo.

-Para com isso!

*FLASHBACK*

Fui tirada dos meus pensamentos com meu celular tocando freneticamente em cima da mesa.

-Alô?

-O que aconteceu entre vocês dois?

-Aish Jongin! Sério mesmo?

-Seríssimo. Você tá com uma cara péssima, o Yixing ta com uma cara de morte e nenhum dos dois saiu da sala. Agora me diz o que aconteceu.

-Você sabe que podia simplesmente vir até aqui né?

-Na verdade, eu acho que tô indo aí com muita frequência. Agora me diz logo o que aconteceu.

-A gente terminou.

-Terminou? E quando vocês começaram?

-Terminamos aquela amizade.

-Quem especificamente?

-Eu.

-Mas por que? Tudo bem que ele foi um babaca e deve ter te machucado, mas você não decidiu isso só por causa disso.

-Eu não ia aguentar mais. A ideia dele sair com outras pessoas é realmente dolorosa pra mim agora.

-E agora vocês vão ficar assim? No trabalho?

-Você quer que eu diga que você tinha razão né? Então vamos simplificar, você tinha razão.

-Não é sobre isso, pelo o menos não somente. Olha, eu vou falar. Ele veio falar comigo hoje, perguntou se eu conhecia o Chanyeol e confiava nele.

-Ele o que?!

-Pois é, ele não me disse o que o fez pensar nisso, só que se preocupava com você. Mas como essa sabia dessa história toda de vocês dois, disse pra ele desencanar desse assunto, porque você gostava dele.

-Você disse o que?!!! Qual o seu problema?!!

-Eu não quero ficar no meio do fogo cruzado! Ele nunca falou comigo, e de repente vem abrir o coração? Contei logo a verdade pra ser esquecido e pronto.

-Você é um idiota mesmo!

-Olha, fala com ele de uma vez. Não quero realmente servir de ombro amigo para corações partidos.

-Olha, eu não quero ok? Eu vou sair com o Chanyeol e quem sabe.

-Quem sabe? Eu sei. Não vai dar certo.

-Olha, depois que acontecer eu te aviso se deu certo ou não, agora tchau.

-Aish! Você não toma jeito mesmo.

-Tchau Jongin!

Como eu podia dizer que era uma covarde? Como admitir espontaneamente que era uma covarde que tinha medo de assumir o que sentia? Como lidar com o fato de agora mesmo poder estar focada em qualquer coisa devidamente útil, mas não o poder por um simples medo de falar o que sinto?

Não sei as respostas para todas essas perguntas justamente por ser covarde a ponto de criá-las.