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História Lendo Harry Potter - O vidro que sumiu


Escrita por: MissLestranges e foreveryoung-

Notas do Autor


Não se esqueçam de olhar os comentários, haverão fotos de quem é quem na fic.

O do gif do capitulo é Hugo Weasley, sempre terá um gif no capitulo de quem estiver lendo o livro no cap.

Boa leitura...

Capítulo 4 - O vidro que sumiu


Fanfic / Fanfiction Lendo Harry Potter - O vidro que sumiu

No capitulo anterior...

Todos os jovens do passado já estavam bem próximos dos jovens do futuro. Freya havia feito amizade com Loren e Scorpius. Embora gostasse mais de Scorpius, havia gostado muito de Loren também. E por incrível que pareça, fez amizade com Rose Weasley também, afinal de contas, nem todos os Weasley’s pareciam tão chatos como a mesma previu. Logo, todos saiam de seus quartos e abriram as portas e logo a sala voltava ao normal. Um circulo marcava o local, com muitas cadeiras em volta e uma no meio, quem sentasse no meio deveria ser o próximo a ler o livro. O período de uma semana que Dumbledore deu, havia passado e agora todos se preparavam para continuar a ler os livros, que tanto os chocaram. Cada um se sentava ao lado de seus parentes.

- Quem será o próximo a ler? – perguntou Dumbledore, quando todos já se sentavam.

- Eu – pediu Hugo Weasley indo se sentar na cadeira do meio e logo o livro flutuava em suas mãos – Capitulo 2 - O vidro que sumiu

- Que vidro que sumiu? – perguntou Cedrella curiosa.

- Já vamos descobrir – disse Hugo apenas e todos lhe fitaram curiosos.

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Uma semana havia se passado desde o dia em que Dumbledore pediu que cada um dos mencionados na leitura, se reunissem a seus familiares para conhece-los melhor. Em uma semana, muita coisa mudou. Cedrella e Septmus Weasley agora eram namorados e estavam cada vez mais próximos um do outro. Dorea e Charlus também estavam em clima de romance, mas os dois jovens que antes de começarem a ler os livros se falavam pouco, diziam que agora eram apenas bons amigos e viviam grudados juntos. Três Dias após Cedrella e Septmus começarem a namorar, Callidora e  Harfang também assumiram um namoro e agora viviam juntos. Freya por sua vez não parava de pensar em Tom Riddle e no que ela faria para evitar que ele fosse destruído por um simples bebê. Agora todos se juntavam para ler mais um capitulo daquele livro, que chocara a todos.

Quase dez anos haviam se passado desde que os Dursley acordaram e encontraram o sobrinho no batente da porta, mas a Rua dos Alfineiros não mudara praticamente nada. O sol nascia para os mesmos jardins cuidados e iluminava o numero quatro de bronze á porta de entrada dos Dursley,

- Que demora para dizer como o Harry está! - se irritou Freya e todos a encararam surpresos e ela apenas revirou os olhos.

- Desde quando você tem sentimentos, a ponto de se importar com um Potter? - provoca Charlus surpreso com a atitude da garota.

- Desde quando esse Potter é diferente de você e foi criado pelo pior tipo de trouxas - disse Freya revirando os olhos e logo Hugo continuou a leitura.

e penetrava sorrateiro a sala de estar, que continuava quase igual ao que fora na noite em que o Sr. Dursley, ouvira a funesta noticia sobre as corujas.

Somente as fotografias sobre o console da lareira mostravam o tempo que já passara. Dez anos antes havia uma porção de fotografias de uma coisa que parecia uma grande bola de brincar na praia, usando diferentes chapéus coloridos, mas Duda Dursley não era mais bebê, e agora as fotografias mostravam um menino grande e louro na primeira bicicleta, no carrossel de uma feira, brincando com o computador do pai, recebendo um beijo e um abraço da mãe. A sala não continha nenhuma indicação de que havia, outro menino na casa.

