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História Keep Me Alive - Olhos castanhos e mandalas (Zayn e Liam)


Escrita por: JuuhCreeper_

Notas do Autor


Heeeyyyy gnt
mil desculpas pela demora gnt, eu tava sem net... mas, para compensar, ai está o cap enooorme e ziam, sim, esse cap é ziam... amo eles...
Eu gostaria q vcs me falassem se gostam de caps assim, grandes... se gostarem, acho q vou dar uma aumentadinha nos caps, se não, vou tentar deixar td com, no maximo, 5 mil letras, ok...
Enjoy e desculpa...

Capítulo 8 - Olhos castanhos e mandalas (Zayn e Liam)


Fanfic / Fanfiction Keep Me Alive - Olhos castanhos e mandalas (Zayn e Liam)

 

(Londres – Quarta-feira, 29/04/15)

 

Harry chegou mais tarde na livraria naquele dia, às seis e meia da tarde. Ele não queria falar sobre a sua história para o Tomlinson, hoje se lembrou do que seu amigo lhe contou e gostaria de contar para ele. Quando adentrou a livraria, Louis estava arrumando sua mochila em cima do balcão e se assustou quando viu o cacheado se aproximando. Os olhinhos azulados se arregalaram e a expressão de incredulidade em sua face fez Harry rir discretamente.

– Harold? Pensei que não viria aqui hoje. – Sua voz soou mais afinada, o menor pigarreou e olhou para cima, suas bochechas aos poucos estavam ficando avermelhadas ao lembrar-se da parte da história que escutou no dia anterior e por causa do sorriso malicioso que o Harold não abandonava enquanto contava cada detalhe íntimo entre Harry e William.

– Eu apenas me atrasei um pouquinho porque resolvi mudar um pouco hoje. Não contarei sobre a história do Harry, vou lhe contar outra história hoje. – Sorriu de lado.

– Ah, mas... Eu já tenho que fechar a loja em meia hora.

– Eu sei. A história de hoje merece um cenário diferente. – Sorriu involuntariamente a se lembrar do local que levaria Louis. Ele mudou muito depois de tantos anos, o local estava mais grandioso e bonito. Harry odiava muitas coisas da atualidade, como as os prédios que construíram após derrubarem tantas árvores, os carros que poluíam as ruas, a tecnologia que só servia para afastar as pessoas, mesmo elas teimando que só as aproxima mais. Claro que há coisas que ele gosta, como a música, as novas bebidas, a ampliação de construções que ele tanto amava e até mesmo as academias, mas preferia o bom e velho trabalho braçal. Ele teve que se adaptar as novas tecnologias, mas não foi muito difícil fazer isso.

– Onde me levará?

– Em um lugar muito especial para o casal da história. Eu, particularmente, acho que a história de amor deles é mais bonita que a do William e do Harry. – O que era verdade. Ao olhar para si mesmo e olhar para o seu amigo, Harry reconhecia que a história dele com quem amava era mais bonita do que a sua. A deles foi um amor tão puro e inocente que foi nascendo em seus corações aos poucos, um agindo com o outro sempre de forma carinhosa e protetora. Era, e é, lindo ver os dois juntos.

– Espera só um pouquinho para eu fechar a loja e ligar pra Dani. – Harry assentiu e se afastou quando o Tomlinson tirou o celular do bolso, digitou algo e o colocou na orelha. A conversa entre os dois foi breve, Louis sempre repetia “yeah” ou “não” e Danielle parecia com muita raiva por ele ter lhe avisado que voltaria mais tarde.

Harry olhou ao redor e riu quando viu em uma estante os livros da trilogia “50 Tons de Cinza”. Não havia gostado do livro, ele era vago sobre o famoso BDSM e fez com que várias pessoas quisessem praticá-lo sem possuir nenhum conhecimento. Anastácia é muito fraca, Harry teve que suportar vários castigos e não possuía nenhuma cor ou save word para poder livrar-se do que estava sendo obrigado a cometer. Ela nunca foi colocada no meio de um salão totalmente nua e amarrada para que as pessoas a humilhassem, nunca passou horas e horas trancada em uma jaula, não teve que se prostituir e não era castigada quase todos os dias.

– Harold? – Louis o chamou. Harry saiu de seus devaneios de ódio pela personagem do livro e olhou para o menor a sua frente, este o olhava com o cenho franzido e um sorriso maroto brincava em seus lábios. – Porque está encarando os livros da E L James como se quisesse queima-los? – Perguntou rindo.

– Eu odeio esses livros.

– Por quê?

– Porque o BDSM praticado com ela é muito superficial. Ela já acha que é ruim que ele bata um pouquinho nela e foda ela, mas ela não sabe como o BDSM pode realmente ser ruim para a submissa e gratificante para o dominador. – Louis o encarou com uma sobrancelha arqueada, não entendendo o seu ponto de vista.

– Conhece esse fetiche graças à história? Porque no começo me disse que os bailes do Nicholas tinham a pratica de BDSM e spanking. – Harry assentiu e soltou um longo suspiro.

– Existem alguns dominadores que realmente podem ser carinhosos, podem pegar leve nos castigos e até suportar alguns deslizes, mas o Nick não era assim. Em todos os anos que o Harry morou na mansão dos Grimshaw, nunca conheceu uma pessoa mais cruel que o Nick. Qualquer mínimo erro já era motivo para um castigo, os que mais eram castigados era o Harry e o Liam. O Harry era castigado porque queria a sua liberdade e o Liam porque queria amar. E é nisso que focaremos hoje, no Liam e no Zayn. Eu lhe contarei um pouco sobre a história dos dois em um local muito visitado por eles.

– Sério? – Perguntou com os olhos azuis brilhando em excitação. Louis não esperou mais nenhum segundo, pegou sua mochila, desligou todas as luzes da loja e saiu junto de Harry, trancou a porta e sorriu largamente quando o cacheado se colocou ao seu lado. – Aonde iremos é muito longe?

– Não muito, mas vamos pegar um taxi. Não sinta medo, não é como se eu fosse te sequestrar ou te matar. – Falou a última frase em um tom de brincadeira. Louis riu de forma nervosa, mas, só por precaução ligou o GPS de seu celular e colocou o seu soco inglês no bolso de trás de sua calça.

Os dois caminharam calmamente pelas ruas de Londres até que um taxi passou e Harry fez sinal. O cacheado abriu a porta para Louis e este se espantou com tamanha educação, mas aceitou o cavalheirismo e entrou no carro com Harry ao seu lado. Ele sussurrou o caminho para o taxista e Louis sentiu-se nervoso e ansioso ao mesmo tempo. Será que foi uma boa ideia ter saído com um praticamente desconhecido? As ruas ainda eram movimentadas, ele poderia gritar por socorro ou algo assim, havia aprendido um pouco de luta corporal em seu ensino médio e o soco inglês o ajudaria a quebrar o maxilar quadrado do cacheado se ele se mostrasse perigoso.

Mas, o queixo de Louis caiu quando ele reconheceu o local para onde estavam se encaminhando. Era o Trafalgar Square, um dos lugares que ele mais visitava em excursões escolares e com seus pais. Um grande sorriso se formou em seus lábios e seus olhos brilharam quando avistou as duas fontes e a enorme escadaria do National Gallery, ele não era muito fã de museus de artes, mas aquele lugar significava muito para si, visitou muitas vezes aquele museu com seus amigos, pais e suas amadas irmãs. Antes que percebesse, Harry abriu a porta para ele e estendeu a mão para ajudá-lo a sair do carro, aquele ato surpreendeu Louis novamente, que resolveu aceitar o cavalheirismo novamente mesmo que ele não fosse nenhuma donzela.

