Sakura p.o.v
Solidão. Essa palavra estava me definindo nesses últimos dias...
Medo. Uma das poucas palavras na qual ainda não sabia o verdadeiro significado.
Tristeza. Esta maldita palavra me perseguiu e ainda me persegue.
Não sei quanto tempo exatamente estou aqui, mas para mim parecia ter passado uma eternidade. Me pergunto se em Konoha, deram falta em mim, se Kakashi-sensei já mandou um pedido de busca, se ele está atrás de mim.
Hiku me levava várias vezes a uma sala, para me aplicar uma substância. Tal substâncias que me fazia ter alucinações e as vezes flash back's do passado. As alucinações normalmente se tratavam de Sasuke me maltratando, ou de um maníaco psicopata que aparentava ser ele também. E os flash back's, mostrava todas as vezes que Sasuke me "maltratou".
Confesso que se não fosse pelo o Sai, eu já teria ficado louca. Falando nele, quando o vi pela primeira vez quase o arrebentei -tá, não foi esse exagero todo, apenas lhe dei um murro-. Só depois de ter feito ele escutar até o que não devia, escutei a parte dele. Admito que me senti culpada após escuta-lo, mas Sai não se abalou e prometeu me ajudar.
Sempre depois das sessões de tortura, eu ficava em choque. E como consequência, eu não comia. Não porque não levavam alguma coisa para comer, mas sim porque meu estômago não aceitava mais nada.
Mesmo não sabendo a diferença entre a noite e o dia dentro daquele maldito esconderijo, a cada dia minha esperança de sair dali diminuia.
As lágrimas dos meus olhos secaram e por um momento desejei estar morta a sete palmas para baixo da terra. Mas Sai sempre me falava para não desistir, que logo voltaria para Konoha. Mas para mim, esse 'logo' nunca chegava.
Hoje por milagre Hiku não apareceu, o que é estranho, mas prefiro não reclamar. Quando Sai veio trazer minha comida, me avisou que iríamos nos mudar e era para mim descansar pois o lugar onde iríamos era longe. Confesso que essa notícia me entristeceu ainda mais, e a única coisa que eu podia fazer até aquele momento era aceitar. Apenas aceitar...
Passei praticamente o dia todo dormindo e quando acordei, escutei a porta se abrindo o que foi chave para mim fingir estar dormindo. Logo senti um lado da cama se 'afundando', então a pessoa sussurrou meu nome. Tal pessoa que fez meu coração acelerar e com apenas um sussurro fez o meu corpo se estremecer, e sem perder tempo, abri meus olhos para ter certeza de que não era mais um dos meus sonhos. E lá estava ele...
- Sa...Sasuke-kun... Você veio - falei tentando controlar minhas lágrimas que até então haviam desaparecido.
E em um ato inesperado, Sasuke me puxou para um abraço
- Vou te tirar daqui - sussurrou ao pé do meu ouvido. Balancei a cabeça em sinal positivo e sem minha permissão, mais lágrimas desceram por minha face.
Ele continuou me abraçando até me acalmar. Então ele me afastou e com seu polegar enxugou meu rosto, fechei meus olhos para apreciar seu toque.
Logo comecei a sentir sua respiração sobre a minha, e em um ato mais inesperado ainda, Sasuke selou nossos lábios em um beijo. E como o da primeira vez, apreciei o momento sentindo meus batimentos cardíacos aumentarem. Pela falta de ar nos separamos, Sasuke beijou minha testa e encostou minha cabeça em seu peito fazendo com que eu escutasse seu coração, que também estava acelerado.
Eu estava feliz, afinal, o que eu mais desejei desde quando eu era uma garotinha está acontecendo. Meu único medo é ele estar me usando, mas eu acho que ele não seria capaz.
- Sasuke... O que significa isso? - perguntei em via das dúvidas
Sasuke ficou em silêncio por alguns segundos
- Posso ter demorado anos para perceber isso, ou aceitar, não sei ao certo. Mas descobri o significado da palavra amor - respondeu calmo com firmeza nas palavras, me fazendo sorrir.
Sem perder tempo, o moreno estourou o cadeado que prendia a corrente em meu pulso e me pegou no colo. Ele me carregou pelo corredor e logo escutamos um estouro vindo do lado de fora.
- O que foi isso? - perguntei um pouco assustada
- Provavelmente nosso resgate - respondeu me deixando um pouco aliviada.