- Isso é bom! Talvez ele não esteja mais lá - disse Callidora esperando que Harry tivesse sido criado por outras pessoas sem ser aqueles trouxas. Já havia se apegado ao garoto.

- Eu não teria tanta esperança se fosse você - disse Loren, já sabendo o que aconteceria a seguir.

No entanto Harry Potter continuava lá, no momento adormecido, mas não por muito tempo. Sua tia Petúnia acordara e foi sua voz aguda que produziu o primeiro ruído do dia.

— Acorde! Levante-se! Agora!

- Não é assim que se acorda uma criança! - se irritou Hanna e Dorea e Charlus tiveram que concordar com ela.

Harry acordou assustado. A tia bateu à porta outra vez.

— Acorde! – gritou.

Harry ouviu-a caminhar em direção à cozinha e em seguida uma frigideira bater no fogão. Virou-se de costas e tentou se lembrar do sonho em que estava. Era um sonho gostoso. Havia uma motocicleta. Tinha a estranha sensação que já vira esse sonho antes.

A tia voltara à porta.

— Você já se levantou? — perguntou.

— Quase — respondeu Harry.

— Bem, ande depressa, quero que você tome conta do bacon. E não se atreva a deixá-lo queimar. Quero tudo perfeito no aniversário de Duda.

- COMO ASSIM ELA TRATAVA MEU NETO COMO UM ELFO? QUEM ESSA DONINHA TROUXA PENSA QUE É? - berrou Dorea revoltada, já se encontrava de pé com um olhar assassino, fazendo muitos rirem maliciosos. Charlus estava surpreso, também estava revoltado com tudo aquilo, mas ver Dorea assumindo que é avó de Harry e defende-lo com tanto fervor, era algo novo para ele e ele estava adorando aquilo.

- Hum, está apaixonada pelo Potter? Que casalzinho mais cafona! - riu Freya fazendo mais uma de suas típicas piadinhas, adorava implicar com Dorea e Charlus.

- FREYA! - a repreendeu Scorpius e logo a garota se calou. Gostava de Scorpius, não queria brigar com o bisneto.

- Que é? Eu não vou pedir desculpa - disse Freya fazendo uma cara emburrada, vendo Scorpius e Loren lhe fitarem, sérios.

- Nós pedimos por ela - disse Loren fitando Dorea e Charlus, que sorriram para eles e disseram um " Tudo bem " .

Harry gemeu.

— Que foi que você disse? — perguntou a tia com rispidez.

— Nada, nada...

O aniversário de Duda — como podia ter esquecido? Harry levantou-se devagar e começou a procurar as meias. Encontrou-as debaixo da cama e depois de retirar uma aranha de um pé, calçou-as.

- Alguém disse aranha? - perguntou Cedrella com pavor, sempre teve medo de aranhas. Todos riram.

Harry estava acostumado com aranhas, porque o armário sob a escada vivia cheio delas e era ali que ele dormia.

- Como assim ele vivia em um armário? - dessa vez foi Freya a se revoltar, surpreendendo a todos.

- Apegada ao meu neto, Parkinson? - perguntou Dorea tentando provoca-la. Nunca foi segredo para ninguém que as duas não se suportavam, desde que Dorea chegou em Hogwarts, Freya implicava com ela, a chamando de traidora de sangue.

- NUNCA! - Freya disse em um tom de voz alterado. Nunca em sã consciência admitiria gostar de um bisneto de sua inimiga mortal.

Já vestido saiu para o corredor que levava à cozinha. A mesa quase desaparecera tantos eram os presentes de aniversário de Duda. Pelo que via, Duda ganhara o novo computador que queria, para não falar na segunda televisão e na bicicleta de corrida. Para o quê exatamente, Duda queria uma bicicleta de corrida era um mistério para Harry, porque Duda era muito gordo e detestava fazer exercícios — a não ser, é claro, que envolvessem bater em alguém.

- Que ele não tenha batido em você pro bem dele - ralhou Charlus irritado e com receio do bisneto apanhar do primo.