– Porque me trouxe ao National Gallery?  – Harry o guiou pela grande praça na frente do museu até a escadaria, subiu alguns degraus e se sentou, chamando Louis para sentar-se ao seu lado.

– O que importa não é o museu em si e sim essa escadaria. Aqui foi um dos lugares mais importantes para o Liam e o Zayn.

– Então a história deles se passa uns... – Olhou para cima com um biquinho nos lábios e o cenho franzido antes de olhar novamente para o cacheado – Doze anos ou mais depois do Harry? Porque a galeria só foi inaugurada em 1824.

– Você fez o seu dever de casa, em? – Brincou. Louis fingiu-se de modesto e fez pouco caso.

– Que isso, eu apenas adoro estudar. Porque acha que eu vou cursar história? – Riu. Louis jogou sua mochila ao seu lado na escadaria a abraçou seu corpo quando sentiu o frio da noite, o pior é que havia se esquecido de seu casaco. Harry, ao ver que o pequeno estava sentindo frio, retirou o seu sobretudo do corpo e estendeu para ele. Louis não aceitou primeiramente, mas depois aceitou quando Harry insistiu. Afinal, ele não sente frio e, ainda por cima, estava usando uma camisa de mangas compridas. O sobretudo negro ficou com as mangas compridas nos braços curtos de Louis, apenas as pontas de seus dedos gordinhos apareciam e ele batia suas panturrilhas, enquanto que em Harry batia em seus joelhos.

– Eu te acho esplêndido por conseguir memorizar o ano em que essa galeria foi inaugurada e você provavelmente deve saber o enredo de mais da metade daqueles livros. – Referiu-se à livraria. Louis sempre estava lendo um livro diferente.

– Não é para me gabar, mas sim. – Brincou.

– Mas, respondendo a sua pergunta, eu não contarei em que época se passa a história, apenas saiba que tem partes nessa escadaria, que o Harry e o Niall já estão morando com o Nick e que eu focarei apenas no Liam e no Zayn.

– Tudo bem. – Abraçou-se mais no sobretudo e se ajeitou para achar uma posição confortável.

– Louis, você acredita no amor à primeira vista? – Perguntou antes de começar a história. Louis franziu o cenho com a pergunta, mas pôs-se a pensar antes de respondê-la.

– Não muito. Acredito em atração à primeira vista, paixão, admiração, ódio... Mas amor não. Amor é algo que se constrói e prédios sem estruturas caem. – Harry meneou a cabeça. O ponto de vista de Louis era verdadeiro, mas não era totalmente.

– Pode ser que o seu ponto de vista seja 95% verdadeiro, mas sempre há aquele 5% que realmente se apaixona à primeira vista.

– Isso não é amor, como eu disse, pode ser apenas atração. – Teimou.

– Você terá que rever os seus conceitos depois de ouvir essa história. O Liam apaixonou-se pelo Zayn quando o viu pela primeira vez, ele estava completamente machucado por... Enfim, eu lhe contarei depois. Mas, o Liam cuidou dele, implorou para que Nicholas o deixasse viver na mansão, ensinou, protegeu e tentou mantê-lo inocente de tudo o que acontecia naquela mansão. Eu não lhe contarei em detalhes para não estragar a graça de quando eu começar a contar o que acontecia naquela mansão, mas lhe contarei vagamente sobre os primeiros anos do Zayn naquela mansão...

 

(Londres – Ano ??)

 

Liam foi até o seu quarto para checar o garoto inconsciente pela quinta vez apenas naquele dia, ele continuava na mesma posição, raramente ele se mexia, mas apenas quando tinha algum pesadelo, nunca demostrando que algum dia acordaria. Ele já estava desacordado há quase um mês, sem contar com os meses que levaram para eles virem de navio da Ásia até a Inglaterra. Liam tocou suavemente na bochecha do jovem e sentiu seu coração se apertando enquanto flashes de quando ele o encontrou em um porto invadiam a sua mente...

 

– Temos que retornar a Inglaterra logo, em breve será o aniversário de meu amado e gostaria de lhe fazer algo. – Nicholas resmungou com Liam. Os dois estavam no território asiático apenas de passagem, eles haviam ido comprar alguns tecidos por si mesmo no território ao invés de compra-los nos mercados. Liam, Nick e Aiden estavam no porto apenas esperando pelo navio que zarparia em alguns minutos, Nick e Aiden discutiam sobre negócios e os bailes que aconteciam na mansão, mas Liam olhava para os lados curiosamente, queria saber mais daquelas pessoas. Mas, sua observação foi interrompida por um barulho alto e logo depois gritos enquanto uma multidão se amontoava em um local não muito longe de onde estava.

– Socorro! Ajude-nos! – Ouviu várias pessoas gritando. Nicholas apenas olhou para o local em que várias pessoas se aglomeravam com a sua típica expressão entediada, não demostrando que ajudaria ninguém. Mas, Liam não era frio desse jeito, ele era uma boa pessoa, altruísta e preocupava-se com os outros, então na mesma hora largou os dois Grimshaw para trás e se aproximou do aglomerado com uma expressão preocupada, não importa o que tivesse acontecido ele apenas queria ajudar. Havia sangue por todo o chão e marcas de mãos, como se a pessoa ensanguentada tivesse se arrastado pelo porto e isso fez com que Liam sentisse um frio na espinha e todo o seu corpo se arrepiasse ao pensar no pior.

– Com licença, por favor. L-Licença, o que aconteceu? – Falava enquanto passava pelo meio do aglomerado e se aproximava da pessoa, na verdade, garoto. O garoto, que deveria ter por volta de seus dezesseis anos, estava deitado de bruços no chão, o corpo estirado estava com vários machucados... Não, machucados não, eram vários furos de balas. Nas suas costas havia pelo menos cinco buracos de bala que deixaram toda a sua camisa marrom avermelhada e havia outros buracos de balas em seus braços e pernas. Liam não entendia como uma pessoa poderia ter suportado tamanha dor, como ele conseguiu arrastar-se de sabe se lá onde até o porto mesmo estando com o corpo todo fuzilado.

– Ouvimos que houve um ataque em uma vila mulçumana próxima daqui, ele deve ser de lá. – Um comerciante do porto lhe explicou.

Liam não aguentou mais ficar sem fazer nada e se ajoelhou na frente do garoto. O sangue continuava a escorrer de suas costas e começava a formar uma poça ao seu redor que cada vez mais aumentava e ele estava com medo que o garoto já tivesse morrido graças à perda de tanto sangue, mas ele faria de tudo para que ele continuasse a viver, ele lutou tanto por sua vida e merece vive-la. Havia um homem na frente do corpo e ele checava a pulsação do garoto, vendo se ele ainda estava vivo.

– Ele ainda vive, mas sua pulsação é muito fraca... Não tem mais do que poucos minutos. – O homem falou com a voz já sem esperanças. Liam desesperou-se.

– Não, ele tem de viver! Ele lutou por sua vida, deve ter andando milhas para chegar até aqui para pedir ajuda e mesmo estando fuzilado ele resistiu e continuou. Ele tem de viver, tem de ter um futuro e vocês tem que fazer algo para ajuda-lo! Onde fica a clínica mais próxima? Se vocês não irão ajuda-lo, eu farei isso! – Liam falou mais alto e já se posicionando para pegar o garoto em seu colo, mas parou quando o viu mexendo a mão. O garoto esticou um braço e com o outro, meio trêmulo, tentou levantar-se. – Por favor, não se mexa, o senhor está muito ferido. – Falou com preocupação, mas o garoto não lhe escutava e continuava a tentar levantar-se, mas acabou levantando apenas o rosto.

