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História Linguagem Secreta das Flores - Rosas


Escrita por: cactae

Notas do Autor


Bem, resolvi mudar o plot da antiga Não Digas Que Não Falei das Flores por motivos de insegurança e complexo de inferioridade, mas cá estou, com plot fofinho e otp agindo <3
Lá pelas tantas, o plot vai se tornar explícito e vocês suspirarão com o amorzinho que esse negócio vai ser, mesmo que eu não tenha decidido qual o tamanho dela <3
Para mais, para menos, a musiquinha que indico é: Primavera - Tim Maia <3
P.s: Capas provisórias por falta de criatividade.


Boa leitura ~

Capítulo 1 - Rosas


Fanfic / Fanfiction Linguagem Secreta das Flores - Rosas

A primavera, com certeza, é minha estação do ano favorita. O clima parece favorecer as sensações e as novas descobertas. É fim de uma era rigorosa e começo de uma em que tudo parece bonito, tudo se torna poético e, bem, tudo se torna mais propício para romances e amores de uma estação.  

Uma flor desabrocha, as abelhas saem em busca de pólen, as borboletas passam a ser vistas com seus mais belos desenhos em suas asas, o branco da neve dá lugar a um verde cativante, o parque da cidade torna-se uma pintura à óleo numa turbulência de cores que você perde-se em meio a tantas emoções. E você se vê sorrindo por aí sem motivos, só porquê é primavera

Mas nem tudo são flores, como dizem por aí. Uma nova estação surge e com ela vem as obrigações após as férias de inverno. Não que eu estivesse infeliz com isso, não estava, mas não negaria que chocolate quente e um cobertor eram ótimos pedintes nas manhãs frias em que eu me encontrava sozinho em meu apartamento. Outra coisa boa sobre essa época do ano, ela reaproxima as pessoas, que outrora preferiam nem sair de casa para lidar com o condensado em suas botas de grife e sobretudos caros demais para se perder em dias normais.  

As coisas voltam a funcionar, as pessoas dirigem-se aos seus fatídicos locais de trabalho, as escolas e faculdades retomam seus dias letivos, os garis varrem vestígios de outras pegadas, as roupas pesadas são substituídas por finas vestes de algodão, malha ou até uma viscose encontrada em liquidação em uma loja de tecido que até semana passada só vendia sarja ou misturas em acrílico, a floricultura do outro lado da rua inicia um novo expediente após as mil novas espécies de flores serem deixadas na traseira após o caminhão descarregar, e eu acabo por anotando mais descobertas de uma botânica admirável no meu sketchbook já gasto. 

— Preparado para mais um dia de aula?  

Voltei meu olhar na direção da voz sonolenta que me chamara e deparei-me com meu melhor amigo me olhando com uma cara um tanto desanimada para quem passara as férias do outro lado do mundo. Não contive uma risada anasalada por conta do resfriado após sair em uma chuva invernal em uma madrugada qualquer.  

— Eu estou, mas já você...  

— Ah, TaeTae, eu não queria ir hoje, não. — Jimin resmungara. — Não tivemos nem tempo de aproveitar as férias longe daquele lugar. 

— Dois meses não são suficientes para você? — Estava incrédulo com a preguiça exacerbada do outro. — Fala sério, ChimChim, você passou dois meses no Brasil fazendo sabe se lá o que longe de todo o frio e em praias belíssimas e ainda está reclamando. 

— Dois meses que mais me pareceram duas semanas. — Bufou. — Falar em Brasil, olha só essa foto. — Direcionou a tela de seu smarthphone em minha direção. — Bonito, não? 

— Anda atacando até os estrangeiros? Estou em choque com sua capacidade de sedução, Park Jimin.  

— Cale a boca. — Pude notar suas bochechas ganharem uma nova cor, indicando que algo ali era mais do que eu imaginava. — Os brasileiros são bem dotados, não pude deixar escapar. 

