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História .lembre-se, amarelo lhe cai muito bem. - Não quero ser uma lembrança ruim...


Escrita por: artvopes

Capítulo 1 - Não quero ser uma lembrança ruim...


Fanfic / Fanfiction .lembre-se, amarelo lhe cai muito bem. - Não quero ser uma lembrança ruim...

Busan — 2016.03.19

Jimin enquanto cozinhava, lembrava exatamente de cada palavra que Jungkook lhe dizia: “— A cor amarelo, me faz pensar em você.”, isso era um verdadeiro enigma para si, que não entendia quando seu namorado dizia isso e bagunçava seus fios antes de levantar. 

Passava horas se olhando no espelho, tentando enxergar a cor em si, nem mesmo em seus cabelos, pois eles não eram amarelados e sim platinados. 

Todo final de tarde, Jimin preparava um jantar e o deixava posto na mesa, esperando seu namorado voltar da universidade. Mas naquele dia não foi bem assim, Jungkook não voltou. Passaram-se duas horas de atraso e nada do moreno voltar e isso passava corroer o coração do menino que já ligava inúmeras vezes para o celular do amado que nem sequer respondia. 

Tirou a mesa, e esperava por qualquer ligação de Jeon avisando que estava no ônibus, que o engarrafamento era péssimo e que estava cheio de saudade. Mas não aconteceu, cinco horas passaram no relógio e nem sequer um SMS. 

O coração do menor gelou ao ver que um número desconhecido chamava no visor de seu celular. 

Com muita relutância e ansiedade, atendeu. Bastou nem meia frase para sair de casa como um raio, sem se importar com olhares curiosos para si — Já que este, chorava e nem se importava descer a escadaria do prédio usando calças compridas de pijama. 

Seu estado piorou quando chegou na recepção do hospital, Jimin chorava e gritava em completo desespero, queria ver seu namorado ali e agora, queria abraçar Jungkook e bater nele por ele não ter sido cuidadoso e não olhado direito ao atravessar. Mas ele logo se esqueceria das broncas quando visse seus olhinhos negros, pois ele o amava e não conseguiria brigar tão seriamente com o mais novo. 

— Só um minuto senhor, se acalme, vou chamar o médico — A pobre enfermeira que fazia a oitava hora do seu turno, tentava acalmar o loirinho. 

Enfermeiros e enfermeiras tentavam acalmar o rapaz que respondia com empurrões e xingamento, mesmo que sempre fosse calmo, ele queria ver Jeon, nem que pra isso tivesse que enfrentar batalhas maiores. 

Ele prometeu a si mesmo que só se acalmaria se o verdadeiro médico que atendeu Jungkook viesse. E não tardou para isso acontecer. 

Senhor Park

O loiro não pensou duas vezes até levantar do chão onde finalmente pode se sentar e ficar longe dos olhares. 

As olheiras grossas do homem revelavam que ele passará por maus bocados naquele dia. O médico lhe aconselhou que não fizesse barulho, já que Jeon estava em uma área do hospital onde os pacientes precisavam de repouso. 

No leito branco, Jungkook dormia ligado a inúmeros aparelhos que aparentemente o mantinham vivo — Ele não poderia respirar sozinho, seu sistema respiratório havia sido prejudicado pelo atropelamento — e uma de suas pernas estava erguida, e com tala de gesso, infelizmente ele havia conseguido uma fratura exposta com o choque. 

Jimin estava nervoso, trêmulo, mas só queria encostar sua mãozinha pequena no rosto ferido de seu amado. 

Imaginou que nunca o veria daquela forma. Com cortes nos lábios, olho roxo e com o rosto ralado. Era doloroso vê-lo daquela forma, já o loiro sempre estava acostumado de ver a pele clarinha de Jeon limpa sem ferimento algum e um sorriso puro em seus lábios fininhos e a doçura em seus olhos escuros e naquele momento só havia ali seu corpo, descansando. Era impossível segurar qualquer emoção naquele instante, então ele se pôs a chorar em silêncio. 

— Tinha algumas pessoas no local, elas disseram que ele havia acabado de sair de uma briga, que acredito eu, que tenha sido desonesta — O médico dizia atrás de Park que tinha a mão do rapaz desacordado próximo aos lábios, sentindo e passando calor. 

— Como assim doutor? 

— Foram três rapazes de acordo com as testemunhas, duas delas falaram que foi por conta da sexualidade dele — O homem dizia, enquanto o loiro apenas olhava triste para seu amado. 

O médico pediu licença e se retirou. Deixando Park e Jeon juntos ali. 

Droga amor… você nunca reage, porque logo agora decidiu enfrentar? — Ele sabia que não teria resposta mas mesmo assim continuou ali. 

Acariciava os fios negros de Jungkook que nem se movia, apenas seu tórax por conta da respiração. Jimin prometeu que ficaria ali até que o mesmo acordasse bem e pudessem voltar juntos para casa. 

Seis meses depois… 

— Jimin para de insistir, ele não abriu os olhos até agora, acha mesmo que ele vai sobreviver a isso? — Taemin dizia assistindo Jimin arrumar suas roupas numa mochila. 

Exatos seis meses que o loiro havia praticamente se mudado para o hospital central de Busan, e seus fios não estavam mais loiros, havia desleixado com isso de descolorir as raízes. Ele estava mais preocupado em estar no quarto quando Jeon finalmente acordar. 

