1. Spirit Fanfics >
  2. Linguagem Secreta das Flores >
  3. Peônias

História Linguagem Secreta das Flores - Peônias


Escrita por: cactae

Notas do Autor


Relou <3
Em consideração as pessoas que iriam fazer enem, não atualizei ontem, mas cá estou.
Para quem fez, foi bom? Eu não fiz por ter esquecido de me inscrever, mesmo depois que entrei pra uma federal, não parei de fazer por achar divertido, mas acabei por esquecer este ano kk
Espero que tenham ido bem, fiquem confiante e não desanimem-se com esses gabaritos extra-oficiais por aí, eu mesma nunca nem olhei esses negócios saoksoaksa
Enfim, preparem-se para outro cap beeeeeem fluffy, pq se não for p ser fluffy, LSF não era nem escrita skoaksao
Escutem alguma musiquinha melosa e depois tomem as doses de insulina que será necessária.
AAAAAAAH, antes que eu esqueça, eu entrei para a equipe do Tkwishes, isso é bem legal, né? Parabéns para mim <3
Eu não betei, então...



Boa leitura ~

Capítulo 9 - Peônias


Fanfic / Fanfiction Linguagem Secreta das Flores - Peônias

Às vezes, eu não me achava um adulto muito normal, na verdade, não me achava um adulto de fato, mesmo que todas minhas responsabilidades e atividades dissessem o contrário, eu tinha alguns comportamentos duvidosos e tive a certeza disso no instante em que pisei na faculdade no dia após os beijos trocados com meu vizinho na fachada de minha residência.

Eu evitei a todo custo encontrar-me com Jeongguk no dia seguinte, mesmo não sabendo exatamente o motivo pelo qual que fiz isso. Não, ele não beijava mal, ele beijava bem até demais, uma pegada que eu estava relutante em sair, em parar com todo aquele clima criado, mas graças a Jimin - que esqueceu de desativar o flash e fotografou um dos mil beijos que Jeon me deu - tive de me afastar rapidamente e bater com a porta em sua cara, literalmente. E mesmo que eu tenha ouvido-o bater na porta e perguntar se tinha feito algo de errado, não consegui responder, não quando meu melhor amigo gargalhava tão alto que pensei ser escutado em outra galáxia. Jimin disse que eu não devia ter feito aquilo, que era errado e falta de educação, eu sabia bem, mas a culpa também era de Jeon Jeongguk. Não sabia bem o porquê, mas o culparia por me fazer ficar daquela forma.

No dia seguinte, fiquei atrás do bebedouro três quando Jeon passou, também o vi entrar em meu centro acadêmico e procurar-me no laboratório de Moulage, Namjoon disse que o garoto não parava de perguntar sobre mim, tanto que seu irmão, Min Yoongi, pediu para Jimin encontrar-me e calar a boca daquele dongsaeng apaixonado. Eu até queria ir até ele e dizer que não havia nada de errado, eu é que era um covarde mesmo.

Havia passado a noite pensando sobre ele e cogitando sobre ir ou não a sua casa e, sei lá, beijá-lo até que nossas bocas não soubessem mais ficar separadas e sentíssemos vontade de jogar poker pelados, algo do tipo. Mas sabendo como sou, isso não passaria de imaginação. Se eu não tinha coragem o suficiente nem para encontrá-lo na faculdade, quem dirá ir até seu encontro.

Logo estava ali, culpando-me em plena tarde de sábado enquanto arrumava-me para aula do curso de canto - algo que eu julgava que ajudaria-me a espairecer - não caprichando muito, apenas usando uma blusa verde de malha não muito justa, uma bermuda jeans, meias de poliamida e um converse surrado de cor que um dia foi branco, colocando um cap para trás por sobre minha cabeça.

