História Lollipop - Capítulo Único;

Era a garota mais bonita da escola.

Andava para lá e para cá, cercada de amigas, balançando as madeixas coloridas com a cabeça erguida de maneira que, se a abaixasse, provavelmente deixaria sua coroa imaginária cair.

Um palito sempre ocupava o espaço entre a ponta de seu indicador e o polegar, e todos os dias uma esfera de cor diferente preenchia seus carnudos róseos.

Ah, como eu desejava poder tocá-los com os meus.

Era a coisa mais linda quando curvava os lábios para baixo em descontentamento quando o pirulito desprendia do palito, fazendo com que andasse com um dos lados da bochecha inflados. Fazia-me ter vontade de apertá-la, e eu podia. 

Ela não fazia ideia do quanto era linda e eu não fazia ideia do que alguém como eu fazia andando com ela, mas aproveitava-me para apreciar cada detalhe de Kim Yoohyeon.

Dividíamos o lanche, estudávamos juntas, ríamos juntas. Acho que todos os meninos da escola gostariam de estar no meu lugar, mas nos dávamos tão bem que duvido que algum deles faria o papel de sua melhor amiga melhor do que eu.

Algum dia, no entanto, eu teria que dizê-la o que sinto. Era frustrante estar presente quando algum garoto bonito passava ou quando ela me dizia estar interessada em alguém, ainda que Yoohyeon nunca tivesse realmente ficado com ninguém. Ainda que popular, sempre fora inteligente e difícil de se aproximar.

Naquele dia, pela primeira vez, chamou-me para comprar pirulitos. Pensei em me confessar no caminho, mas a longa estrada movimentada não me deixava uma vez que Yoohyeon não calava a boca durante o trajeto e eu só conseguia admirar as árvores altas enquanto pensava absorta em como dizer aquilo.

Ao chegarmos na pequena e colorida loja, comprou um pirulito de maçã verde — sempre tivera um gosto um tanto quanto peculiar. Continuamos nosso trajeto e subimos a colina onde sempre íamos para admirar o fim de tarde quando as aulas encerravam-se. Sentamos no pequeno banco que havia lá e, enquanto Yoohyeon fitava o horizonte, eu não podia evitar de ficar vidrada na forma que seus lábios sugavam o doce esverdeado, e pude sentir meu rosto corar completamente quando seus olhos encontraram os meus.

Nunca havíamos precisado de muitas palavras para nos entender e isso ficou ainda mais evidente quando sua destra segurou meu rosto e sua outra mão retirou o doce da boca, esfregando-o sobre os meus lábios antes de tomá-los em um beijo — o meu primeiro beijo.

Fora apenas um selinho seguido de um roçar dos carnudos, como se apenas explorássemos aquela nova sensação ainda com receio. Ao que nos sentimos mais confortáveis, começamos a sugar cautelosa e delicadamente os lábios uma da outra. Sua língua fazia cócegas na minha e nossas respirações se chocavam de uma forma engraçada. Eu podia sentir claramente o gosto de maçã verde que misturava-se ao meu paladar de café com leite, o que tornou o beijo extremamente doce, deixando-o com um sabor distinto.

Ao que nos afastamos, ela riu, fazendo-me corar mais ainda.

"Eu quero ser mais do que sua amiga", falei tímida, fitando o chão e entrelaçando meus próprios dedos.

"Eu também quero, Siyeon."