História Justify your answer - Vkook,Taekook - " Life "

Estranho.

Se existisse uma palavra capaz de definir a situação no momento, essa seria a palavra exata, Taehyung era considerado lerdo, mas não era burro, sabia que tinha algo a mais naquela história, e iria descobrir.

- Jeon?

- Sim, pode falar Tae.

- Quero que me explique tudo, e agora mesmo, eu tentei esperar para que você me falasse de livre e espontânea vontade, mas você não me fala, poxa, eu quero saber sobre sua família, sua história, mas nem sequer tocamos nesse assunto, eu já cansei, por favor, se abra comigo, além de ser seu médico, sou seu amigo.

Devia admitir que a palavra amigo entalou em sua garganta, não porque era mentira, e sim porque não queria dizer tal palavra, talvez uma palavra mais intima, era isso que queria dizer.

- Olha Tae...

- Não Jeon, sem olha, eu te contei TUDO sobre minha mãe, sobre o acidente que meu pai sofreu, sobre minha vida, meus hobbys, meus medos, eu já cheguei a te contar até mesmo meus fetiches, então acho que o mínimo que eu precisava saber é de como foi sua vida.

Não sabia se continuava com a minha postura de machão, ou se me escondia devido a vergonha, não era intenção minha ter contado meus fetiches, apenas saiu, sem minha permissão.

[ ... ]

“ Tae, Tae, o que você está lendo? “

“ É só uma revista kookie. “

“ Uma fantasia de policial? “

“ É tão linda né Kookie “

“ Você gosta de policiais Tae? - faz uma cara maliciosa. “

“ Em que sentido, senhor safado? “

“ HAHAHAHAHAH, você que interpretou errado, mas então o Tae gosta de um policial na cama é? “

“ Jungkook! “

[ ... ]

Foi bem vergonhoso, no início o Kookie parece inocente, depois ele vira um safado de categoria 5, e não vou negar, adoro.

- Okay, tem razão, não posso te esconder isso por tanto tempo, bom, sente-se, pois eu vou contar desde a minha infância.

“ Eu era uma garoto feliz, saia correndo por ai, brincando e falando com todos que passavam pela rua, morava em uma pequena cidade chamada Busan, era pequena o bastante para todas as pessoas se conhecerem, e eu, eu era adorado ali, me viam como Deus, pelo simples fato de ter uma classe econômica superior, eu nem sequer ligava para isso, só queria fazer amigos, brincar e me divertir, dia 27/08/2010, teria um trabalho em minha escola, um trabalho de artes, minha matéria favorita, mas eu não estava animado, somente meu pai compareceria ao evento, minha mãe infelizmente teve que sair da cidade, devido ao seu trabalho, mesmo assim permaneci sorrindo, negando todas as vezes em que ela perguntava se eu estava magoado, óbvio que eu estava, mas não queria deixa-la triste por isso.

Então, enquanto fazia o trabalho, pensei, talvez se eu ajudar minha mãe no trabalho, ela não precise viajar, eu realmente pensei que iria conseguir, mas não deu muito certo, não sabia fazer as coisas direito, então não consegui ajudar em nada, mesmo assim, minha mãe sorriu e disse que estava orgulhosa de mim, isso foi o bastante para uma ideia brotar em minha cabeça, eu faria o trabalho, o traria para casa e mostraria a mamãe quando ela chegasse, esse era meu plano, e ele teria dado certo.

No dia, para homenagear meus pais, fiz um desenho em que estava eu, mamãe e meu pai, todos de mãos dadas, na época não sabia desenhar direito, então os fiz de bonequinhos de palito mesmo, meu pai, adorou meu desenho, disse que mamãe ia ama-lo, e eu esperava que ela realmente o amasse, ela era uma mulher de família, com toda certeza iria gostar.

Cheguei em casa, ansioso para ligar para minha mãe, não consegui manter-me quieto, então peguei meu notebook e a chamei do Skype, ela ficou maravilhada, ficou tão emocionada que até mesmo chorou, na hora, pensei que ela estava feliz de me ver animado daquele jeito, somente depois de anos fui perceber que aquele choro não era de felicidade, era de tristeza, tristeza por aos poucos estar abandonado sua tão amada família.

Ela não viajou a trabalho, muito menos voltaria para casa, minha mãe estava com uma doença terminal em estágio avançado, ela não queria que eu a visse daquela forma, por isso preferiu se distanciar, ela morreu no hospital, e a última vez que a vi, foi por aquele vídeo, em que eu inocentemente a mostrei um desenho de nossa família unida e feliz.

Meu pai não conseguiu aguentar a pressão, por todos os jornais estava estampado ( jornalista morre por doença não tratada ), meu pai enlouqueceu, não trabalhava mais, somente dava entrevistas alegando que ninguém sabia da doença, se soubéssemos, seria tratada imediatamente.