Havia chegado só para almoçar em casa depois do curso de inglês, já que era fim de mês e eu não estava com dinheiro suficiente nem para passagem de metrô ou uma bolinha de queijo na cafeteria de Seokjin. Considerava uma sorte e tanto conseguirmos aquele loft próximo a quase todos os lugares que eu e Jimin costumávamos frequentar, este que, por sua vez, havia acordado mais cedo que o normal, ido ao supermercado comprar mais macarrão instantâneo e encontrava-se estirado no sofá passando os canais da TV à cabo com certo tédio.

— Não tem nada de interessante passando nessa porcaria. — Resmungou afundando seu rosto no travesseiro. — E, para piorar, Yoongi não topou minha proposta de Mènage à trois com ele e Hoseok. Ele ficou bravo e agora está me dando vácuo no kakao, seu outro melhor amigo é um bosta de um careta. Será que ele não reparou naquele corpo que o Hobi hyung tem? Nossa senhora dos cactos do deserto, aquilo é esplêndido.

— Você sugeriu o quê?! — Comecei a tossir desesperadamente, não sabia se pelo exagero de perfume que eu respingava ou pela barbaridade que o outro dizia. — Park Jimin!

— O que foi, Tae? Vai me dizer que não tem curiosidade em saber como é uma relação a três? — Indagou e maneei a cabeça em negação. — Eu tenho, mas já que Yoongi não quer, não posso insistir ou perco o namorado.

— Namorado? — Repeti, quase rindo ao vê-lo corar. — Não sabia que tinham voltado.

Jimin ignorou-me completamente, o que me fez sorrir vitorioso, mesmo sabendo que eles terminariam em pouco tempo e voltariam novamente, um ciclo-vicioso ao qual eu não conseguia me acostumar. Detestava toda aquela frescura dos dois, se eles se queriam, não era mais fácil ficarem juntos? Mas, segundo os sujeitos da pauta, eu não tinha moral para reclamar quando era o maior covarde que eles conheciam e não respeitavam.

Decidido a não mais perguntar e nem nada, resolvi apenas caminhar em direção ao meu melhor amigo e depositar um selar em sua testa, em seu pescoço e em sua bochecha, apenas porque vê-lo com rosto ruborizado era uma imagem fofa e eu gostava de registrar na gavetinha em meu cérebro reservada apenas para ele.

— Eu volto logo, por favor, manda uma mensagem se for sair, não quero ficar preocupado á toa. Ah, não esquece de lavar a roupa, é sua vez. E pelo amor de deus, verifica as etiquetas, há tecidos que não podem ir para a máquina de lavar, também não misture as cores. Nada de alvejante com cloro em minhas cuecas, eu tenho alergia e você sabe disso. Também não esqueça de comer a tarde, se for trazer Yoongi para cá, nada de saliências em nossa cama, não pense que não vi aquela mancha em meu lençol de seda, ainda me deve um. E....

— Kim Taehyung... — Jimin repreendeu-me. — Eu sou seu hyung, eu que deveria dizer o que fazer, e... Por que está tão nervoso?

— Não estou nervoso. E você só é mais velho por dois meses e é porque nasceu de sete meses, literalmente.

— Vou ignorar tudo o que você disse. Até mais tarde, Taetae. — O garoto praticamente empurrou-me para fora com o olhar.

— Até, Chim. — Baguncei seus cabelos e segui em direção a porta.

Passar por aquela estrutura de madeira fazia eu lembrar-me dos beijos trocados há dois dias com meu vizinho. Podia até recordar-me do frio na barriga que senti quando nossas línguas tocaram-se, como ele conduzia o beijo de uma forma tão boa que poderia jurar que ele havia feito curso intensivo de como beijar bocas, fora a forma que ele segurava minha cintura, parecia tão certo, tão esperado, tão mutuamente desejado que agora eu sentia a ausência daquele calor gostoso que irrompeu meu corpo naqueles instantes.

O calor era palpável, já que ventos advindos do nortes amenizavam o sol escaldante. Um banho de piscina ou até de mangueira ia bem naquele instante. Sentia falta de quando Jimin e eu corríamos pelo quintal para regar as plantas e acabávamos nos molhando por isso, teria de pedir para que voltássemos a fazer aquilo, mesmo que os eventos da vida adulta praticamente gritassem que não tínhamos tempo para amenidades.

