Do KyungSoo
[10:07]
Eu já havia colocado JongIn em sua sala. A entrevista com os sócios da empresa, para ver meu primeiro projeto, havia sido cancelada. Eu estava escorado na porta de meu chefe, escutando o mesmo arranhar a madeira como se fosse um pequeno cachorro, querendo sair.
Na verdade, querendo que eu entrasse.
- Kyunggie.. Por favor.. - Escutei o mesmo sussurrar, arranhando a porta uma única vez quando o fez. Eu me perguntava como estariam seus dedos depois de tanto fazer aquilo. Possivelmente, em carne viva.
- Eu não posso. - Ergui levemente meu rosto, suspirando e fechando meus olhos. Ele havia avisado que, se eu fosse para casa, perderia minha melhor chance de conseguir um bom emprego. Ele sabia jogar.
- Isso quer dizer que você quer.. - Ele riu, fazendo com que a raiva presa em minha garganta aumentasse ainda mais. O silêncio reinou no corredor, até eu escutar o mesmo estalar a língua. - .. e quer dizer que tem medo de perder o trabalho, não é mesmo?
Prendi minha respiração, cerrando meus punhos. Que merda ele acha que está fazendo?, pensei, Porra, JongIn!
Ele riu mais uma vez, e eu escutei o mesmo tentar gire a maçaneta, mesmo após tantas vezes em que falhou. Escutei um rosnado e sorri.
- Vamos, Soo.. - Meu nome havia saído como se fosse um gemido rouco, o que me fez fechar os olhos. Eu não podia desistir agora! Não importa-me se ele está a fazer de minha sanidade pó, mas eu tenho de aguentar. Pelo menos até a hora de eu ir embora. - Se você não me aliviar ao menos uma vez, eu irei dificultar seu emprego.
Aquela frase fez meu sangue gelar.
Eu realmente não me importava se ele passasse a me ignorar, me tratasse mal ou coisas assim, mas eu sabia do que ele estava falando. Ele tonaria minha vida um inferno.
- Você não pode me ameaçar. É errado. - Encolhi-me levemente, torcendo para que ele entendesse o meu lado. - E.. Seria estupro, JongIn.
- Não, não seria. - Sua voz parecia mais calma, talvez até estivesse puxando um lado carinhoso. Achei isso até ele forçar a maçaneta com brutalidade mais uma vez. - Por favor, KyungSoo! Está doendo muito.. E eu não posso me masturbar por uma semana!
- JongIn, você tem que chamar sua ômega. - Aumentei meu tom de voz, já estando farto com tudo aquilo.
- Eu não tenho ômega. - Ele respondeu um tempo depois, e assim o silêncio, mais uma vez, se fez presente naquele corredor.
- Tem sim. Muitos falam que você sempre está com uma mulher, e que trocam beijos. Em público. - Eu não continuei falando pois sabia que havia tocado em um assunto delicado. Minha garganta ficou seca e eu escolhi não falar mais nada, apenas encarando a parede decorada por um pequeno quadro, do tamanho de meu palmo.
Alguns minutos se passaram. Tudo continuava em pleno silêncio. Eu não sabia o que fazer, então me levantei, antes passando a chave por debaixo da porta. Não podia prender ele ali para sempre.
No momento, não pensei nas loucuras que um alfa no cio poderia fazer, pois ele era Kim JongIn, e nunca se descontrolava.
Agora eu me encontrava no café da empresa, comendo um pequeno croissant de chocolate, enquanto encarava a mesa. Não podia sair daquele lugar até meu turno acabar.
- Vocês viram? Ele parecia um louco.. - Uma mulher, que estava em um grupo com outras duas, falou, passando os dedos pelos fios desarrumados. Não cheguei a virar meu rosto na direção do trio, mas me deixei escutar.
- Eu vi! Ele simplesmente puxou aquela estagiária.. A tal ômega que entrou esses dias.. Krystal, não é? - A outra perguntou, se inclinando levemente para a frente, me fazendo abaixar o olhar.
- Isso mesmo! - A terceira fez uma careta de nojo. - Ela nem é tão bonita.. Não sei porque JongIn não me escolheu!
- Verdade! Você é bem mais bonita que ela.
