História Just for Benefits ( Yixing Long Imagine ) - Friends

- Você não acha que esse apartamento é um pouco grande pra você sozinha? - perguntou assim que o corretor saiu para nos deixar conversar a sós.

Eu finalmente tinha tomado vergonha na cara depois de algumas consideráveis semanas e começado a procurar um apartamento indo vê-lo ao vivo e não apenas pela tela do computador, e fiz questão de trazer Yixing comigo porque eu precisava de uma opinião diferente, mesmo que a dele sempre fosse diferente demais.

-Você acha?

-Uhum, o outro era um pouco melhor.

-Mas eu gostei tanto desse - resmunguei olhando a vista perfeita que a janela de vidro proporcionava.

-Com licença - disse o corretor após duas batidas na porta - O que acharam?

-É um pouquinho grande demais - falei triste, mas era um fato.

Eu morava só e não tinha nenhum bicho, e meus móveis não eram tão grandes para ocuparem tanto espaço; metade das coisas que o condomínio oferecia eu não usava, então ia pagar por um luxo inútil, ia sair caro demais.

-Mas e os pontos positivos?

-A vista - falei apontando os janelões que mostravam o lindo céu azul claro livre de nuvens.

-Bem, eu conheço um apartamento aqui perto que tem cerca de 70m² a menos, e também tem uma vista bonita.

-Mesmo?

-Sim, ele tem uma garagem a menos e não tem playground. Mas continua com piscina, dois elevadores e perto do centro.

-A gente pode ir ver agora?

-Claro. - disse com um sorriso e logo refez o caminho até a porta.

O seguimos em silêncio e logo entramos no carro, coisa que não seria necessária caso não já tivéssemos vindo de carro. O novo apartamento era a menos de 10 minutos do outro em que estávamos.

-O prédio tem aproximadamente 3 anos e o apartamento está a venda a menos de 2 meses. - começou a falar enquanto entrávamos no prédio tão arrumado quanto o outro.

O prédio era uns 5 andares menor e mais estreito, as cores entretanto eram as mesmas, azul e branco.

-Podem entrar - falou abrindo a porta e nos deu passagem para entrar depois que mostrou a área de lazer e a garagem.

Perfeito.

Foi a primeira coisa que pensei ao entrar no apartamento e encontrar a vista perfeita do outro em uma versão menor já que a sala tinha encolhido alguns metros, sendo ainda maior que minha antiga casa.

-Como pode ver a vista é tão boa quanto a do outro - falou animado e eu olhei para Yixing sorrindo vendo que ele não tinha gostado da notícia.

Logo começamos uma tour pelo apartamento e sinceramente, era exatamente o que eu queria. Espaçoso mas aconchegante, seguro, bem localizado e uma vista bonita.

-Eu vou deixá-los a sós para conversarem - disse lançando um sorriso e logo saiu pela porta da frente.

-E então, o que você achou?

-Bonito - disse com uma cara nada feliz e eu dei uma risada.

-Não é o que seu rosto tá dizendo.

-Não, eu tô falando sério, é o melhor de todos que você já viu, talvez seja esse.

-Para de fazer essa cara! - reclamei empurrando o ombro dele e ele deu um sorriso.

-Eu não tô fazendo cara nenhuma.

-Tá sim! Parece que eu tô te abandonando.

-Claro que não.

-Você sabe que vai poder vir aqui quando quiser certo?

-Certo.

-Então não olha pra mim assim.

-Certo certo, prometo parar - falou me puxando pela cintura e me deu um beijo.

-Então, você gostou? - perguntou o corretor voltando.

-Perfeito.

-Bom, eu vou falar com o proprietário e entro em contato com você. Vamos?

-Sim.

Xxx

-E aí, já escolheu o apartamento dos sonhos? - Jongin perguntou enquanto esperávamos o elevador.

-To em dúvida entre dois, na verdade, nem é muita dúvida, mas não é uma certeza.

-Posso ser sincero?

-Pode.

-Eu não entendi nada.

-Idiota.