O saco de pancadas preferido de Duda era Harry

Charlus e Dorea fecharam as mãos em punhos e ao verem que fizeram o mesmo gesto, coraram.

mas nem sempre Duda conseguia pegá-lo. Harry não parecia, mas era muito rápido.

- Puxou ao avô - disse Charlus orgulhoso, estufando o peito.

Talvez fosse porque vivia num armário escuro, mas Harry sempre fora pequeno e muito magro para a idade. Parecia ainda menor e mais magro do que realmente era porque só lhe davam para vestir as roupas velhas de Duda e Duda era quatro vezes maior do que ele.

- Isso é um absurdo! Nem roupas davam para ele? - reclamou Eileen que até entao não tinha se pronunciado. Estava chocada demais com aquele livro e sentia muita pena de Harry Potter.

Harry tinha um rosto magro, joelhos ossudos, cabelos negros e olhos muito verdes. Usava óculos redondos, remendados com fita adesiva, por causa das muitas vezes que Duda socara no nariz. A única coisa que Harry gostava em sua aparência era uma cicatriz fininha na testa que tinha a forma de um raio. Existia desde que se entendia por gente e a primeira pergunta que se lembrava de ter feito à tia Petúnia era como a arranjara.

— No desastre de carro em que seus pais morreram — respondera ela. — E não faça perguntas.

- Em primeiro lugar, ele tem que fazer perguntas, é uma criança - resmungou Minerva em um tom de repreensão.

- E em segundo lugar, que tipo de bruxo morreria em um acidente de carro? - completou Freya balançando a cabeça negativamente.

Não faça perguntas — esta era a primeira regra para levar uma vida tranquila como os Dursley.

- Eles criaram Harry muito mal, ELE TEM QUE FAZER PERGUNTAS - se revoltou Dorea e todos concordaram com ela.

Dumbledore se perguntava como deixara Harry ser criado justo por aquela família, qualquer trouxa seria melhor que eles. Ele realmente não entendia seu eu do futuro.

Tio Válter entrou na cozinha quando Harry estava virando o bacon.

— Penteie o cabelo — mandou, a guisa de bom-dia.

- Se o cabelo dele for como o do Charlus... - começou Septmus sorrindo maroto.

- Será impossível! - completou Charlus bagunçando os próprios cabelos.

Mais ou menos uma vez por semana, tio Válter espiava por cima do jornal e gritava que Harry precisava cortar os cabelos.

Harry deve ter feito mais cortes que o resto dos meninos de sua classe somados, mas não fazia diferença, seus cabelos simplesmente cresciam daquele jeito — para todo lado.

Harry estava fritando os ovos na altura em que Duda chegou à cozinha com a mãe. Duda se parecia muito com o tio Válter. Tinha um rosto grande e rosado, pescoço curto, olhos azuis pequenos e aguados e cabelos louros muito espessos e assentados na cabeça enorme e densa.

Tia Petúnia dizia com frequência que Duda parecia um anjinho — Harry dizia com frequência que Duda parecia um “porco de peruca”.

Todos até mesmo Freya, riram com tal comentário.

Harry pôs os pratos de ovos com bacon na mesa, o que foi difícil porque não havia muito espaço. Entrementes, Duda contava os presentes. Ficou desapontado.

— Trinta e seis — disse, erguendo os olhos para o pai e a mãe a — Dois a menos do que no ano passado.

— Querido, você não contou o presente de tia Guida, e aqui está um grandão do papai e da mamãe, está vendo?

— Está bem, então são trinta e sete — respondeu Duda ficando vermelho. Harry, percebendo que Duda estava preparando um acesso de raiva começou a engolir seu bacon o mais depressa possível caso o primo virasse a mesa.

Tia Petúnia obviamente também sentiu o perigo, porque na hora disse:

— E vamos comprar mais dois presentes para você hoje. Que tal fofinho? Mais dois presentes está bem assim?

