História Life - Six

Do KyungSoo

[ 00:43 ]

Estava tarde demais para YiXing voltar para casa, mas eu não me preocupava. Era normal ele retornar apenas no dia seguinte. Eu já estava acostumado o suficiente para não sentir minhas mãos suadas e meu corpo afogado em nervosismo como nas primeiras vezes em que ele não me ligara como prometera. O trabalho de YiXing tinha seus altos e baixos. Dependendo da noite, ele voltava para casa acabado e fraco, talvez sangrando.

Mas quando meu celular tocou uma hora antes, eu soubera que alguma coisa havia acontecido. A voz calma demais de Kim apenas me deixara mais preocupado. Sem perceber, eu já sentia medo.

“ – Kyunggie.. JongIn sofreu um acidente. Eu não quero que surte ou algo assim, porque o hospital me ligou, já que meu telefone estava como última chamada no celular dele, e pediram que eu chamasse alguém mais próximo dele. Não tenho o número de nenhum familiar. Ao menos sei se ele tem mesmo família, e..” Naquele momento, eu simplesmente não conseguia mais escutar a mesma falando.

Quando eu estava e estado de choque ou em alguma situação próxima a esta, qualquer frase maior do que o necessário, não importando de quem vinha, já me irritava. Eu entrava em um tipo de bolha, onde eu tinha que me concentrar em meus pensamentos para que eu conseguisse realmente colocar tudo no lugar.

Depois daquela ligação, eu sequer pensei: apenas puxei meu casaco de cima do pequeno sofá da sala de estar e segui porta afora, sentindo o vento gélido da madrugada atingir minha face. Estremeci.

Agora, me encontrava na sala de espera do hospital. Uma enfermeira havia me avisado que meu chefe havia sido ajeitado em seu quarto. Quando eu perguntara sobre a gravidade dos ferimentos, ela sussurrou um “Desculpe” desajeitado e me deu as costas. Meu nervosismo simplesmente aumentou ainda mais. Eu não sabia o que fazer.. Meu celular estava carregando em uma das tomadas daquele ambiente, e eu não havia trazido nenhum livro. Sequer estava pensando quando saí de casa às pressas, apenas com um casaco, pijama de tecido fino e um par de pantufas.

- Sr. Do KyungSoo? – Uma moça andou até mim e soltou um pequeno sorriso. Me levantei, roçando a ponta de meus dedos na parte da calça que cobria minhas coxas. Tinha que descontar o nervosismo em algum lugar, ou enlouqueceria ali mesmo. – Sua entrada no quarto de Kim JongIn já foi liberada. O quarto é o 319. Deseja acompanhamento?

Pisquei algumas vezes e neguei com minha cabeça, fazendo uma reverência desajeitada e indo em direção ao elevador com certa pressa. Em pouco tempo, já estava andando pelos corredores do hospital, procurando o tal cômodo. Abri a porta devagar, sem ao menos bater, já que não fora avisado que outro alguém estaria ali.

- JongIn, como consegue ser tão idiota ao ponto de se acid.. – Cortei minha fala ao erguer levemente meu olhar e encarar a cena de Krystal beijando meu chefe. Envergonhado e, de certa forma, entristecido, dei alguns passos para trás, cerrando meus punhos e logo voltando a fechar a porta. Me escorando na parede ao lado da entrada, deslizei até o chão e encarei minhas pantufas.

Minhas mãos se encontravam sobre meu colo e meus olhos agora transbordavam. Eu não sabia ao certo o motivo pelas lágrimas estarem presentes, mas era como se tivessem pisado e simplesmente destruído meu coração. Tinha vontade de ligar para YiXing e implorar para que ele fosse me buscar, mas ele não podia. Kim deveria estar dormindo, ou extremamente ocupada, e eu não queria incomodá-la a essa hora.

Apenas me restava voltar para casa com um transporte público, mas estava tarde demais e isso seria perigoso. Certo, eu havia vindo com meu carro, mas não me sentia bem para dirigir.

Passei meus dedos por meus fios e os puxei, fechando meus olhos com om extrema força. A porta ao meu lado se abriu e Krystal saiu andando, ajeitando seus fios de cabelo. Me levantei com certa dificuldade e pouca vontade, andando devagar para dentro do quarto. Sequei minhas lágrimas rapidamente e mostrei meu mais falso sorriso, mesmo que este fosse convincente o suficiente para ele não suspeitar.

- Eu estava.. Estava preocupado. – Falei, me sentando na poltrona ao lado de sua cama, apertando uma de minhas mãos contra a outra e logo fitando meu colo de forma nervosa. Um suspiro foi solto por meus lábios e eu me senti amolecer, um tanto fraco. Como se meu corpo se moldasse ao assento, me encolhi ali mesmo, deixando meu cotovelo no apoio do estofado e meu rosto na palma de minha mão.

- Você estava chorando, KyungSoo? – Ele parecia preocupado, e se inclinou levemente na minha direção, como se quisesse analisar meu rosto mais de perto. Neguei com minha cabeça, de forma nervosa, soltando um sorriso sem-graça.

- Eu não estava dormindo muito bem.. E estou com sono. –Desviei meu olhar para outro ponto qualquer do quarto. A parede parecia mais interessante naquele momento do que o próprio rosto de meu chefe. Me sentia angustiado.

- Tem certeza? Você parece.. – Ele deu uma leve pausa, suspirando e voltando a apoiar as costas nos travesseiros ajeitados contra a cabeceira da cama. Um sorriso sem vontade foi modelado em sua boca carnuda, e ele estralou seus próprios dedos. – Por que veio aqui?

Logo voltei a encará-lo, sem saber o que responder ao certo. Nem mesmo eu tinha plena certeza do motivo, mas eu simplesmente estava ali, o encarando, sendo desmanchado por dentro, ainda por culpa daquela cena maldita que agora estava marcada em meu cérebro.

-- Porque eu estava preocupado. Achei que o acidente tivesse sido realmente sério, mas me parece que apenas machucou um pouco seu braço e bateu a testa. – Ele sorriu, o que me fez amolecer mais uma vez. Me sentia extremamente dependente daquele sorriso. – Os exames para ver se está tudo realmente bem já foram liberados?

- Ahn.. Não. Que eu saiba, eles só me serão mostrados amanhã de manhã. – Um suspiro cansado foi solto pelo maior. Me afundei ainda mais no estofado e me permiti assentir levemente, fechando meus olhos. – Eu terei de passar a noite sozinho aqui.

Rapidamente, abri meus olhos e o encarei. Ele estava com as mãos nos olhos, como se estivesse arrependido de algo, pensando no que poderia fazer para concertar tudo. Pelo menos era assim que eu ficava em situações como aquela.

Umedeci meus lábios com minha língua rapidamente, me inclinando para frente e soltando um pequeno sorriso, mesmo que não houvesse um motivo concreto para isso. JongIn me olhou e riu, sem-graça.

- Eu posso acompanhar você nesta noite. – Falei, um tanto apressado, logo vendo assentir lentamente. Ainda assim, parecia estar refletindo se deveria ou não. – Se quiser, é claro..

- Pois bem.. – Ele deslizou pela cama, se deitando devidamente. Me levantei e ajeitei os travesseiros sob sua cabeça. Ousei mexer levemente em seus fios e logo me atirei no estofado mais uma vez. – Eu aceito sua proposta.