- VOCÊS O QUÊ? – Lisa como sempre uma pessoa calma, falou baixo, apenas para nos duas ouvirmos, depois de eu ter contado todo o ocorrido das duas noites passadas... Ironia Modo On.
- Dá pra ser menos escandalosa? – Massageei meus têmporas tentando buscar paciência, enquanto minha amiga aparentava estar tendo um surto.
- Não dá!! Você simplesmente pegou a loira de jeito, duas vezes seguidas, como quer que eu reaja?
- Não foi bem assim, e dá pra parar de escândalo, por favor? Esqueceu que as pessoas que seguem a lei, não são muito fãs dela? – Tomei um gole do meu café, enquanto observava minha amiga ainda tentando se acalmar.
- Foda-se a lei!
- Que rebeldia é essa, jovem? – Perguntei divertida e ela revirou os olhos.
- Não dá pra você falar com a Adrian para ela me recrutar, não? Seguir a lei não e o meu forte.
- Eu não faço a mínima ideia de onde ela está, ela apenas me deixou um bilhete.
- Eu sei muito bem que não foi pelo bilhete carinhoso, que você ficou de bom humor logo de manhã. – Comentou divertida.
- Dane-se o bilhete, você não viu foi tudo que tinha preparado para o meu café, tinha muita coisa... – Encarei a minha barriga e torci a boca – Acho que engordei uns cinco quilos.
- Me deixe ficar pelo menos com as sobras, aposto que estava saboroso. – Fez uma carinha triste.
- Realmente estava... Que sobras? – A encarei curiosa e ela me olhou como se eu fosse um E.T.
- As sobras, você disse que ela fez praticamente um banque... Elise, você comeu tudo?! – Me olhou espantada.
- Claro, ela preparou todo aquele café da manhã para mim, seria um desperdício não comer! – Disse como se fosse obvio.
- Você precisa ser estudada! – Revirei os olhos.
Ajeitei meus óculos que haviam escorregado até a ponta do meu nariz. Encarei o relógio que tinha ali na cafeteria que ficava na parede acima do balcão de atendimento, e vi já ser quatro e quarenta.
Depois de ter acordado e ter tido aquela surpresa, eu liguei pra Lisa... Brincadeira, antes de tudo eu comi o máximo que eu consegui... E depois que estava cheia, esperei mais alguns minutos para comer mais novamente. Depois de comer tudo, eu liguei para a Lisa e marquei de me encontrar com ela em um café que fica no centro, onde sempre viemos para conversar ou simplesmente nos entupir de doces. Marquei de a encontrar as quatro, ou seja, estamos a quarenta minutos conversando, Mais corretamente, estou a quarenta minutos vendo a minha amiga surtar.
- Ha, Ha, Ha. – Forcei uma risada e ela me encarou seria.
- É serio, como você não engordar?! – Me olhou incrédula.
- Eu engordo sim, se você perceber, toda vez que extrapolo...
- O que acontece quase sempre! – Lisa completou.
- Eu corro mais, pra perder tudo o que eu ganhei, além do Muay Thai três vezes por semana, os treinos são muito pesados.
- E o karatê, sua faixa preta não deixa que neguem o seu esforço. – Lisa refletiu, mas logo me olhou maliciosa – Será que é esse monte de exercícios que você faz, que te deixa tão gostosa?
- Você é uma idiota!
- Mas é verdade, será que a Adrian não é uma tarada?
- Minha bunda. – Sussurrei.
- O quê? – Lisa arrastou a cadeira ficando mais próxima de mim, para escutar melhor – Fala mais alto, eu não escutei nada.
- Minha bunda... ela tem uma tara pela minha bunda. – Minha voz saiu quase que inaudível, mas como Lisa estava quase que colada a mim, ela conseguiu escutar.
- Ela... – Me olhou confusa, mas quando entendeu ela começou a rir descontroladamente, o que me deixou ainda mais vermelha – Então quer dizer que ela é uma tarada? – Perguntou e pegou um guardanapo na mesa para enxugar as lagrimas que escorreram enquanto ela ria.
- Sim, ela é. – Tentei disfarçar a minha timidez, que por causa do escândalo da minha amiga, piorou já que várias pessoas começaram a nos encarar.
- Eu quero conhece-la! – Falou depois de já ter conseguido controlar o riso, mas ainda tentava recuperar o folego.
- Por que você tem a curiosidade de conhece-la?
- Pelas histórias que você me conta sobre vocês, ela parece ser foda... Além das fotos antigas que você me mostrou, porque puta que pariu, ela é muito gostosa!
