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História Lifeline - Before the End - Infierno


Escrita por: DixBarchester

Notas do Autor


Hello everyone!!

Olha hoje foi corrido, mas mesmo atrasado o capitulo está saindo.

Vamos finalmente ver o que vai der nesse encontro dos dois ahsuahsuahuahs

O meu agradecimento especial de hoje vai para as lindas e divas que comentaram no cap passado, vcs são demais, sério *--*

Aos fantasminhas que quiserem ser paparicados aparaceram nos comentários pra gente papear, juro que não mordo, é muito gratificante saber o que vocês estão achando da fic, fora que dá um baita gás pra escrever.

Sobre o nome do Shipp não chegamos em um consenso nas votações uahsuahsuh mas como uma das meninas disse, porque escolher um só se podemos usar os dois, não é? Eu adotei DixChechas pra mim (obrigada de novo Menta) mas quem tiver gostado mais de Darylie, tudo bem também ué. Como diria Katerina Petrova: "Tudo bem amar os dois. Eu amei."

Boa leitura!

Capítulo 8 - Infierno


Fanfic / Fanfiction Lifeline - Before the End - Infierno

 

• DARYL DIXON •

Foi difícil achar um lugar para estacionar, tudo estava lotado. Mas finalmente encontrei uma vaga.

Aquele devia ser realmente o melhor lugar da região. Praticamente todo mundo devia se enfurnar ali. O que era péssimo, porque eu odiava lugares lotados. Todo mundo ficava encostando em todo mundo... Era uma merda.

— Bom, guarda isso e isso aí com você. — Natalie me estendeu algumas coisas. — Odeio levar bolsa, coloca na sua carteira.

— Que isso? — Perguntei encarando a mão dela.

— Minha identidade falsa e dinheiro. — Respondeu como se fosse óbvio.

— Não acredito que estou trazendo você aqui e nem idade você tem!

— Ah pelo amor de Deus, Baby Dix. Vai me dizer que nunca fez nada que não fosse permitido para menores, quando era menor? — Revirou os olhos e cruzou os braços.

Não respondi. Sim, eu já tinha feito coisas que não devia... Foda-se. Peguei a merda da identidade falsa.

— Não vai precisar do dinheiro. Eu perdi uma maldita aposta, lembra?

— Lembro. E a aposta dizia que você tinha que me trazer, não pagar pra mim. — Sacudiu levemente as notas para que eu pegasse. — A menos que isso seja um encontro...

Peguei o dinheiro quase que imediatamente e guardei na carteira.

— Não é a merda de um encontro. — Resmunguei.

— Imaginei que não. — Riu, se virando para o espelho e passando mais daquele batom rosa.

Por algum motivo estúpido e inexplicável, eu não consegui tirar os olhos dela deslizando aquela merda pelos lábios.

— Vamos logo de uma vez antes que eu me arrependa. — Bufei, descendo da caminhonete e esperando que ela descesse também.

Assim que passamos a andar lado a lado na calçada, percebi o quanto aquele sapato a deixava alta. Estávamos com menos de dois centímetros de diferença. E todo mundo olhava. Deviam ser aquelas pernas... Com certeza eram a pernas.

Tinha muita gente esperando para entrar e tivemos que ficar na fila um tempo.

— Eu nem acredito que a gente está aqui. Vai ser incrível! — Natalie obviamente estava animada, o que era engraçado.

Ela não parava de falar um segundo. Sobre a decoração, sobre as pessoas, sobre sei lá quais outras baladas, sobre os drinks que ela queria tomar e sobre as músicas que ela queria que tocasse. Eu não conseguia entender como ela podia falar tanto sem nem parar pra respirar.

Quando finalmente entramos, depois de pagar, percebi que não teria nome melhor para aquele lugar. Lá dentro era realmente um "inferno", com pessoas se espremendo, muita luz vermelha, música estupidamente alta — se é que dava pra chamar aquela batida incessante de música — e cheiro de fumaça se misturando ao de álcool.

— Você é foda! Esse lugar é incrível! — Ela gritou por cima da música, se aproximando um pouco do meu ouvido para que eu pudesse escutar.

Meu corpo todo tremeu, em uma reação involuntária, pela proximidade. A afastei um pouco e apontei o bar que estava menos lotado.

Natalie pediu um drink que eu nem conseguia pronunciar o nome e eu disse que não ia beber, estávamos longe de casa e eu estava dirigindo. Claro que eu queria beber, mas eu estava tentando parar com aquela merda...