— Hyung eu sou tudo o que ele tem, eu não vou abandoná-lo — Todos podiam perceber que Jimin não estava mais vivendo para si, desde o acidente, Jungkook havia se tornado as máquinas que o mantinham vivo. 

Suas olheiras eram gritantes, ele não dormia adequadamente, adquirira Insônia, o sofá do quarto havia virado sua cama. Ele assistia todos os dias às enfermeira alimentarem Jeon por uma sonda, e tentava ajudar os homens a darem banho no rapaz que não podia se mover sozinho. 

Toda essa carga era pesada demais para o garoto apaixonado. E seus amigos, pais e irmão viam o corpo saudável dele se deteriorando aos poucos assim como seu psicológico. 

— Os pais do Jeon me disseram para avisar você, por isso estou aqui — E pela primeira vez, Park desviou sua atenção das roupas para o amigo. 

— Avisar o que? — O tom de voz se elevou. — Aquelas pessoas não são a família dele, eu sou. 

— Jimin, eles o puseram no mundo, o criou, eles são responsáveis pelo corpo dele — Taemin sabia que tratar Jungkook como um cadáver feria o menor. 

— Jungkook está vivo, pare de chamar ele dessa forma! 

O moreno respirou fundo. — Os pais do Jeon vão desligar os aparelhos que o mantém respirando. 

E-Eles não podem fazer isso… J-Jungkook está vivo, eu sei, o coração dele bate acelerado quando eu o beijo antes de dormir… ele tá preso só isso — O rapaz deixou a mochila de lado, chorando a procura das chaves para sair. 

— Ele tá morto Jimin, ele não vai mais acordar — O moreno tentava impedir que o baixinho saísse. 

— Eu quero que você e a família Jeon vão pro inferno, vocês vão assassinar Jungkook — Empurrou o moreno partindo para o hospital. 

Todos os recepcionistas, enfermeiras, médicos o conheciam. Sabia que seu desespero — Que era quase semelhante ao primeiro dia ali — tinha motivo, todos entendiam que Jimin precisava estar lá quando o doutor removesse os tubos de Jungkook. E assim que o baixinho saiu do elevador, se deparou com um homem alto usando terno caro, frente ao quarto do seu amado. Seu peito se apertou e suas pernas falharam.

Era tarde. Jungkook não estava mais ligado às máquinas, seu coração não baterá mais e seu corpo não será mais quente. O homem passou por Jimin inexpressivo, podia sentir a carga pesada que estava presa a ele. Jeon, pai de Jungkook nunca o tratou como filho, e não seria no seu leito que ele começaria amá-lo. 

Ainda se arrastando pelas paredes, Jimin, frágil e debilitado chegou próximo ao seu amado que ainda era cuidado pelos enfermeiros que tiravam delicadamente os tubos, que assim que perceberam sua presença, deixaram Jungkook consigo. 

M-Me desculpa… eu não estava aqui… me perdoa por favor — Implorava, com o rosto no pescoço de Jeon. 

A pele do menino estava cicatrizada. Ele parecia vivo, suas bochechinhas rosadas aparentemente saudáveis, mas seu coração não respondia mais, ele não respirava. 

Ele lutou para continuar deitado nos braços de Jungkook e implorou para alguém o levar junto do corpo pois Jimin se sentia assim, sem vida, morto. 

Mas eles não o levaram. Deixando-o jogado no corredor do hospital, chorando até não sentir mais líquido algum em seu corpo, sua mente gritava, mandava ele pular do terraço. Mas seu corpo frágil não conseguia nem se manter em pé, Jimin estava péssimo, sua saúde não existia mais, seu amor, seu ânimo de viver não estava mais consigo. O baixinho estava pouco se fodendo se respirava, ele não tava mais ligando. 

Se arrastou entre as pessoas numa lentidão, até chegar em seu apartamento onde Jimin apenas se deitou no sofá de qualquer jeito, caindo no choro novamente. Sentia seu estômago revirar, seu peito ficar apertado e sua respiração ficar descompassada. Ele não queria ajuda, morrer ali era sua única esperança. 

Mas viu um papel escapar da mochila que havia esquecido na pressa, engatinhando até o papel, o pegou e antes que pudesse perguntar o que era aquilo percebeu que era a caligrafia de Jungkook. 

Amarelo é quente, é vivo, significa uma mistura de emoções. Por isso eu sempre me lembro de você quando penso na cor, você é o meu Sol, que me aquece e me faz feliz quando estou nublado. 

Amo chegar da aula e te encontrar sorridente por ter aprendido uma nova receita. Amo ouvir sua voz doce durante o banho.

 Seu corpo é como uma estrada que eu amo e decorei de cor, seu coração é como a lua, que eu habitei e ninguém pode me tirar. 

Em suas lembranças eu sempre vou estar vivo, mas não quero que me torne um mártir, me torne em uma lembrança boa. Viva, aproveite o que seja bom. 

Não apague sua luminosidade, não deixe seu brilho morrer como os das estrelas mortas no escuro do espaço

Eu te amo Park Jimin, obrigado,  eu sou o homem mais feliz do mundo. 

E lembre-se, amarelo lhe cai muito bem. 

De: Jeon Jungkook

2016.03.19

Park respirou fundo antes de sentir o peso em seu peito sair. 


Notas Finais


• até...


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