História Libido - Bruxa

Pov Fogaça.

Tinha acabado de chegar na band e vi o carro de Paola estacionado na vaga que ela sempre deixava, parei a moto e cada vez que olhava seu veículo lembrava de dois atrás ela se entregando para mim na bancada daquela cozinha.

Ela me havia deixado "comandar" como ela mesmo falava outras vezes mas naquela noite foi diferente, ela estava diferente.

"Soy tuya" vagava na minha mente, com aquele sotaque que me deixava louco, se ela soubesse como me tem na mão apenas com aquele sotaque, ou talvez ela saiba.

Entrei pelos corredores e lá estava o bendito sotaque, gritando num tom furioso.

- No puedo salir de aquí ahora - ela praticamente gritava, a porta estava entre aberta e pude ver que ela falava no telefone - Tiene un crítico en mi restaurante y no puedo ai.

Pelo que meu espanhol fajuto podia entender era algo haver com crítico e o Arturito.

- Maldita hora que acepté hacer ese programa, perdí el control de mi restaurante totalmente - ela passava a mão pelos cabelos estava realmente nervosa, aquele restaurante era a menina dos olhos dela eu sabia que qualquer coisa errada lá abalava ela.

Vi que ela desligou o celular e o tacou fortemente sobre o sofá.

- O que aconteceu? - eu entrei e ela deu um pulo de susto e levou a mão ao peito.

- Que susto Henrique, quieres me matar? - ela se virou para mim me encarando.

- Desculpe mas ouvi seus gritos, aconteceu alguma coisa?

- Vai um crítico hoje no Arturito no horário do almoço e eu vou ta presa aqui, não vou to lá vendo e experimentando cada um dos pratos... Vai que algo da errado e ele escreve uma crítica negativa, minha reputação vai pelo ralo - ela passava a mão pelos cabelos e pude ver algumas lágrimas rolando do seu rosto.

- Calma Paola - a abracei - o serviço do seu restaurante é impecável, aposto que o crítico vai amar tudo, se ele não gostar ele é um louco - sequei a lágrima que caia pela suas maçãs, e a olhei nos olhos.

- Não chore por isso - disse próximo aos lábios dela.

- Essa semana eu to chorando tudo que nunca chorei na vida.

- Só não chora quem ta morto por dentro, e você tem vida por dentro e por fora.

- Bad boy filósofo?

- Não sou só um rostinho bonito.

Ela sorriu e segurou meus ombros, vendo aquele sorriso nos lábios dela eu me senti como se tivesse cumprido minha missão.

- Consegui um sorriso.

- Conseguiu - seus olhos castanhos eram tão profundos nos meus que tive a sensação de que ela olhava minha alma - gracias.

Ouvimos o chamado de Patrício anunciando que a gravação iria começar, eu ainda precisava trocar de roupa.

- Vai pro seu camarim - ela me disse com o tom autoritário, típico dela, e eu amava.

- Sim madame, vou para meu aposento - ironizei e vi outro sorriso se fazendo em sua face.

Dei um pequeno beijo em seus lábios e sai.

(...)

A gravação corria como planejado, mas Paola ecorria de um lado para o outro, Jacquin e eu notamos que ela não estava naturalmente confortável.

A prova da caixa era sobre um T-bone, ela adorava carnes mas parecia não se sentir bem.

- Você ta passando mal? - perguntei quando a câmera se afastou.

- To meio enjoada, não comi nada.

- Você tem que se alimentar já havia dito isso.

- Vou pedir um remédio, assaltei a geladeira ontem de madrugada de novo.

Enquanto as câmeras focavam nos participantes cozinhando Paola foi até o canto e tomou um remédio conversando com Ana.

- Ela ta bem? - Jacquin perguntou chegando perto de mim.

- Ta sim, só comeu algo que fez mal e ta nervosa por causa de um crítico ai comendo o rango dela sem ela ta lá...

- Ela sempre se preocupa demais.

- Sempre... - concordei sem tirar os olhos dela, ela ajeitou o jeans e se aproximou, retornando ao seu lugar.

- Melhorou?

- Sí, nunca mais como fritura 3h da manhã - ela disse sorrindo.

A prova seguiu e provarmos os melhores e piores pratos até que chegou a vez de Luriana, participante qual eu havia "flertado" para provocar Paola.

Ela levou uma garfada até a boca e a competidora chorava de nervoso.

- Porque você chora? - Paola perguntou num tom irônico deixando-a ainda mais nervosa.

Ela murmurou algo chorando mais e eu pude ver um sorriso na face de Paola, ela se divertia com aquilo tudo.

- Ta bom o seu prato - ela disse e Luriana supirou aliviada. - chega de chororô ou pelo menos chororô por motivos maiores.

A loira saiu sorrindo aliviada e Paola me encarou.

- Sua favorita é fresca.

- Você tava chorando também hoje.

- Vai defender ela? - ela levantou a sombrancelha e aquilo não era um bom sinal.

- Não, não... Só não seja tão bruxa com os competidores.

- Bruxa? Você acha que eu sou bruxa corazón? - ela disse próximo de mim e depois se afastou por causa de uma câmera que resolveu focar em nós.

Terminada as gravações, encontrei Paola saindo do seu camarim e jogando tudo numa bolsa enorme.

- Nos vemos depois?

- No sei, vou buscar o Jason no aeroporto e depois vamos fazer as fotos...

- Ah o gringo, tinha esquecido.

- Eu também sou gringa, esse apelido não é muito bom.

- Não posso acompanhar a sessão de foto?

- Não, quero só que você veja meus resultados de modelo por um dia.

Paola se aproximou de mim e beijou meus lábios, ali no corredor com o risco de qualquer funcionários nos ver.

Seus lábios eram tão macios que eu podia beijá-los para sempre, sentia a lingua dela invadir minha boca e nossos sabores se misturarem mas tão rápido e inesperado como começou ela terminou mordendo meu lábio inferior e puxando delicamente.

- Tchau corazón - ela murmurrou e se afastou mechendo o quadril do mesmo jeito que mexia com a minha cabeça e todos meus sentimentos.