História Louder Than Love - Stay With Me

Capítulo vinte e quatro: Stay With Me

Se passaram quase duas horas após a parada cardíaca que Bill teve, já estava mais calmo e estava sentado esperando notícias dele. O médico não tinha saído até agora do seu quarto, me preocupando ainda mais.

Estava na segunda xícara de café, para me manter acordado, meu corpo implorava por um sono no qual eu negava, não iria pregar meus olhos até saber como Bill estava.

Por fim o médico saiu, assim que sua figura apareceu, levantei-me na mesma hora assim como os outros.

- Então doutor, como ele está? - Perguntei apreensivo, seu semblante sério não me deixava relaxado.

- Bill teve uma parada cardio respiratório, por sorte conseguimos reverter o processo. - Soltei um suspiro de alívio. - Porém seu estado é bastante delicado e infelizmente ele terá que ser transferido novamente para o quarto de UTI.

Aquela notícia fez meu corpo amolecer, Bill estava se entregando, indo embora aos poucos. Meu coração parava só de imaginar essa possibilidade.

Após isso Bill ser transferido para a UTI, não podíamos mais entrar em seu quarto, podíamos vê-lo apenas por uma janela, para protegê-lo de qualquer bactéria que agravasse seu estado.

Me sentia mal vê-lo assim, tão distante de mim, sem poder ajudá-lo a voltar. Bill precisava de mim, eu precisava dele.

Após a sua transferência Tom me levou para casa, na verdade para sua casa, ele não queria que eu e as crianças ficássemos sozinhos naquela casa enorme. Me sentia um intruso na sua casa, como se ele fosse obrigado a me hospedar ali, mesmo que fosse de bom grado.

De qualquer forma ele estava certo, aquela casa parecia um velório sem Bill, quando ele estava em casa aquilo virava uma festa, ele não parava um segundo sequer, sempre arranjando algo para fazer. Eu me perguntava da onde vinha tanta energia.

Pegamos as crianças e fomos para sua casa, o trajeto foi feito em inteiro silêncio, só a música tocando na rádio cortava aquele gelo torturoso.

Chegamos na sua casa e ele me ajudou com as malas, Ria estava trabalhando e as crianças com a sua mãe, os pequenos ficariam comigo no mesmo quarto.

Era estranho estar ali, por mim eu ficaria ainda em casa, mas aquele silêncio já estava me matando.

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Já tinha se passado mais de duas semanas desde que tinha me “mudado” para a casa de Tom e que Bill tinha sido transferido, ia todos os dias visitá-lo, esperava o médico dizer que ele estava bem, mas seu estado continuava o mesmo.

Queria poder segurar sua mão, conversar com ele, dizer que ele iria conseguir, que ele tinha que ser forte por nós e por ele.

Descobri que Sauli tinha sido morto por Alex após ter atirado no Bill, fiquei meio surpreso, não tinha noção que Alex fosse capaz de fazer isso. Também me senti um pouco triste por Sauli, por mais que ele tenha feito tudo isso e tenha procurado sua própria morte, ele não merecia acabar assim.

Todos os dias milhares de repórteres e paparazzis apareciam na porta do hospital para querer alguma palavra minha ou da família, mas nós ficávamos em silêncio, em respeito ao Bill. Os fãs estavam se mostrando mais leais, todos os dias lia mensagens de apoio, dizendo que tudo ficaria bem e que ele sairia dessa, isso me dava mais motivos para continuar.

As vezes eu tinha pesadelos e sonhos com Bill, já tinha perdido as contas de tantas as vezes que sonhei com ele morrendo, ele acordando, ele me acordando dizendo que tudo foi um pesadelo, mas eu acordava todas as vezes sozinho na cama encarando aquela realidade.

Tom POV

Já fazia mais de duas semanas desde que Adam se mudou temporariamente para minha casa. Quem diria não é? Ele e eu dividindo o mesmo teto sem o meu irmão para evitar que nos matássemos. Manu voltou a morar com a mãe em um apartamento em Los Angeles mas vinha todos  os dias nos visitar. Essa foi uma saída que eu achei já que Adam sozinho não estava segurando a barra, ainda mais depois do que aconteceu no hospital. Ele estava com Bill quando ele quase partiu, o desespero em seus olhos, eu me lembro até hoje.