- Ela está mais. – Sussurrei.
- O quê? – Perguntou confusa.
- Nada. – Respondi de supetão. Lisa ficou confusa, mas pareceu ignorar o assunto.
- E como ficam as coisas agora? – Perguntou seria.
- Como assim?
- Ela é procurada pela Interpol, Europol e em vários países que eu estou com preguiça de citar, mas na primeira oportunidade que você tem, você tá transando com ela... Que fogo no rabo e esse? – No início ela me olhava seria, mas ela não aguentou e começou a rir novamente e eu não consegui me segurar e acabei a acompanhando.
- Eu não sei, sinceramente não sei mais como agir. – Bufei – Se estou com uma arma na mão, com certeza não vou pensar duas vezes em atirar nela, mas...
- Se você está desarmada, você não pensa duas vezes em se entregar para ela. – Completou.
- Basicamente. – Eu joguei minha cabeça sobre os meus braços que estavam estirados sobre a mesa, senti um carinho bom em meus cabelos e sabia que era a Lisa tentando mostrar que estava ali comigo.
- Isso é realmente complicado. – Foi a única coisa que ela conseguiu dizer, mas não a culpei, porque é complicado mesmo.
- De um lado eu quero simplesmente esquecer todas as cagadas que ela fez e ficar com ela como se nunca tivesse se passado sete anos... Não, eu quero repor com ela os sete anos que se passaram.
- Eita porra! – Levantei a cabeça rapidamente para encarar a minha amiga, assustada com a reação dela.
- O que foi? – Perguntei preocupada e eu sabia que ela ia falar merda quando ela abriu um sorriso malicioso.
- Você quer repor sete anos perdidos, ou seja, você vai ter que repor sete anos de sexo, o que você já começou, mas mesmo assim... Eita Porra! – Ela me olhou surpresa – Do jeito que vocês tem fogo, essa e a única reação que eu posso ter.
- Vai se foder, Lisa.
- Também te amo... mas quem tá se fodendo é você... em todos os sentidos da palavra.
- Obrigada por me lembrar. – Falei e antes que a Lisa pudesse falar mais alguma merda, eu me lembrei do que eu estava falando antes – Continuando, por outro lado, só o que eu quero e cumprir com a lei e prende-la. Eu sou um membro da Polícia Metropolitana de Londres e quero cumprir com o meu papel, mas sinceramente, tá foda fazer isso. Eu me esforço, ajudo no que posso e ainda investigo por conta própria, tenho tudo ao meu favor, mas quando tenho a chance...
- O seu passado fala mais alto. – Ela completou.
- E eu queria que fosse o futuro... – Respire fundo – Mas como diz o ditado, quem vive de passado e museu, a Adrian escolheu o caminho dela, agora só me resta seguir pelo meu.
- Mas antes de você prende-la ou matá-la, deixa eu conhecer ela? – Pediu com a ansiedade de uma criança que espera pelo presente de natal.
- Você é uma idiota! – Afundei meu rosto em meus braços novamente.
- Eu também te amo. – Disse divertida e um silêncio se fez entre nós, não me surpreendi com o carinho que comecei a receber em minha cabeça, isso me fez abrir um sorriso.
- Eu sei... Porque é reciproco.
O silêncio perdurou por mais algum tempo, mas mesmo assim não era nada que nos incomodasse, era um silêncio gostoso onde cada uma sabia que tinha a outra ao seu lado não importando o que acontecesse.
- Vai contar para o Robert? – Lisa perguntou depois de certo tempo.
- Claro que não. – Respondi sem encara-la – Ela surtaria e com certeza passaria o mês inteiro me chamando de irresponsável.
- Não duvido. – Rimos.
Senti meu celular vibrar em meu bolso e quando o peguei, vi ser um Whats do Robert.
[17:06] Roby: Foda-se onde você está, quero você aqui agora!!
[17:06] Roby: Me encontre na sala do Pierre no Yard.
- Seu namorado é tão simpático. – Comentei irônica.
- O que foi?
- Ele tá mandando eu ir para a Yard agora. – Bufei.
- Será que é sobre a Adrian?
- Provavelmente.
Me levantei e peguei meu sobretudo que estava nas costas da cadeira.
- Não veio de moto? – Lisa perguntou, quando levantamos e ela não viu o capacete.
- Não, eu estava tão atrasada e com tanto medo de você me matar, que eu depois de muito procurar a chave e não achar, decidi pegar um táxi.
- Ótima escolha.
- Eu sei.
- Quer carona? – Perguntou depois de destravar o Volvo. Parece que alguém foi de taxi para a central.