— Tudo bem, se você não vai beber, então vamos dançar. — Segurou minha mão e me puxou levemente.

— Eu não danço. — Respondi neutro, tirando minha mão da dela rapidamente.

— Não vai beber, não vai dançar. O que está fazendo aqui então, se não vai se divertir? — Cruzou os braços e revirou os olhos.

— Eu vim pagar uma aposta, lembra? Eu tinha que trazer você pra se divertir, eu trouxe.

— Qual é, Baby Dix, por favor... — Ela fez biquinho e eu quase ri. — Uma cerveja, então. Isso não vai te deixar bêbado e nem te impedir de dirigir.

— E depois disso você vai me deixar em paz e vai fazer seja lá o que você veio fazer? — Tentei, reunindo toda minha paciência.

— Possivelmente.

Pedi a cerveja. O bar começou a encher também e eu me senti desconfortável. Vi umas mesas mais para o fundo do salão, eram rodeadas por sofás inteiriços de couro. Um tanto bizarro, mas pelo menos era mais reservado.

— Eu vou sentar ali. — Apontei e quando vi Natalie estava me seguindo. — Você não disse que ia fazer suas coisas?

— Eu disse possivelmente.

Acabei ficando os próximos vinte minutos ouvindo ela me explicar a diferença de possível e provável. Se é que havia mesmo diferença.

Natalie não era insuportável o tempo todo, apenas metade dele. Eventualmente ela acabou percebendo que eu realmente não iria dançar e foi sozinha, depois de muito resmungar e bufar.

Tive tempo para reparar um pouco mais naquele lugar bizarro. Não era meu tipo de lugar. Muito barulhento, as pessoas se pegavam por todo o lado, as luzes piscavam demais e o cheiro de maconha estava impregnado por toda a parte. Fora aquele relógio de muito mal gosto. Era um diabo no meio do fogo, suas mãos, uma delas com o tridente, eram os ponteiros, junto com um rabo pontudo. Tinham levado o nome daquele lugar muito a sério.

Dez minutos depois Natalie voltou, suada e sorridente. Me perguntei como ela conseguia dançar com aquele salto enorme.

— Olha só o que eu ganhei. — Abriu a mão direita e me mostrou uma "balinha".

Eu sabia exatamente o que era, sabia exatamente o que fazia.

— Vamos dividir? — Perguntou animada.

— Eu não uso drogas. — Respondi muito seco.

Ela pareceu surpresa. Fechou a mão e se apoiou direito na mesa.

— Sério?

— O que? Eu tenho cara de drogado por acaso?

— Na verdade não. — Ela negou algumas vezes, nem um pouco afetada pela minha resposta grosseira. — Só é difícil de acreditar que nunca tenha usado drogas com o irmão que você tem. A primeira coisa que ele fez quando me conheceu foi me dar um baseado.

— Eu disse "não uso" e não "nunca usei". Eu não gosto dessas porras, algo estúpido sempre acontece quando estamos com a cabeça chapada. Além do que, quando você tem contato com traficantes aprende que não pode usar a mercadoria. Seu pai não te ensinou isso? — Cruzei os braços e encostei no maldito sofá.

Eu já tivera meu tempo de ficar totalmente noiado, mas drogas nunca deram certo na minha família, pelo menos essa merda eu tentava evitar, mas se funcionasse da mesma forma que o lance de parar de beber, então não funcionaria. Era só questão de tempo até eu estar perdido na maldita brisa de um baseado qualquer.

— Me senti a "zé droguinha" agora. — Ela riu. — Não que eu tenha experimentado nada mais que uns baseados, eu não gosto de ser dependente de nada. Achei que a balinha seria legal. Mas já que você não aprova... — Ela mirou umas das latas de lixo e jogou o comprimido que passou bem longe do alvo rolando pelo chão. — Enquanto formos amigos nada de drogas pra mim também. Nem os baseados do seus irmão.

— Não somos amigos. — Me apressei em dizer.

— Okay, nesse caso vou pegar minha balinha de volta. — Ela levantou em um pulo, mas seu segurei seu braço, fazendo-a cair sentada do meu lado no sofá.

Muito perto.

Eu não devia me importar com a merda que ela fazia da vida dela, mas eu tinha trazido a garota, o mínimo que eu podia fazer era devolvê-la inteira para o pai.

Natalie não precisava estar drogada pra se divertir ela era melhor que isso. Ela não era como eu...

