História Lee Rock - Depoimentos

  Passaram três dias (o tempo do luto) eles seguiram para lugares opostos, Neji voltou ao bar em busca de pistas que haviam passado despercebido e de mais depoimentos, e Lee foi até a casa de Sakura por este ter mais afinidade com a rosada. Lee sobe as escadas do sobrado onde Sakura mora com o marido e a encontra na varanda se aprontando para ir ao trabalhar, ela fazia parte da equipe de paramédicos que trabalham nas ambulâncias, onde a adrenalina era uma constante.

— E aí Sakura, se eu demorasse mais não te pegava em casa!— ele é recebido com um sorriso amigável de Sakura

— Pois é, meu plantão está marcado para daqui duas horas, eu que resolvi sair mais cedo— se explica enquanto Lee se senta ao seu lado no banco de ferro pintado de branco que deixava a varanda pequena, lotada de vasinhos de flores com forma de uma bela pintura.

— Me desculpe por atrapalhar, mas eu vim aqui pra te fazer umas perguntas— Sakura muda seu semblante para o de tristeza voltando a amarrar a bota que faltava

— É sobre o Sasuke né?— ao vê-lo confirmar, suspirou de cansaço e caminhou para a porta que levava ao interior da casa— Vamos entrar Lee— detetive foi em seu encalço

E eles pararam na sala bem iluminada de onde dava para ver de relance a cozinha. A casa era pequena, mas para duas pessoas estava de bom tamanho. Ambos se sentam nos pufes. O silêncio toma conta do lugar, Sakura fica grande parte do tempo observando uma pintura que cobria uma parede inteira, como se fosse uma rota de fuga, para não encarar os olhos questionadores de Lee. Este observava o ritmo de sua respiração, as contrações do rosto da rosada, até mesmo a pulsação da veia principal no pescoço dela, deve-se isso a convivência com Neji. Como ninguém ia começar, Lee queria que Sakura se sentisse a vontade, a própria se dignou a falar

— O que quer saber?— pergunta distante ainda observando a tal pintura

— O que eu deveria saber?— rebate num tom divertido

— Lee, isso não tem graça— Sakura o repreende deixando uma lágrima rolar de seu rosto pálido

— Oras não fique assim, sei que você e Sasuke eram confidentes e julgando pela reação da ex-mulher, muito íntimos, nisso entenda como quiser— Lee levanta os dois braços tentando se livrar de qualquer acusação, Sakura apenas sorri

— É você tem razão... — ela o encara pela primeira vez desde que entrou naquela sala— Mas... Não tínhamos esse tipo de intimidade, eu nunca me permiti ser igual as outras com quem ele dormia, te esclareci?

— Claaro, claro, me perdoe— ela abre um sorriso amigável— Sabe se Sasuke sofria ameaças ou se tinha alguma preocupação, em especial relacionado ao trabalho? Naruto está impossibilitado de responder no momento, mas sei que ele contaria a você

— Sempre, cutucar as organizações de narcotraficantes causou e causa muitos infortúnios — Sakura cruzou os braços inclinando o corpo para trás para se livrar da tensão que o assunto apresentava, solta um longo suspiro antes de voltar a falar

— Mas isso nunca o incomodou, pelo contrário, a cada ameaça, telefonema, a cada atentado, Sasuke se divertia como um sádico você acredita?— solta uma risada descontraída ao relembrar— Ficava aqui em casa por horas contando sobre essas ameaças e atentados como se fossem piadas, como se achasse que ninguém... Ninguém... — tenta em vão segurar as lágrimas que desciam descontroladamente—... Pudesse matá-lo, me desculpe— se entrega ao choro alto e sofrido usando as duas mãos para abafar o som.

 Lee se aproximou de Sakura e pousa sua mão esquerda sobre o ombro da moça acariciando tentando consolá-la:

— Está tudo bem... Vejo que ele não contava com um elemento surpresa— Lee suspira pesadamente retirando a mão do ombro da mulher que se aclamava e a depositando sobre sua perna— No dia de sua morte ele, ele esteve contigo?— Sakura morde seu lábio inferior, sentindo-se incomodada

— Sim, ele esteve aqui— limpa os resquícios da crise de choro recente­— Ele estava sentado em minha cama enquanto eu estava deitada, ficamos conversando sobre tudo, e disse sobre ter me dado a guarda de Katsuo, o filho do meio, eu até achei que ele estava mentindo— fala distante e Lee faz uma expressão abismada

— E então?— Lee a interroga sério

— Eu o estranhei, ele tocou nesse assunto do nada, disse que sabia da nossa pretensão de adotarmos uma criança com mais de cinco anos e o filho dele era perfeito— ela parecia ser iluminada por um flash de esclarecimento

— O que achou disso?— Lee franze o cenho “Será que Sasuke sabia de sua morte”, pensou

— Nem acreditei como disse, ia pedir pra ele me falar mais, Sasuke parecia bêbado, foi quando meu marido chegou e o expulsou— ela fez um carranca irritada pela atitude do marido