Sequer ousei virar-me parar perceber que havia um brilho e um sorriso bobo dançando em seus lábios carnudos. Era sempre assim, a família bancava-lhe as férias do sonhos e ele aventurava-se em descobrir a si mesmo e provar o sabor dos lábios alheios como quem prova um drink proibido e viciante, o que sempre resultada em desilusões amorosas e paixões de veraneio, já que ele ia embora quando a meia noite desse e o encanto sucumbisse junto a sorrisos e promessas de "Um dia nos encontraremos novamente.". 

— Ele era bonitinho até. — Fraseei por fim. 

Até notara um ou dois curvar de lábios, pude até jurar que ele havia de fato se apaixonado, mas logo passaria, sempre passava e ele corria para minha cama e posicionava-se a chorar por uma noite inteira alegando que perdera o grande amor da sua vida. Cheguei a perder a conta de quantos grandes amores ele havia tido desde que resolvemos morar juntos para nos completarmos e para que nossas despesas fossem menores e não precisássemos solicitar moradia da universidade. 

Conheci Jimin há alguns anos enquanto cursava o ensino fundamental, estávamos na terceira série e ele havia sido transferido de Busan para a capital, matriculando-se na minha turma por termos a mesma idade e logo fiz amizade com ele para que não acontecesse o mesmo com ele que acontecera a mim, quando também me transferido de outra cidade, Daegu, para Seul graças aos negócios de minha madrasta e de papai. Logo nos tornamos inseparáveis e, por incrível que pareça, nunca brigamos ou tivemos qualquer desavença nesses anos todos, o que nos levou a pensar que entrar para uma faculdade juntos era a melhor opção para mantermos nossa felicidade constante. Claro que mesmo com toda essa parceria e amor recíproco, tínhamos lá nossas diferenças, eu sempre fui mais excêntrico, mais esquisito aos olhos alheios. Jimin era mais sorridente, mais gentil e exalava uma bondade invejável para qualquer bom padre que pregava a palavra aos domingos.  

Acabamos por optar um loft em um bairro mais calmo e não tão caro, que fosse confortável para nosso bolso e bem-estar coletivo, já que escolhemos cursos com materiais em que a qualidade elevava o preço de maneira absurda. Eu escolhi seguir o ramo da Moda, algo que sempre amei desde que me entendia por gente, Jimin, por sua vez, encaminhou-se para Arquitetura, já que as construções e movimentos artísticos lhe eram tão ou mais atrativos do que quaisquer outras coisas. Isso, de certa forma, nos dava um bônus e uma condição especial, já que aqui ou ali compartilhávamos das mesmas ferramentas para trabalhos. Um esquadro, um papel mais caro, canetas que pareciam banhadas a ouro e pastas maiores do que nós mesmos que tendíamos a carregar por todo o campus. 

Nossa casa sempre foi mais do que bagunçada e isso era motivo de sermões cuja duração era em média de meia ou duas horas quando nossos pais resolviam que deviam visitar os filhos que fugiram de casa para seguir os sonhos. Oras, dois artistas morando juntos, claro que teria desenhos por toda parte, papeis espalhados por todas as mesas, papeis amassados e um ou dois alfinetes no sofá ou um escalímetro de ferro no chão. A receita para toda a desordem era simples: junte um libriano com lua em gêmeos e um capricorniano com lua em áries e voilá, sirva-se à vontade. 

— Só espero que tenha garotos bonitos esse semestre. Semestre passado não pude aproveitar da melhor forma, já que as opções não me eram favoráveis. — Jimin chutou uma pedrinha brilhante no asfalto escuro. 

— Pra quem estava a mil sorrisos para uma fotografia no celular e suspirando apaixonado, até que você esquece rápido. — Provoquei.  

— Pare com isso, idiota! Eu não posso ficar chorando pelos cantos por alguém que não irei ver, tampouco que estará disposto a vir me ver na outra extremidade do planeta. 

— Certo. Vamos apressar esses passos porquê estamos meio atrasados.  

— Com "meio", você quer dizer que se não nos apressarmos, perderemos o primeiro tempo, não é? 

— Exatamente. — Finalizei, encarando meu relógio de pulso como quem implora para que o tempo congele ali mesmo. 