Liam sentiu um frio em sua barriga e todo o seu corpo se arrepiar quando olhou no rosto do garoto a sua frente. Ele era lindo. Mesmo ele estando com um grande corte acima de sua sobrancelha que sangrava e deixava grande parte do seu rosto com aquele líquido avermelhado, ele continuava com uma beleza inacreditável que fazia o Payne ficar com as pernas moles e trêmulas. Seus lábios secos e avermelhados – provavelmente por ter sido mordido – estavam entreabertos, suas bochechas possuíam cortes superficiais e pequenos, seus olhos estavam cansados, perdidos e opacos e seu cabelo negro estava grudado na testa por causa do suor e do sangue, mas... Ele continuava sendo a pessoa mais bonita que Liam já havia visto em toda a sua vida.

O Payne sentiu algo estranho quando aqueles olhos opacos e perdidos se direcionaram até os seus, eles tinham a cor do whisky, uma cor âmbar que estava mais clara por causa das lágrimas que se acumulavam em seus olhos. O garoto tinha uma expressão de pura dor, o rosto retorcido em uma careta e as lágrimas se misturando com o líquido vermelho. O menino estendeu a mão em sua direção e tentou alcança-lo, mas não conseguiu e sua mão caiu no chão enquanto ele ficava com os olhos cada vez mais perdidos.

– M-Me... Aju-da... – Ele murmurou com a voz rouca e trêmula e logo depois ele perdeu a consciência. Liam se desesperou, ele não conseguia pensar direito quando o pegou nos braços da forma mais cuidadosa possível e passou por entre as pessoas com aquele garoto frágil, inconsciente e leve em seus braços. Liam sentiu mais medo ainda quando viu que seu corpo estava leve demais, mostrando que ele deveria estar há dias sem comer ou que a comida era muito escassa em sua casa.

Ele não pensou em mais nada, não pensou nas consequências, não pensou nos sentimentos do garoto, não pensou no futuro horrível que o aguardava, apenas se aproximou de Nicholas e pediu a ele um absurdo que fez ele rir da sua cara de primeira hora, mas ele acabou aceitando. Liam sentiu aquele frio na barriga quando olhou para o corpo frágil em seus braços e o aconchegou mais em seu peito, o líquido viscoso que estava molhando todas as suas vestes e suas mãos o deixava com mais medo, não sabendo se o sangue já havia estacado ou não.

Quando Liam subiu a bordo do navio com o garoto em seus braços, ele não pensou em nada que aconteceria assim que Nick usasse seu elixir nele, apenas pensou que queria salva-lo, que o queria vivo ao seu lado, que queria ensina-lo tudo o que sabe, que queria ser a pessoa mais carinhosa com ele e que o protegeria de todo o mal, não deixaria ninguém machuca-lo e nem deixa-lo triste. Ao coloca-lo deitado em um colchão para que Nick fizesse os procedimentos, ele não pensou no que o Grimshaw o obrigaria a fazer e não pensou naquela maldita mansão. Ao olhar para o seu lindo rosto, ele apenas sentia algo que ele não sabia descrever, apenas sentia-se angustiado por não vê-lo bem e por não saber o que aquele menino o proporcionava... Ele nem mesmo pensava naquele que amava, apenas pensava no lindo garoto moreno que estava deitado e que em breve seria igual a ele.

 

Liam não sabia que o garoto demoraria tanto tempo para acordar e estava muito angustiado. Naquele dia ele teria que comparecer ao baile da mansão e teria que ficar a noite toda naquilo, não poderia ficar ao seu lado zelando por seu sono e nem lhe dando carinhos. Ele estava muito apegado aquele garoto, tinha um grande desejo de protegê-lo, não conseguia deixa-lo muito tempo sozinho no quarto, mas teria que deixa-lo sozinho por horas. Com um grande suspiro, Liam trocou suas vestes simples para as vestes do baile e colocou a sua máscara negra. O homem olhou uma última vez para o corpo desacordado e se virou.

Algumas horas depois, quando o baile estava em seu ápice, um grito alto ecoou por um dos cômodos, era o pequeno que gritou quando enfim recobrou a consciência. O menor estava assustado, desnorteado e nervoso. O pequeno olhou ao redor com a visão ainda escurecida e levemente tonto, sua respiração estava ofegante e ele sentia todo o seu corpo dolorido. Quando enfim sua visão voltou ao normal, ele encarou todo o cômodo com os olhos arregalados, estava em um local desconhecido e luxuoso, o cômodo parecia ser simples, mas ainda demostrava opulência. As paredes pintadas em um tom creme claro, havia detalhes em madeira e as luminárias nas paredes eram de ouro puro, o aposento era agradável com um cheiro masculino maravilhoso misturado com o cheiro caraterístico de livros que o pequeno identificou em uma prateleira cheia de, pelo que parece, romances.

(Onde eu estou?) – Perguntou mesmo sabendo que ninguém o responderia. Foi então que ele percebeu um som um pouco abafado, era uma música com um ritmo um tanto... Sensual. Não sabia ao certo, mas aquilo o atiçava a dançar. Foi então que ele começou a reparar mais nos sons da casa, havia barulhos que pareciam de algo batendo contra a pele, como se estivessem batendo em alguém, e gemidos de dor. Ele não entendia o que estava acontecendo, mas não era nada de bom e ele estava cada vez mais assustado.

Nicholas, por favor, eu não fiz por mal. – Ouviu uma voz rouca e arrastada do outro lado da porta. Sem conter sua curiosidade, o pequeno arrastou-se até a porta e abriu apenas uma fresta, avistando um homem alto com um cabelo encaracolado em um topete e um elegante terno escuro na frente de um garoto alto, mas um pouco mais baixo, com o cabelo cacheado e com a cabeça baixa.

Não fez por mal? Ela usou a safe word contigo e você não parou, eu deveria fazer o mesmo com você!

Você sempre faz! – Gritou com audácia. O tal Nicholas levantou a mão e bateu em seu rosto, um estalo alto foi escutado e o pequeno tapou a sua boca para que não deixasse escapar um grito de espanto. A bochecha alva do cacheado ficou avermelhada e ele manteve sua cabeça baixa, não deixando uma única lágrima escapar. O Nicholas puxou seu braço e o fez levantar o rosto para olhá-lo.

Como punição, o humilharei em público novamente. – E o arrastou pelo corredor até as escadas. O pequeno tentou manter-se no quarto, mas a curiosidade o venceu e ele caminhou pelo corredor com passos leves até as escadas. Havia um salão abaixo das escadas, estava sendo iluminado apenas por poucas velas, deixando o ambiente mal iluminado e as paredes escuras e o ritmo da música deixava tudo sensual. Poucas pessoas estavam no salão, a maioria parecia estar dentro dos vários cômodos que ele avistou, todas as pessoas no salão estavam com máscaras que cobriam seus rostos inteiros, deixando apenas os olhos a mostra.

(O que está acontecendo?) – Murmurou para si mesmo. Escondeu-se em um ponto cego do andar de baixo e viu o cacheado sendo arrastado pelas escadas até o meio do salão onde estava uma pilastra toda enfeitada.