Estar ali era melhor para eles, Sofia se entretia com Alice e Rose, e Matt se juntava a elas. Aliás Matt estava crescendo, lindo com seus olhos azuis e cabelos vermelhos que agora caiam sobre seus ombros, Bill disse que ia deixar crescer um pouco e Adam resolveu não cortar.

Brooke ia frequentemente cuidar do afilhado, os amigos de Adam também apareciam por lá.

Os fins de semana como esse passávamos no hospital. As crianças ficavam com Leila e nós nos dividimos em turnos.

Bill já estava de volta à seu quarto normal, apesar de tudo seu quadro evolui com o passar da semana e o doutor pediu para que ficássemos próximos, conversando para situá-lo e quem sabe ajudá-lo a acordar.

- Trouxe seu cappuccino. - Mamãe disse me entregando uma xícara. - E um suco pra você. - Ela entregou a Adam.

Estávamos os três em uma mesa na lanchonete do hospital.

- Sabe do que eu estava lembrando? - Ela disse olhando o movimento das pessoas que andavam apressadas.- O quanto Bill amava quando eu contava a história do Rei Leão pra ele.

- Ele chorou na peça quando fomos juntos, em Paris. - Adam contou e riu, nos fazendo rir.

- Bem a cara dele. - Completei.- Me fazia assistir a esse filme todos os dias na turnê e agora tem o próprio Pumba.

- Ah Tom, você também gostava da história - Minha mãe me repreendeu com um leve tapa no braço.

- Sim quando eu tinha cinco anos.

Ficamos ali tendo aquele papo descontraído por alguns minutos, então eu voltei ao quarto enquanto Adam e minha mãe foram descansar.

ADAM POV

Tom estava com Bill, fui até em casa tomar um banho rápido antes de voltar para passar a noite cuidando dele.

Estava voltando quando passei em frente à uma livraria, as palavras de Simone ecoaram na minha mente me instigando a parar.

Desci naquela pequena lojinha e comprei um livro antes de prosseguir meu trajeto.

Cheguei no hospital e fui direto para o quarto, Tom saiu logo em seguida, precisava ir para casa. Observei bem o meu amor, seus cabelos tinham crescido um pouco e um leve rubor voltará a suas bochechas.

Puxei a poltrona para o lado de sua cama, coloquei uma de minhas mãos sobre a dele, e segurei o livro com a outra.

- Sua mãe disse que você amava quando ela contava essa história pra você amor. - Eu sorri comigo mesmo e o observei.- Então eu vou conta-la pra você.

Comecei a ler o livro, fazia as vozes e gestos como se ele estivesse ali, com certeza gargalhando e me olhando com os olhinhos brilhantes.

Em certo momento eu pude jurar que senti sua mão mexer embaixo da minha, eu parei, chamei ele algumas vezes, mas não houve resposta.

- Deve ter sido coisa da minha cabeça.- Disse a mim mesmo.

Voltei a história, estava tão empolgado que já interpretava cada personagem, dando vida para aquele quarto gelado.

- ..Mancando, Simba subiu ao ponto mais alto da Pedra do Rei. Soltou um urro magnífico, enquanto contemplava o seu vasto reino. Em breve, as Terras do Reino floresceram novamente. Nala ficou ao lado de Simba e logo eles tiveram o seu próprio filhote. Com todos os amigos presentes, inclusive Zazu, Pumba e Timão, tivemos uma nova celebração da vida. Depois de fazer a marca na testa do filhote, eu o ergui bem alto…

- … para que todo o reino o visse.- Ouvi uma voz baixa ecoar completando o fim da história. Eu não pude acreditar, senti cada centímetro do meu corpo vibrar, olhei para a cama a minha frente para confirmar, não podia ser coisa da minha cabeça ou eu estaria realmente enlouquecendo.

- Bill?!!