Não éramos acostumados a atrasar tanto assim, mas quando seu relógio biológico passa dois meses trocando o dia pela noite, você se vê sem alternativas senão dormir mais cinco minutinhos, e quando se divide uma cama com o Park, esses cinco minutos tornam-se horas no calor de um abraço bem dado ao término da frase "Boa noite, TaeTae." 

O prédio da universidade não ficava tão distante assim da nossa casa, eram alguns quarteirões que sempre íamos de bicicleta ou aproveitávamos a manhã bonita e calma para caminharmos na presença tão agradável um do outro. Por vezes, aproveitávamos para ir a cafeteria de um grande amigo, para sermos agraciados com pães recém saídos do forno ou até com um café bem passado que o aroma chegava a nos alcançar seja lá aonde estivéssemos, claro que isso nem sempre era feito quando esquecíamos o caminho — comumente para nós dois — ou quando nos atrasávamos por demasia, como hoje.  

— Enfim, bem vindo a vida adulta novamente. — Jimin proferiu baixinho formando uma careta de descontentamento ao avistar a grande construção. 

Os portões eram de ferro pintado de um preto fosco com grades bem desenhadas e escolhidas por um arquiteto ou designer qualquer, suas arvores eram enormes com cento e tantos anos de história, o gramado era sempre bem aparado e verde, um pomar podia ser visto e desfrutado ao longo dos hectares do terreno e a construção era mais do que bem projetada com suas esculturas em alto relevo e seus tons bonitos de  um tom Pantone de vermelho em degradê. Os blocos didáticos eram separados em artes, ciências humanas, ciências agrárias e exatas e um mais afastado que era o de desporto. Eram extensos e cada um abrigava uma série de conhecimentos e tribos de jovens das mais variadas origens. Nunca entendi muito bem porquê tudo isso era agregado em um só campus, talvez por ter sido a primeira em toda a Coreia, talvez por guardar valores e tradições de uma vida inteira ou talvez porquê aqueles tijolos já não eram mais fabricados.  

Eu estudava no mesmo bloco de Jimin e vez por outra adentrávamos o bloco de humanidades para as aulas teóricas que tínhamos sobre períodos passados para compreendermos nosso futuro e papel como profissional de desenho industrial. Cruzávamo-nos aqui ou ali em alguma disciplina em comum, como História da Arte um e dois, e fazíamos todos os trabalhos em dupla mesmo que a professora gritasse que queria avaliar nosso conhecimento individual, mesmo que isso indicasse que um dos dois ficaria para uma avaliação final e esse um sempre fosse Park Jimin, já que quando eu faltava, ele não fazia outra coisa senão sonhar com obras da renascença ou com o Império Romano em decadência.  

— Vejo-te no horário do almoço, estarei na macieira. — Despedi-me de meu amigo. 

 

 

 

As aulas se sucederam de forma lenta e entediante demais para um primeiro dia de aula, não estava tão animado para passar duas horas refletindo sobre a ergonomia de projetos funcionais ou pensar em organizar eventos para todos os estudantes. Claro que eu amava sim o que cursava e não me via em outra coisa, mas era cansativo quando você acordava indisposto para o mundo e não queria sair do conforto do seu lar.  

Tive de prestar atenção ao sair para não esbarrar em um atleta suado com o uniforme do time grudando em seus corpos já formados ou em um novato distraído com a decoração interna do bloco de artes. Já que tudo era bonito e estilizado demais para os olhos acostumados a paredes brancas e sem emoção, eram rabiscos confusos, declarações de amor, trechos de músicas, desenhos com características de movimentos artísticos como fauvismo, cubismo e um surrealismo à la salvador Dali e outras muitas coisas que não se eram decifráveis, mas detinham de uma beleza que fazia qualquer amante de arte suspirar em orgulho e felicidade com a beleza e harmonia de cores bem pinceladas.  

—  Até que enfim a princesinha chegou. —  Namjoon me abraçou apertado. —  Estava com saudades do meu esquisitinho do bloco de artes favorito.  

