Oitavo Capítulo
Preocupada
Os ouvi antes mesmo de ver qualquer um deles.
Parei o meu duelo com Edmundo no mesmo instante em percebi o som.
O som de marcha, como se centenas de pessoas andassem em nossa direção pode ser ouvido, mesmo que bem fraco ainda.
_ Ed? - o chamei alarmada - Está ouvindo?
Ele me olhou sem entender do que estava falando, fechou os olhos por alguns segundos para logo os arregalar em entendimento.
_ Eles estão aqui! - exclamou ele mirando a floresta a nossa frente.
_ Precisamos avisar o Pedro. - falei enquanto também observava a floresta, esperando o momento em que nossos inimigos surgiriam por entre as árvores.
O som de passos ficava a cada segundo mais alto, eles chegavam mais perto.
_ Fique aqui e se prepare para qualquer coisa. Vou falar com meu irmão. - ele falou dando mais uma olhada de onde o som vem e correndo para dentro do forte.
Não demorou muito tempo até eles começarem a aparecer por entre as árvores, centenas deles. Marchavam para nós com enormes catapultas, provocando ainda mais pavor aos narnianos.
_ Ali! Eles estão vindo! - os gritos dos animais falantes se misturavam uns com os outros, somente aumentando a tensão que estava ali.
Virei-me para trás, olhando para a parte de cima do forte onde os reis e rainhas do passado estavam junto de Caspian e seu professor, e também alguns outros narnianos.
Meu olhar se encontrou com os azuis da pequena menina, que possuíam um misto de preocupação e confiança. Confiança que me contagiou naquele momento, me enchendo da mesma fé que tinha anos atrás.
_ Nós não vamos nos deixar intimidar. - decretei com toda a confiança que tinha.
_ Desculpe-me dizer isso, Majestade. Mas se essa foi a intenção deles, estão conseguindo. - falou um centauro que estava ao meu lado, ao qual eu não havia percebido antes, apontando para a nossa volta.
Olhei para o rosto de cada um que estava ali e reconheci em seus olhares o sentimento de derrota. Fitei o rosto de Ciclone, o líder dos centauros, que também estava ao meu lado, e percebi que já estava mais do que na hora de honrar quem eu era. Sou uma rainha e agirei como tal.
_ Não importa se eles estão em maior número. - afirmei em voz alta para que todos a minha volta pudessem ouvir - Nós não iremos nos dar por derrotados. Nós não vamos perder. Temos algo que eles não têm, caso vocês não se lembrem. Aslan está conosco, então venceremos.
Terminei de falar e observei a expressão de cada um ali mudar para esperança. Vendo este brilho no olhar de todos, rumei em direção ao forte.
Tínhamos um plano para elaborar e sem tempo para perder.
(...)
_ Com mil bombas! Este é o seu próximo grande plano? - exclamou Trumpkin indignado - Mandar uma menina às partes mais escuras da floresta? Sozinha?
Eu podia entender muito bem o porquê dele estar assim, eu também quase fui contra essa ideia quando Pedro a propôs. Mandar Lúcia sozinha por aquelas partes seria realmente perigoso, mas ela iria atrás Dele, e Ele nunca deixaria que nada de mal a acontecesse. Eu confio nisso.
_ É a nossa única chance. - disse Pedro.
_ E ela não estará sozinha. - falou Susana que estava ao lado da pequena.
O anão caminhou até a frente da menina e a olhou nos olhos.
_ Já não morreram muitos de nós? - perguntou ele com o que pude perceber ser preocupação na voz e talvez um pouco de medo. Ele se apegou a menina, pensei, Anões podem sim ter um bom coração.
_ Nikabrik era meu amigo também. Mas ele perdeu esperança. - intrometeu-se Caça-Trufas que estava de pé a minha frente, enquanto eu estava sentada na escada ao lado do rei mais novo - A Rainha Lúcia não. E muito menos eu.
O barulho de espada sendo desembainhada nos chamou a atenção para o pequeno guerreiro Ripchip, que levantava a mesma com orgulho.
_ Por Aslan! - exclamou o rato.
_ Por Aslan! - repetiu um dos ursos que ali estavam.
_ Então eu vou com você. - voltou a dizer o anão para a menina.
_ Não. Precisamos de você aqui. - Lúcia falou com doçura.
_ Temos que segura-los até Lúcia e Susana voltarem - explicou o loiro.
_ Com licença. - a voz de Caspian se fez presente naquele momento, assim que teve a atenção de todos trocou um olhar com o senhor ao seu lado e se pôs de pé - Miraz pode ser um tirano e assassino, mas como Rei, está sujeito as tradições e expectativas de seus súditos. Existe uma em particular que pode nos dar algum tempo.
O silêncio caiu sobre aquela câmara, somente aguardando a decisão que seria tomada.
_ Então nos diga qual é. - falei sem aguentar mais ficar em silêncio e me levantando - Precisamos nos apressar, pois nosso tempo está acabando.
(...)
_ Tem certeza de que não quer que eu vá junto? - perguntei pela décima vez ao moreno, enquanto o ajudava a ajeitar a armadura - Só iram vocês três, podem precisar de ajuda em algum momento.
_ Tenho certeza, Sam. - disse ele exibindo um estranho sorriso nos lábios finos - Nós ficaremos bem, acredite. Além de que Lúcia e Susana precisaram de sua ajuda, então você tem que ficar aqui.
_ Eu não sei como nós concordamos com esse plano. É suicídio! - exclamei tensa pelo que o moreno teria que fazer em alguns instantes.
_ Pensei que tivesse gostado do plano. - comentou confuso enquanto encaixava a espada na bainha.
_ E gostei. Mas não quer dizer que não seja uma completa loucura entrar direto no terreno inimigo. - falei como se fosse óbvio o encarando – Não temos muita certeza se Miraz concordará com a proposta.
_ Ele irá. – afirmou Ed – Como Rei, ele não deixara que pensem que é um covarde e que fugirá de um duelo.
_ Tem razão. – murmurei.
_ Não precisa se preocupar, Majestade. Farei de tudo para trazer o Rei Edmundo de volta e bem. - disse Ciclone ao se aproximar de onde Ed e eu estávamos.
Não pude deixar de me sentir envergonhada pelo fato de estar tão preocupada com o moreno, tanto que parece que nem consigo disfarçar. Mesmo que não tenhamos conversado muito, posso considerar Edmundo como uma pessoa importante para mim agora, um bom amigo.
_ Tudo bem. Boa sorte lá. - desejei e sem pensar lancei meus braços ao redor do pescoço do moreno, o abraçando o mais apertado que podia. Pegando não só ele de surpresa como a mim também.
Quando pensei em me afastar, ele me envolveu pela cintura com seus braços e me apertou ainda mais contra si.
_ Pra que o abraço? - perguntou em um sussurro na altura do meu ouvido.
_ Não sei. Talvez pra dar sorte. - respondi constrangida me afastando um pouco dele - Tome cuidado, Ed.
Levantei-me sobre a ponta dos pés e depositei um beijo em sua bochecha, me afastando dali o mais rápido que podia ao mesmo tempo em que sentia meu rosto queimar.
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