Percebi os olhos negros em mim, me afastei minimamente no sofá e ela sorriu como se não se importasse, começando a falar da batida e do métodos que o DJ estava usando pra mixar. Eu não entendi merda nenhuma, mas pelo menos ela esqueceu totalmente a porcaria da balinha.

E assim a noite foi passando nesse mesmo ritmo, dez minutos na pista, vinte comigo, muitos drinks e eu pedindo mais uma ou duas cervejas e uma tabua de porção. Eu desviei das perguntas e tentei ficar o mais distante possível. Mas não era como se a presença dela me incomodasse realmente. Na verdade em um desses dez minutos, me peguei pensando quando ela voltaria...

Quase no meio da noite, Natalie fez amizade com irmãs gêmeas. O irmão mais velho tinha trazido as duas e acabou se sentando na mesa comigo, mesmo que eu não tenha convidado. Ele parecia um daqueles Nerds, com óculos gigantes, muito magro e cheio de espinhas. Fora aquele suéter. Que tipo de homem usava suéter?

Mas Mark não era insuportável, era tímido falava muito pouco e praticamente não olhava pra mim. Me pagou mais uma cerveja e acabou comentando que os pais tinham o obrigado a sair com as irmãs. Ele não podia passar o tempo todo enfurnado em casa.

A companhia das gêmeas fez Natalie passar bem mais que dez minutos na pista. Não que eu estivesse contando. É que o relógio de diabo estava bem ali e eu não tinha nada melhor pra fazer, a não ser ouvir Mark falar de um jogo de videogame qualquer, reclamar da música alta, reclamar das irmãs, ou então do quanto estava difícil arrumar uma namorada.

— Ela nem parece sua irmã, é tão legal com você. — Comentou, quando Natalie passou pela mesa e roubou algumas batatas fritas minhas, percebi que ele lançou um olhar totalmente indiscreto para as pernas dela.

— Ela não é minha irmã. — Respondi de mau-humor.

Ele arregalou os olhos por trás dos óculos redondos e eu quase ri da cara de assustado dele.

— Somos só conhecidos. — Completei, antes que o carinha tivesse um treco.

Os olhos dele seguiram até a pista e percebi que, de onde estávamos, podíamos ver as irmãs deles e Natalie perfeitamente. Fiquei preso ali. Incapaz de desviar o olhar enquanto o corpo dela se movia entre as duas outras garotas.

De repente, como se soubesse que eu estava observando, ela focou os olhos em mim. Sorriu, sem parar de dançar um só instante, jogando o cabelo e mordendo os lábios. Desviei o olhar rapidamente.

— Você sabe que ela está super afim de você, não é? — Mark perguntou ainda com os olhar nela.

— Não seja estúpido. — Desconversei, enfiando uma azeitona inteira na boca.

— Okay, não quer admitir, não admita. Não é da minha conta de toda a forma. Só sei que se eu tivesse uma garota daquelas me dando mole, com aquele corpo, aquelas pernas e aquela cara de...

— Já chega. — Interrompi o falatório dele. — Já saquei cara. Você tá afim dela. Vá em frente e tenta a sorte, porra!

Nerd idiota. Por que eu estava sentado com ele mesmo?

— Eu? — Ele riu. — Acabei de falar que ela está afim de você, cara. Por que acha que uma garota que está na sua, vai se interessar por mim?

Não respondi. Primeiro porque eu não era obrigado a falar com ele, segundo porque eu não estava querendo papo.

Meia hora depois o idiota levou as irmãs embora, mesmo sob os protestos de Natalie. Eu quase pedi um drink pra comemorar.

Ela acabou voltando para a mesa, deslizando pelo sofá de couro e parando exatamente do meu lado. Roubou uma das minhas azeitonas e sorriu sapeca.

— E aí, vai dançar comigo?

— Não vai desistir?

— Sabe que não. — Ela riu de canto. — Eu já disse que não vou desistir de você, Baby Dix. Eu prometi, lembra?

— Tem um monte de cara aqui rondando você. Por que não tenta a sorte com eles?

Natalie se aproximou mais e tirou o cigarro dos meus dedos.

— É isso que você quer? — Ela tragou de um jeito tão perturbador, que eu tive que desviar os olhos.

Não. Não é o que eu quero. Eu tive certeza que estava bêbado, eu tinha que estar.

— É você quem tem que querer, não eu. — Desconversei.

— Bom, eu acho que você sabe exatamente o que eu quero. — Insinuou, mordendo o lábio inferior e eu, sem perceber acompanhei o movimento.

