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História Lapso Paradoxal - Começo da Caçada


Escrita por: Kamihat3

Capítulo 2 - Começo da Caçada


- Primeiro, tente se acalmar Naiara, você só teve um pesadelo, calma tá? – Enquanto eu continuava a chorar sentada no meio da minha cama, na minha frente, estava Marco, um dos meus únicos amigos que restaram da época da faculdade, um garoto de 26 anos que sempre me ajudou quando precisei, ele também era amigo de Vitor, sempre saíamos juntos, quando tudo aquilo aconteceu, toda aquela história da chave, aquela pessoa aparecendo pra mim do nada, eu não pude pensar em outra pessoa se não nele para me ajudar, sabia que era alguém de mente aberta e poderia ao menos ouvir o que eu tinha a dizer, só que depois de contar tudo, parece que sua reação foi nada mais do que natural, ele não acreditou em nada, apenas tentava me convencer de que aquilo tinha sido só um sonho, um bem real - e quem dera tivesse sido -, mas aquilo aconteceu, e como prova disso, eu tinha a chave em minha pose.

- Infelizmente, não é um sonho Marco. – Tirei a chave dourada de baixo do meu colchão, o rapaz arregalou os olhos ao vê-la.

- Você tá me dizendo que foi isso que o rapaz lá te deu? – Marco pegou a chave da minha mão e começou a analisa-la meticulosamente, eu estava com receio de dar aquela chave nas mãos de alguém, mas se havia uma pessoa no mundo que confiava depois de Vitor e meus pais, essa pessoa era Marco, eu só não disse nada pros meus pais porque eles são pessoas que mantém um tradicionalismo típico de quem vive no interior, eles iriam rir da minha cara e me mandar pra um psiquiatra, ok que nessa situação, não só eles, mas até a pessoa mais louca e conspiratória do mundo iria suspeitar de minhas faculdades mentais, mas de alguma forma, depois de analisar a chave, Marco me olhou com um rosto sério e indignado.

- Isso aconteceu mesmo, não é? – Ele disse me entregando a chave.

- Foi o que eu disse. Claro que eu também não acredito em nada disso, é loucura! Mas esse homem esteve lá em cima e... – Eu não havia contado para Marco o pequeno detalhe de que eu estava prestes a me matar me jogando da sacada, inventei que estava lá apenas vendo o céu quando o homem misterioso surgiu, ele pareceu acreditar, sem fazer qualquer questionamento.

- Então vamos na polícia! Você devia ter feito isso antes de me chamar, esse cara deve ser um daqueles doentes psicóticos que querem fazer jogos assassinos por aí, eu me pergunto como ele conseguiu essa chave, deve ter comprado no Ebay¹, mas enfim, vamos até a polícia, seus pais estão nos seus tios certo? Acho melhor avisarmos eles depois. – Marco estava pegando seu celular quando eu o parei, segurando seu braço. – O que foi? Não podemos deixar esse cara solto, ele invadiu seu prédio, te ameaçou, falou muitas bobagens, quem sabe o que ele está fazendo agora por aí. – No fundo, eu não queria acreditar naquela história de vírus, pessoas com habilidades especiais, a cura de Vitor... Mas o rapaz havia me provado que sabe muito sobre mim, tudo bem que ele poderia ser só um stalker², mas e se não fosse?

- Eu não sei viu, estou com medo, e se por conta disso ele me marcar? – Inventei uma desculpa qualquer para Marco que se levantou e começou a andar de um lado para o outro no meu quarto, impaciente.

- Será mais perigoso deixar ele a solta, ele pode voltar aqui e te matar. – Naquele momento, ele já estava exagerando. Havia contado para Marco das 10 pessoas e suas habilidades, ele apenas riu da criatividade do garoto que me contou tudo isso, mas eu não deixava de concordar com ele, recobrei meu senso comum e concordei que devíamos ir até a polícia.

Ao chegarmos na delegacia, me senti um pouco acuada antes de entrar, até mesmo os policiais iriam rir daquela história, mas eu tentaria dizer somente que um homem estranho entrou em meu prédio e começou a me ameaçar com histórias loucas, daria a eles a descrição do sujeito e esperaria por algum resultado, provavelmente, iria ficar sabendo que ele é algum doente mental que escapou de algum hospício, mas havia algo estranho naquilo tudo, eu sentia.

- O porteiro devia estar dormindo, só pode! De domingo é sempre assim, o do meu prédio deixa qualquer um entrar, fomos assaltados uma vez por conta disso e mesmo assim não mandaram o cara embora, imagine. – Marco fechou a porta do seu carro e subiu os pequenos degraus que levavam à delegacia de Americana. Antes de partirmos, havíamos questionado o porteiro do prédio sobre o homem que havia entrado, mas o mesmo jurou com todos os dedos que estava lá o tempo todo, e que ninguém, antes de Marco, chegou a nem se quer ir até a recepção, e com isso Marco reforçava a hipótese de tudo ter sido só um sonho meu, mas como explicar a chave?