Outra coisa que seria muito bem vinda naquele momento era uma bicicleta ou até um patinete, qualquer coisa que acelerasse minha ida a escola de música ou salvasse-me do asfalto quente. Teria de juntar economias para comprar algo assim logo, já que não tão cedo iríamos possuir um carro ou algo assim. Tudo bem que tínhamos amigos que dirigiam e eram donos de carros, mas não é como se Min Yoongi e Kim Namjoon fossem nos levar para cima e para baixo quando bem desejássemos.

Sendo desviado de minhas divagações sozinho, escutei o barulho de uma porta se fechar, logo obrigando minhas pálpebras a irem para baixo. Os passos pela grama eram tão reconhecidos por mim que suspirei uma, duas, três vezes antes de inalar o perfume característico e ponderar fincar minhas unhas no chão, reunindo coragem para cavar um buraco e virar um avestruz. Aquilo, definitivamente, não estava previsto. Não quando apenas senti um leve roçar de lábios sobre os meus e mãos segurando minha cintura levemente, não fazendo esforço algum para sair dali.

Havia esquecido completamente que Jeon Jeongguk fazia curso no mesmo horário que eu e que sua acadêmia de dança era também no mesmo canto que meu curso.

— Estava te esperando sair e... — Senti um beijo em minha bochecha desta vez. — Não pode fugir para sempre, sabia?

Sua voz era divertida, mesmo que eu ainda estivesse estático, não só porque não estava preparado para vê-lo, mas por suas atitudes assim que veio até mim. Oras, ele havia me dado um selinho e um beijo na bochecha, suas mãos em minha cintura pareciam firmar algo que eu não sabia se tínhamos. Meu coração dava batucadas fortes em meu peito, chegando a quase perguntar se Jeon ouvia aquele barulho que mais parecia ser um sambódromo dentro de mim. Respirei fundo, não sabendo muito bem o que falar ou fazer.

Eu queria beijá-lo, fazer aquelas coisas bem comédia romântica, andar de mãos dadas até nosso destino final e dizer "te levarei para casa hoje", mas não sabia bem nem como abrir os olhos para fitá-lo, quem dirá qualquer outra coisa assim. Porém, forcei-me a olhá-lo, o que foi um grande erro. Meu coração parecia mais sem ritmo do que o Jimin batendo palmas - sim, ele não sabe bater palma - minhas pernas fraquejaram e eu quis desmoronar em cima de Jeongguk.

Bem sei que havia sido eu a beijá-lo naquele dia, e mesmo com a saudade imensa que  eu estava de seu rosto de traços delicados e demarcados, a vergonha e insegurança ainda eram minhas grandes inimigas naquele instante. Eu não sabia o que fazer com as mãos, com os pés, com a cabeça e nem com o coração que falhava em sua função de apenas bater e me manter vivo.

— Batata palha é bom no hot-dog, em cima do purê. — Foi tudo que consegui dizer.

Meu vizinho riu, riu daquela maneira que sai de dentro de dentro de seu interior, segurando-se para não rolar no chão de tanto gargalhar. Riu de uma maneira que eu nunca havia escutado, era um riso estranho, engraçado e ao mesmo tempo, muito bom de se ouvir. Acabei por rir também, ri só de vê-lo com o rosto vermelho ainda naquela ação. Rimos tanto que minhas bochechas estavam dormentes e ele pressionava sua mão em sua barriga, com o cantinho dos olhos com um acúmulo de água devido ao esforço de gargalhar.

— Você é engraçado, hyung. — Jeon tirou as mãos de mim, quase resmunguei, mas... — Creio que esteja indo ao curso. Eu posso te acompanhar?

— Para quem já chegou beijando-me, esse pedido é meio desnecessário. — Não freei-me ao falar.

Oh, isso te deixou bravo? — O garoto encolheu os ombros e eu quase bati em mim mesmo por isso. — Eu pensei que podia, já que...