- Por que está com o carro do Robert?
- O meu está na oficina... Se bem que se você não estivesse tão ocupada, eu com certeza mandaria você dar uma olhada nele!
- Não me importaria, na verdade, faz tempo que eu não mexo com carros.
- Mas ai, vai querer carona? – Perguntou já de dentro do carro.
- Claro.
Entrei no carro e a Lisa acelerou. Nós conversamos bastante no caminho até que a Lisa decidiu que queria escutar música. Um grande problema entre mim e Lisa, e que nossos gostos musicais não batem. Enquanto eu prefiro rock alternativo e música instrumental, Lisa prefere pop em geral, ou seja, nos duas em um carro com o som ligado não dá certo.
Ela ligou o som e uma música bem agitada começou a tocar, ela começou a cantar junto enquanto eu fiquei lá com cara de tédio.
- Não pode ser que nem com essa música você se anime! – Ela me olhou rapidamente, mas logo voltou sua atenção para o transito.
- Você sabe que eu não curto esse estilo de música.
- Mas você escuta Vocaloid, o que é uma grande merda, como você consegue escutar aquelas vozinhas finas e irritantes?
- Eu gosto de alguns Vocaloids, mas depende de qual e da música.
- Eu acho essa música irritante! – Ela me olhou incrédula quando paramos em um sinal.
- Cara, isso e Worth It!
- Foda-se... de que banda e essa música? – Perguntei curiosa e Lisa me olhou espantada.
- Elise Bussie, como você pode ser minha amiga e não conhecer Fifth Harmony?! – Revirei os olhos.
- Eu não conheço, okay, não é o fim do mundo.
- Espera... você conhece sim! – Ela sorriu – Quando você me emprestou o seu computador, eu vi no seu histórico várias fanfics camren.
- Sim é porque eu gosto das fics.
- Então você conhece a banda?
- Conheço de nome. Você lembra daquela minha amiga virtual que eu vivia conversando e ela me indicava vários contos lésbicos, e você começou a me chamar de tarada por eu passar o dia lendo?
- Sim lembro, mas o que isso tem haver?
- Ela me recomendou uma história que eu amei ler, só que ela ainda estava incompleta e o site que ela estava postada saiu do ar, eu fiquei bem triste com isso, mas resolvi pesquisar sobre a história e a autora, e acabei a achando em outro site que e o que eu sempre leio...
- Sim, mas o que tem haver?
- O outro site onde a história estava postada e o mesmo site que eu sempre leio, só que eu descobri que nesse outro site ela estava postada como fic camren, por eu estar curiosa sobre o final eu decidi ignorar esse detalhe e continuar lendo.
- Mas você sempre lê histórias originais, como seu histórico acabou abarrotado de histórias camren?
- Mesmo que existam várias histórias originais, e bem mais fácil você encontrar uma mais interessante na opção camren.
- Ata, agora entendi.
Continuamos o caminho em meio a discussões sobre o que iriamos ouvir, e acabou com o som desligado mesmo. Quando chegamos eu já tinha quase trinta e cinco mensagens do Robert, as quais eu ignorei todas.
- O Robert vai te matar. – Lisa disse, logo depois de eu ter saído do carro e já ter lhe dado as costas.
- Eu sei. – Falei um pouco alto para que minha amiga escutasse.
Entrei praticamente correndo no prédio – depois de ter me identificado –, recebendo olhares negativos de algumas pessoas, e eu simplesmente ignorei e entrei no elevador, subindo até o andar onde ficava a sala do Pierre que e onde com certeza o Robert está.
- Atrasada. – Foi a primeira coisa que escutei ao entrar na sala.
- Eu tenho relógio Pierre, não precisa se preocupar! – Me joguei em uma das poltronas que tinha ali e encarei Robert que estava sentada na que ficava ao meu lado – O que é tão urgente pra você me mandar tantas mensagens, pedindo a minha presença iluminada?
- Hoje mais cedo. – Pierre começou a falar e eu o encarei – O sistema foi invadido.
- WHAT?! – O encarei incrédula.
- E com certeza foi alguém da Minster. – Pierre afirmou.
- Como pode ter tanta certeza? – Ajeitei minha postura na poltrona e o encarei seria.
- Ela nos deixou uma pequena mensagem. – Robert falou e me entregou um papel dobrado.
- Por algum motivo, Robert acha que você pode conseguir entender o que ela quis dizer com isso. – Eu encarei Robert, que apenas deu um sorriso de lado e voltou a olhar para o nada, pensativo.