- E ela ainda mima o garoto - reclamou Hanna.

Duda pensou um instante. Pareceu um esforço enorme. Finalmente responde hesitante:

— Então vou ficar com trinta... Trinta...

— Trinta e nove, anjinho — disse tia Petúnia.

- Ele tem uma inteligência invejável... - diz Callidora irônica e todos concordaram.

— Ah. — Duda largou-se na cadeira e agarrou o pacote mais próximo. — Então, está bem.
Tio Válter deu uma risadinha.

— O baixinho quer tudo a que tem direito, igualzinho ao pai. É isso ai, garoto! — e arrepiou os cabelos de Duda com os dedos.

- Ele ainda incentiva - reclamou Callidora revirando os olhos.

Naquele instante o telefone tocou e tia Petúnia foi atendê-lo, enquanto Harry e tio Válter assistiam Duda desembrulhar a bicicleta de corrida, a câmara de filmar, um aeromodelo com controle remoto, dezesseis jogos de computador e um gravador de vídeos. Estava rasgando a embalagem de um relógio de ouro quando tia Petúnia voltou do telefone parecendo ao mesmo tempo zangada e preocupada.

— Más noticias, Válter a Sra. Figg fraturou a perna. Não pode ficar com ele. — e indicou Harry com a cabeça.

Duda boquiabriu-se de horror, mas o coração de Harry deu um salto. Todo ano, no aniversário de Duda, os pais dele o levavam para passar o dia com um amiguinho em parques de aventuras, lanchonetes ou no cinema. Todo ano deixavam Harry com a Sra. Figg, uma velha maluca que morava ali perto. Harry detestava o lugar. A casa inteira cheirava a repolho e a Sra. Figg lhe mostrava fotografias de todos os gatos que já tivera.

— E agora? — perguntou tia Petúnia, olhando furiosa para Harry como se ele tivesse planejado tudo. Harry sabia que devia sentir pena da Sra. Figg que quebrara a perna, mas não era fácil quando lembrava que ia passar um ano sem ter que olhar para o Tobias, o Néris, Seu Patinhas e o Pompom outra vez.

— Poderíamos ligar para a Guida — sugeriu tio Válter.

— Não diga bobagem, Válter, ela detesta o menino.

Com frequência, os Dursley falavam de Harry assim, como se ele não estivesse presente, ou melhor, como se ele fosse alguma coisa muito desprezível que não conseguisse entendê-los, como uma lesma.

— E aquela sua amiga, como é mesmo o nome dela, Ivone?

— Está passando férias em Majorca — respondeu Petúnia, com rispidez.

— Vocês podiam me deixar aqui — arriscou Harry esperançoso (ele poderia assistir ao que quisesse na televisão para variar e, quem sabe, até dar uma voltinha no computador de Duda).

Tia Petúnia parecia que tinha engolido um limão.

— E quando voltarmos, encontrar a casa destruída? — rosnou.

- Conhecendo a fama dos Potter é bem capaz - disse Julius sorrindo maroto e todos menos Freya riram. Ela não gostava de Charlus, nunca gostara e não seria agora que entraria para o time do bem do mesmo e começaria a rir com ele, como se fossem amiguinhos de longa data.

— Não vou explodir a casa — prometeu Harry, mas os tios não estavam mais escutando.

— Talvez pudéssemos levá-lo ao zoológico — disse tia Petúnia lentamente — e deixá-lo no carro.

— O carro é novo. Não vou deixá-lo sentado no carro sozinho.

Duda começou a chorar alto. Na realidade não estava chorando, fazia anos que não chorava de verdade, mas sabia que se fizesse cara de choro e gritasse a mãe lhe daria o que quisesse.

- Que garoto mimado - reclamou Freya.

— Dudinha, querido, não chore, mamãe não vai deixar ele estragar o seu dia! — exclamou abraçando-o.

- É capaz de vocês estragarem o dia dele - disse Callidora de braços cruzados.