Você pode. Q-quer dizer, não pode. Na verdade, p-pode sim. — Atrapalhei-me gaguejando mais do que deveria. — Eu quero dizer que você pode sim me beijar, eu só fiquei surpreso, não esperava que....

— Que eu fosse te beijar novamente depois daquele episódio na porta da sua casa? Achou mesmo que eu queria apenas aquilo? — O mais novo riu. — Eu não passei tantos capítulos entregando flores na sua porta para contentar-me com um beijo, mesmo sendo o beijo.

— O que quer dizer com isso?

Não tive nem tempo de terminar a frase direito, tampouco raciocinar o óbvio. Jeongguk sorria prendendo meu lábio superior nos seus sem me beijar de fato, parecia testar-me ou quem sabe esperar um consentimento que veio assim que eu beijei seu lábio inferior e fomos colando nossos corpos a medida que aquilo iniciava-se de forma lenta. Os lábios de Jeon eram tão macios que um dia eu perguntaria-lhe qual a marca da manteiga de cacau que ele usava, sua língua tinha um sabor que mesclava-se com o refrescante de creme dental sabor hortelã e com o de chocolate amargo que eu havia comido há pouco tempo, dando uma vontade de não desgrudar mais e apreciar aquela massagem labial tão gostosa.

Suas mãos traziam-me mais para perto de seu corpo, mantendo-me um pouco inclinado devido a estarmos bem no meio de meu jardim e não termos apoio algum, já minhas mãos seguravam seu rosto, fazendo um leve carinho em sua bochecha enquanto eu entrava em um conflito interno de cortar ou não o clima do momento anunciando que precisávamos ir ou chegaríamos atrasados. Jeon pareceu até ler o que eu pensava, afastando-se aos poucos e depositando selares e sorrindo, o que - particularmente - derreteu-me por dentro.

Às vezes, você é tão lerdo, hyung. — Riu, logo segurando meu pulso e caminhando em seguida. — Vamos antes que percamos a hora ou o Jimin apareça estragando o clima mais uma vez.

Assenti, ainda meio desnorteado pelo que havíamos acabado de fazer. Não, eu não era boca virgem antes daquele dia com Jeongguk, embora fizesse tempo que eu não ficasse com ninguém, aquela vez havia sido diferente, essa vez também, não sei se era o beijo em si ou o garoto, ou até mesmo os dois, mas eu me viciaria rapidamente se continuássemos naquele ritmo. Nada assimilava-se aquelas sensações, nem o beijo de Lee Minhyuk - o último garoto que eu havia trocado umas carícias em uma calourada - chegava perto daquilo, e eu agradecia mentalmente ao garoto a minha frente por não ter desistido mesmo eu sendo tão devagar ao perceber suas investidas.

Caminhávamos meio apressados, não que nosso local de curso fosse longe demais, mas estávamos um pouco em cima da hora devido ao tempo que gastamos aos beijos. Jeon ainda não havia soltado meu punho, eu até pensei que ele fosse entrelaçar suas mãos nas minhas, mas isso não aconteceu, o que me deixou um pouco decepcionado, mas não surpreso. Eu sei que eu deveria ter mais atitude e eu mesmo ter juntado nossas mãos em um aperto carinhoso, mas ainda era complicado para mim lidar com toda aquela ousadia que compunha Jeon Jeongguk.

Eu não era inocente, mas ele me deixava tão desconcertado que eu cogitava ter trocado de corpo com uma garotinha que sentia seu primeiro amor brotar de uma forma tão ilusória e perfeita, parecia exigir de mim em silêncio, me querer de uma maneira que eu não havia sentido com outro alguém. E mesmo que isso soasse repetitivo e até clichê, eu sentia que aquele garoto distinguia-se em meio aos meus encantos passados, avisando que ele estava ali e estava para ficar.