Em uma noite, papai foi embora, ele me deixou uma carta, uma carta explicando tudo e o porque de ter partido, eu não o culpo, ele já estava arrasado, e ninguém o deixava em paz, eu mesmo não teria aguentado o tanto que ele aguentou, lembro-me de cada palavra escrita naquela carta como se eu a tivesse lido hoje.

/ Meu amado filho.

Sei que deves estar mais perdido que eu neste momento, na verdade tenho certas dúvidas sobre isto, porém serei breve.

Estou indo embora, não pense que lhe abandonei, nunca teria coragem de o fazer, apenas preciso de um tempo para mim mesmo, provavelmente iremos nos reencontrar em algum lugar e eu poderei te abraçar e falar o quanto senti sua falta.

Serás difícil, terá que seguir sua vida sem ao menos pais saudáveis ao seu lado, mas nunca se esqueça, sua mãe está no céu, orando por ti, e eu estarei na terra, esperando-te de braços abertos, para quando finalmente te encontrar, poder dar ao meu filho uma vida boa, com um pai feliz, e não uma vida psicótica com um pai beirando a loucura.

Espero que me entenda, pedi para seu tio cuidar de ti, não se preocupe.

Eu te amo, meu filho. \

Eu acho que nunca chorei tanto na minha vida quanto chorei lendo essa carta, uma criança de apenas 12 anos, sem pais para lhe apoiar e sem rumo para onde ir, minutos depois meu tio chegou, diferentemente de toda família, meu tio era rude, desagradável e nojento, não me tratava bem em nenhuma maneira, ao invés de me abrigar como meu pai lhe pedirá, ele simplesmente me jogou em um orfanato, sem nem mais nem menos.

Para a cidade inteira eu era sinônimo de dó, todos me olhavam com pena, TODOS, e ninguém tentava se aproximar do garoto que perdeu sua família inteira e não foi útil o suficiente para seu tio, e nesse momento eu percebi, aquela cidade só me adorava pelo meu dinheiro, eu era inocente demais para perceber naquela época, mas depois que meus pais se foram, nem mesmo os professores se aproximavam de mim, então acabei ficando isolado, o que foi uma das piores decisões da minha vida.

Comecei a sofrer bullying, me chutavam, socavam, xingavam, faziam de tudo comigo, falavam coisas horríveis sobre meus pais, que meu pai foi embora porque não soube satisfazer ele como uma boa putinha deve fazer, e foi a partir dai que eu comecei a ouvir as vozes.

Com 16 me mudei para Seul, não sabia o que fazer primeiro, até saber que tinha uma herança, sim, a herança de minha família, não poderia abri-la por ser menor de idade, mas isso já era um começo, então, mesmo com ódio, liguei para o meu tio, falei de meus problemas, o que estava acontecendo e etc, o que ele disse foi.

- Não quero ter mais um doente em minha família, você tem 3 anos para se tratar, se não conseguir até lá, não precisa mais se considerar um Jeon!

Quando finalmente completei 17, me internei nesta clínica, a fim de me curar e poder viver uma vida tranquila com a herança de meus pais, meu tio contratou um assistente para mim, o qual liga a cada 4 meses para saber sobre minha melhora, ou se eu ainda estou vivo.

Minha vida estava um inferno, mas graças aos céus eu conheci os hyungs, eles me ajudaram em tudo, melhoraram meu humor, me tranquilizaram, me fizeram companhia, e pela primeira vez em muito tempo eu me senti feliz, eu conseguia sorrir sem ter aquele vazio no peito, aquele vazio simbolizando a falta de alguma coisa foi preenchido, mas eu ainda estava inseguro, mesmo estando feliz, não obtive nem 15% de melhora, e foi ai que eu te conheci, podemos te nomear de meu herói, em meses você conseguiu fazer o que ninguém fez em 2 anos, você me salvou Tae, você é minha cura, tenho apenas mais 5 meses na clínica, mas se meu tio souber que eu estou curado, eu poderei ser livre, Tae, muito obrigado, se não fosse por você, eu provavelmente estaria em pânico agora. “

Eu não tinha palavras, estava ali, abraçando fortemente o garoto em minha frente, esse o qual acabará de contar sua história de vida para mim, não queria mais solta-lo, ele passou por tanta coisa e eu apenas o obriguei a falar.

- Me desculpa Kookie, por te obrigar a falar.

- Não se preocupe Tae, se eu não contasse para alguém eu teria desabado, na realidade, obrigado por me ouvir.

E foi naquele momento que eu percebi, eu nunca conseguiria abandona-lo, eu estava perdidamente apaixonado, não pela sua aparência ou pelo seu dinheiro que agora sabia que tinha, sim por um garoto que luta desde de seus 12 anos, e que em nenhum momento desistiu.

“ Devo sorrir porque somos amigos, ou chorar porque nunca passaremos disto? “