— Não... Quero... Que... Ele... Vá! — Duda berrou entre grandes soluços fingidos — Ele sempre estraga tudo! — E lançou um riso maldoso por entre os braços da mãe.

Naquele instante a campainha tocou.

— Ah, meu Deus, são eles chegando! — disse tia Petúnia nervosa um minuto depois, o melhor amigo de Duda, Pedro entrou acompanhado da mãe. Pedro era um menino magricela, com cara de rato. Em geral era quem segurava por trás os garotos enquanto Duda batia neles. Na mesma hora Duda parou de fingir que estava chorando.

Meia hora depois, Harry, que não conseguia acreditar em sua sorte, estava sentado no banco traseiro do carro dos Dursley, com Pedro e Duda a caminho do jardim zoológico, pela primeira vez na vida. O tio e a tia não tinham conseguido pensar no que fazer com ele, mas antes de saírem, tio Válter puxara Harry para o lado.

— Estou lhe avisando — disse, aproximando a cara grande e vermelha de Harry — Estou-lhe avisando, moleque, a primeira gracinha que fizer, a primeira, vai ficar preso naquele armário até o Natal.

— Não vou fazer nada — disse Harry — juro...

Mas tio Válter não acreditou nele. Ninguém nunca acreditava.

O problema era que sempre aconteciam coisas estranhas à volta de Harry e simplesmente não adiantava dizer aos Dursley que não era sua culpa.

Uma vez tia Petúnia, cansada de ver Harry voltar do barbeiro como se não tivesse estado lá, apanhara uma tesoura de cozinha e cortara o cabelo dele tão curto que o deixara quase careca, exceto por uma franja, que ela deixou, para esconder aquela cicatriz horrorosa. Duda morrera de rir de Harry, que passou à noite acordado imaginando como que seria a escola no dia seguinte, onde já riam dele por causa das roupas folgadas e dos óculos emendados com fita adesiva. Na manha seguinte, porém, quando se levantou os cabelos estavam exatamente como eram antes de tia Petúnia cortá-los. Tinham-no deixado preso uma semana no armário por causa disso, apesar de sua tentativa de explicar que não saberia explicar como é que os cabelos tinham crescido tão depressa.

Outra vez, tia Petúnia tentara obrigá-lo a vestir um macacão velho de Duda (marrom com pompons cor de laranja). Quanto mais tentava enfiá-lo pela cabeça dele, tanto menor o macacão ficava, até que finalmente parecia feito para um fantochinho de dedo, e com certeza não ia servir para o Harry. Tia Petúnia concluiu que devia ter encolhido na lavagem e Harry, para seu grande alivio, não foi castigado.

Por outro lado, ele se metera numa grande encrenca quando o encontraram no telhado da cozinha da escola. A turma de Duda o estava perseguindo, como sempre, e tanto para surpresa de Harry quanto dos outros, ele apareceu sentado na chaminé. Os Dursley receberam uma carta muito zangada da diretora de Harry, contando que Harry andara escalando os prédios da escola. Mas só o que tentara fazer (conforme gritou para tio Válter através da porta trancada do armário) fora saltar para trás das grandes latas de lixo da porta da cozinha. Harry supunha que o vento devia tê-lo apanhado na hora em que saltou.

- Ele aparatou? - perguntou Charlus surpreso, mas ninguém soube responder.

Mas hoje nada ia dar errado. Valia até a pena estar em companhia de Duda e Pedro para passar o dia em outro lugar que não fosse à escola, o armário, ou a sala com cheiro de repolho da Sra. Figg.

Enquanto dirigia, tio Válter se queixava à tia Petúnia. Ele gostava de se queixar de tudo: das pessoas no trabalho, de Harry, do conselho, de Harry. O banco e Harry eram seus dois assuntos preferidos. Esta manhã eram as motocicletas.

- O que tem de errado com motocicletas? - perguntou Freya sem entender.

— ... Roncando pelas ruas como loucos, os arruaceiros — disse, quando uma moto emparelhou com eles.