— Oras você não tem culpa de seu marido ser ciumento— dá de ombros

— Não é ciúmes, meu marido não gosta do tipo de homem que Sasuke é, a questão era o caráter dele, entende— Lee acinte prestando atenção

— Sim, como ter muitas amantes e sabemos que não só curtia o sexo oposto— Lee fez uma careta enojada— Beber muito, pagar de corrupto, almoçar com traficantes, usar de violência nos interrogatórios, e por aí vai— Lee enumera vendo as feições de Sakura murcharem na hora

— Acho que ele não era corrupto— pontua um pouco ferida pelas palavras de Lee— pena que só posso defender isso

—A advogada me confirmou a guarda manhã passada vou buscá-lo na segunda.— ela abre um sorriso bobo— Katsuo só tem o nome do pai na certidão, sabe, Sasuke nunca guardou os documentos com a ex-mulher somente os confiava a mim, Naruto ou os deixava em sua casa— Lee tem um incite no mesmo instante e se estapeia

— Sasuke nunca falou a ninguém onde morava! Nos registros está o antigo endereço dele... — Lee parecia estúpido ao perceber isso naquele momento— Onde Sasuke morava?— fica mais sério e Sakura parecia acuada

— Não sei— ela estalou os lábios como se respondesse o óbvio— Sasuke nunca me convidou para um café— diz com ironia— Quem sabe o parceiro dele saiba?

— Sakura Haruno... Você não está mentindo para mim?— a encara com uma expressão fechada que para a Haruno era cômica o bastante para rir dele

— Não— tenta controlar o riso— Pareço uma bipolar, só você pra me fazer rir numa hora dessas Lee— ela tampa os lábios para acabar com as gargalhadas

— Certo certo— visualiza seu Rolex prata— Já está ficando tarde e você tem que trabalhar

— Meu trabalho não permite atrasos— Sakura completa se levantando junto com Lee

— Sabe que qualquer coisa a consultaremos, então nada de viagens!— ele a adverte arrancando mais risos da rosada

— Pra onde vou?— dá uma gostosa gargalhada— Só você Lee, mais ninguém!— o acompanha até a porta

— Realmente não gostaria que viéssemos nos falar nessas circunstâncias, mas... — aperta a mão da rosada que mantinha um sorriso sereno

— Eu também não... Tchau... — fica o vendo descer as escadas do sobrado, porém ele faz uma pausa e se vira

— Qualquer coisa que se lembre, você pode entrar em contato— balança os braços, e ela somente acena antes de fechar a porta

 Lee, pega o celular e visualiza umas cinco ligações de Neji, sorri debochado, e retorna a ligação.

— Você não me deixa em paz não cabeludo?— ri do resmungo do parceiro

— Deixa meu cabelo fora disso “sobrancelhas de taturana”!— Neji entra na brincadeira

— Isso foi golpe baixo!— diz emburrado, nunca gostou dos apelidos envolvendo suas sobrancelhas grossas— E então, o que tem de bom?

— Bom, tentei refazer os passos do Uchiha ontem a noite, conversei com os freqüentadores do bar, mas não tive respostas relevantes, te retorno a pergunta— Neji não aparentava estar entusiasmado, era um mau sinal

— Sasuke passou a guarda de Katsuo para Sakura, o que me diz?

— Bom, ele prever que morreria, era algo que eu e a torcida do Flamengo sabíamos, já devíamos ter idéia, o que mais?— Neji diz com mais tédio ainda

— O problema é saber qual dos motivos o matou— Lee reflete — Não sabemos onde Sasuke morava— riu ao ouvir Neji soltar um palavrão— Não pensou nisso né gênio?

— Tsc, e deixa eu adivinhar: ela não te disse— Neji diz com rispidez, até gostava de Sakura, mas não o suficiente para confiar nela

— Disse que não sabia e eu acreditei nela— Lee dá de ombros— Me disse que talvez o parceiro saiba

— Não podemos falar com Naruto ainda— solta um suspiro irritado

— Mas temos outras maneiras de descobrir, ele recebia cartas não é mesmo?— Lee diz esperançoso

— Você não está lidando com uma vítima qualquer, Sasuke Uchiha era muito esperto pra deixar esse tipo de rastro— Lee ouve um barulho de carro estacionando— Estou na mansão dos Uchiha, espero que saiba o endereço— Neji desligou,cortando qualquer resposta do parceiro

— Engomadinho filho duma... — Lee contou até dez entrando em seu Opala verde— Lá vamos nós— colocou o cinto e deu a partida

   A mansão Uchiha ficava no final do bairro residencial, o terreno imenso foi uma das excêntricas aquisições de Fugaku. Este já tinha uma boa remuneração e respeito quando se aposentou, e depois se tornou um grande investidor, dobrando sua fortuna e a admiração sendo uma questão de tempo para conseguir espaço na política. Lee nunca sequer pisou na calçada da mansão; desde pequeno ouviu do pai que os Uchiha são como a “caixa de Pandora” só de pensar nisso sente um arrepio na espinha.