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História Letras, Melodias e Você - Capítulo II


Escrita por: LadyMad

Capítulo 2 - Capítulo II


Fanfic / Fanfiction Letras, Melodias e Você - Capítulo II

Já iria completar cinco dias que seu observador não aparecia na biblioteca.

Jimin rumava de volta pra a bancada após levar o livro, que acabara de ser devolvido, a seção de literatura inglesa.

— Parece que seu admirador não vai aparecer hoje também. — disse Jung Hoseok, um dos seus colegas de trabalho, do lado oposto da bancada enquanto digitava no computador.

— É, parece que não. — deixou uma risada escapar, e encostou-se contra a bancada deixando seus olhos vagarem pelo local, visualizando as poucas pessoas e constatando que o rapaz realmente não estava ali. — Ele deve está terminando o livro, ou sei lá.

— Livro? Ele nunca leva nada, só fica horas aqui te encarando "disfarçadamente". — riu, fazendo aspas com os dedos.

Na verdade o garoto não era assim tão óbvio, algumas vezes ele realmente aparecia com outro propósito além de observar Jimin, como quando passava um bom tempo reescrevendo informações de algum livro em seu caderno, ou em raras vezes que apenas escolhia um livro e lia, pelo menos era o que aparentava pois ele nunca o pegava emprestado ou lia novamente no dia seguinte.

E com o tempo se passando, Hoseok começou a prestar atenção no estranho rapaz, percebendo assim esses detalhes e os olhares constantes direcionados ao seu amigo.

Costumava fazer apostas mentais de quanto tempo o garoto ainda iria demorar até resolver falar algo com Jimin.

— Eu emprestei um livro para ele.

— Emprestou, é? Então ele finalmente conseguiu ir falar com você? Foi mais rápido do que eu esperava, já faz tanto tempo que até já estava achando que ele nunca iria conseguir.

— Não exagera, — riu, virando para olhar o amigo. — não passou tanto tempo assim.

Jimin também havia percebido o garoto, afinal não é tão difícil perceber alguém o olhando constantemente. Ele aparecia sempre por voltas das duas da tarde, e costumava ficar até às quatro, algumas vezes ficava por menos tempo, exceto nas quintas-feiras onde deixava a biblioteca apenas após ouvir a leitura do livro que costumava ler para as crianças toda semana.

Nesses dias era quando sentia ainda mais o olhar sobre si, ele não se incomodava em tentar disfarçar nesses dias, talvez achasse que com a atenção de Jimin voltada para o livro e os pequenos ouvintes, passava despercebido, ou apenas não se importava em ser pego.

— Claro que passou, tem tipo — parou fazendo uma espécie de conta mental — um mês? Ou quase isso. Mas, e ai, o que ele disse? — se debruçou sobre o balcão apoiando os cotovelos, e a cabeça em suas mãos, estava extremamente curioso sobre o observador de Jimin.

— Hum... na verdade foi algo bem... estranho, não muito comum, pode-se dizer.

— Como assim?

— Ele veio me perguntar sobre que tipo de música eu escuto. — disse, assistindo o amigo rir, mais do que o necessário, bem típico de Hoseok, atraindo atenção dos presentes, se deu conta cessando o riso e gesticulando algo como forma de desculpas.

— Esse garoto é realmente interessante, estranho, mas interessante.

— Ele disse algo como o gosto musical dizer muito sobre a pessoa.

— Hm, isso me lembra algo que eu li em algum livro.

— Me lembrou A Playlist de Hayden, a frase na própria capa do livro, achei que tinha referência, só que ele não conhecia o livro, então eu emprestei para ele.

— Estranho... E depois? — voltou a se jogar no balcão com um sorriso no rosto, estava ainda mais interessado em tudo.

— Depois nada, deixei o livro e fui embora. — deu de ombros.

— Jimin!! — exclamou como em forma de repreensão ao amigo.

— O quê? O que esperava que eu fizesse?

— Sei lá, descobrisse mais sobre ele, pegasse o telefone, qualquer coisa. Perguntou ao menos o nome do menino?