Natalie se arrastou para mais perto e eu me afastei um pouco, me sentindo encurralado por ela.

— Você ainda vai me querer, Daryl Dixon... — Agarrei o encosto do sofá por puro impulso. — Por enquanto, vamos continuar fingindo que você ainda não quer.

Prendi a respiração, totalmente sem reação.

Que merda aquela menina estava fazendo comigo? Porra! Tinham sido só três ou quatro cervejas, não é?

Então sorriu, leve e simples, aquele sorriso que evidenciava as bochechas dela. Se arrastou de volta pelo sofá e levantou.

— Eu vou levar seu cigarro. Nos vemos depois. Adoro essa música. — Comentou, como se não estivéssemos naquele clima constrangedor um segundo antes.

Eu sequer tinha percebido a música que tocava, muito menos que ela tinha mudado...

➷•➷•➷•➷•➷

O relógio de diabo marcava três da manhã. Eu estava cansado. O corpo doendo e a mente meio dispersa por causa de toda a fumaça. Resolvi encontrar Natalie e dizer que era hora de ir embora. Impossível que ela não tivesse se divertido o suficiente.

A procurei na multidão, que praticamente se esfregava na pista. E como se ela fosse luz e brilhasse, eu a achei sem dificuldade, mesmo que estivesse cercada de pessoas. Mais uma vez meus olhos ficaram presos em cada movimento que o corpo dela fazia.

Não era como se ela se mexesse conforme a música, era como se Natalie Cooper fosse a própria música. O modo como movia os braços, ao mesmo tempo em que seu corpo saia levemente do chão, o modo como seu cabelo balançava no ritmo perfeito e seu corpo todo parecia encarnar cada nota... Era hipnótico.

E ela sorria, sorria o tempo todo como se estivesse em êxtase.

Era apenas um amontoado de batidas e efeitos eletrônicos, mas Natalie parecia usufruir daquilo como se fosse uma droga.

Foi quando um cara se aproximou e tocou sua cintura. Um loiro, com cara de riquinho e queixo perfeito como se tivesse sido esculpido em mármore. Uma onda de raiva pura e fria percorreu minhas veias, fechei os punhos, mas dei um passo pra trás. Não era da minha conta com que ela se atracava.

Mas Natalie se afastou um passo e negou, embora tenha sido muito simpática. Se afastou mais dois passos e voltou a dançar. O idiota do queixo de mármore não desistiu. A puxou de volta, por trás, pela cintura, fazendo os corpos dos dois se chocaram e tentando enterrar o rosto no pescoço dela.

Nem vi que já me encontrava na metade do caminho, praticamente passando por cima de quem estava na minha frente.

Alguém bloqueou minha linha de visão e eu não enxerguei bem o que aconteceu. Mas no segundo seguinte o cara estava praticamente pulando de um pé só. Ela tinha pisado no pé dele?

Natalie se aproximou o suficiente para colocar suas duas mãos no ombro do cara e então, em um movimento perfeitamente calculado, ela lhe deu uma joelhada. Bem naquele lugar...

Parei onde estava, menos de cinco metros deles. Ela encarou o palerma de cima a baixo com um sorriso presunçoso nos lábios. Pelo visto a patricinha da cidade sabia se defender.

Eu estava a ponto de dar meia volta, quando o cara puxou Natalie pelo braço, cheio de ódio, eu não podia ouvir, mas pude distinguir um "vadia" perfeitamente pelo movimento labial.

E então eu já estava no meio, o empurrei com uma mão só, ficando um passo à frente de Natalie.

— Algum problema? — Praticamente rosnei, ficando cara a cara com ele.

O cretino me olhou assustado, ergueu as mãos no ar e negou.

— Foi mal cara! Não sabia que ela estava acompanhada. Desculpa aí. — Gritou por cima da música e simplesmente sumiu entre a multidão. Covarde.

— Você está bem? — Perguntei me virando pra Natalie, que ainda encarava o ponto onde o idiota tinha sumido.

— Viu aquilo? Ele passa do ponto comigo e é pra você que ele pede desculpas. Eu não acredito. Que filho da puta! — Comentou indignada. — Eu odeio esse tipo de cara escroto que acha que mulher é algum tipo de propriedade, se está sozinha então eles podem sair pegando sem respeito.

Algumas das pessoas, que tinham parado para ver a confusão, apenas voltaram para suas próprias vidas enquanto uma nova música começava.