- Eu tenho certeza Marco, eu vi, ele estava lá, e ele me deu aquela chave! – Marco parecia concordar, não tinha como eu mentir para ele, nunca fiz isso na vida até hoje, tirando o fato da minha vontade de morrer, e também, das consequências em guardar aquela chave, algo que eu também havia omitido do rapaz.

Entramos na delegacia, e quando nos direcionamentos até a recepção da mesma, um dos policiais de lá nos chamou atenção, vindo por trás.

- Naiara e Marco? – Me virei e me deparei com um homem com mais de 50 anos, parecia ser alguém de um escalão importante lá dentro, ele nos olhava com certa seriedade que me deixou aflita.

- Sim? Como nos conhece? – Marco parecia espantado, mas o senhor foi logo dando respostas.

 - Vocês venham comigo. – Ele disse isso caminhando até uma pequena sala no final do corredor estreito do local, eu e Marco não entendíamos nada, como ele sabia nossos nomes? No entanto, obedecendo uma ‘autoridade’, segui o senhor, e Marco fez o mesmo. Entramos em uma pequena sala, não haviam muitos objetos por lá, apenas uma mesa, um computador bem antigo, uma cadeira, um vaso com uma planta que eu não conhecia e um quadro de uma equipe daquele local no centro da sala pintada com paredes azul claro desbotadas.

- Recebemos uma denúncia de que vocês dois iriam vir até aqui com uma história sobre um homem tê-la ameaçado, Naiara, e essa pessoa que fez a denúncia disse que vocês fariam isso apenas por vingança, porque esse tal rapaz aí é um ex-namorado seu que você tem raiva. – O homem se encostou contra a parede e ficou a nos fitar parecendo sem jeito.

- Como assim? Ele veio aqui? – Eu estava completamente nervosa, como alguém havia nos denunciado? Foi ele? E como essa pessoa sabia que estaríamos aqui? Só pode ter sido obra daquele cara mesmo, pensei.

- Se acalme, ok? Eu apenas estou seguindo o que me foi pedido, o rapaz relatou exatamente isso, que vocês chegariam aqui se fazendo de desentendidos e falariam exatamente isso, como não acreditar? – Ele disse o rapaz? Então foi mesmo ‘Lúcifer’? Eu havia até me esquecido que ele havia se denominava dessa forma.

- Meu, que loucura! Não tem como isso. Naiara, estávamos sozinhos na sua casa, não é? Não tem como ninguém saber que viríamos pra cá. – Os olhos de Marco pareciam querer saltar de sua face, ele estava bem mais nervoso do que eu.

- Pois é, se ele veio pra cá, é porque sabia, e vocês estão mentindo. – O homem em nossa frente começou a fitar Marco com certa desconfiança, ele não parecia estar mentindo, foi então que algo me veio à mente. ‘As dez habilidades’. Poderia alguém...estar agindo? Eu tentei me lembrar de todas que Lúcifer citou, eu escrevi elas em um bloco de notas assim que fui pro meu quarto logo depois que ele despareceu nas escadas, me senti um tanto paranoica e infantil, mas sempre gosto de me precaver, e parece que agora eu estava certa, infelizmente. Levei a mão até o bolso de trás da minha calça, havia guardado o bloco de notas ali, o abri na página em que havia escrito, e li rapidamente as dez habilidades citadas.

- Ei, posso saber o que é isso? – O policial em minha frente fez um movimento de quem se aproximariam pra pegar o bloco de notas, mas Marco chamou sua atenção.

- Deve ser um engano! Nós viemos aqui justamente pra denunciar esse rapaz! Ele veio antes, inventando essa história porque ele sabia que viríamos, foi isso. – Marco parecia suar frio, coloquei novamente o bloco de notas em meu bolso antes que o policial o pegasse, vi que ele não estava com muita paciência, e agora que eu já tinha uma ideia do que provavelmente estava acontecendo, pude me acalmar e respirar fundo, me aproximei de Marco e levei uma de minhas mãos até seu ombro esquerdo.

- Se acalme, fomos lentos demais. – Eu queria dizer a ele minha teoria, mas não poderia dizer na frente do policial. Meu objetivo, inicialmente, era contar tudo para as autoridades, mas parece que agora, não estávamos em posição. Suponhamos que, uma garota e um rapaz que acabaram de ser denunciados contassem uma história tirada de um RPG³ para autoridades policias, o que é eles iriam pensar? Coisa boa que não seria, achariam que estamos drogados ou que somos lunáticos, alguma seita criada na internet pra propagar o caos, se não isso, algo bem pior. Olhando nos olhos de Marco, eu o fiz entender que seria arriscado contar a verdade, nesse momento, era melhor recuar.

- Você disse que o rapaz sabia que seria denunciado, então, pode por favor, me fazer uma descrição dele? – O homem em nossa frente se sentou naquela cadeira afundada, na frente da pequena mesinha de plástico, pronto para nos ouvir.