— Hoseok, pra que eu iria querer saber algo sobre ele? Eu nem o conheço, e não é como se eu quisesse, não estamos em um de seus livros de mistério. — Hoseok revirou os olhos.

— Você é muito chato, Jimin, o menino está admirando sua beleza à distância faz semanas, não custava nada descobrir um pouco mais sobre ele — foi a vez de Jimin revirar os olhos. — e também, ele é bem bonitinho. — piscou para o amigo sorrindo de lado, vendo-o bufar e revirar os olhos novamente.

— Isso não importa, Hoseok, para com isso, você sabe.

— Ok, ok, parei. — ergueu as mãos até a altura do peito em forma de rendição. — O que pretende fazer quando, se, ele voltar para devolver o livro?

— Pegar o livro de volta? — disse como se não fosse algo óbvio, o rosto do amigo adquiriu uma expressão irritada. — Ora, o que foi? — disse contendo uma risada.

— Eu desisto de você. — bufou voltando a digitar no computador, Jimin riu.

Não é como se ele tivesse que fazer algo além disso.

 

(...)

 

Era quinta-feira, e como toda quinta-feira Jimin se reuniu mais uma vez com os pequeninos que iam a biblioteca para ouvi-lo ler mais um livro.

Jimin gostava de fazer aquilo, adorava as crianças, e fazia aquilo com o principal intuito de faze-las se encantar ainda mais pelo mundo da literatura, com isso acabou conseguindo a permissão para tirar algumas horas toda quinta para ler para os pequenos.

Terminava de se despedir de todos, podia sentir alguém o observando o tempo todo, o garoto havia aparecido Já estava começava a cogitar se deveria realmente acreditar nas palavras de Hoseok, de que o garoto não teria coragem de aparecer novamente, mas ali estava ele.

Se despediu da última criança e sentou-se novamente, dessa vez não pegou um livro na mochila como sempre fazia, dessa vez devolveu o olhar do garoto, e esperou até que ele fizesse algo.

O menino curvou os lábios em um meio sorriso, se levantou e começou a caminhar na direção da mesa em que Jimin estava.

— Oh, você voltou! —  disse assim que ele se aproximou, ficando como da outra vez parado próximo a cadeira, dessa vez parecia menos nervoso, e logo a puxou e se sentou.

— Eu estou com seu livro, — ergueu o livro, que havia pousado sobre a mesa, balançando-o. — teria que voltar de qualquer forma.

— Você poderia ter ficado com ele.

— Por que eu roubaria um livro?

— Eu costumava roubar alguns da biblioteca do colégio.

— O qu-... Você é louco? Por que fazia isso? — o garoto o olhava incrédulo.

— Ora, quando eu gostava muito, ou apenas o queria na minha coleção, eu os pegava. —  deu de ombros como se não fosse nada demais. — Quem nunca?

— Eu nunca, isso é horrível.

— Talvez seja. "Meu vício de hoje, pode ser o passo pro meu abismo de amanhã." — o garoto olhava para si com uma expressão confusa. — A Menina que Roubava Livros. —  a expressão continuava lá, bufou e revirou os olhos. — Você não lê não?

— Qu-... nã-... quer dizer s-sim... — se atrapalhou desviando o olhar, Jimin deixou uma risadinha escapar.

— É uma citação do livro.

— Eu entendi. — bufou, formando um bico nos lábios. — Enfim, o livro não era exatamente aquilo que eu esperava.

— O que você esperava?

— Sei lá, ele é meio que um mistério, eu esperava algo mais... não sei, só não esperava que a playlist iria ser algo deixado para ser uma espécie de pista para a morte do menino e tal...

— Mas, na sinopse deixa isso bem claro, você não leu?

— Eu não leio sinopse.

— Como faz para escolher um livro para ler então?

— Título, capa ... quando algo nele me chama atenção eu leio. 

— Você é estranho.

— Não sou não, a sinopse de certa forma conta bastante do livro, eu prefiro a experiência de ler e ir descobrindo assim do que se trata.