Quando chegamos no salão senti meu coração se aliviar, logo eu sairia dali e voltaria para minha casa. Então para a minha infelicidade, escutamos palmas atrás de nós, e cada músculo do meu corpo se estremeceu.
- Que cena mais linda! O monstro salvando a princesa - falou o homem que eu não queria mais ver na vida.
- Hiku... - sussurrei
- Maldito! - rosnou Sasuke e que pela primeira vez em anos, senti o ódio em sua voz.
Então Sasuke se virou e tentei não olhar para Hiku, mas teve uma coisa que acabei vendo que me deixou em choque. Uma coisa não, uma pessoa. Sai estava desacordado aos pés de Hiku, e temi pela vida do meu amigo. Olhei pelo canto do olho e vi que Sasuke também estava o observando com o maxilar travado.
- Ah! Pode ficar com ele, não me serve mais - falou Hiku jogando Sai igual a um saco de batata.
- Sai... - sussurrei sentindo algumas lágrimas descerem
E antes que fizéssemos alguma coisa, a parede atrás de nós foi derrubada. E então surgiu Ino, Shikamaru e Naruto, que logo se colocaram do nosso lado.
- Eu não falei que não era para você vir?! - perguntou o moreno para a minha amiga.
- Agora não é hora de discutir Teme! - exclamou Naruto me pegando
Shikamaru falou alguma coisa para Sasuke que eu não pude entender e pegou Sai. Logo saímos do lugar indo para um lugar mais afastado.
Meu coração se apertou ao deixar Sasuke sozinho com aquele homem desprezível, mas eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele saberia se virar.
Assim que Naruto me colocou no chão, o mesmo junto com Shikamaru foram para mais perto do esconderijo caso Sasuke precisasse de ajuda. Ino veio em minha direção e me abraçou, ignorando totalmente Sai que estava deitado ao meu lado ainda desacordado
- Nunca mais... Nunca mais suma desse jeito, tá ouvindo? - resmungou enquanto me abraçava
Após nos soltarmos, a loira fez uma conferência para ter certeza de que eu estava inteira. Então passou seu ninjutso sobre mim para ter certeza absoluta que eu realmente estava bem e nenhum órgão havia sido danificado.
- Ino, não se preocupe, estou bem. Estou fraca, mas estou bem - falei
- Mas...
- Acredite, estou bem - falei dando um sorriso - Se preocupe com o seu marido, não sei o que Hiku vez com ele
- Sakura, ele está vivo e isso basta. Eu não vou por minhas mãos nele, para mim ele morreu assim que rejeitou meu filho e me mencionou ser uma vadia - reclamou fechando a cara
Suspirei revirando os olhos, se ela soubesse da verdade...
[...]
Assim que chegamos em Konoha, fui parar diretamente no hospital. E por insistência de Ino e Tsunade-sama, fizeram uma bateria de exames em mim. Assim que me instalaram em um quarto, me aplicaram vitaminas e um estimulante de chakra, já que meu corpo tinha desacostumado a produzir.
Ino falou que ficaria comigo até eu dormir, e mesmo eu falando que não precisava, ela ficou.
- Sabe de uma coisa? - perguntou se sentando ao meu lado - Você tem um grande homem ao seu lado.
- O que você quer dizer? - perguntei confusa fazendo a loira dar um sorriso
- Sasuke tem um bom coração e se preocupa com o seus amigos e companheiros - respondeu serena passando a mão em sua barriga - Se não fosse por ele, talvez, meu menininho não estaria mais aqui.
- Ino, não me diga que você teve um aborto espontâneo - perguntei assustada
- Na verdade não foi apenas um, foram três. E nas três vezes Sasuke me ajudou. - respondeu - Como já irei entrar no sexto mês, Tsunade-sama me afastou do hospital por tempo indeterminado
- Ela fez o certo, e agora entendo o porquê de quando Sasuke te viu falou que não era para estar lá. Você pôs a vida do seu filho em risco! - exclamei cruzando os braços
- Mas olhe só, estou bem, aliás, nós dois estamos bem. Não precisa se preocupar - disse me fazendo eu revirar os olhos
- Mas me diga, como Sai está? - perguntei preocupada
- Não sei e nem quero saber! Eu não te falei que para mim ele morreu? - reclamou
- Ino, acredite em mim. Vocês dois precisam ter uma conversa séria. Você precisa escuta-lo! - falei séria - Do mesmo jeito que Sasuke te ajudou, Sai também me ajudou. Se não fosse por ele, com certeza eu estaria louca.
