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História Kingdom Of Starshine - A Princesa Perdida - Capítulo VIII - Mérope


Escrita por: reverie49

Capítulo 8 - Capítulo VIII - Mérope


Depois de um dia desgastante trabalhando na festa de aniversário da princesa Adhara, finalmente eu e Nashira havíamos chegado a nossa casa. E como a vida é maravilhosa e o mundo é muito justo, eu teria que voltar em poucas horas. Não daria tempo de descansar, apenas comer algo, tomar um banho e vestir roupas limpas. Era desgastante, mas enquanto estivesse nesse lugar, essa seria minha rotina. No fim, tudo era sobre grandes oportunidades perdidas, tais que eu, talvez, e muito certamente, teria se tivesse nascido em um lugar mais convencional, como, não sei, Estados Unidos? Não importa muito o lugar, de qualquer forma não continuarei aqui para ver o fim da minha história atual, tudo vai mudar, e não está muito distante, principalmente agora que teremos nossa condição financeira dobrada...


— Eu estou morta. - Nashira resmungou se jogando em sua cama, mal sabia que esse era apenas o começo.


— Imagina o trabalho rotineiro que vou ter que fazer daqui a pouco. - bufei em resposta. - Ter que arrumar todos aqueles quartos novamente, servir os familiares que ficaram hospedados no castelo, digo, quase todo trabalho é um pouco repetitivo, mas no castelo se torna enjoativo, você sabe, não curto lugares onde eu não possa ter voz, ainda mais quando realizo meu trabalho, propriamente dito, sozinha. - revirei os olhos soltando o cabelo.


— Boa sorte com isso! Eu vou dormir porque preciso descansar, meu corpo está quase que literalmente como uma casca, pois minha alma morreu, pelo menos temporariamente. – ela riu pelo drama e fez um gesto positivo pra mim.


Sorri mordendo o lábio e ela fez uma careta, na verdade, eu queria mesmo era rir da inocência dela, que ainda não sabe da novidade. Eu não sabia se ficava feliz ou triste por ela, é uma nova chance para nós, porém mais desgaste para ela, e isso era tudo o que eu menos queria, ainda não quero, só que essa é a única alternativa que temos para acelerar o processo de ir embora nesse lugar.


— Você está... mordendo o lábio, Mérope. Isso, não é nada bom. - ela falou me observando e levantando da cama com a sobrancelha erguida em questionamento.


— Nem sempre que faço isso significa que algo ruim que está por vir, acho que agora foi apenas hábito. - franzi o cenho me fazendo de desentendida.


— Fala logo o que é. - ela ordenou cruzando os braços e se aproximando.


Nashira sempre teve esse ar de autoritária, mas ela não era, longe disso, na verdade, era como um autoritarismo bondoso, como se tudo fosse para o bem, e de fato era, ela só se tornava mais mandona quando a coisa ficava séria, ela sabia bem agir com as situações e ficar a frente dela.


— Acho bom se apressar pra tomar um banho e vestir roupas limpas, vai na frente, eu deixo o banheiro pra você. – sentei-me na cama agindo normalmente, como se não tivesse acabado de jogar tudo no ar.


— Mas quem vai voltar para o trabalho é você, não eu, precisa se apressar, não quer perder seu emprego, não é? - ela fez um som de desdém com a boca.


— Te dou cinco segundos até que sua ficha caia. - a olhei e levantei a mão fazendo uma contagem regressiva.


Ela me encarava sem entender muito bem o que estava acontecendo, eu também não entenderia se os papéis estivessem invertidos, seu cenho estava tão franzido que parecia que a qualquer momento ela poderia explodir de tanto tentar raciocinar. Somente quando a contagem chegou a dois ela me olhou com os olhos arregalados e um pequeno sorriso, seus olhos chegaram a brilhar. Automaticamente baixei minha mão dando de ombros, como se aquilo não tivesse tanta relevância, mas tinha, tinha muita relevância, e ela sabia bem o que aquilo significava... a luz do túnel se aproxima, e vem cada vez mais rápido.


— É o que eu estou pensando mesmo? - ela perguntou extasiada.


— Eu não sei, não adivinho pensamentos, seria mais fácil se você proferisse. - segurei o riso.