— Tive um sonho com uma motocicleta — falou Harry, lembrando-se de repente — Ela voava.

Tio Válter quase bateu no carro da frente. Virou-se para trás e gritou com Harry, seu rosto parecendo uma beterraba gigante e bigoduda:

— MOTOCICLETAS NÃO VOAM!

- A do meu avô voava, eu vivia dando umas voltas nela com meu avô - disse Freya com um olhar sonhador, fazendo todos lhe olharem surpresos.

Duda e Pedro deram risadinhas.

— Sei que não voam — respondeu Harry — Foi só um sonho.

 

Mas desejou que não tivesse dito nada. Se havia uma coisa que os Dursley detestavam mais do que as suas perguntas, era quando falava de coisas que faziam o que não deviam, não interessava se era sonho ou desenho animado, pareciam pensar que ele poderia arranjar ideias perigosas.

- Conhecendo Charlus Potter não é necessário desenho animado ou um sonho para ter ideias perigosas - riu Julius, sendo acompanhado pelos amigos.

Era um sábado muito ensolarado e o zoológico  estava cheio de famílias. Os Dursley compraram grandes sorvetes de chocolate para Duda e Pedro à entrada e, então, porque a mulher sorridente na carrocinha perguntara o que Harry ia querer antes que pudessem afastá-lo depressa dali, eles lhe compraram um picolé barato de limão. Não era ruim, Harry pensou, lambendo-o enquanto observavam um gorila que coçava a cabeça e se parecia demais com Duda, exceto pelos cabelos que não eram louros.

Todos riram.

Harry passou a melhor manhã que já tivera em muito tempo.

Cuidou de andar um pouco afastado dos Dursley, de modo que Duda e Pedro, que ali pela hora do almoço estavam começando a se chatear com os bichos, não recaíssem no seu passatempo favorito de bater no primo. Almoçaram no restaurante do zôo e quando Duda teve um acesso de raiva porque seu sorvetão não era bastante grande, tio Válter comprou-lhe outro e deixou Harry terminar o primeiro.

Depois Harry achou que devia ter adivinhado que estava bom demais para durar muito tempo.

Terminado o almoço foram visitar o alojamento dos répteis.

Era fresco e escuro ali, com quadrados iluminados ao longo das paredes. Por trás dos vidros, rastejavam e deslizavam em pedaços de pau e em pedras todos os tipos de cobras e lagartos. Duda e Pedro queriam ver as enormes cobras venenosas e as grossas pítons que esmagavam um homem. Duda logo encontrou a maior cobra que havia. Poderia dar duas voltas no carro de tio Válter e amassá-lo até reduzi-lo ao tamanho de uma lata de lixo, mas naquela hora ela não estava disposta a fazer nada. Na realidade, estava dormindo a sono solto.

 

Duda parou, o nariz comprimido contra o vidro, observando as espirais marrons e reluzentes.

 

— Faz ela se mexer — choramingou para o pai. Tio Válter bateu no vidro, mas a cobra no se mexeu.

 

— Faz outra vez — mandou Duda. Tio Válter bateu no vidro com os nós dos dedos, mas a cobra continuou dormindo.

— Que chato — queixou-se Duda. E saiu arrastando os pés, Harry veio se postar na frente do tanque e estudou a cobra com atenção. Não se admiraria se a própria cobra morresse de tédio. Não tinha companhia a não ser aquela gente idiota que batucava no vidro, tentando incomodá-la o dia inteiro. Era pior do que ter um armário por quarto, onde a única visita era a tia Petúnia esmurrando a porta para acordá-lo, mas ao menos ele podia visitar o resto da casa.

- Como ele pode ser tão positivo depois de tudo que viveu? - perguntou Eillen admirada com o menino Potter.

A cobra inesperadamente abriu os olhos, que pareciam contas.

Devagarinho, muito devagarinho, levantou a cabeça até seus olhos chegarem ao nível dos de Harry.
E piscou.

