-Oppa! - reclamei tentando afastar a mão dele de perto.
-Por favor, você vai gostar - ele dizia em meio a risos enquanto tentava colocar uma comida estranha e picante que segundo ele era a melhor coisa que já tinha comido.
-Não quero isso - afastei meu rosto mais uma vez e ele desistiu.
-Você vai se arrepender - ele disse colocando a porção na boca.
-Não - sacudi a cabeça algumas vezes - tô feliz com meu hambúrguer.
-Eu não imaginei que o jantar da gente fosse numa praça de alimentação de shopping.
-Eu disse que você tinha que reservar.
-Aish, eu queria fazer uma coisa legal.
-Mas isso é legal e tem comida, isso que importa - falei depois de dar uma mordida e ele riu.
-Então minha presença não conta?
-Um pouquinho.
-Só um pouquinho?
-Uhum.
-Quero o dinheiro do hambúrguer de volta - ele disse estendendo a mão na minha direção e eu ri.
-Pagou porque quis, eu tinha dinheiro.
-Você tá muito descuidada com essa boca mocinha. - ele balançou o hashi e eu sorri.
-Vai demorar? Eu preciso ir em uma loja.
-Então você me trouxe aqui só porque queria ir em uma loja?
-Uhum, mas eu posso pagar um sorvete também.
-Oportunista - murmurei dando a última mordida no hambúrguer e peguei o copo com refrigerante.
-Se você não quiser, eu não pago - ele passou a mão na minha cintura e me puxou pra perto, andando lado a lado comigo.
-Não, toma - empurrei o canudo na boca dele e ele segurou o copo, tomando o resto.
-O que você quer comprar?
-Não vou dizer - ele disse descendo a mão da minha cintura pra o quadril.
-Por que?
-Porque assim que a gente chegar lá em cima você descobre - ele me colocou na escada e subiu depois.
-Me diz.
-Calma.
Assim que subimos, andamos mais um pouco até parar em frente a uma enorme loja de instrumentos musicais.
-Você vai comprar alguma coisa aqui?
-Uhum. - ele concordou me puxando pra dentro.
-Você toca alguma coisa? - perguntei olhando a imensa quantidade de violões e guitarras que cobriam as paredes pretas, sem esquecer também das três baterias dispostas em cantos opostos e uma parede repleta de instrumentos de sopro, como saxofone, clarinete e outros.
-Por que você tá tão espantada?
-Não sei…
-Eu não pareço ser o tipo que sabe fazer alguma coisa além de malhar?
-O que? Não! - disse um tanto desesperada e ele riu apertando minha mão.
-Eu entendi, não se preocupa.
-Boa noite senhor Yixing - um funcionário disse simpático vindo até nós - o que o trouxe aqui hoje?
-Eu queria ver um violão.
-Aquele que você comprou já não presta mais? - perguntou com um sorriso e ele passou a mão atrás do pescoço.
-Hum… ele meio que quebrou. - disse envergonhado.
-Bem, não vou continuar perguntando - disse com mais um sorriso - Tem preferência por cor?
-Não.
-Pode me acompanhar.
Enquanto ele decidia o que queria, eu fiquei o olhando concentrado testando cada violão que recebia. Mesmo sendo poucas notas, apenas o suficiente pra testar, eu sentia como se tivesse idiota o olhando, ele simplesmente ficava lindo concentrado, e eu conseguia até imaginar ele tocando alguma música completa.
-________? - ouvi a voz dele me chamar e consegui focar nele.
-Oi?
-Qual você prefere? - ele perguntou, levantando um violão preto e outro marrom escuro, com um tom de voz que dava a entender que ele já tinha feito essa pergunta.
-Esse - apontei o marrom e ele os olhou por um breve momento - Eu vou levar esse. - ergueu o preto e arrancou uma risada do funcionário.
-Ok.
-Por que você perguntou o que eu queria então? - perguntei assim que o vendedor saiu com o violão escolhido.
-Curiosidade - disse rindo enquanto saia de perto para pagar.