— Acho que é o bastante por hoje. Melhor irmos. — Decidi, começando a me sentir sem ar no meio de tanta gente.

— Não... — Natalie resmungou, praticamente se jogando sobe mim. — Vamos ficar mais um pouco.

— Você está bêbada.

— Um pouco! Isso não é o máximo! — Confirmou animada, como se fosse uma façanha. — Só mais um pouquinho, dança essa música comigo e nós vamos.

— Já disse que não danço. — Tentei me desvencilhar dela enquanto as pessoas pareciam cada vez mais em cima de nós.

— Okay, então não dance, apenas fica aqui. — Segurou minha jaqueta e eu a senti tão perto que podia sentir o cheiro de álcool vindo dela.

Respirei fundo, me sentindo sufocado. As pessoas ali não sabiam respeitar espaço pessoal. Minhas mãos estavam suadas.

— Espera. Você estava me olhando de longe? — Ela perguntou de repente, como se tivesse acabado de lembrar de alguma coisa.

— Não... Não. — Neguei veemente.

— Estava sim. Foi por isso que você chegou tão rápido. Estava me olhando dançar... — Sorriu, chegando ainda mais perto. — Estava gostando?

Ouvi a pergunta muito longe e mal assimilei o significado dela, me sentia totalmente sem ar, as coisas estavam meio fora de foco, eu suava. Eu odiava aquela multidão. As pessoas encostando em mim. Era muito cheio, muito apertado e muito barulhento. Me senti tonto.

E então Natalie Cooper apenas me beijou. Assim do nada. Eu sequer estava prestando atenção nela, quando senti seus lábios sobre os meus. Imediatamente todo o meu corpo ficou tenso, como se eu tivesse levado um choque.

Antes mesmo de conseguir pensar sobre isso, eu já a tinha empurrado pra trás, foi um movimento totalmente instintivo.

Sequer a encarei de novo, saindo praticamente atropelando todo mundo. Minha mente era uma verdadeira bagunça, eu não sabia o que pensar ou sentir. Mas eu conseguia perceber a raiva borbulhando no meu sangue.

Aquela vadia mimada e abusada...

Finalmente saí daquele inferno — literalmente — e alcancei a rua, capturando todo o ar puro. Continuei andando em direção a caminhonete, eu simplesmente não conseguia me acalmar. Eu sequer sabia exatamente porquê estava tão nervoso, mas eu estava. Eu estava puto.

Ouvi Natalie atrás de mim. Os saltos batendo no asfalto em um ritmo irritante.

— Será que dá pra me dizer o que houve? — Pediu, ainda de longe.

— "O que houve?" — Repeti com escarnio, não conseguindo acreditar que ela tinha feito aquela pergunta. — Você me beijou!

Comecei a andar de um lado para o outro, sem ser capaz de me conter.

— E?

— "E?" Como assim "e"?! Você rouba um beijo e pensa que isso é normal. Você é uma vadia mesmo!

Natalie suspirou e se aproximou um passo, não parecendo afetada com o meu descontrole.

— Eu não te roubei um beijo. Eu te beijei, mas só porque você me secou a noite inteira. Você deu os sinais, eu só segui em frente. — Explicou como se fosse uma coisa totalmente normal. — Agora se você não queria, okay, eu errei, me desculpe. Possivelmente eu bebi demais e entendi tudo errado. Você só tinha que dizer "não" e eu ia parar. Foi só um selinho, não é grande coisa...

As palavras dela causaram um tipo de ebulição dentro de mim, eu fiquei cego por um momento.

— Esse é o problema com vocês, bebem até cair e depois acham que podem fazer o que bem querem que "não é grande coisa", estão pouco se fodendo para as pessoas! — Apontei totalmente fora de foco.

— Acho que isso não é exatamente sobre mim e o beijo, é? — Comentou pacífica.

Minha cabeça deu uma volta completa. Não era sobre ela, mas também era sobre ela. Era sobre tudo. Por que aquela garota maldita tinha me obrigado a ficar no meio de tanta gente, por que ela tinha que achar tudo aquilo tão normal, por que ela tinha me beijado?

— Pode parar! — Mandei, totalmente frio. — Para de tentar me analisar, para de achar que sabe tudo sobre mim. Você não sabe nada. Você não me conhece. Não me compare com os seus amiguinhos ou com você mesma. Você é só uma patricinha mimada e egoísta, que acha que tem qualquer motivo pra bancar a rebelde. Mas sabe o que eu acho? — Eu estava muito perto, apontando o dedo na cara dela e praticamente cuspindo cada palavra. — Eu acho que você devia voltar para a casa da mamãezinha, lá é o seu lugar, você merece aquilo. A futilidade, a falsidade, e principalmente cada palavrinha que sua mãe já te disse...