-Você é uma pessoa complicada ________.

-Eu to querendo dizer que tem dois apartamentos mas um é melhor que o outro.

-Agora sim! Essa é minha garota.

-Para de bagunçar meu cabelo!! - reclamei batendo freneticamente na mão dele enquanto ele apenas ria.

-Você realmente precisa de uma namorada pra irritar - murmurei enquanto ajeitava meu cabelo pelo reflexo do espelho.

-Eu já disse, eu gosto de ser solteiro e sair sem precisar me justificar pra ninguém.

-Seu palhaço.

-Mas e aí, por quê um apartamento é melhor?

-Ele não é muito grande nem pequeno.

-Achei que você quisesse alguma coisa grande, sabe, são duas pessoas dividindo.

-Não, eu vou morar só.

-Só? - perguntou relativamente espantado.

-É. Por que eu iria morar com ele?

-Sabe, vocês tão juntos a um bom tempo, geralmente isso é um passo natural.

-Não, a gente não namora nem a um ano.

-Sim, mas vocês têm uma relação a uns dois anos, isso é muito.

-Jongin, sexo e mais nada não é exatamente um tipo de relação.

-Vai dizer que vocês nunca conversaram sobre algum problema?

-Não.

-Não necessariamente todas as vezes, mas alguma coisa vocês falavam, disso eu tenho certeza.

Eu fiquei o olhando por um tempo, tentando entender como ele conseguia descobrir as coisas assim.

-Não fizemos isso - menti destravando o carro e entrei nele, omitindo a vez que ele dormiu na minha casa depois de chegar lá desolado.

*Flashback*

Muitas pessoas costumam curtir feriados prolongados em praias ou em outras cidades, mas eu resolvi destoar desse padrão e curtir o meu longo final de semana de 4 dias - por conta de um feriado na sexta e na segunda - na minha casa com meu moletom quente e meus doramas românticos de sempre.

Entretanto, uma pessoa enviada do inferno resolveu vir me visitar em pleno sábado a 00:45 e ficar tocando freneticamente a porcaria da campainha.

Me levantei do sofá com raiva após pausar meu dorama e fui abrir a porta com toda raiva do mundo.

-Sério Yixing? Você viu que já é quase 01:00?! - perguntei irritada após abrir a porta e me deparar com ele parado com as mãos no bolso do casaco e a cabeça baixa.

-Desculpa - pediu baixo e eu percebi que a voz dele não estava normal, parecia que ele estava assustado.

-Aconteceu alguma coisa? - perguntei segurando o seu pulso assim que ele se virou.

-Esquece. Você tá certa, já tá tarde, desculpa.

-Não Yixing, você já tá aqui, agora fala. - falei conseguindo puxá-lo para dentro por conta do frio que incomodava minhas pernas cobertas apenas por short de pijama.

-O meu pai tá com câncer - falou baixo e minha mão escorregou do pulso até a mão dele.

-O que? - perguntei surpresa mais pelo fato dele estar me contando algo tão particular do que pela notícia em si.

Não que eu não achasse câncer algo sério, mas o fato dele estar me contando era um pouco estranho.

-Ele vai morrer - falou apertando minha mão e eu acabei o abraçando.

-Não fala isso, muitas pessoas se curam, ele vai ser uma delas - falei e senti ele me apertar mais e pressionar o rosto contra a curva do meu pescoço.

-E se ele não se curar?

-Não adianta de nada pensar negativo, você sabe disso.

-Eu tô com medo.

-Não precisa ficar assim, eu sei que vai dar tudo certo.

-Obrigado - disse me apertando mais uma vez - Desculpa vir tão tarde, eu não aguentava mais ficar calado com isso, você foi a primeira pessoa que eu pensei.

-Deixa pra lá, eu tava acordada. - disse e senti ele respirar fundo antes de soltar o ar de uma vez e afundar a cabeça ainda mais no meu pescoço.

-Seu abraço é bom - comentou aleatoriamente e eu senti meu rosto esquentar, mas dei uma risada baixa.