Harry arregalou os olhos. E olhou depressa a toda volta para ver se havia alguém olhando. Não havia. E retribuiu o olhar da cobra, piscando também.

A cobra acenou com a cabeça na direção de tio Válter e de Duda, depois levantou os olhos para o teto. Lançou um olhar a Harry que dizia com todas as letras:

— “Isso é o que me acontece o tempo todo”.

— Eu sei — murmurou Harry pelo vidro, embora não tivesse muita certeza se a cobra poderia ouvi-lo — deve ser bem chato.

- Ele pode falar com as cobras? - perguntou Freya espantada.

Todos pareciam espantados com tal possibilidade, como seria possível?

A cobra concordou com um aceno de cabeça enfático.

— Mas de onde é que você veio? — perguntou Harry.

A cobra apontou com o rabo uma placa próxima ao vidro.

Harry espiou.

— Boa Constrictor, Brasil, era bom lá?

A jibóia apontou novamente a placa com o rabo e Harry leu:

“Este espécime nasceu em cativeiro”.

— Ah, entendo, então você nunca esteve no Brasil?

A cobra sacudiu a cabeça, mas um grito ensurdecedor atrás de Harry fez os dois pularem:

— DUDA! SR. DURSLEY! VENHAM VER ESSA COBRA! VOCÊS NÃO VÃO ACREDITAR NO QUE ESTÁ FAZENDO!

Duda veio bamboleando até onde o amigo estava o mais depressa que pôde.

— Cai fora — falou dando um soco nas costelas de Harry.

Apanhado de surpresa, Harry caiu com força no chão de concreto.

O que se passou em seguida aconteceu tão depressa que ninguém viu como foi: num segundo, Pedro e Duda estavam encostados no vidro, no segundo seguinte, estavam saltando para trás soltando uivos de terror.

- Mereceram - comentou Minerva rindo, surpreendendo a todos, já que ela sempre foi rígida e severa demais - Que foi? O garoto mereceu - ela disse revirando os olhos e todos riram.

Harry sentou-se e parou de respirar: o vidro da frente do tanque da jibóia tinha sumido. A grande cobra se desenrolou depressa e escorregou pelo chão, as pessoas no alojamento dos répteis gritaram e começaram a correr para as saídas.

Quando a cobra passou rápido por ele, Harry poderia jurar que uma voz baixa e sibilante tinha dito: "Brasil, aqui vou eu... Obrigado, amigo”.

- Ele é um ofidioglota! - se surpreendeu Charlus.

- Só bruxos das trevas são ofidioglotas - disse Harfang em um tom acusador.

- Meu neto não é um bruxo das trevas! - se irritou Dorea, defendendo o bisneto.

- Isso não é verdade, nem todos os ofidioglotas são bruxos das trevas - disse Freya em um tom indignado, mas logo viu todos lhe fitarem em um olhar interrogativo - Eu só sei que nem todos os ofidioglotas são bruxo das trevas, não vou falar mais nada do que isso - ela respondeu com um ar misterioso. Scorpius e Loren que eram os únicos a saberem do segredo da garota, trocaram olhares.

- O tio Harry quando derrotou Voldemort ainda bebê, passou a possuir os mesmos poderes que ele e Voldemort era ofidioglota e descendente direto de Salazar Slytherin - explicou Rose, fazendo todos suspirarem mais aliviados.

O zelador do alojamento dos répteis ficou em estado de choque.

— Mas o vidro — ele não parava de repetir, — para onde foi o vidro?

O diretor do zôo em pessoa preparou uma xícara de chá forte para tia Petúnia enquanto se desculpava mil vezes.

Pedro e Duda só conseguiam balbuciar. Pelo que Harry vira, a cobra não fizera nada a não ser fingir abocanhar os calcanhares deles quando passou, mas quando chegaram finalmente ao carro do tio Válter, Duda estava contando que a cobra quase lhe arrancara a perna a dentadas, enquanto Pedro jurava que a cobra tentara apertá-lo até matar. Mas o pior de tudo, pelo menos para Harry, foi Pedro ter se acalmado o suficiente para perguntar:

— Harry estava conversando com ela, não estava, Harry?