Senti o tapa acertar meu rosto quase no mesmo momento. O estralo ecoando pela rua vazia.

Parei, totalmente chocado, e percebi que Natalie tremia das cabeça aos pés, levou a mão com que tinha me dado o tapa até a boca, os olhos negros ainda maiores, ela estava assustada, mas não era só isso. Eu soube que tinha ultrapassado algum limite, soube pelas lágrimas que estavam presas ali e ela lutava pra conter. Ergueu a cabeça tentando parecer orgulhosa, mas seu queixo tremendo me deixava claro que era só pose.

— Desculpe se eu entendi errado os sinais que você me mandou a noite toda e te beijei. Me desculpe mesmo, eu passei dos limites. Mas não se preocupe eu não vou fazer isso nunca mais. Eu prometo. E eu sempre cumpro minhas promessas. Mas se você tem um pingo de dignidade, Daryl Dixon, não ouse dizer nada como o que disse agora. Não depois do que eu te contei.

Ela abaixou a cabeça e caminhou para a porta do passageiro sem dizer mais nada. E eu fiquei ali parado sentindo meus ombros afundarem e sabendo que eu era um idiota. Eu tinha me deixado levar pela raiva e com certeza havia passado dos limites, ela não tinha culpa da desgraça que era minha vida. E provavelmente a garota estava certa, eu a sequei mesmo durante toda a noite.

— Você pode abrir a porta pra eu pegar as minhas coisas? — Perguntou com a voz oscilando.

Abri a porta do motorista e entrei na caminhonete, abrindo a porta do passageiro por dentro. Mas Natalie não entrou, apenas pegou a bolsa e saiu andando.

— Onde você vai?

— Vou pegar um taxi.

Desci da caminhonete e parei bem na frente dela, tentando ser o mais calmo que eu conseguia.

— Você não vai encontrar nenhum taxi aqui essa hora. Eu te trouxe, eu te levo embora, além do mais, sou eu que estou com todo seu dinheiro. — Senti que Natalie estava prestes a retrucar, mas não dei tempo. — Por favor, Bochechas, só entra na caminhonete e não faz drama.

Ela me encarou de cima a baixo, como se não conseguisse acreditar no que eu tinha dito. Realmente era irônico eu falar de drama depois daquela cena toda.

Entramos no carro e Natalie sequer me encarou. Tiros os sapatos, abriu o vidro, cruzou os braços e passou o caminho todo olhando para o outro lado.

A cada segundo que passava eu me sentia mais idiota. Se eu não fosse tão ferrado nada daquilo teria acontecido. Eu nunca teria surtado por causa de um beijo. Mas eu era a porra de um maricas que não conseguia lidar com a própria dor e as próprias cicatrizes.

Percebi ela limpar uma lágrima e me senti o pior lixo de todos. Mas não fui capaz de dizer nada. Eu era um inútil mesmo.

Nenhum de nós falou. O silêncio era agonizante, foi a pior meia-hora de toda a minha vida.

Parei na frente da oficina e Natalie respirou fundo, tentando tirar a maquiagem, que havia borrado seu rosto, com as costas da mão.

Cheguei a abrir a boca pra dizer alguma coisa, mas não consegui. Nada saiu.

— Obrigada por me levar. Não se preocupe você não me deve nada mais, essa coisa de aposta acabou e eu vou te deixar em paz. E... perdão pelo beijo, de verdade, sinto muito, Daryl. Boa noite.

Mal olhou pra mim, antes de descer, sem me dar tempo de responder.

Ainda fiquei ali parado uns minutos, me dando conta que eu era um cara muito fodido e que Natalie Cooper havia deixado os sapatos no carro...


Notas Finais


Eita!
Péssimo momento pra escolher beijar o boy Bochechas, errou feio, errou rude. E o nosso amado Baby Dix também passou um pouquinho do ponto (ou muito) mas é assim mesmo, ninguém pensou que seria fácil e amorzinho logo de cara neh?

O próximo é narrado pela Natalie, lembrando que ela e o Daryl ainda são obrigados a se ver todos os dias, afinal ela mora no lugar que ele trabalha.

Bjss e até, nos vemos nos comentários


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