Chegamos após uns dez minutos de caminhada, a testa de Jeon brilhava com uma gota de suor que escolhia-lhe as têmporas, deveria julgá-lo e dizer que aquele calor era devido a sua camisa preta - todo mundo sabe que a cor preta absorve as coisa, calor também é uma delas - ou até mesmo por ser de poliéster, mas deixaria para mais tarde. Talvez quando virássemos algo de fato eu visitaria sua casa, abriria seu guarda-roupa e cortasse suas camisas pólos enquanto Jimin fazia fogueira para queimar todas as que fossem de poliéster, também olharia se ele tinha bermudas de tactel, estas, por sua vez, eu jogaria no lixo mesmo e desinfetaria todo aquele lugar, colocando roupas de algodão e tecidos que eu gostava.

— Eu te vejo no final? — Jeon perguntou com certa hesitação.

Oh... É, sim. Eu fico aqui te esperando assim que minha aula acabar e vamos juntos para casa. — Afirmei, sentindo-me um tanto estranho.

— Então...

— Então... — Repeti sua fala.

Aquele momento foi deveras constrangedor, não sabíamos bem como nos despedir. Fomos na mesma direção ao mesmo tempo, no intuito de nos beijarmos, mas apenas chocamos nossas testas uma contra outra, provocando uma dor incômoda e um riso nervoso por ambas as partes. Estávamos vermelhos e eu não sabia se era devido a temperatura exterior ou interior, mas tudo estava bem quente. Tentamos mais uma vez, mas nossos dentes rangeram após tocarem-se de maneira forte. Jeongguk bufou e eu sorri, aquilo era tão engraçado que nem parecíamos dois projetos de adultos. Decidi, portanto, apenas beijar a bochecha ainda corada do mais novo e adentrar meu local de curso, dando passos trôpegos enquanto caminhava de costas e acenava para um Jeon que coçava sua nuca perceptivelmente envergonhado.




 

Passei a aula inteira cantando I'm Yours, aquela música não saía mais da minha cabeça desde que Jeon e eu fizemos o dueto em meu centro acadêmico. Mesmo que ele tivesse atrapalhado um pouco meus planos como presidente daquilo, foi divertido e eu sinto como se aquilo tivesse sido aquilo a alavancar meus sentimentos para com ele.

O professor falou algo sobre aquele tipo de música ser muito bom para o meu timbre e que até imaginava-me cantando por aí, mesmo que meu inglês ainda não fosse cem por cento, ele notava minha melhora e as palavras pareciam sair com mais fluidez, comentou até que eu parecia sentir a letra, como o compositor, parecia também estar apaixonado. Tive de rir, não sei Jason Mraz, mas eu estava bem apaixonado, mais do que imaginaria.

Com esses pensamentos, sai cantarolando alguma outra coisa aleatória que me surgiu na mente, por incrível que possa parecer, não era a música do dueto, mas era uma que havia surgido em meus lábios por puro calor do momento.

— Está aqui faz tempo? — Indaguei ao me aproximar o suficiente.

— Não, acabei de descer para falar a verdade. — Ele estava com o cabelo molhado, supus que estivesse tomado banho no vestiário do local.

Eu não sabia bem se era normal ainda estar nervoso nessas situações, mas senti-me a beira de um colapso quando os dedos finos de Jeon, ainda gelados pelo recém banho tomado, procuraram os meus para aquele contato que eu tanto queria horas mais cedo. O que me fez sorrir de forma involuntária e apertar de leve sua mão, recebendo um carinho como resposta.

A volta parecia bem mais curta, não sei se pelo fato de que conversávamos sobre nossas aulas e partilhávamos experiências, ele contava-me sobre fouetté desequilibrado e eu sobre um falsete desafinado, parecendo até nos conectarmos em nosso aparente talento de sermos um tanto desastrados, mesmo que eu fosse bem mais que ele. Jeon prometeu contar-me seus sonhos e o porquê de dançar e eu pedia segredo ao confessar que também adoraria partilhas minhas aspirações para uma vida inteira com ele em um momento oportuno. Trocávamos olhares e sorrisos singelos, sentindo-me até estúpido por não ter notado antes o quanto parecíamos estar caídos um pelo outro.