– Senhoras e Senhores! – Nicholas gritou para todo o salão. – Hoje eu os agraciarei com uma maravilhosa punição. – A sua voz autoritária e alta ecoou pelos corredores. As portas dos corredores se abriram aos poucos e muitas pessoas mascaradas saiam para descer as escadas. Ninguém percebeu a presença do pequeno mulçumano no canto das escadas, apenas passavam apressados para o salão. O garoto se encolheu mais no canto das escadas quando viu o salão, aos poucos, ficando com uma aglomeração de pessoas.

– Para todos os presentes. – Nicholas começou a falar novamente. – Esse subordinado meu – Puxou o cacheado pelo braço para mostrar a todos, ele continuava com a cabeça baixa para que ninguém visse seu rosto, mas Nicholas puxou seus cabelos e o fez olhar para cima com uma expressão de dor – Ele me desobedeceu. Uma das Duquesas estava o usando como dominador e ele não a ouviu quando disse a safe word e continuou a bater nela. Isso é motivo para uma punição? – Perguntou com um sorriso debochado e brincalhão.

O salão gritou euforicamente, falando que sim, que ele deveria ser punido. O pequeno estava assustado, não sabia o que diabo estava acontecendo, em que lugar estava, quem eram aquelas pessoas usando máscaras, quem era aquele estranho senhor que estava prestes a... Punir alguém? O menor não se lembrava de nada, apenas que algumas pessoas estranhas apareceram em sua vila e invadiram a sua casa, após isso tudo é uma nuvem negra em sua mente.

Ele se desviou de seus devaneios e olhou para baixo, seus olhos se arregalaram quando viu o que acontecia no meio do salão. O cacheado estava cercado por vários homens, todos estavam rasgando suas vestes e ele gritava e pedia para que parassem, mas Nicholas continuava a incentivá-los. Quando o cacheado ficou apenas com suas vestes baixas, Nicholas mandou os homens pararem e ele mesmo a retirou e deixou Harry totalmente nu no meio do salão. Os homens e mulheres gritavam extasiados e excitados, querendo ver o que o Nicholas faria a seguir.

Nicholas pegou algemas de ferro e prendeu as mãos do cacheado, com uma corrente presa nas algemas ele o colocou acorrentado na pilastra, imóvel e vulnerável na frente de dezenas de pessoas. Nicholas pegou o pano que estava envolto de seu pescoço e o usou para venda-lo, deixando-o mais vulnerável. De longe o garoto podia ver o quanto ele estava tremendo, podia ver o seu medo e a sua incapacidade. Ele sabia como era se sentir daquela forma, afinal, ele estava em uma mansão desconhecida, em um local desconhecido que nem mesmo sabe quem o colocou ali.

– O que deveríamos fazer com esse audacioso? – Nicholas gritou. Todos começaram a gritar insultos e coisas que ele desconhecia. Ele sentiu que choraria quando viu alguém entregar algo a Nicholas. Um chicote de couro. Ele conhecia aquele instrumento, algumas pessoas usavam para se alto-flagelar quando cometiam um pecado muito grave. O pequeno fechou os olhos e tapou os ouvidos quando ouviu o primeiro estalo do couro sendo desferido contra a pele e o grito de dor foi ouvido.

Um.

Dois.

Três e quatro.

Cinco.

Ele contava cada choque do couro contra a pele e a cada estalo ele ofegava e sentia uma grande dor em seu peito. As primeiras lágrimas escorreram em seu rosto quando chegou ao décimo ataque desferido. Seu corpo começou a tremer e seu coração batia fortemente contra a caixa torácica, o menor se sentou no chão e se encolheu enquanto tentava a todo custo tapar os ouvidos com as pequenas mãos, querendo não escutar aqueles estalos contra a pele e nem mesmo escutar os insultos que os outros jogavam no cacheado. Porque estavam fazendo aquilo com ele? O que ele havia feito de tão mal? Ele não entendia. Que raio de lugar é esse? Porque ele estava ali?

Sua visão se escureceu e suas cordas vocais doeram quando todo o barulho de estalos foi cortado pelo seu grito. Ele gritava sem parar, tapando suas orelhas e encolhendo-se cada vez mais. Entre gritos e arfadas o seu corpo tremia cada vez mais e ele sentia que a qualquer minuto entraria em colapso e desmaiaria naquele local estranho. Uma mão tocou em seu ombro e ele encolheu-se mais, estava com medo, estava assustado, estava em pânico. A pessoa tocou levemente em sua cabeça, afagando de leve os seus cabelos oleosos e aquele simples gesto fez com que os gritos diminuíssem até que ficassem apenas arfadas e soluços. O menor ainda tremia, as lágrimas escorriam por seu rosto e ele ainda tapava os ouvidos, mas conseguiu ouvir quando a pessoa ao seu lado – um homem – lhe falou:

– Acalme-se, não tem porque ficar com medo. Está tudo bem, eu estarei aqui para protegê-lo. – A voz grave soou mansa e de forma que fez os ombros do menor relaxarem e, lentamente, ele retirar as mãos das orelhas. A pessoa colocou as mãos em seu maxilar e o fez olhar para cima, ele deparou-se com intensos olhos castanhos que lhe era familiar. A cor castanha para os olhos é muito comum, mas cada um tem a sua personalidade, algo que o faz ser único e que ao olhar para os olhos você já reconhece a pessoa. Algo naqueles olhos castanhos fez com que ele se sentisse seguro, sentisse que realmente estaria protegido ao lado dessa pessoa.

O homem se levantou e estendeu a mão para o menor, este aceitou a ajuda e levantou-se com as pernas ainda trêmulas. O homem não disse nada, apenas segurou a sua cintura e o ajudou a andar pelo corredor até o quarto de onde havia saído. Mesmo dentro do quarto ainda dava para se ouvir os barulhos das pessoas gritando e os estalos do couro, mas com aquele homem ao seu lado o menor não os escutava mais.

– Deite-se, você ainda deve estar cansado. – Ele resolveu não questionar e se deitou naquela macia cama. O homem a sua frente usava uma máscara negra, mas a retirou. Ao olhar para o rosto do homem, um flash se passou por sua mente e ele reconheceu aquele homem, ele o havia ajudado... Mas quando ele o ajudou? – Que bom que acordou... Eu pensei que você não acordaria mais. – A voz do homem saiu um pouco emocionada – O senhor estava desacordado há meses. Eu estava imaginando o pior, que você não conseguiria sobreviver e que todo o seu esforço para viver seria em vão. Eu lhe ajudei no porto, queria que vivesse, queria que toda a luta que passou por sua sobrevivência não fosse desperdiçada e que conseguisse viver o que lhe foi reservado.

Todas aquelas informações estavam fazendo a cabeça do menor latejar. Como assim ele estava desacordado há meses? Ele... Estava morrendo? Porto? Que porto? Ele morava perto do porto, mas não se recorda de ter ido até o porto. Ele lutou por sua vida? Porque não se lembrava de nada? O que havia ocorrido?

– Não se lembra de nada? – Liam perguntou quando percebeu a careta de dor e confusão que estava no rostinho lindo do mais novo. Liam se aproximou da cama e sentou na beirada, o menor encolheu-se um pouco, mas relaxou quando viu que ele não se aproximaria muito e que manteria certa distância. – Eu lhe explicarei tudo, não se preocupe... Apenas confie em mim, certo? – Sorriu, mas não conseguiu um sorriso em troca.

(Er... Eu não sei) – Os olhos de Liam se arregalaram em surpresa quando o garoto falou casualmente. Ele não estava falando em inglês, ele não reconhecia aquela estranha língua que, para ele, era embolada. O garoto o encarava com olhos inocentes e a boca entreaberta como se não percebesse que a pessoa a sua frente não o entendia.