— Você vai acabar quebrando meus ossos assim. —  Fingi uma careta de dor. —  E outra... Você só conhece nós dois do bloco de artes. 

—  Isso é verdade. —  Jimin apareceu mordendo uma maça que acabara de tirar do pé.  

—  Isso é um complô? Estão mancomunados para me fazer pensar que só ando acompanhado de trogloditas do meu bloco? —  Namjoon tinha um biquinho fofo nos lábios. 

—  Longe disso, em nenhum momento afirmamos que os caras como você do desporto são assim, você quem está afirmando isto. —  Ri mostrando-lhe a língua. 

—  O que faremos hoje a noite? Sabe, eu estava com saudades do senhorzinho que foi ao Brasil sem me avisar. — Deu um leve soco no braço de Jimin. —  E do senhorzinho que não saiu da cama um dia sequer! —  Apontou para mim. 

— Ah, hyung, foi uma viagem de última hora. — O mais baixo expeliu.  

— E você sabe o que o frio faz com as pessoas, Joonie. — Defendi-me. 

Namjoon apenas rolou os olhos em nossa direção e murmurou algo que não compreendi bem por estar prestando atenção na letra de uma melodia conhecida que tocava em meus dispositivos auriculares, fazendo-me sorrir e cantarolar baixinho enrolando um inglês medíocre que fazia o mais velho gargalhar em alto e bom som. 

— Se você fosse um dongsaeng mais amoroso com seu hyung, eu te ensinaria a cantar em um inglês compreensível ao invés desse árabe que seus lábios ponderam. — O loiro riu e logo fiz uma careta. 

Pelos deuses! Não seja tão malvado comigo, hyung. — Entristeci-me como parte de meu drama teatral. — Eu tinha ótimas ideias do que poderíamos fazer hoje a noite, mas não direi até que você se faça merecedor de minhas palavras.  

Arrependi-me logo no segundo anterior ao que acabara de falar, Namjoon lançara olhares sugestivos para Jimin que encarava a cena com um sorriso sibilando em seus lábios e dividindo a atenção na maça vermelha e em nós dois, que logo largou a fruta e subiu em mim para me castigar com cócegas em meus mais sensíveis pontos, por ser meu melhor amigo, ele sabia bem aonde mexer para me deixar sem ar após tantas risadas enquanto debatia-me pedindo um cessar.  

— O que raios estão fazendo? — O garoto de pele mais clara surgiu no nosso campo de visão não aprovando muito o que fazíamos. 

— Hyung! — Meu melhor amigo praticamente pulara nos braços do outro que corou no mesmo instante. — Senti tanto a sua falta, o Brasil tem tantas paisagens que você adoraria fotografar. 

— Eu também senti a sua, Jiminnie. — Os olhares se cruzaram e pude jurar que aquele brilho voltara as iris dos dois. 

Min Yoongi era o irmão mais velho de Namjoon, ele cursava Cinema e Audiovisual também no bloco em que eu e Jimin estudávamos. Conhecemo-nos após uma mostra de filmes no pátio da universidade em que o dele ganhara uma bela homenagem e Jimin forçara-me a ir parabenizar o futuro cineasta, alegando que o trabalho dele havia sido incrível demais para um estudante. Lógico que não pude deixar de notar o interesse do meu melhor amigo no outro, eles pareciam até combinar se postos lado a lado, tanto pelo tamanho, quanto pelo riso sincero que soltaram ao ver que gostavam do mesmo cantor. Não demorou muito para que eu os pegasse aos beijos na sala de estar na residência que divido com Jimin, se apaixonaram como toda bela história de amor de faculdade, mas não duraram tanto quanto eu almejava. Nenhum dos dois nunca tocou no assunto e nem eu, tampouco Namjoon insistimos no assunto, mesmo que eu saiba que nenhum dos dois ficara feliz após o término, eles ainda se falavam e eram próximos, no nosso quarteto inseparável, mas nada que indicasse que retomaram a relação de alguns meses atrás. 