Desdobrei o pequeno pedaço de papel e vi apenas uma pequena mensagem.
“Alfas.
Em uma alcateia de lobos, o líder é chamado de Alfa. Ele é quem comanda a matilha e é o primeiro a acasalar.
Com certeza vocês devem estar confusos com essa mensagem – essa é a intenção –, mas o que quero lhes falar e que perdi minha companheira Alfa a anos atrás, mas estou decidida a tê-la de volta! Para isso eu vou atrás do meu pote de ouro, e ela como uma boa companheira, ira me acompanhar... Confusos? Espero que sim.
Vocês tem até as dez da manhã de amanhã para impedir que eu como uma Alfa furiosa faça o pior, estão avisados!
.
.
.
Já que estamos falando sobre animais, será que é estranho eu falar que sou fascinada por deuses gregos?
Minster.”
- Essa desgraçada agora deu para ficar fazendo joguinhos. – Robert praticamente grunhiu de raiva.
- Ela está brincando com as palavras e seus significados! – Disse pensativa.
- Como assim? – Pierre me encarou esperançoso, talvez ele esteja imaginando que o Robert me chamou só pela minha inteligência, e ele estava certo dessa vez. Mesmo que Robert esperasse que eu descobrisse algo por conhecer Adrian, eu estava mais perdida do que eles.
- Ela quer sua Alfa de volta, eu não entendi essa parte. – Mentira, eu entendi sim, e claro que Adrian estava se referindo a mim. Acho que Robert percebeu que eu estava mentido e me encarou feio – Mas a parte do Alfa... Espere um pouco.
Eu peguei meu celular que estava no bolso de trás da minha calça e abri o google. Pesquisei inicialmente a palavra Alfa, mas nada que realmente me interessasse apareceu, então me lembrei sobre ela se referir a um pote de ouro... Um pote de ouro para uma ladra do nível Minster seria um banco, então pesquisei Alfa Banco e cheguei a onde queria.
Me levantei rapidamente e peguei meu sobretudo que estava jogado no chão e corri até a porta, mas antes de sair, Robert me puxou pelo braço e me encarou confuso.
- O que foi, Lise? – Perguntou preocupado.
- A mensagem está óbvia, como não perceberam?
- O que ela quer dizer com toda essa baboseira? – Perguntou já irritado. Não sei porque, mas deis da festa Robert anda bem estranho comigo.
- Alpha Bank. – Falei.
- Um banco? – Pierre perguntou.
- Sim, um banco que fica na Grécia.
- Poderia nos explicar seu raciocínio? – Robert perguntou e soltou o meu braço, o qual ele ainda segurava firmemente.
- Eu realmente achei que não fosse necessário. – Revirei os olhos – Ela basicamente fala sobre Alfas, pote de ouro e deuses gregos... Preciso continuar?
- Deuses gregos? – Robert me olhou confuso, Achei alguém mais lerdo do que eu!
- Alpha Bank fica em Atenas na Grécia. – Disse e ele finalmente pareceu entender.
- E o que vai fazer? – Pierre me olhou preocupado e Robert me olhou com uma cara de apreensão, como se soubesse que eu ia fazer merda, E o pior é que acho que farei!
- Resolver isso até as dez horas. – Disse e praticamente sai correndo da sala, sobre protestos de Pierre e Robert.
Quando já havia chegado a rua e esperava um táxi passar, peguei meu celular e liguei para a Lisa, que depois de cinco toques atendeu.
- Hey, Lise.
- Lisa preciso da sua ajuda!
- Aconteceu algo? – Perguntou preocupada.
- Não, ainda não, mas vai acontecer.
- Como assim? – Pude perceber que ela já não estava entendendo nada.
- Vai acontecer se você não deixar o jatinho da sua empresa!
- Elise, você sabe que eu não posso simplesmente... – Cortei a fala dela.
- Lisa eu preciso impedir que a Adrian faça uma grande merda, preciso da sua ajuda! – Lisa pareceu acordar para o problema quando ouvi a menção da Adrian.
- Para onde você vamos?
- Como assim vamos? – Perguntei confusa.
- Finalmente vou ter a oportunidade de conhecer a minha ídola, acha que vou perder a chance?
- Isso não é uma brincadeira, Lisa. – Tentei soar seria, mas Lisa riu do outro lado da linha.
- Eu sei que não, mas Adrian parece não ter nenhuma intenção de te matar, acho que com você estarei segura, além do mais o jatinho é meu e você só vai se eu for! – Lisa decretou e a muito contra gosto eu concordei – Agora responda, para onde vamos?
- Grécia.
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