– O que você disse? – Liam perguntou para confirmar ou não se o garoto realmente não falava inglês.

(Que eu não sei) – Repetiu. O garoto então se deu conta do que estava acontecendo, ele entendia o inglês só não sabia falar, mas o homem a sua frente fala inglês, mas não entendia árabe. Ele desesperou-se, quer dizer que ele não estava em sua cidade? Não estava mais na região onde morava? Em que local estava que as pessoas não entendiam o árabe? Ao reparar nas vestes elegantes do homem e reparar melhor em toda a opulência do cômodo, ele se deu conta de algo... Aquilo tudo parecia com a forma que os ingleses se portavam quando os via no porto, sempre com toda a sua opulência, elegância e puritanismo, se bem que esse local não tinha nada de puritano.

Ao perceber que o garoto entraria em outro ataque de pânico, o homem se aproximou e tocou delicadamente no rosto do garoto, fazendo-o olhar para seus olhos e vendo as lágrimas que já se acumulavam. O garoto começou a ofegar e aquilo partia o coração de Liam, o garoto estava tão perdido, confuso e assustado. Com calma, Liam sorriu e alisou a sua bochecha antes de pensar em algo para acalma-lo.

– Você entende inglês? – O garoto assentiu – Qual é o seu nome?

– Zyn. – Liam sorriu, o nome do garoto era lindo assim como ele era. – Er... – Pigarreou, lembrando-se da forma que os ingleses falavam o seu nome. – Zayn. – Tentou falar, acabando por sair da forma correta. Liam sorriu mais abertamente.  

– Zayn, você é mulçumano? Estava na vila mulçumana que foi atacada? – Assentiu para as duas perguntas. – Eu irei lhe explicar tudo o que ocorreu e preciso lhe contar algumas coisas. Apenas quero que me perdoe, eu lhe coloquei em um mundo obscuro e terrível por egoísmo, eu não queria que morresse e por isso fiz o impossível para que sobrevivesse. Eu lhe protegerei, farei de tudo para que ninguém faça nada contra você, Zayn.

 

(x)

 

Após uma noite cheia de explicações e esclarecimentos, Zayn sentia-se levemente perturbado. Tudo o que ele pensava ser impossível se realizou, toda a sua vida mudaria a partir daquele dia e ele sentia-se completamente grato por Liam tê-lo salvado, mas havia uma parte de si que pedia a Alá que voltasse no tempo e pudesse morrer naquele dia. Durante toda a noite, ele olhava para a navalha que estava na escrivaninha dos aposentos – que ele descobriu ser de Liam – e pensava seriamente em usá-las para cortar os pulsos ou até mesmo sua garganta, queria se matar, queria encontrar-se com seus pais e suas irmãs, queria sair daquela mansão e nunca mais retornar... Mas, como havia previsto, ele não conseguiu.

Agora, ele e Liam andavam pelos corredores da mansão até a ala oeste que se localizava a sala onde se realizava as refeições. Como havia pensado, Zayn agora estava na Inglaterra, mais especificamente na Capital Londres. A mansão era do Duque Nicholas Grimshaw e Liam era um de seus subordinados. O Duque era egocêntrico e narcisista, toda a mansão era decorada com opulência e luxo, as lamparinas eram de ouro, havia vários retratos do Duque e de seus subordinados e isso era estranho para Zayn. Primeiro, eles usavam roupas que não eram dessa época e só havia ele e Liam, depois apareceu outro homem que lhe foi indicado como Aiden – o irmão de Nicholas –, então o terceiro retrato havia uma mulher chamada Cara e o retrato que Liam lhe falou ser mais recente havia mais duas pessoas, o garoto encaracolado da noite anterior que Liam lhe falou que se chamava Harry e outro que possuía cabelos tão loiros que quase se tornavam brancos que se chamava Niall.

Os dois adentraram no salão de jantar e Zayn não se surpreendeu com o luxo do local. Havia três mesas no salão de jantar, duas grandes que possuíam cerca de vinte pessoas sentadas em cada uma, a comida era em porções enormes e elas usavam máscaras em um tom cinza que escondiam metade do rosto, mostrando apenas seus olhos e abaixo do nariz. Na mesa principal possuía apenas doze lugares, mas só era ocupado por cinco pessoas. O banquete na mesa principal era grande e variado, possuía várias frutas, carnes e bebidas que Zayn não reconhecia e o cheiro era maravilhoso, mas ele não sentia fome e nem sede.

Liam colocou a mão em sua cintura e o guiou elegantemente pelo salão até a mesa principal que era composta por quatro homens e uma mulher. Na ponta da mesa sentava-se um homem elegante, os cabelos encaracolados arrumados em um topete, a expressão era irônica e petulante enquanto tomava um líquido escuro que parecia ser vinho. Sua cabeça estava erguida, como se fosse superior aos outros e um sorriso de lado enfeitava seus lábios. Do lado direito possuía um homem de cabelos encaracolados que batiam até as suas orelhas e ele estava de cabeça baixa, uma mulher sentava-se ao seu lado e os cabelos longos eram loiros, ela estava igualmente com a cabeça baixa. Ao lado esquerdo estava um homem com os cabelos lisos em uma franja de lado e ele, diferente dos outros no recinto, estava com a cabeça em uma posição normal, nem erguida e nem abaixada, ao seu lado estava um homem de cabelos loiros, praticamente brancos, e este estava de cabeça abaixada.

Zayn estava os reconhecendo como as pessoas dos quadros, eram os outros subordinados de Nicholas.

– Mestre... – Liam falou humildemente com a cabeça baixa. Ele fez uma reverencia e indicou que Zayn fizesse o mesmo, mas ele não se curvaria a ninguém que não fosse seu Deus, então apenas fez uma leve mensura.

– E então? Já conversou com ele? Percebi que saiu do baile mais cedo ontem à noite. – A voz do Duque era carregada de sarcasmo e sua expressão era tediosa enquanto olhava para a taça de vinho em suas mãos. Zayn não gostou dele.

– Desculpe-me Mestre. Eu me ausentei devido a ele ter acordado e fiquei o explicando sobre algumas coisas. Seu nome é Zayn Malik e como eu já suspeitava, ele é mulçumano.

– Não importa que religião ele segue. – Liam engoliu em seco com a resposta, já esperada, do Duque.

– E-Ele não... Er... Ele não fala a nossa língua. – Murmurou com a voz trêmula. Nick entortou os lábios e semicerrou os olhos enquanto olhava para Liam. Este, mesmo sendo alto e com porte forte, ficou com o corpo visivelmente trêmulo de medo sob aquele olhar e Zayn apenas via tudo com olhos curiosos, mesmo entendendo o porquê do medo de Liam.

– O que? Como ele fará para comunicar-se conosco? Você acha que falamos árabe? Alguém aqui sabe falar a porra do árabe? – Gritou alto o suficiente para ecoar por todo o cômodo. Ninguém falou absolutamente nada, o medo exalando por todo o local, sendo quase visível. Nick jogou o vinho em cima de Liam e depois jogou a taça na parede, fazendo-a se estilhaçar. Zayn olhava tudo aquilo com o rosto mais avermelhado de tanta raiva, ele fuzilava o Duque e olhava para Liam, ajoelhado no chão e com o rosto, cabelo e terno sujos de vinho. Com os punhos fechados, ele tentava controlar-se para não bater no Duque por ter feito aquilo com Liam.