— Ah, jura? Fala sério Mérope, não brinca comigo! - ela empurra meu braço, totalmente eufórica.


Ela gritaria se a mamãe e o papai não estivessem a poucos metros descansando, ela estava muito ciente disso, mas não era desculpa para não surtar. Acabei rindo de sua própria felicidade... tenho plena certeza de que ela não vai rir quando começar a pegar no pesado, porém a conheço bem, pode ser difícil e pesado o quanto for, a garota vai passar por tudo sem proferir uma reclamação. Todo mal vem seguido de um bem, e ninguém em Starshine tinha tanta convicção disso quando Nashira.


Suspirei e logo levantei novamente fazendo um sinal de negativo com a cabeça enquanto ria, precisávamos nos apressar, o palácio é enorme, mas, acredite, a rainha iria saber se algum de seus funcionários faltasse um dia de trabalho, ela é como os olhos que tudo veem, não deixa escapar uma, ela nunca perdoa.


— Hoje, antes de virmos embora, Alma me chamou pra falar sobre você, no começo eu achei que levaria uma advertência no seu lugar, pelo que houve mais cedo com o príncipe Deneb, mas na verdade havia me contatado para falar sobre uma proposta de emprego para você lá no castelo, ela disse que gostou muito do seu trabalho e da sua competência. Então quer te contratar! Olha, devo salientar que estou tão surpresa quanto você, eu nunca ouvi da rainha palavras de satisfação quanto aos seus empregados, e eu achei que nunca iria falar essa frase com o nome dela, mas... Alma, aparentemente, gostou de você. - sorri largamente e Nashira me encarou boquiaberta, desacreditada das minhas palavras anteriores.


— Oh meu Deus, isso é verdade? Não brinca comigo desse jeito. - Nashira perguntou com um enorme sorriso surgindo nos lábios.


— Te juro que eu não estou fazendo uma pegadinha nem nada do tipo, o emprego é seu, se quiser, é claro.


— É claro que eu quero! - Nashira me abraçou forte, senti o coração dela acelerado, àquele emprego deveria significar muito pra ela mesmo.


— Tudo bem, agora para com a melação e vamos nos arrumar antes que nos demitam. - rimos.


Deixei Nashira ir tomar banho primeiro, assim ela teria mais tempo pra se arrumar, afinal eu já sabia o que ia vestir para me esconder um pouco e relaxar, a rainha pode ver tudo, mas eu já conheço todas as artimanhas.


●●●


O castelo era realmente um lugar lindo, não posso mentir, quando não tinha nada para fazer, e não estava perdida em meus sentimentos, olhando para um canto aleatório, sempre admirava o castelo, principalmente seus jardins, tinha até um preferido, o que realmente não vem ao caso. Nós, trabalhadores, tínhamos que entrar pelas portas dos fundos, não é todo mundo que tem a honra de entrar pela porta da frente do castelo, ainda mais plebéias, como nós. 


Nashira parecia bastante empolgada, embora que ainda soubesse que iria pegar no pesado e ninguém ali daria importância se ela estivesse doente ou se machucasse, só se preocupavam em manter o castelo perfeito, quer seus funcionários fiquem bem com isso, quer não. Mas pelo que eu conhecia a minha irmã, não adiantaria cortar o barato dela, a garota não se importa com nada no momento, fora o fato de estar no castelo novamente, mesmo que vá, de certa forma, ser tratada como uma escada.


— Merope? - Dylan chamou minha atenção assim que entramos pela porta - É... 


— Desembucha, Dylan... - apressei o garoto, que não tinha uma expressão muito boa.


— Alma pediu para te ver quando você chegasse - engolimos em seco juntos - E disse também que levasse a sua irmã junto.


Essa não! Alma nunca chama nenhum funcionário por razões palpáveis... a não ser para demiti-los.


— Okay, Dylan, obrigado - soltei o ar dos meus pulmões rapidamente. - Vamos lá, Nashira.


A garota não disse nada, apenas assentiu, e logo começamos a andar pelos vastos corredores do castelo, esperando não dar de cara com alguém da realeza e ter que fazer aquela maldita reverência que eu tanto odeio, na verdade, digo isso apenas por mim, já que minha irmã olhava para todos os lados, talvez procurando por um deles, o que me fez bufar e revirar os olhos.