— Mas, a função de uma sinopse é justamente essa, não contar tudo sobre o livro, digo, contar o necessário. O que no caso deveria servir para desperta o interesse em quem pretende ler. Mas, se diz gostar de descobrir do que se trava apenas lendo, por que esta reclamando de não ter sido o que esperava?

— Eu não estou reclamando, apenas não era o que eu esperava — Jimin arqueou uma das sobrancelhas. — Isso não significa que eu não gostei, na verdade eu gostei bastante. Além de que, devo dizer, a escolha das músicas foram incríveis, além de se encaixar são muito boas, simplesmente brilhante.

— Fico feliz que tenha gostado. — sorriu.

Ficaram em silêncio, o garoto encarava a capa do livro enquanto Jimin olhava ao redor.

— Quem é Kim Seokjin? — perguntou, agora com o livro aberto olhando das dedicatórias no verso da capa para Jimin.

O bibliotecário o olhou, desviando o olhar novamente.

— "A solidão é um fardo que se torna cada vez mais pesado com o tempo."

O rapaz reconheceu a frase, decidindo-se por citar uma também.

— "Muitas pessoas querem ser invisíveis. Talvez elas até pensem que podem fingir que são. Mas sempre alguém as vê."

— Vejo que realmente leu. — sorriu novamente, dessa vez apenas um curvar de lábios, sem deixar que seus dentes aparecessem.

— Está me testando? — o garoto sorriu de lado.

— Talvez eu esteja. — devolveu o sorriso, continuaram se encarando, suspirou. — Gosto de citações.

— Percebi... — disse e guiou o livro sobre a mesa, fazendo-o deslizar até estar próximo de Jimin. — Obrigado pelo livro.

Jimin apenas assentiu com a cabeça e sorriu para o menino mais uma vez, levantou guardando o livro em sua mochila e colocando-a sobre um dos ombros, pronto para sair.

— Espera, aonde vai? — o menino levantou-se também.

— Embora?

— Ah... Er... E-eu... Me dê seu número. — o garoto disse as últimas palavras rapidamente, ganhando um leve rubro nas bochechas, Jimin suspirou.

— Eu nem ao menos sei como se chama.

— O-oh... Me desculpe. — disse se dando conta apenas agora que não haviam se apresentado formalmente.—  Jungkook. Me chamo Jeon Jungkook.

 

(...)

 

 Encarava a máquina de escrever antiga. Do lado de fora da janela, podia ver o céu escuro e estrelado, a folha de papel à sua frente continuava em seu completo branco, esperando para ser manchada com a tinta e preenchida com as palavras.

Mas as palavras já não mais apareciam.

Afinal, quanto tempo fazia desde que elas desapareceram? Ou, quanto tempo mais demorariam a voltar?

Jimin não sabia como responder. Não conseguia mais se entregar a sua escrita, não se sentia mais satisfeito com nada daquilo que escrevia.

Costumava sempre colocar um pouco de si no que criava, se expressava daquele jeito, descrevendo um pouco da maneira como se sentia em cada personagem.

Mas, como iria descrever o vazio?

Não conseguia mais descrever aquilo que sentia pois não gostava de como se sentia, pois sentia nada.

Era isso, sentia nada, se sentia vazio.

Estava, finalmente, estável com tudo em sua vida. Mas, percebeu que talvez aquilo não era exatamente o que esperava.

Não era como se não gostasse da maneira que andava sua vida, porque estava tudo bem, mas agora podia ver que sentia falta do passado, falta de como se sentia antes. Sentia falta de sentir todas as emoções, que lhe eram tão abundantes.

Mas, não era como se pudesse fazer algo sobre isso.

Então, continuaria da mesma maneira que estava, continuaria apenas olhando a folha em branco, esperando até que as palavras voltem. Se elas forem voltar.

 

"Ele era o ladrão de livros que não tinha palavras." ¹

 

 


Notas Finais


¹ é uma citação (pouco adaptada) do livro A Menina que Roubava Livros.

Obrigada por ler ♡
Até logo...


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