(Desgraçado) – Sussurrou, mas por todo o salão estar em silêncio, ele foi ouvido. Nick, com um sorriso de escárnio, o olhou e então olhou para Liam.

– Está vendo, Liam? Ele pode muito bem está desejando a morte para todos nós e entendemos o que? Nada! Liam, eu espero mesmo que você tenha os próximos dias livres, porque depois do seu castigo pode ter certeza de que você passará dias para que fique curado. Já não basta ter deixado nossos convidados na mão noite passada, ainda tinha que me fazer trazer essa coisa inútil para a minha mansão! – Zayn começou a sentir as lágrimas se acumulando em seus olhos, não por estar sendo insultado, mas por Nicholas falando aquelas coisas horríveis e por Liam ser castigado por sua culpa. Tudo era sua culpa. Provavelmente a sua família estava morta por sua culpa.

– Hey, Zayn... Não chore. – Ouviu a voz doce e gentil de Liam falando. Ao abrir os olhos, as lágrimas escorreram sem permissão por seu rosto e ele soluçou. Liam sorria para ele, mesmo com o rosto sujo de vinho e tudo se desmoronando ao seu redor, ele ainda sorria e o reconfortava. Outro soluço escapou e então mais lágrimas, Zayn não se importava de estar chorando no meio de uma sala de jantar com várias pessoas, apenas sentia uma forte dor em seu peito e uma grande queimação em sua garganta por ver Liam naquela condição.

– Liam... – Sussurrou seu nome, soando com a voz trêmula. Antes que pudesse se aproximar dele, Nicholas se levantou e caminhou até Zayn, segurando a sua mandíbula e levantando o seu rosto para olha-lo direito. Nick o analisou e sentiu algo em seu peito que havia sentido apenas quando encontrou Harry, aquela sensação de que está vendo algo que valia a pena, algo lindo e fascinante. – Liam... – Sussurrou com medo.

– Reparando bem, o seu rosto é muito bonito, seus olhos são enigmáticos e os cílios longos o deixam com uma aparência linda. Seus traços árabes são perfeitos. Esse tom de pele é perfeito e seus cabelos ficaram lindos quando bem tratados. Tenho certeza de que será um homem lindo quando ficar mais velho. – Divagava enquanto olhava o garoto.

– Mestre, por favor, deixe-me ensina-lo a falar inglês. Ele já entende a língua, então será mais fácil de aprender. – Nicholas meneou a cabeça, ponderando sobre a proposta de Liam. O Duque apenas assentiu e então afastou-se de Zayn.

– Liam e Harry, os dois irão aos meus aposentos hoje. Niall, quero que você classifique o Zayn-...

– Não! Mestre, não! Por favor, não o classifique ainda! – Liam gritou desesperado enquanto levantava-se.

– Está questionando uma ordem minha?

– Por favor, não o classifique. Eu tenho que explicá-lo muitas coisas e, se for para fazer isso, por favor, deixe-me fazer. – O sorriso de escárnio de Nick foi substituído por um malicioso, entendendo o porquê do questionamento do Payne.

– Então, você que quer fazer isso? Entendi. Tudo bem. – Liam gostaria de interrompê-lo e falar que não queria fazer, que apenas tinha medo que Niall machucasse Zayn ou algo pior, que ele ficasse com tanto medo que fugisse e, assim, acabasse sendo morto. Gostaria de explicar que apenas queria a segurança do mulçumano, que faria de forma gentil e que gostaria de prepara-lo mentalmente para o que aconteceria com ele depois que aprendesse o inglês, mas deixou que Nick tirasse suas próprias conclusões.

Naquela noite, Zayn dormiu nos aposentos de Liam e mesmo que o quarto do Duque fosse no andar superior, ele escutou os gritos de dor, os insultos de Nick, os barulhos de batidas e, principalmente, barulhos estranhos, como se estivessem cortando algo – ou a pele de alguém.

 

(Londres – 2015)

 

– Ah, porque parou a história? – Louis reclamou. O menor já havia se cansado de ficar sentado e, por isso, deitou-se no degrau e colocou a cabeça deitada no colo de Harry. O cacheado afagava lentamente os cabelos castanhos do menor, eles eram mais macios que os de William e o cheiro de frutas era maravilhoso. Harry não sabia mais o que era fazer carinho em alguém sem ser obrigado, seus dedos dançavam naqueles cabelos macios e o maior não queria parar de afaga-los. Na verdade, queria que Louis pudesse ser seu, que ele pudesse abraça-lo, beijá-lo e amá-lo pelo resto de sua vida. Quem sabe ele poderia até usar o elixir que possui no Louis.

– Eu só interrompi a história para ver a sua reação. Eu pulei isso porque não te falar como era os castigos ainda, só vou falar quando o Harry chegar à mansão. – Louis bufou.

– Porque não fala logo?

– É surpresa.

– Eu odeio surpresa. – Bufou.

– Vai ter que esperar.

– Eu odeio esperar. – Bufou mais alto.

– O senhor é muito mimado.

– Eu não sou mimado. Minha vida de mimado durou apenas sete anos, depois veio uma irmã, depois outra, depois gêmeas e agora tem um casal de gêmeos também. – Harry gargalhou. A família de Louis era muito grande. William foi filho único e nunca foi mimado, mas Louis que tinha cinco irmãs e um irmão era mimado e olha que ele deveria dividir todas as suas coisas.

Louis sorriu quando ouviu o cacheado rindo, um sentimento lhe fez sentir-se leve e satisfeito por ter feito ele sorrir e, principalmente, por ver as lindas covinhas em suas bochechas e a forma como os seus olhos pareciam brilhar, mesmo na meia luz, enquanto olhava para Louis e sorria. O Tomlinson sabia que não deveria sentir-se assim com o cacheado, mas algo em si queria estar ao lado dele, queria escutar suas histórias e, principalmente, queria escutar aquele timbre rouco e arrastado do homem.

– Vamos voltar à história...

 

(Londres – Ano ??)

 

No dia seguinte, Liam levou Zayn até o jardim que havia na parte de trás da mansão. Ele era lindo, havia várias flores e árvores, Nick adorava a natureza e por isso gostava de ficar as suas horas vagas no jardim. Em uma das árvores mais velhas e altas havia um balanço e Zayn brincava nele enquanto Liam fazia o seu trabalho na jardinagem. O mulçumano gritava de forma infantil enquanto balançava mais alto e fingiu que estava caindo, Liam sentiu o seu coração quase saindo pela boca, mas acalmou-se quando viu que o menor estava apenas brincando.

– Zayn, eu ainda não lhe perguntei, mas quantos anos você tem?

(Dezessete)

– Não sabe falar o número em inglês? – O mulçumano negou. – Então me mostre com os dedos. – Zayn parou o balanço e mostrou os dez dedos, abaixando três depois. – Dezessete? – Assentiu.

Liam continuou a podar os arbustos, deixando Zayn um pouco de lado e nem percebeu quando o menor saiu do balanço e afastou-se um pouco, olhando para as rosas avermelhadas que haviam desabrochado naquele dia. O mulçumano olhou para as rosas e então olhou para Liam, ele estava com vestes mais velhas para o trabalho, assim como um outro subordinado que estava um pouco mais longe, os seus cabelos eram cacheados e Liam lhe falou que ele se chamava Ashton. Zayn gostaria de agradece-lo de alguma forma, então uma ideia lhe veio à cabeça.