- Que dedo duro - reclamou Septmus e Charlus e Julius tiveram que concordar com ele.

Tio Válter esperou até Pedro estar longe da casa para brigar com Harry, Estava tão zangado que mal podia falar. Conseguiu apenas dizer:

— Vá... Armário,... Harry... Sem comida — antes de desmontar em uma cadeira e tia Petúnia ter que correr para lhe servir uma boa dose de conhaque.

Muito mais tarde, deitado no seu armário, Harry desejou ter um relógio. Não sabia que horas eram e não tinha certeza se os Dursley já estariam dormindo. Até que estivessem, ele não poderia se arriscar a ir escondido até a cozinha buscar alguma coisa para comer.Vivia com os Dursley havia quase dez anos, dez infelizes anos, desde que se lembrava, desde que era bebê e seus pais tinham morrido naquele acidente de carro.

Dorea percebera que Charlus ficara tenso, por causa da futura morte de um filho seu e segurou sua mão, lhe dando forças. Charlus retribuiu com um sorriso.

Não conseguia se lembrar de ter estado no carro quando os pais morreram. Às vezes, quando forçava a memória durante longas horas em seu armário, lembrava-se de uma estranha visão: um lampejo ofuscante de luz verde e uma queimadura na testa.

- Será a maldição da morte? - perguntou Freya espantada, seria possível alguém resistir a um Avada Kedavra?

Isto supunha ele, era o acidente, embora não conseguisse lembrar de onde vinha toda aquela luz verde. Não conseguia lembrar nada dos pais. A tia e o tio nunca falavam neles e naturalmente tinham-no proibido de fazer perguntas. E não havia fotografias deles na casa.

Quando era mais novo Harry sonhara muitas vezes com um parente desconhecido que vinha levá-lo embora, mas isto nunca acontecera, os Dursley eram sua única família.

- Será que não existia mais ninguém? Nenhum amigo do meu filho? - perguntou Dorea aflita e logo corou ao ver que Charlus sorrira ao vê-la pela primeira vez chamar James de filho.

Ainda assim, ele achava (ou talvez fosse só uma esperança) que estranhos na rua o conheciam. E eram estranhos muito estranhos. Um homenzinho de cartola roxa se curvara para ele uma vez quando estava fazendo compras com tia Petúnia e Duda. Depois de perguntar a Harry, furiosa, se ele conhecia o homem, tia Petúnia tinha empurrado os meninos depressa para fora da loja sem comprar nada. Uma velha amalucada toda vestida de verde uma vez acenara alegremente para ele no ônibus. Um careca com um longo casaco púrpura, chegara a apertar sua mão na rua um dia desses e em seguida se afastara sem dizer nada. A coisa mais estranha nessas pessoas era a maneira com que pareciam desaparecer no instante em que Harry tentava vê-los melhor.

Na escola Harry não tinha ninguém. Todos sabiam que a turma de Duda odiava aquele estranho Harry Potter com suas roupas velhas e folgadas e os óculos remendados, e ninguém gostava de contrariar a turma do Duda.

- Não me conformo com a infância infeliz que ele deve ter tido! - reclamou Charlus, deixando uma lagrima escapar de seus olhos. Dorea correu para abraça-lo. Charlus sorriu, como precisava de um abraço naquele momento!

- Vamos ler mais? - perguntou Cedrella tentando aliviar o clima.

- Sim, ainda da tempo de ler mais um antes do almoço, quem vai agora? - perguntou Dumbledore.

- Eu - disse Albus Potter, indo se sentar na cadeira no meio e logo Hugo se sentava perto de Charlus, no lugar de Albus - Capítulo III – As cartas de ninguém.


Notas Finais


E ai? O que acharam? Comentem...


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