-Quer dormir aqui? - perguntei depois de um tempo que ele continuou na mesma posição.

Ele não queria ficar sozinho, mesmo que não dissesse com palavras, o fato dele me apertar quase quebrando meus ossos mostrava isso.

-Você não vai achar que a gente tá junto certo? - perguntou com tom de brincadeira e eu acabei rindo.

-Se eu não achei quando você chegou na madrugada de um sábado pra falar de um problema pessoal, não vou achar por isso. - respondi no mesmo tom e ele riu.

-Então eu aceito. - respondeu me soltando.

-Vem, porque eu tô perdendo meu dorama - falei puxando ele para o sofá e me sentei, dando play no notebook, e logo senti ele se sentar ao meu lado.

O corpo dele ficou um pouco deitado, apoiando a cabeça na meu ombro e envolvendo minha cintura com uma mão, como se eu fosse um travesseiro. Instintivamente, passei o braço ao redor do ombro dele e fiquei mexendo em seu cabelo enquanto me concentrava do desenrolar da trama.

Foi nesse momento que eu percebi que talvez não fossemos apenas um alívio sexual um para o outro. Éramos um alívio emocional também.

Éramos amigos.

*Flashback*

-E eu vou fingir que acredito. - o ouvi dizer por conta da janela do carro estar aberta.

-Até amanhã Jongin! - gritei a fechando e vi sorrir antes de entrar no carro.

Como Yixing tinha ficado em um reunião e meus pés imploravam para que eu tirasse aquele salto, resolvi ir para casa e ficar com eles livres.

A verdade é que eles pareciam não terem se recuperado do casamento da Yeonjoo que tinha sido dois dias antes, e por alguma razão, Yixing insistiu que se ele sabia dançar, eu também sabia, então me obrigou a ficar dançando com ele quase a noite toda. E no fundo, foi um forma que eu encontrei de fazer com que algumas mulheres parecem de olhá-lo tão descaradamente.

Ao chegar em casa, tomei um banho rápido e fiz alguma coisa saudável para nós dois. Ele tinha me convencido que ramen não era uma refeição sozinho, então agora eu tinha aderido ao cardápio dele, e digamos que os resultados foram até bons não só para minha disposição diariamente, como para o meu corpo e até mesmo minha pele que tinha ficado mais bonita.

Sentei no sofá com meu prato de legumes grelhados e frango, apoiei meus pés cansados na mesinha de centro e comecei a ver um programa que eu sempre assistia quando não tinha muito o que fazer.

Poucos minutos depois, recebi uma mensagem e ao olhá-la, esperando ser do Yixing vi que era do corretor.

-Então você se decidiu de verdade sobre o apartamento? Eu gostaria de saber para entrar com o processo de negociação com o dono, ou do apartamento grande ou do pequeno.

Ao terminar de ler, ouvi a porta abrir e logo o vi entrando pela porta, folgando a gravata e ele parecia muito cansado.

-Você ainda ta vivo? - perguntei jogando o celular no sofá e levantei para levar o prato agora vazio até a cozinha.

-Sim - respondeu checando o pulso e eu dei uma risada.

-Vai tomar banho, eu já fiz a janta.

-Eu te amo tanto.

-Só porque que cozinho? - fingi estar ofendida ele arregalou os olhos.

-O que? Você sabe que não é isso jagiya! Eu nunca quis ficar com você só pra ter alguém cozinhasse, e sabe que eu acho isso ridículo.

-Calma, eu tô brincando oppa - falei segurando o rosto dele com a mão livre e o dei um beijo rápido.

-Aish, não me assusta assim, eu tô cansado pra pensar - resmungou enquanto eu ia até a cozinha e eu não segurei o riso.

-Vai tomar banho e enquanto eu esquento a comida! - gritei da cozinha e ouvi seus passos se distanciarem.

Alguns minutos depois, ele voltou usando uma calça de moletom e sentou no sofá com um prato cheio de comida.