– Er... ‘Ashtun? – Chamou pelo homem quando se aproximou dele. O nome saiu de forma embolada e, com certeza, pronunciada de forma errada. O homem se virou e quando viu Zayn sorriu de forma gentil. O mulçumano não arriscou falar nada, apenas apontou para uma faca, como se estivesse pedindo, e depois mostrou a flor, como se quisesse cortá-la. Ashton apenas assentiu e lhe entregou a faca. A rosa vermelha tinha alguns espinhos, mas Zayn a cortou e retirou os espinhos antes de devolver a faca para Ashton.

– Zayn? – Liam percebeu a ausência do mulçumano. Ele sentiu seu coração indo para a boca novamente, mas então o viu aproximando-se com um sorriso e as mãos escondendo algo nas costas. – Não se afasta de mim, por favor. – Zayn abaixou a cabeça e então retirou a flor de suas costas, a estendendo para Liam. Este se surpreendeu e sorriu enquanto pegava a flor das mãos do mulçumano. – Ah, você colheu ela para mim? Obrigado.

Para Zayn, o maior agradecimento de Liam foi um lindo sorriso que ele abriu. Aquilo aqueceu o seu coração de forma estranha.

 

(x)

 

Após alguns meses, Liam acabou contando-lhe tudo sobre os bailes que ocorriam e sobre aquela mansão, o que ocorria lá dentro, contou-lhe como ela era dividida, lhe apresentou os outros subordinados e, é claro, ele aprendeu um pouco mais sobre o inglês. Liam passava o dia todo e parte da noite ensinando o inglês, os verbos que ele não conhecia e as regras. Durante esse meio tempo ocorreu alguns bailes – eles aconteciam semanalmente – e Liam sempre lhe pedia para que não deixasse os aposentos, mesmo com muita curiosidade, Zayn apenas ficava olhando as coisas de Liam por não ter muito o que fazer nos aposentos.

O mulçumano passava os seus dias aprendendo, mas durante o tempo em que estava livre – por Liam estar ocupado – ele ficava com seus novos amigos: Ashton, Camila e Ally. Os três eram pessoas muito bondosas e gentis, Ashton ficava a maior parte do tempo no jardim e Camila e Ally gostavam de ficar na sala de música ou na biblioteca, mas os quatro ficavam juntos no jardim. Depois de ouvir de Liam o que acontecia com cada um, ele não conseguia olhar para os seus três amigos e imagina-los fazendo tais atrocidades, ou melhor, alguém fazendo tais atrocidades com eles. Ele sempre se perguntava o motivo para que pessoas tão bondosas fossem arrastadas para esse inferno, mas cada um tinha sua história, cada um tinha o seu segredo e os piores eram os subordinados principais.

Ele conhecia melhor Harry e Cara, os dois eram muito divertidos, sempre escondendo as suas tristezas por trás de uma máscara feita de sorrisos e brincadeiras. Cara, pelo que Liam lhe falou, era a pessoa que, mesmo não sendo muito castigada, mais sofria naquela mansão por causa dos fantasmas de seu passado. Harry também era a mesma coisa, ele costuma ficar na sala de música tocando piano e no dia em que Zayn conseguiu perguntar-lhe como aprendeu, ele sorriu de forma triste e apenas falou: “Aprendi com uma pessoa que eu amava muito”.

Zayn gostava de todo mundo naquela mansão, menos três em especial: Nicholas, Aiden e Niall. Nicholas ele não gostava pelo simples fato dele ser ele mesmo, sempre castigando aqueles que ele tanto gostava – como Harry, Liam e no dia em que ele castigou Ashton, uma pessoa tem que ser muito cruel para castigar Ashton – e sempre o olhando de forma faminta, assim como seu irmão. Aiden, ele era cruel e manipulador, se não fosse por Liam ter visto Aiden o manipulando e ter o salvado, o Grimshaw teria o possuído sem sua permissão. Já Niall, Zayn nunca teve nada contra ele, o loiro é que não gosta dele. O irlandês sempre o olha de forma enciumada, vira o rosto e revira os olhos quando o vê e tenta afasta-lo de Liam, ultimamente ele anda arrastando o Payne para os seus aposentos toda noite e no dia seguinte sorri de forma vitoriosa durante o desjejum.

Zayn não entendia o motivo para que ele estivesse fazendo isso, mas estava começando a ficar com raiva. Algo doía em seu peito, fazendo-o sentir agonia e raiva. Ele não entendia o motivo, mas alegrava-se quando via que, mesmo Niall fazendo de tudo para que Liam se afaste dele, Liam continua a segui-lo, protege-lo e a conversar com ele. Mesmo que Niall faça de tudo, Liam continua a vir até ele no dia seguinte.

– Zayn, ultimamente você anda meio triste, o que houve? – Liam lhe perguntou depois do desjejum, quando ambos estavam se encaminhando até os aposentos do mesmo para que continuasse a ensinar o inglês ao mulçumano. Zayn manteve-se de cabeça baixa, seu cabelo mais bem tratado perfeitamente arrumado em um topete e as vestes mais luxuosas, diferente das roupas típicas dos mulçumanos que ele usava, sempre em tons escuros.

– Er... Saudade. – Falou com um pouco de dificuldade e demorando para lembrar-se da palavra certa. Mesmo ele conhecendo muitos verbos, acabava demorando um pouco para recordar-se e demorava um pouco para responder. Liam achava isso adorável no garoto, encantando-se com a forma como sua voz saia no inglês e achando que ele ficava cada dia mais bonito.

– Da sua família? Do que você mais sente falta?

– Meus pais e minhas irmãs. – A sua voz soou trêmula e isso deixou Liam em sinal de alerta, para que pudesse pensar em algo para fazer antes que o garoto começasse a chorar. Ele não queria que isso acontecesse, não poderia acontecer, ele não suportaria ver o garoto chorando novamente.

Liam olhou para os lados, tentando achar uma maneira de animá-lo, mas não achou nada. Todos os corredores eram cheios de quadros e flores, não havia nada ali que poderia animar alguém, apenas tinha o luxo que Nick gostava de esbanjar. Ele não podia leva-lo até o jardim, o garoto ficaria mais entristecido porque se lembraria que o amigo, Ashton, foi vendido. A sala de música já tem muita tristeza e melancolia por parte de Harry. Havia apenas uma sala que ele ainda não havia apresentado a Zayn.

– Zayn... Eu já lhe mostrei a sala de artes daqui? – O mulçumano abriu um grande sorriso e os seus olhos brilharam, ele não sabia que havia uma sala dessa naquela mansão. O garoto negou freneticamente, mas queria muito conhecer.

– Eu quero conhecer!

– Você gosta de artes?

– Sim! Eu amo mandalas! – Liam sorriu de lado ao pensar em algo que deixaria o menino mais animado e feliz. Aquilo aqueceu o seu coração, pensar no garoto mais feliz depois de tanto estresse que andou passando nos últimos dias. Primeiro a perda da família, depois encontrou-se em uma situação horrível em um lugar que ninguém falava a sua língua, quase é violado, seu melhor amigo é vendido e Niall andava atormentando-o mais que o normal.

– Zayn, vamos fazer o seguinte: vá até os meus aposentos e me espere lá, trarei algumas tintas e pinceis para você e deixarei que pinte o que quiser na parede, okay? – O garoto confirmou e, com um grande sorriso, saiu correndo. Liam, sorrindo de lado, encaminhou-se até a sala que não é muito usada, apenas para pegar as tintas e deixar o seu garoto feliz.