-Por que você não disse que tocava violão? - perguntei quando saímos da loja, sentindo seus dedos se entrelaçarem aos meus.
-Você nunca perguntou.
-E como eu ia adivinhar?
-Não ia adivinhar se ia perguntar.
-Aish - resmunguei olhando para o lado e o vi rir.
-Eu também toco piano.
-Mesmo?! - o olhei surpresa e apertei mais forte sua mão.
-Sim - respondeu com um sorriso pequeno - E, bem, eu posso dizer que danço.
-Por que a gente ta namorando se nem se conhece? - o olhei um tanto espantada depois de perceber esse fato, mesmo dadas as circunstâncias em que tudo isso aconteceu.
-Você não tá sugerindo que a gente acabe sem mal ter 24 horas de namoro né?
-Claro que não! É só que, hum… a gente meio que não se conhece. Tipo, conhecer conhece, mas não sabe muito um do outro.
-Meu nome é Zhang Yixing, nasci em 7 de outubro, trabalho com você a quatro anos, estamos extremamente próximos a dois e eu gosto de basquete.
-Essa coisas eu sei, quer dizer, menos o basquete.
-Quer saber o que? Meu peso? O número do sapato?
-Eu não sei o que perguntar, eu preciso pensar.
-Então pensa enquanto a gente toma sorvete.
Assim que chegamos a uma sorveteria, escolhemos o que cada um queria e ele, mais uma vez fez questão de pagar.
-Você costuma vir muito nessa loja? - apontei para o violão guardado em uma caixa preta, parada ao lado dele, o fazendo olhar o objeto de relance.
-É minha loja de instrumentos favorita.
-E como você quebrou o violão?
-Deixa isso pra lá.
-Não, a gente precisa se conhecer.
-Eu não acho que saber coisas tão aleatórias assim seja realmente importante.
-Por favor oppaaaa.
-Eu odeio o Chanyeol.
-Hãn? O que ele tem com isso.
-Tudo. Quando eu vi vocês dois se beijando no estacionamento, meu sangue ferveu. Ai, a primeira coisa que eu vi quando abri a porta de casa foi o violão.
-Você quebrou um violão por causa daquilo? - o olhei espantada e não ele não teve nenhuma reação.
-Tenho certeza que você ia ficar com muita raiva se tivesse sido a cara dele.
-Eu devia pedir desculpas pelo violão?
-Não - disse com um sorriso - Se bem que…
-Ai, esquece o que eu disse - disse nervosa quando ele ficou me encarando com um sorriso estranho.
-Calma - disse rindo - eu só ia pedir um beijo.
-E por que tava com essa cara?
-Eu só tava brincando - ele segurou meu rosto e me deu um beijo calmo e demorado.
-Qual o seu sabor favorito? - apontei com a colher o pote de sorvete dele, vendo quantos sabores tinham ali.
-Não sei, depende. E o seu?
-***** - disse mostrando o copo do sorvete que só tinham esse sabor.
-Você pelo visto não gosta de inovar.
-As vezes sim.
-Agora eu percebi que não peguei desse sabor - ele disse me olhando com cara pidão e eu dei uma risada breve, e estiquei o copo pra ele.
Ao invés de simplesmente pegar uma colherada, ele botou a mão na parte de trás do meu pescoço e me puxou na sua direção, me dando um beijo que foi encerrado por sua língua passando no meu lábio inferior.
De fato, a mistura de gostos era sensacional.
-É bem gostoso - disse contra meus lábios, ainda segurando minha nuca.
-Tem gente olhando oppa.
-Se você não se importar, eu não vejo problema - ele deu uma risada e eu melei sua boca com um pouco do meu sorvete antes de afastá-lo.
-Idiota - disse sorrindo, depositando um beijo rápido na boca melada de sorvete dele.
-Agora é sério. O que as pessoas geralmente perguntam?
-Você não lembra como conhecer uma pessoa?
-Eu já conhecia o Chanyeol a um tempo, não precisei descobrir coisas dele.