Após isso, ficamos em silêncio. Eu entendia o que se passava na cabeça da minha amiga. Mas ela realmente precisava escuta-lo, ela tinha que saber que Sai apenas fez aquilo para proteger a família, que Hiku havia o ameaçado.
[...]
Estava amanhecendo quando acordei. Estava me sentindo revigorada, finalmente após dias eu sentia meu chakra percorrendo meu corpo. Me sentei na cama e vi que ao meu lado estava Sasuke, ele estava de olhos fechados, então deduzi que ele estaria dormindo.
Me levantei e fui até o banheiro fazer minha higiene pessoal, em cima da pia havia um muda de roupa que com certeza Ino havia deixado. Troquei de roupa e voltei para o quarto, não demorou muito para que Sasuke acordasse
- Bom dia! - cumprimentei
- Hm... - resmungou se acostumando com a claridade que tomava o quarto - Como você está?
- Estou bem melhor! - respondi dando um sorriso
Logo Tsunade-sama entrou e me deu algumas vitaminas para tomar. Me examinou e logo me deu alta, já que meu fluxo de chakra estava ótimo.
Após sair do hospital, Sasuke fez questão de me levar até em casa. Muitas pessoas ficaram nos observando, talvez pensassem que somos um casalou talvez ainda temiam que Sasuke ainda fosse um traidor. Seguimos o caminho em silêncio, cada um com o seu pensamento e seu mundo.
- Vá jantar em minha casa hoje, precisamos conversar - falou assim que chegamos na porta da minha casa.
Mas antes que eu pudesse dar alguma resposta, Sasuke sumiu da minha frente. E então entrei em minha casa.
[...]
Já estava próximo das sete da noite. Tomei um banho e coloquei um vestido branco, que era justo até a cintura com a saia rodada e tinha um leve decote. Coloquei o colar que tinha o símbolo do clã Uchiha e calcei uma sapatilha preta.
Sai de casa e comecei a andar. Não demorou muito até chegar na casa de Sasuke. Bati na porta que prontamente foi aberta. E Kami-sama, como ele estava lindo... Vestia uma calça preta junto com uma camiseta azul de mangas compridas.
- Olá - falei um pouco sem graça
- Entre, o jantar está quase pronto – avisou me dando espaço para entrar.
Entrei e apreciei a casa, era enorme.
Logo na entrada da sala havia uma mesinha com três portas retratos. O primeiro, era a foto oficial do time sete. A segunda, era de Itachi agachado segurando um papel e Sasuke ao seu lado segurando um gato pelo cangote. E a terceira era de um casal, que eu presumi ser os pais de Sasuke.
- São os meus pais - disse, então me virei e o vi encostado no batente da porta - Fugaku e Mikoto. Essa foto foi um pouco antes do massacre.
- Sua mãe era linda - sussurrei
Voltei a dar mais uma olhada na mulher da foto e vi o colar em seu pescoço, então presumi que era o mesmo que estava no meu. E como se fosse automático, coloquei a mão sobre o pingente dei um sorriso.
- Venha, vamos jantar - chamou
O segui até a cozinha, o moreno fez um sinal para que me sentasse e assim o fiz. Logo ele veio com uma travessa com bolinhos de arroz e sushi, e então nos servimos.
- Isso está uma delicia! - exclamei após experimentar um dos bolinhos
Sasuke apenas deu seu costumeiro sorriso de canto, e continuamos a comer em silêncio. Assim que terminamos, o ajudei a lavar a louça e logo ele me puxou para o fundo da casa me levando ao jardim. Nos sentamos no chão e mais uma vez apreciamos o luar.
- Sakura - me chamou fazendo olhar para ele e mesmo me encarava - Semana que vem irei sair novamente em missão e não sei quando irei voltar...
- De novo... - resmunguei um pouco chateada
De novo ele iria nos deixar, novamente ele ia me deixar...
- Era isso o “precisamos conversar”? - perguntei virando o rosto
- Eu ainda não terminei - falou sério mas no mesmo tempo calmo - Quero que você vá comigo
- Sério? - perguntei atônita - Mas por quê?
- Porque desta vez não quero te deixar para trás, quero que você ande ao meu lado - respondeu calmo me dando um poke na testa.
Então o moreno deitou no gramado e puxou para deitar em seu peito. Confesso que no momento eu me assustei pelo seu ato, mas logo me acostumei e comecei a ouvir as batidas do seu coração.
- Obrigada - agradeci enquanto observava as estrelas
- Pelo o quê? - perguntou
- Por tudo...
Continua...
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