- Rolam boatos que ele a marcou.. Será que é verdade?
Neguei-me a continuar escutando. É, eu estava me sentindo um tanto mal por saber que ele havia ficado com qualquer uma, mesmo que não houvessem motivos para esse sentimento.
Andei para a recepção do andar em que eu estava, me sentando em uma das cadeiras.
Me encolhi levemente, abraçando minhas pernas e escondendo meu rosto. Uma posição vergonhosa, mas digna pelo modo em que eu me sentia.
Escutei passos e ergui minha cabeça, vendo uma garota passar por mim, se ajeitando. O cheiro de sexo estava presente e eu engoli em seco.
Ela também tinha o cheiro de JongIn.
( ••• )
Eu havia feito uma amiga.
O nome dela era Kim, e ela estava me fazendo companhia desde que eu havia começado a chorar pelo meu chefe.
Trabalhava como recepcionista naquele andar.
- Você sabe que ela foi apenas caso de uma noite! E foi porque você rejeitou ele, Soo. - Eu estava deitado no colo dela, enquanto a mesma mexia em meus fios lentamente. Fechei meus olhos e assinto.
- Mas ele.. Poderia ter vindo atrás de mim, não dela. Eu abri a porta pra ele e andei devagar. Dava tempo. - Sussurrei, na defensiva. - E estão falando que ele a marcou, Kim..
- Tá bom, Kyunggie.. Apenas vamos esquecer. Ele não precisa ser seu alfa. Tem muitos outros bons por aí.. Você vai encontrar algum. - Ela se inclinou e selou minha testa, mas isso não estava me ajudando.
( ••• )
[19:39]
Eu estava deitado em minha cama, encolhido entre meus lençóis enquanto chorava baixinho. Havia passado a tarde ali, encolhido, me mantendo sobre a cama.
YiXing estava tomando banho para ir trabalhar, e eu continuava ali, sozinho, apenas querendo um abraço forte e um carinho gostoso. Daria tudo para não ter passado por aquilo, mas não tinha como voltar no tempo e não aceitar a proposta de JongIn, e, mesmo se eu pudesse, aceitaria da mesma forma.
Uma leve magoa não me faria desistir de meu emprego dos sonhos. Eu iria ganhar dinheiro e me mudar para outro lugar, levando YiXing comigo.
Recompensaria meu melhor amigo por todas as coisas que ele fez por mim, de forma que ele, finalmente, pudesse desistir daquela vida e parar de vender o próprio corpo em troca de mixaria. Me magoava profundamente saber que homens de todas as idades se aproveitavam dele, e isso também me dava nojo.
Até mesmo nos finais de semana, quando ele não estava trabalhando, recebia ligações e era forçado a ir até os homens, onde quer que eles estejam, apenas para aumentar a renda.
- Kyunggie.. Eu.. Tenho que ir.. - Ele sussurrou da porta, abraçando o próprio corpo enquanto me olhava. Me virei para ele e sorri fraco. Meu amigo estava maravilhoso. Roupas coladas o suficiente para deixar suas curvas bem delineadas, enquanto a maquiagem leve o deixava mais atraente que ao natural. Levantei-me e andei até o mesmo, o abraçando forte.
- Que horas você volta? - Olhei em seus olhos, formando um pequeno bico com meus lábios. Ele suspirou e selou minha testa.
- Quando Kris me deixar ir embora.. Ou quando a boate fechar. Possivelmente as três da manhã eu já esteja a caminho de casa.. Se eu não ter que ir para a casa de algum cliente. - Ele falava calmo, repetindo o mesmo discurso que eu havia escutado tantas vezes a ponto de decorar.
Ele enfim me soltou, abanando com a mão e saindo da casa. Me sentei na beirada de minha cama e suspirei, fechando meus olhos e chutando o carpete, o que apenas resultou em uma leve dor em meus dedos do pé direito.
Caí para trás e me afundei nos lençóis da cama, voltando a chorar logo em seguida.
Mesmo que sem muitos motivos, eu estava triste demais.
Triste por saber que se aproveitavam e machucavam meu melhor amigo, e triste por saber que meu chefe não teve vontade alguma de ir atrás de mim.
A noite seria longa, perdida no silêncio. Apenas lágrimas que imploravam por ajuda.
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