Resolvemos apostar corrida assim que dobramos o quarteirão do residencial de loft, não deu tempo nem decidirmos o que seria o prêmio de quem ganhasse ou o mico de quem perdesse, já estávamos a correr como se nossa vida dependesse disso.

O garoto parecia um atleta e eu me via sem fôlego, mas não deixaria-o ganhar assim, logo pensando em uma maneira de atrapalhar seus planos de chegar primeiro ao seu jardim, correndo mais rápido em sua direção e pulando em si, derrubando-o na grama e rolando com ele aos risos, praguejando que seus cabelos estavam com terra e que aquilo demoraria a sair por estarem molhados. Não contive o riso ao vê-lo naquele estado, mesmo que eu não tivesse muito diferente e meu cap tivesse sido arremessado sei lá onde.

Jeongguk estava em cima de mim, ainda rindo e reclamando ao mesmo tempo. Eu não fazia a mínima ideia de onde minha insegurança e vergonha tinham se enfiado naquele momento, mas eu apenas agradecia, permitindo-me levantar um pouco a cabeça e selar os lábios em forma de biquinho emburrado que o mais novo tinha, rindo mais um pouco antes de me dar conta que ainda estávamos na grama, aquilo, de certa forma, pinicava bastante.

— Fique aqui, volto em instantes. — Jeon saiu de cima de mim e caminhou depressa para sua casa, gritando para que eu permanecesse ali.

Sentei-me e sacudi-me um pouco para tirar aquela areia e grama que grudavam em mim e sujavam-me por inteiro, Jimin certamente reclamaria e diria que teríamos de usar alvejante com cloro porque aquilo não sairia nem esfregando com sabão em barra.

O garoto voltou tão rápido como quando foi, suas mãos estavam para trás e ele carregava um curvar de lábios encantador em seu rosto. Curvando-se e ajoelhando-se para mais um beijo roubar, inclinando de leve seu corpo.

— Só abra o bilhete em casa, por favor. — Pediu ao separar o contato. Levantando-se e ajudando-me a fazer o mesmo. — Para você.

A flor que me foi estendida era diferente, bela, tão linda que senti-me hipnotizado. Era de uma coloração de rosa pastel, as pétalas finas e macias, uma textura maravilhosa, parecia uma rosa só que maior e mais encantadora. Pensei em agradecer, mas Jeon já havia batido a porta, deixando-me ali com uma flor e um bilhete preso a ela com um fitilho.

Peregrinei em direção a minha casa, tropeçando algumas vezes por não tirar os olhos da flor. Girando a maçaneta completamente atônito a situação que acontecia ali dentro. Ignorei os chamados de Jimin avisando que eu precisava engomar nossas roupas ou até mesmo o barulho que meu smarthphone fez ao avisar que uma nova mensagem havia chegado, nem dei-me o trabalho de checar, não porque talvez fosse apenas a operadora cobrando alguma fatura atrasada, mas por estar curioso em relação ao que estava escrito naquele bilhete.

Deslizei-me encostado a madeira, sorrindo a medida que meus dedos trabalhavam e desatar aquele laço e a caligrafia desajeitada aparecia, denunciando que ele não havia sequer gasto meros dois minutos escrevendo aquilo, não deixando de ser romântico e bonito, não impedindo-me de suspirar aos encantos ao ler tais palavras:

"Peônias significam sinceridade, podendo ter outros adjetivos para sua beleza ao combinar com suas definições. Devo ser sincero ao dizer que, por tudo, estou bem feliz em ter me mudado para cá, tendo, então, um vizinho como você."

 


Notas Finais


Sugeriram-me colocar os significados de cada flor nas notas finais, mas acho que agora não é mais necessário por estar tudo bem explícito, mas se ainda quiserem, eu posso fazer kk
Enfim, foi isso, população, os taegguk tão evoluindo <3
Para mais, para menos...



Xoxo, see you~


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...