-Viu que se alimentar bem não é tão difícil? - perguntou depois de provar um pouco do que eu fiz.

-Talvez você tivesse razão - falei sem me desconcentrar da tv e percebi que ele continuou me olhando - O que foi?

-É bom ouvir isso - falou com um sorriso orgulhoso e eu revirei os olhos.

Continuamos em silêncio enquanto ele terminava de comer, logo depois levantou-se e foi deixar o prato na cozinha. Provavelmente eu ia fazer um pedido carinhoso pela manhã para que ele lavasse a louça suja já que agora ele parecia cansado demais para fazer isso.

Ao invés vez de voltar para o sofá e ficar deitado com a cabeça no meu colo como sempre fazíamos de noite, ele foi até o quarto e lá demorou alguns minutos, voltando logo depois e mais uma vez não deitou, e sim sentou-se ao meu lado.

-Você já fechou um contrato do apartamento?

-Ai meu deus, esqueci de responder - falei rápido procurando o meu celular, o achando no espaço entre nós dois.

-Sabe, você realmente quer o pequeno? - perguntou antes que eu digitasse a resposta.

-O que? - o olhei confusa e ele concordou com a cabeça, confirmando a pergunta que havia feito - Mas foi você mesmo que disse que o outro era muito grande.

-Eu sei, mas sabe, um apartamento grande podia ser bom.

-Oppa!!! Você me deixa confusa.

-É só você pensar, caso queira dividir com mais alguém, vai ser mais fácil, não vai precisar comprar outro.

-E com quem eu ia dividir?

-Não sei, o cara que você namora seria uma boa opção.

-Nesse caso eu não ia precisar comprar um apartamento novo, podia continuar com você aqui e comprar só um guarda-roupa maior.

-Você acabou de dar a solução perfeita.

-Por que você fica fazendo esses joguinhos psicológicos comigo?! - perguntei jogando o celular novamente no sofá, esquecendo mais uma vez a mensagem, e cruzei os braços.

-Qual o número do anel que você usa? - me perguntou depois de alguns minutos de silêncio, e eu o olhei com uma sobrancelha arqueada.

-O que você tá tentando insinuar? - perguntei depois de ligar todos os pontos das dicas que ele tem dado quanto essa minha decisão de me mudar.

-Que eu não sei o número do anel que você usa.

-Você não espera que eu aceite qualquer coisa que você esteja planejando me perguntando descaradamente o número do anel que eu uso, certo? - perguntei sorrindo e me virei para poder ver melhor o rosto dele.

Ele deu uma risada e tateou o bolso da calça de moletom cinza que usava, tirando de lá uma caixa preta.

No instante que vi aquela pequena caixa na mão dele, senti que meu corpo tinha parado de funcionar normalmente por alguns segundos, até que meu coração voltou ao funcionamento extremamente acelerado.

-Então se eu já tiver o anel você vai aceitar?

Meus olhos arregalaram assim que ele abriu a caixinha revelando um lindo anel prateado com uma pedra brilhante delicada.

-Oppa… - falei atônita e ele deu um sorriso mordendo a parte interna do lábio inferior, como se estivesse nervoso.

-Então, você vai aceitar casar comigo agora que sabe que eu já sei o número do seu anel? - me olhou com um sorriso agora mais tranquilo e eu continuei o encarando surpresa.

-Você tem certeza? - perguntei baixo por conta do nervosismo.

-Nunca estive tão certo de alguma coisa na minha vida. - respondeu já tirando a aliança da caixinha e segurou minha mão - _______,  você aceita trocar um apartamento pequeno por um maior, dividindo ele comigo?

-Sim - falei o olhando nos olhos e ele deu um sorriso largo, colocando a aliança no meu dedo, mostrando que realmente sabia o número que eu usava.

Assim que ele a colocou, soltou minha mão e usou a sua para segurar meu rosto naquela posição e selar nossos lábios agora não só como meu namorado, e sim como noivo.

Talvez o Jongin estivesse certo, nós não somos um casal de meses e sim de anos, mesmo que da nossa forma particular.