-Eu gosto de mulheres que não falam sobre o ex delas que eu odeio mais do que os caras com que minhas antigas namoradas me traíram.
-Só falar o nome dele não é grande coisa.
-Claro que é, você sabe que eu não gosto de pensar que você gostou desse cara.
-Não vamos falar nele ok? Toma - disse colocando uma colherada do meu sorvete na boca dele.
Passamos mais um tempo no shopping, conversando sobre coisas um do outro que não tínhamos ideia.
-Oppa, de verdade, como vai ser no escritório? - perguntei quebrando o silêncio confortável do viagem de volta quando notei que já tinha chegado na minha rua.
-Normal.
-Você sabe que não, a empresa inclusive não gosta de relacionamento entre funcionários.
-Eles não vão demitir a gente.
-Mas e se descobrirem?
-E daí? A gente vai continuar namorando, e pode até dizer que já namorava há dois anos, e a empresa continuou funcionando.
-Mas a gente não tava namorando.
-Você pretende dizer que a gente transava e só?
-Claro que não!
-Então a gente aumenta só um pouquinho e diz que namorava, de certa forma era um relacionamento de qualquer jeito.
-Eu não sei…
-Olha, não se preocupa, vai dar tudo certo. - disse parando o carro.
-Certo.
-Olha pra mim. - ele pediu e assim que o fiz, senti sua boca se moldar perfeitamente a minha. - Não vai acontecer nada. Além do mais, eles não iam demitir as duas pessoas que conseguem melhorar os contratos para lucro da empresa.
-Na verdade, você é o sem noção e eu tento te controlar e não botar tudo a perder. - falei rindo e ele me acompanhou.
-Parece que eu preciso mais de você do que pensei - disse pressionando a ponta dos dedos na parte de trás da minha nuca.
-É bom você aceitar isso logo - cutuquei o ombro dele, o fazendo rir.
-Eu ia adorar ficar mais com você, mas você precisa descansar.
-Até amanhã - dei mais um beijo nele e sai do carro.
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Acordei com uma energia que não tinha a um bom tempo, tudo parecia diferente e agradável. A simples ideia de encontrar o Yixing me fez, acordar feliz o suficiente para me arrumar um pouquinho mais. E feliz o suficiente para sequer me importar com o fato do carro ter quebrado e agora precisar de conserto e perder muito dinheiro com isso.
-Bom dia Yeonjoo - disse sorrindo e ela me olhou com uma sobrancelha arqueada.
Eu sempre fui educada o suficiente para desejar um bom dia, mas agora, o sorriso e o tom evidentes, deixavam tudo mais evidente.
Até o trabalho, que tinha a muito diga-se de passagem, me pareceu uma das coisas mais fáceis de se fazer. E no fundo, eu só queria que aquilo acabasse logo e então eu poderia ficar com quem realmente queria.
Ok, preciso ir devagar, pessoas grudentas não são nem um pouco legais. Mas é inevitável, ele me deixa feliz, eu quero ficar perto dele, e isso é mais meloso do que pensei que alcançaria em algum estágio da vida. Mas é como dizem, quando se apaixona, você não age normalmente.
-Quer carona? - Yixing.
-Carona? - ________
-Eu te vi no táxi, então decidi ser um cara legal e oferecer uma carona a minha namorada - Yixing
A palavra namorada me causou um frio agradável na barriga assim que a li, fazendo um sorriso brotar no meu rosto.
-Eu aceito sua caridade, nobre cavalheiro - _________
-Ok, agora eu acho que você não dormiu bem - Yixing
-Você que não tem senso de humor - _________
Nós não devíamos ter ficado conversando a tanto tempo, mas infelizmente, como já disse, éramos dois apaixonados sem muita noção de espaço.
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-Unnie, quer ir almoçar comigo no restaurante de sempre? - Yeonjoo perguntou assim que eu saí da sala.
-Desculpa, eu marquei com uma pessoa.
-O Jongin-ssi já saiu.
-Não foi com ele.