 

(x)

 

– Zaynie? – Liam chamou pelo garoto quando adentrou aos aposentos alguns minutos depois. O menor estava sentado na escrivaninha, um pote de tinta ao seu lado e desenhava algo com a pena em um papel. Zayn se virou e Liam sentiu seu coração bater mais alto quando viu a sua bochecha suja de tinta e seus lábios estavam mais avermelhados por, provavelmente, ter mordidos muito. – Ei, o que está fazendo? – Perguntou sorridente enquanto pedia para um dos subordinados deixar a caixa com tintas e pinceis no canto dos aposentos.

– Desenhando.

– A mandala? – O menor assentiu. – E então? Quando irá pintar a parede? – Perguntou animado. Zayn se levantou e sorriu grande enquanto falava várias coisas em árabe e caminhava até a caixa. Ele abriu a caixa e viu as várias cores, mas ele pegou apenas cinco: laranja, verde, azul, lilás e rosa. O garoto andou pelo quarto, olhando as paredes, vendo o tamanho, onde poderia pintar, onde poderia deixar em branco mesmo e qual cor poderia colocar no fundo, se poderia pintá-las ou se deixaria naquele tom de creme claro.

Leeyum. – O homem sorriu quando ouviu seu nome saindo de forma arrastada pela voz doce do mulçumano. Liam se aproximou do menor e viu que ele queria arrastar a cama do lugar para que pudesse pintar, os dois puxaram a cama e a arrastaram até a outra parede, pegando os dois criados-mudos e os arrastando para o outro lado também.

O sorriso no rosto do pequeno era maravilhoso e seus olhos cor de âmbar brilhavam enquanto olhava para a parede em branco, sua mente criava várias possibilidades, vários desenhos surgiam em sua mente, mas ele queria uma coisa elaborada, algo que o fizesse olhar para seu trabalho e que o fizesse orgulhoso.

Ou melhor, Zayn queria impressionar Liam. Queria faze-lo ver que ele não é inútil, que ele pode ter talento e, quem sabe, fazê-lo ver que pode ser melhor que aquele loiro irlandês. Niall não vivia se esbanjando de seus dotes? De que era um fazendeiro, que cuida do jardim maravilho – ele revezava com Ashton, mas agora cuidava do jardim junto com Harry – e que cavalga maravilhosamente – com certeza falava com segundas intenções. Zayn queria mostrar a Liam de que ele pode também ter belos dotes.

– E então? Já se decidiu? O que fará? – Liam perguntou ansioso.

– Sim. P-Poderia... Er... Papel!

– Para que? – Zayn não sabia bem a palavra que era para ser usada, então indicou o chão. – An? – O homem não entendeu. Zayn pegou um dos potes com tinta e, com ele ainda lacrado, jogou no chão, o pote não derramou tinta, mas fez Liam entender que as tintas poderiam cair no chão. – Ata. Vou providenciar!

Enquanto o homem saiu dos aposentos, Zayn olhou para os pinceis que tinha e reparou que havia cinco tamanhos diferentes, pegou um mediano e um mais grosso para que seu trabalho fosse feito. O menor olhou para suas vestes e retirou seu casaco e seu lenço, colocou a camisa para fora da calça e arregaçou as mangas, preparando-se para ficar sujo. Assim que Liam apareceu com uma pilha de papeis em sua mão, os dois espalharam pelo chão de frente a parede e então Zayn começou a trabalhar. Para ficar mais alto e alcançar a parte mais alta da parede, ele pegou um baú e ficou em cima, começando a pintar com laranja. Os traços eram delicados, o menor tinha uma expressão concentrada enquanto pintava, Liam resolveu deixa-lo pintando e se sentou na poltrona para olhá-lo.

Aquele menino era extraordinário. Liam já havia pensado nisso quando o viu pela primeira vez e agora ele estava reconhecendo que sim, aquele menino era especial.

 

(x)

 

Zayn não sabe quanto tempo passou pintando, apenas viu que o sol se pôs, Liam ascendeu as velas pelo menos três vezes, o sol reapareceu e ele já estava no alto quando ele finalmente terminou. Horas de trabalho duro e então ele finalmente terminou, uma linda e grande mandala colorida enfeitava a parede antes clara e todos os papeis no chão e o baú estavam respingados de tinta, suas roupas também, sua camisa estava mais para rosa – a última cor que usou – do que para branca. Ao olhar aquela linda mandala em forma de flor, uma frase em Urdu se formou em sua mente quando olhou para trás e viu Liam deitado em sua cama e com os olhos fechados. Um suspiro escapou de seus lábios quando viu o homem e então ele resolveu escrever a frase no canto da parede.

Jab tak is mohabbat ka phool na khilay (Até que a flor do amor não tenha florescido)

Tab tak is dill ko sukoon na milay (Esse coração não estará em paz)

Dill diyay mujhe (Dê-me o seu coração)

Finalmente havia terminado.

 

(Londres – 2015)

 

– Já estamos aqui há um tempão e a história é realmente interessante... Mas até agora eu não entendi onde a National Gallery se encaixa nessa história. – Louis resmungou. Ele também já havia se cansado de ficar deitado, então sentou-se um degrau acima e pediu para que Harold sentasse no meio de suas pernas para que começasse a trançar o seu cabelo. Fez uma trança de boxeadora, sempre trançava o cabelo de suas irmãs e havia ficado lindo.

– Eu não vou te contar tudo agora, quero ver se realmente é uma pessoa boa de memória. Vou fazer o seguinte: só lhe contarei a história deles uma vez por semana, o resto é só a história do Will com o Harry. – Louis bufou alto, revirando os olhos e resmungando, mas concordou com o desafio.

– Tudo bem. Agora acho melhor eu ir embora, Dani deve estar me esperando. Tchau Hazz.

O coração de Harry começou a bater mais forte e seu rosto estava todo corado enquanto ele acenava timidamente para o pequeno que ia embora. O corpo pequeno de Louis ficava ainda mais adorável vestindo o seu sobretudo, Harry estava se sentindo como um adolescente novamente, quando ele olhava para William de longe e suspirava de paixão, mas, desta vez, a pessoa por quem ele suspirava era mais bonita, mais gentil e encantadora. Louis era o tipo de pessoa que você apenas senta e o admira por ser tão maravilhoso.

Ao olhar a escadaria, ele quase pôde sentir a presença de seus amigos lá. Quase pôde ver Liam sorridente e com os olhos brilhando enquanto olhava para Zayn, este olhava para todas as exibições com os olhos brilhando para que, quando chegasse me casa, tentasse usar aquela técnica ou aprendesse alguma nova forma de colorir. Lembra-se do que Liam lhe falou que aconteceu na primeira vez que levou Zayn para uma exposição e eles se sentaram naquela escadaria, as ruas estavam escuras e vazias, dando-lhes privacidade o suficiente para que dissessem as suas primeiras juras de amor e o seu primeiro beijo.

“– Eu senti algo desde a primeira vez que lhe vi, pensei que era apenas admiração por você ser tão bonito, mas, conforme os meses se passaram, eu percebi que sentimento era esse. Eu sempre pensei que amava o Niall, mas quando eu percebi o que sentia por você, vi que é mais forte e mais intenso do que o que eu sentia por ele. Eu estava andando sem rumo desde que o verdadeiro Duque transformou o Nick e eu em imortais, mas, quando te conheci, finalmente eu soube para onde a minha seta estava apontando. Eu te amo Zayn”.


Notas Finais


Esse, pra mim, é o melhor cap, então agradeço aos q não tiveram preguica e chegaram até o final...
Voltarei, provavelmente, no sabado...
Kissus kissus


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