- Bom, ele é loiro, tem o cabelo curto, traços meio femininos, eu diria, delicados, pele bem clara, minha altura, um pouco maior, bem magro, ele estava com uma roupa preta, se não me engano, usava sandálias. – Descrevi até onde eu podia me lembrar, mas ao olhar a reação espantada do policial, fiquei curiosa.

- Então vocês estão mesmo errados.

- Como assim? – Marco cruzou os braços querendo entender aquela situação.

- Porque o homem que lhes denunciou não bate com essa descrição. – Depois dessas palavras, pude ter certeza da probabilidade da minha teoria criada ao ver as habilidades.

- Desculpa senhor, mas poderia dizer que horas exatamente o rapaz chegou aqui? – Perguntei sem hesitar.

- Foi uns dez minutos antes de vocês entrarem, até me espantei, ele parecia bem assustado, e agora vocês me vêm falar de um rapaz loiro, totalmente oposto dele, não compreendo. – Dez minutos antes? Minha teoria já estava quase que totalmente certificada, e isso fez meu coração bater sem pausas, comecei a suar frio e a olhar para todos os cantos daquela pequena sala que se tornava cada vez menor para mim.

Depois de passarmos mais dez minutos nos explicando na delegacia, o policial nos deixou ir, quando o convencemos de que aquilo era um trote, ele ligou para os pais de Marco para confirmarem que ele esteve o dia todo em casa, um dos policiais conhecia minha mãe, ele sabia que éramos de uma família boa, e com isso, fomos liberados, mas o meu medo só aumentava a cada segundo, enquanto estava com os policiais me sentia tranquila, mas ao pisar para fora da delegacia, senti que vários snipers miravam em meu corpo, todos ansiando por sangue.

- Você acredita mesmo nisso? – Depois de explicar minha teoria para Marco, o mesmo continuou a duvidar de tudo que havia contado sobre as habilidades. Estávamos dentro do carro do mesmo, um Gol 2007, mas mesmo dentro de um veículo, ainda me sentia desconfortável.

- Essa é a única explicação! – Eu gritei sem querer, não estava conseguindo controlar meus ânimos. Eu havia explicado para Marco que provavelmente, o portador da habilidade de voltar ao passado teria nos encontrado. Ele usou sua habilidade para voltar dez minutos no tempo, sabendo que tínhamos entrado na delegacia, e feito essa ‘denúncia’. Foi tudo que pude pensar.

- E por que ele faria isso? Digo, ele poderia usar essa habilidade melhor, não acha? Se o objetivo dele é te matar, ele podia ter simplesmente voltado no tempo antes de você sair de sua casa, se é que ele estava te observando, te matar e apagar todos os rastros, já que ele sabia tudo sobre dez minutos ‘na frente’.

- Eu sei, mas pense comigo, e se ele não tiver coragem de me matar? Lúcifer não me disse nada disso, que eu precisava morrer especificamente para que ele ficasse com a chave, talvez ele pudesse só pegar, penso eu que nem todos esses portadores são assassinos, sendo assim, alguns não vão tentar me matar, ele poderia estar só querendo a chave e me colocou em uma situação em que eu fosse presa, ou algo assim.

- E se você fosse presa, como ele teria a chave? – Marco me olhou torto, ele estava completamente desconfiado de tudo, e quando ele levou sua mão na chave para ligar o carro, instintivamente, eu o parei segurando seu braço.

- O que foi agora?

- Marco, e se ele realmente quer me matar?

- Do que tá falando? Naiara, não faz sentido, me desculpa.

- Eu saí rapidamente do carro, sem dizer nada, me abaixei e entrei embaixo do veículo. Comecei a procurar em algum lugar lá embaixo, e foi quando vi algo diferente, uma peça sobressalente preta, colocada no meio da lataria interligada à ignição.

- Você não tá bem Naiara, precisamos ir pra casa. – Marco inclinou seu corpo e me viu boquiaberta olhando aquela peça.  – O que foi? O rapaz entrou embaixo do carro comigo, e ao se deparar com aquele explosivo, seus olhos se abriram como eu nunca vi antes.

- Isso é real... – Meu corpo começou a tremer, eu senti um frio, um frio tão perturbador que meu corpo, antes trêmulo, ficou paralisado.

- Puta que paril! A gente precisa chamar os policiais aqui e... – Antes que Marco saísse debaixo do carro, segurei novamente seu braço.

- Eles não acreditariam! Somos suspeitos pra eles, era esse o objetivo do miserável, não podemos contar com a polícia agora, você não entende essa jogada? – Respirei fundo enquanto pensei que eu realmente estava fodida. – Ele não quer que peçamos ajuda pra polícia, ele quer um jogo limpo, e eu não tenho pra onde correr.

- Por que colocar uma bomba em meu carro então? Essa desgraçado é o que? Um terrorista?

- A bomba foi por sua causa. Se ele quisesse me matar, seria muito fácil, sou uma garota, mas contar tudo pra você me deu um escudo, agora, eles te veem como alvo também Marco, porque podem pensar que eu deixei a chave contigo, me desculpe por isso, mas acho que você também está sendo caçado.



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