— Queríamos saber a ideia do Tae para aonde sairmos hoje, hyung. — Namjoon sorriu-lhe. 

— E seria...? — Instigou-me com a sobrancelha arqueada.  

— Cafeteria de Seokjin ou pizza lá em casa? Não quero ter que sair para nenhuma casa de show noturna ou aventurar-me pelos bares da cidade. — Sugeri. 

— Por mim, está ótimo. — Yoongi concordou. — Mas temos que passar numa dega e comprar algo para beber, da última vez brincamos de roleta drink e não sobrou uma dose sequer. 

— Certo. Então, nos vemos mais tarde, eu tenho aula agora e preciso ir preparar-me psicologicamente para mais um semestre corrido. — Despedi-me e dirigi-me a uma aula prática para a qual eu não havia trazido muitos materiais.  

Obriguei-me a usar um lápis 4B e minha limpa-tipos, graças aos céus, fizemos apenas alguns exercícios de luz e sombra que eu já estava acostumado, apenas para treinarmos nossos olhos e reacostumarmos aos desenhos mais elaborados e menos regrados que teríamos dali para frente. Como era apenas uma aula introdutória, não demorou muito e pude atravessar o prédio e dirigir-me ao meu loft. Ponderei esperar Jimin para que fossemos embora juntos, mas logo senti meu celular vibrar. 

Park ChimChim 2:43 PM:  

Não precisa me esperar, vou ter que passar num local antes e logo te vejo. 

Você: 

It's okay. Tome cuidado. Amo você. 

Após digitar rapidamente as palavras, caminhei para casa com calma. Senti a brisa fresca em meus cabelos castanhos e agradeci mais uma vez pela estação que nos encontrávamos. Eu gostava das outras estações também, mas em nenhuma delas eu podia desfrutar-me de apenas sentir o aroma das flores ou observar que daquele casulo sairia mais uma das lindas borboletas que davam beleza e cor ao meu pequeno jardim. 

Senti-me curioso ao olhar para a casa ao lado, que suspeitei ser um loft também, já que aquele bairro era cheio deles, e vi um moço de madeixas escuras adentrar com algumas caixas que estavam em seu jardim, junto com alguns moveis que se encontravam ali também. Conclui que era meu novo vizinho, esperei para ver se alguém saíra de lá ou coisas do tipo, mas ele estava sozinho e logo me senti no dever de oferecer ajuda. Não era a pessoa mais forte do mundo, trabalho braçal nunca fora meu forte, mas sensibilizei-me ao ver que ele fazia tudo sem auxílio algum. 

— Posso te ajudar? Não pude notar que estava carregando tudo sozinho e, bem, seremos vizinhos e... 

— Você fica observando a vida de seus vizinhos, então? — Analisou-me de cima a baixo e riu. — Estou brincando, você devia ter visto sua cara. 

Oh... — Foi tudo que consegui dizer.  

Carreguei as caixas com cuidado, nenhuma tinha o aviso de frágil, mas não arriscar-me-ia a derrubar alguma e ver o outro chateado com o vizinho desastrado que havia acabado de adquirir. Não que eu estivesse com medo do que ele pensaria de mim, mas era a primeira vez que eu tinha um vizinho tão bonito

— Há só mais algumas caixas e você pode se ver livre do seu vizinho aproveitador. — Gargalhou e não pude evitar de sorrir. 

— Que isso. — Ri. — Vizinhos são para essas coisas. 

— Para tirar proveito?  

— N-não. — Gaguejei, mas que tipo de pergunta é essa? — P-para ajudar. 

— Você tem que parar de levar as coisas tão à sério. — Riu mais uma vez. — Eu só estou brincando com você.  

— C-certo.  

Ofereci-me para ajudá-lo a pelo menos organizar em meio a tanta bagunça, um local que ele pudesse dormir. A casa não era muito diferente da minha, mas o jeito que ele planejara dispor os móveis ia além da minha concepção. Ele era desorganizado e não seguia uma ordem para sua configuração, o que me fez rir ao terminar de montar a cama dele, era na extremidade oposta a que eu havia colocado a minha e não era tão próxima a janela.

