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História Legião de Sangue - Cinco


Escrita por: PequenaMaga

Notas do Autor


Boa Leitura.
Atualizado em 26/07/2017

Capítulo 5 - Cinco


 

CINCO

Eu pensei que o clima seria tenso e que o silêncio se instalaria até alguém decidir para onde iriamos e constatasse esse lugar, mas assim que Mare conseguiu ligar os motores com sua carga elétrica e Cal assumiu o controle, Farley bombardeou contra mim.

-O que foi aquilo? – Todos me olhavam, menos Cal, mas ele estava atento.

-Meu poder.

-Não sabia que você podia manipular pessoas, dar ordens.

-E não posso. Quer dizer, não do jeito que você pensa.

-E como é que eu estou pensando? – Ela era cortante, não confiava mais em mim, aliás, nunca confiou, mas agora era diferente, me considera perigosa para todos ali.

-Não preciso ler sua mente para saber que você acha que é só eu dizer para a pessoa o que fazer que ela vai obedecer. Se fosse assim, eu já teria feito seu pai sair do comando, a Rainha Elara se matar e Maven estaria botando fogo em si mesmo, no inferno ou na Terra, eu poderia escolher. Eu preciso fazer a coisa mais desumana que alguém pode fazer para chegar nesse ponto e eu odeio fazer isso, acha que foi legal? Acha que é legal ver todas as lembranças felizes e tristes das pessoas que vasculho as mentes e sentir tudo o que elas sentiram, mas de uma vez só, Farley? Não, você não tem ideia. Não tem ideia porque eu não uso meus poderes para ficar checando se a pessoa está falando a verdade, não uso para fazer com que as pessoas tenham medo de mim e não uso meus poderes para dar ordens para ninguém.

Ela não se acanhou, mas me deixou mais espaço.

-Então o que diabos aconteceu lá?

-Eu apaguei a mente dele. Quer dizer, quase. A mente funciona de simples maneira, se você tiver uma amnésia e não se lembrar de nada, as primeiras coisas que acontecem ou te falam se tornar verdade absoluta, ou até você se lembrar de tudo, ou até você morrer. Mas eu não consigo apagar apenas partes das mentes, eu apago tudo, então antes de fazer isso, vi tudo o que o mecânico passou, e assim que apaguei, deixei ele ver partes do que eu suguei e disse para ele ajudar todos sanguenovos e refugiados que puder. Ele só obedeceu porque acha que isso sempre foi um ideal de sua vida.

-Você já usou isso quantas vezes?

-Desde que eu descobri que podia fazer isso? – Ela assentiu. –Uma vez.

Eu imediatamente me senti sugada, Farley, Mare e Kilorn brigavam enquanto decidiam o destino, Cal não queria pousar na droga de uma antiga não-mais ruina e eu queria descansar, como Cal era o que menos falava, me sentei ao seu lado na parte de controle da nave. Ficamos quietos, ele percebeu que eu estava me concentrando em algo. Eu tentava esvaziar minha mente, tentava apagar tudo o que eu vira sobre aquele homem, sobre como sua vida havia sido boa de início e como tiraram isso dele, era uma história trágica que não deveria me assustar ou me importar, mas era impossível eu ser de ferro todo segundo. Pensava no quão cruel ele acharia que minhas ações sobre suas lembranças foram cruéis, eu havia escolhido por ele que lado seguir, e não era nenhum dos pré-estabelecidos, assim como eu, que nunca quis um lado ou Cal que era de um lado e foi forçado a ir para o vazio, eu acabara de colocar mais um homem nesse buraco, e agora, depois que todos viram, eu achava que eu seria obrigada a colocar mais pessoas no vazio.

Só percebi que havia adormecido enquanto pensava, quando acordei ao lado de Shade, ele traçava círculos em meu braço distraído com algo, não percebeu que eu havia acordado e eu desejava voltar a dormir, ouvia Cal falando, mais alguns minutos e chegaríamos no destino. Não haveria mais descanso para mim. Shade agora notou meus olhos abertos e sorriu, indicando para eu continuar assim, mas Farley era impiedosa.

-Moovclaw. – Minha mente doeu ao ouvir meu sobrenome, eu levantei. –Porque não trouxe armas de fogo com você?

-Você por algum acaso acha que eu sou como você e seus amigos da Guarda? Eu não tinha ninguém a minha disposição para ajudar a pegar os pertences dos meus pais para depois usar em uma guerra e que provavelmente quando eu morrer, eles vão dizer que eu poderia ter levado menos pessoas pro tumulo se eu não tivesse pegado as porcarias das armas. Então, Farley, eu não peguei as merdas das armas.