-E com quem…. Ahhhhhhh sim. - disse com um sorriso se formando aos poucos - Bom almoço unnie. - piscou e guardou o celular no bolso.
-Bom almoço - disse sem graça e fui até o elevador.
-Você demorou, eu to com fome - ele falou enquanto eu me aproximava do carro dele.
-Desculpa, tava terminando umas coisas - respondi me posicionando na sua frente e senti seus braços me envolvendo.
-Eu fiquei com fome porque você queria resolver coisas? - perguntou depois de se afastar da minha boca, antes de distribuir beijos no meu queixo.
-E se você não parar, vai continuar com fome.
-Mas vai ser por uma causa válida jagi. - ele disse beijando o canto da minha boca e eu acabei sorrindo pela forma que ele me chamou.
-A gente pode ir comer? Agora eu que tô com fome.
Sorri ao receber uma olhada feia dele e acabei dando um beijo rápido na sua bochecha.
-E onde você quer ir?
-Tanto faz, só me deixa pagar.
-Por que você insiste tanto nisso?
-Não quero que você gaste sem necessidade.
-Matar a fome da minha namorada não é uma necessidade?
Mais uma vez, a palavra namorada causou um efeito estranhamente reconfortante em mim.
-Não quando ela tem dinheiro para se sustentar.
-Poder feminino - disse com um sorriso de canto e eu concordei com a cabeça, dando um selinho nele.
-Vamos.
Ele me soltou e deu a volta, entrando no carro enquanto eu colocava o cinto.
-Por que você veio de táxi?
-Meu carro quebrou.
-E você já ligou para o seguro?
-Boa pergunta - disse apontando para ele e o vi dar uma risada.
-Você é muito engraçada.
-Quando chegar em casa ligo - resmunguei apoiando a cabeça no encosto do banco.
-De 19:00?
-Ai, então eu ligo amanhã.
-Então você vai precisar dormir na minha casa.
-É o que?
-Amanhã de manhã, você vai precisar trabalhar, então já que o carro tá quebrado, precisa de carona.
-E o que te impede de dormir na minha casa?
-A vontade de te ver usando minhas roupas.
-Idiota - bati no braço dele enquanto ria.
Pouco depois chegamos ao lugar que ele escolheu, o mesmo restaurante chinês que viemos algum tempo atrás, o dia em que vi o Chanyeol pela primeira vez desde que realmente tínhamos terminado.
-Você realmente gosta daqui né? - perguntei assim que entramos.
-Essa comida é reconfortante demais.
-O que você quer comer?
-O que você recomenda especialista? - olhei por cima do cardápio e o vi olhar atenciosamente cada prato.
-Niou Rou Mien - falou rápido, apontando o prato.
-Isso não tem nada estranho certo?
-É uma sopa de carne com macarrão. - disse animado e eu acabei rindo.
-E o que mais você sugere?
-Mopu tofu! - seus olhos brilhavam e mesmo sem saber o que era, acabei concordando.
Assim que os pratos chegaram, me arrependi um pouco de não ter ao menos perguntado o que era esse prato.
-Pode comer, não vai te matar - disse me olhando enquanto eu encarava o prato em minha frente. - É carne e tofu, só isso.
O olhei por alguns segundos, tentando fazer ele sugerir outra coisa pra comer, mas ele apenas ficou me encarando até que eu pegasse um pedaço do tofu e comesse.
O gosto não era ruim, dava pra comer muito até. Assim que provei, emiti um som de aprovação que o fez acabar rindo.
-Viu que não tem nada de mais?
Apenas concordei pegando mais um pouco, dessa vez com carne, e ele deu um sorriso mais aberto, se aproximando e dando um beijo na minha têmpora.
-O que você vai fazer nas férias?
-Não sei.
-Hum…
-Como assim hum ?
-Nada.
-Por que você sempre faz isso?
-O que?
-Faz perguntas e não conclui.
-Parece que você ainda tem muito a descobrir sobre mim - me olhou com um sorriso que não pude deixar de retribuir.
-Parece que sim.
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