Suspiramos em satisfação quando tudo parecia montado, não organizado, mas estavam em seus lugares por hora. E até sentia-me desconfortável com a maneira que ele me sorria e agradecia pela minha ajuda. 

Nunca tive um vizinho que me ajudasse numa mudança.  

— E eu nunca tive um vizinho, mas achei que você precisaria de ajuda.  

— Fico grato. Sou Jeon Jeongguk, e você? — Sorriu-me. 

— Kim Taehyung, prazer vizinho de jardim. — Sorri de volta. 

— Aliás, belo jardim você tem.  

Que tipo de elogio é esse? 

— A-ah, obrigada.  

— Não, é sério, nunca conheci um homem que cultivasse rosas. Não são minhas favoritas, mas são flores e, bem, eu gosto delas, elas detêm tantos significados que admiro-me por existirem ainda hoje. 

Curvei os lábios e agradeci mais uma vez, seja lá o que aquilo significasse, fiquei feliz por conhecer alguém que também admirasse as flores como eu admirava.  

Logo me vi do lado de fora e notei que o crepúsculo já se fazia presente, o que significava que havia passado a tarde inteira carregando caixotes e colocando parafusos em moveis domésticos, havia até esquecido-me que combinara uma noite de amigos em minha casa. Cogitei chamá-lo, mas ele parecia abatido e cansado, talvez pela mudança, o que me fez abandonar a ideia e deixar pra lá. Eu teria outras oportunidades.

Destranquei a porta e os meninos já estavam lá, consumindo bebidas alcoólicas e conversando sobre noites e as férias de Jimin, ele realmente amara o lugar da vez, seus olhos brilhavam a cada palavra expelida e suas mãos pequenas e gordinhas gesticulavam o quão incrível havia sido tudo aquilo. Ri soprado tentando chamar a atenção para indicar que havia chegado. 

— Achei que chegaria primeiro que eu. — Meu melhor amigo encarou-me. 

— Eu cheguei, mas você viu que temos um novo vizinho? Eu estava ajudando-o. 

— Ajudando... Sei. —  Yoongi provocou-me. —  Só isso? Se houver algo a mais, nós saberemos.  

— Deixe disso, hyung. — Lancei uma almofada do sofá e ri. — Não haveria de ter alguma coisa com alguém que acabei de conhecer, e outra, só o ajudei porquê não vi ninguém fazendo isso. 

Dei alguns passos para sentar-me e logo juntar-me as conversas e novidades de quatro amigos que não se viam há algumas semanas, quando escutei a campainha soar. 

— Estamos esperando mais alguém? — Perguntei e todos negaram. 

Dirigi-me a porta e a abri, não encontrando ninguém. Imaginara ser algum engraçadinho ou só a força do meu pensamento, quando vi três pequenas rosas no chão e um bilhete amarrado junto a mesma. Não eram da mesma coloração das que eu cultivava, mas era de um lilás muito bonito. O bilhete estava escrito em uma caligrafia desajeitada e engraçada, mas legível. Encarava a flor e a folha ao mesmo tempo, não sabia o que pensar, eu não conhecia o significado das flores, só as admirava, mas senti a curiosidade brotar após ler aquelas palavras e sorrir de forma imperceptível: 

"Esta é a flor de meu segredo, espero não te assustar."


Notas Finais


Nha ~sim, eu sou apaixonada por flores desde que me entendo por gente, acho tão belo tudo que envolve flor que sinto até vontade de chorar.
Bem, para quem não sabe, três rosas juntas, geralmente, querem dizer algo como: "Quando nos veremos outra vez?", mas também deve levar em consideração a cor e etc etc etc, coisas que serão vistas no decorrer dos caps.
A musiquinha indicada é pq ela é bonitinha e tava tocando aqui no vizinho enquanto eu escrevia, mó timing gostosinho. <3
Para mais, para menos, é isso. Sintam-se a vontade para mandar o feedback ou coisas do tipo. Qualquer coisa tamo aqui, tamo aí.


Xoxo, see you ~


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