-Mas trouxe a merda de um livro que seu pai escreveu.

Eu não pude conter meus movimentos, agarrei sua blusa e a puxei para baixo, e sem nem olhar seus olhos surpresos, enfiei minha mão no seu rosto.

O soco não fez com que ela voasse para longe, nem deveria, mas foi o suficiente para que ela calasse a boca, me sentei ao lado de Shade novamente, ele apenas segurou meu braço e voltou a fazer os círculos, tentando me acalmar, inutilmente, eu estava uma pilha de nervos.

-Se acalme de uma vez. Está fazendo com que a cabeça de todos lateje, Heliena. – Mare me disse do banco do passageiro ao lado de Cal.

Não disse nada, mas evitei pensar nas palavras de Farley.

-Shade. – Ele assentiu.

-Vamos para Coraunt. Tem um tal Nix sei lá das quantas lá. Talvez se junte a nós.

-Talvez. – Me lembrei da questão mais importante. –Mas, como vocês o acharam?

-Meu professor... Quando eu estava tentando me tornar uma princesa, ele me deu as informações, uma lista enorme de nomes. – Mare respondeu. –Dei ao comandante poucos nomes e sem nada mais, em registros todos aparecem como mortos, mesmo que eu lhes desse o local, de nada serviria.

Demoramos cerca de vinte minutos para chegar no campo Nove-Cinco que deveria ser uma ruina, mas não era mais, nada que a Guarda decidisse que seria útil, continuava como antes.

Fomos nos esgueirando pelas florestas, Coraunt beirava um rio ou riacho. Não sabia ainda, não podia ver, apenas sentia o cheiro, não muito agradável. Depois de uma briguinha infame entre Kilorn, Mare e Cal, decidimos que Cal e Mare ficariam e nós iriamos até a casa do homem. Andamos pouco até o vilarejo, eramos formas escuras no meio da neve, os guardas não muito atentos e sonolentos quase dormiam em seus postos, ou conversavam sabendo que ninguém ousaria sair de casa. Nos estreitamos por uma passagem que levava até um beco que levaria até próximo ao rio fedorento e na casa do tal Nix.

Os garotos se olharam enquanto eu simplesmente arrombava a porta, entramos rapidamente sem sermos vistos e assim que deveríamos sair. Ouvimos um barulho, provavelmente, o homem.

Shade estava alerta, segurava meu pulso e de Farley, eu segurei o de Kilorn que ficaria para trás se Shade decidisse que deveria correr. Um estralo e o homem apareceu encostado na parede ao lado da porta.

-Acho que a temos um grupo interessante aqui e acho que precisam de um abrigo. – Eu suspirei.

-Não é bem assim. – Disse imponente.

-Ah, não? – Ele sorriu. –Então o que é que vocês estariam fazendo aqui? É estranho até, passaram pelos guardas e entraram justo na minha casa. Não gosto de ter que usar força bruta, então vão embora.

-Não sem você. – Kilorn disse.

-Kilorn. – Repreendi. –Não é bem assim, temos uma proposta Nix, mas precisamos que nos acompanhe até a floresta.

-Uma proposta é? Que tipo? – Ele esbravejou.

-Só se vier conosco. – Eu disse. –O que nos diz?

Não precisei de mais, pensei instantaneamente em saltar com ele direto para lá, mas só o assustaria. Andamos devagar e no escuro com o grandalhão pançudo que Nix Marsten era, e logo chegamos a floresta. Mare estava em alerta junto com Cal, era até engraçado, mas evitei rir, conversamos e brigamos um pouco com Nix, ele se desentendeu com nossa alteza, Cal, descobrimos que ele é impenetrável e forte como um touro, quase um forçador e depois, antes de haverem mais desentendimentos e perdermos o primeiro sanguenovo que encontramos, demos a ele a escolha de nos seguir ou voltar para o quarto dele.  Parece que Nix achava que o vilarejo já havia lhe cansado o suficiente.

Ele era o primeiro a se juntar a nossa legião, uma legião solitária e única, uma parte fora da Guarda ou do Governo, eramos aqueles que queriam corrigir ambas partes.
Ele pareceu orgulhoso de se juntar a gente como ele, mas o fato de Cal nos acompanhar o deixava nervoso, pensava que ele estava no comando, tentei explicar nossa missão inicial para ele enquanto voltávamos para o Abutre, ele aceitou um pouco quieto e voltamos a voar.

Que noite feliz.



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