Ao chegarmos em frente à sala de Alma, o meu coração saiu de seu estágio normal e ficou muito acelerado. Nashira me observava confusa, querendo perguntar por que ainda estávamos paradas em frente aquela porta desconhecida por ela, por enquanto. Sabia que não podia ficar simplesmente parada ali, uma hora alguém iria estranhar, ou a Alma poderia sair da sala. Então, sem pensar muito, eu abri a porta rapidamente e entrei na grande sala.


— Mandou me chamar, senhora? - falei cabisbaixo, com as mãos atrás do corpo.


— Onde está a outra? - ela esbanjou um sorriso ao fazer a pergunta.


— Ela... está ali fora - limpei a garganta alto o suficiente para chamar a atenção de Nashira, que ainda não havia entrado na sala. 


Mas logo ela tratou de entrar, e no mesmo instante, Alma levantou-se olhando-a de um jeito estranho, um olhar que eu não pude compreender, mas sabia que ele passava longe de desprezo, que era como ela olhava para todos os funcionários do castelo. Percebendo os segundos de silêncio, a mulher voltou a sorrir e estendeu a mão para a minha irmã. Pelo visto, o dia estava sendo como uma verdadeira caixinha de surpresas, mas só vou considerar isso realmente de alguém chegar me dizendo que mandaram a Adhara embora para outro país, aí sim eu - e todos os outros funcionários - poderia até comemorar.


— Observei seu trabalhado ontem, garota, e realmente gostei, espero que tenha a mesma desenvoltura nos próximos dias - após o breve aperto de mãos, ela tornou-se a sentar. 


— Não se preocupe, senhora, não vou desaponta-la - Nashira sorriu animada, e a mulher apenas assentiu. 


— Pois bem, pode começar a demonstrar isso a partir de agora. Hora do trabalho, meninas! - ela apontou para a porta, voltando a usar sua postura usual - Lá vão te designar a sua tarefa do dia, garota, ao fim do dia, irei saber sobre seu desempenho. 


●●●


— Aquela mulher me pareceu tão bondosa - Nashira disse ao que chegamos na cozinha.


— Mas acredite, ela não é! Eu ainda estou impressionada com o jeito que ela agiu, mas bem, não temos tempo para esse tipo de conversa aqui, então já viu. Se acostume, você agora é uma funcionária do castelo – falei jogando de abrupto o novo uniforme de trabalho para Nashira.


Na cozinha tudo estava uma completa bagunça, a cada cinco segundos, e não estou dizendo isso ao pé da letra, chegava mais e mais louça para ser lavada. Aparentemente, o café real de hoje foi caprichado, o mais estranho nisso tudo nem era a quantidade de coisa suja, o grande "problema" são as coisas que estão sujas. Tem talheres ali no meio daquele monte tão diferentes, que eu me pergunto se é possível se alimentar usando aquilo como instrumento para guiar a comida até a boca, e outra, nem se eu reunisse a minha família inteira para um jantar, gastaríamos tudo aquilo de louça, pois nada melhor do que um garfo, faca e colher. Simples, básico, prático e sem dor de cabeça.


De todos os parentes distantes, pelo menos sete deles resolveram ficar mais um tempo, isso incluía duas crianças, ou seja, mais trabalho pra mim e para as outras funcionárias. Queria poder prestar minha indignação por ter o serviço quase que dobrado e receber a mesma quantia no salário, mas era isso ou nada, então prosseguia de boca fechada. Não tinha mais tempo para conversar ou me perder em devaneios bobos, era hora de começar os afazeres que eram inúmeros, isso se eu quisesse ir descansar mais cedo, claro. Ao contrário do que eu pensava, Nashira foi designada para tarefas distintas das minhas, e pensando bem foi até melhor, caso o contrário iriamos mais conversar do que trabalhar, o que nos iria render muitas broncas e vários descontos no nosso salário ao fim do mês.


Não sabia o que iria se suceder do dia de trabalho dela, ela sempre costuma ficar encantada com as coisas do castelo, e acaba se distraindo muito, e tudo o que menos quero agora é que ela não perca o emprego. 


Espero que nada demais aconteça... espero!





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