História Love Me If You Can - Prelúdio do Caos (Season 3)

Nossa chegada a Miami foi mais pacifica do que havia imaginado. Quando fugimos do banco foi um pouco complicado despistar a polícia, mas com o Nick – que eu descobri mais tarde ser o piloto do helicóptero – no comando, conseguimos chegar até aquela pista de pouso onde eu tinha sido presa junto com o Robert na cabana, e de lá fomos em um jatinho com a Adrian pilotando.

Agora estamos chegando na mansão da Adrian, eu e o Robert estamos com capuz na cabeça, já que eles falaram que ainda somos suspeitos – mesmo com a Lisa nos defendendo o tempo todo. Lisa também é outro assunto curioso, ela sempre nos defendia quando recebíamos acusações da parte do Caleb, mas em nenhum momento veio falar conosco, sempre se mantinha de cabeça baixa e falava de forma tímida. Acho que ela percebeu – até porque está obvio – que eu e o Robert ainda não engolimos essa história, eu por já ter sido traída pelos meus outros amigos e ela foi minha única companhia essa tempo todo, foi meu suporte para superar tudo. Por parte do Robert ele se sentem ferido por além da pessoa que ele ama ter mentido para ele esse tempo todo, ele sempre lutou contra esses criminosos sem nem perceber que sua companheira era um deles.

Por não ter conversado ainda com a Lisa, tenho minhas dúvidas sobre essa história, principalmente pelo fato que eu tenho certeza que quando eu conheci a Lisa, ela ainda não estava com a Adrian. Acho que quando ela resolveu colaborar com a Adrian, provavelmente já estávamos formadas e ela já sabia de tudo que tinha acontecido comigo. Mas essa dúvida só a própria poderá me tirar.

- Está ansiosa para reencontrar a outra garota, a... – Robert sussurrou em meu ouvido, já que ele não parecia estar à vontade no meio dos meus “amigos”, e eu também não estava, já era a segunda vez no dia em que eu estava encapuzada e amarrada. Ele deixou no ar a última parte já que provavelmente não lembrava o nome.

- Luna. É sinceramente estou ansiosa, mas ao mesmo tempo com medo.

- Por que medo? – Perguntou confuso. Eu fiquei pensativa com aquela pergunta, por que eu tinha medo de ver Luna? Será que era medo de vê-la, ou medo de ver algo que me doía só de pensar? Talvez eu tivesse medo e culpa ao mesmo tempo, eu temia a última frase que ela havia dito em minha presença... E se? – Lise, você está bem? – Perguntou preocupado.

- Sim, eu estou bem. – Tentei sorrir convincente, mas Robert me conhecia demais para perceber que aquilo não era verdade, agradeci muito quando ele ignorou isso.

- Do que tem medo?

- Nada, apenas uma dúvida...

- Okay... – Ele percebeu que eu não queria tocar no assunto e se calou, me deixando alheia a tudo, fiquei focada em todas as possibilidades do que poderia ter acontecido a Luna, e todas me doíam.

Cerca de vinte minutos depois, senti que tínhamos parado e escutamos um baixo ruído, parecia ser um portão aberto e minhas suspeitas logo foram confirmados quando logo após o ruído parar o carro voltou a andar.

- Chegamos. – Adrian falou e escutei o som das portas sendo abertas – Vamos, deixa que eu te ajudo. – Ela disse já ao meu lado com a porta aberta.

- Seria mais fácil se eu conseguisse enxergar! – Resmunguei e ela riu com a topada que eu dei ao sair às cegas do carro.

- Tem razão. – E dizendo isso, ela puxou o capuz que cobria minha cabeça e a minha visão não poderia ser de um lugar mais belo – Lindo, não?

- Com certeza. – Disse abobada, na verdade, tenho certeza que minha expressão naquele momento não poderia ser mais idiota, e eu tinha certeza disso pelo sorrisinho bobo que Adrian carregava.

O lugar onde estávamos era realmente lindo, a paisagem tropical se destacava por trás da grande mansão abeira da praia, grandes coqueiros e palmeiras moldavam a entrada que graças ao capuz eu não consegui ver. A mansão era estilo renascentista, as cores da parede partiam do azul ao cinza, o que dava grande contraste com toda a paisagem e o pôr do sol ao fundo.

- É.... O que estamos fazendo aqui? Mais necessariamente, o que eu estou fazendo aqui? – Robert perguntou depois de estarmos a um tempo em silêncio. Lisa, Rachel e Caleb já haviam entrado e eu não faço a mínima ideia de onde está o Nick, e assim restaram só eu, Adrian e Robert, que estava mais perdido do que eu nessa história.

- Pensei que fosse obvio. – Riu – Elise precisa ficar segura e você vai ser de grande ajuda para nos.

- Não vejo motivos para me proteger, passei sete anos sem “guarda costas” e nem por isso morri.

- É claro que eles não te matariam assim, você se tornou uma figura pública e se começassem a te investigar poderiam chegar ao Franco e até mesmo neles. – Adrian rebateu.

- Quem são “eles”? – Perguntei.

- Pensei que Franco já...

- Não Adrian. – A cortei – Aquela explicação dele nunca me desceu, se minha “tia” quisesse apenas vingança ela já teria me matado nas milhares de oportunidades que teve, você mais do que ninguém sabe que eu não sou burra, então não me trate como tal! – Ela me olhava surpresa e Robert ainda estava confuso.

- LISA. – Adrian gritou e logo Lisa apareceu ainda de cabeça baixa – Leve Robert lá pra dentro, vocês com certeza tem muito o que conversar.

- Também preciso conversar com a Lise. – Pela primeira vez naquele dia, Lisa me encarou.

- Eu sei, mas agora preciso falar com ela, depois você terá a chance de se explicar com ela!

- Tudo bem. – Concordou e encarou o Robert que estava com a expressão fechada – Vamos. – Chamou e o ruivo sem falar nada a seguiu.

- Acha que ele perdoa ela? – Adrian perguntou, encarando o casal, que eu já tinha minhas dúvidas se ainda eram um casal, entrar dentro da casa.

- Dependendo dos motivos dela, claro.

- Você perdoaria?

- Acho que só entender os motivos dela não vai ser o suficiente para mim. – Cruzei os braços e a encarei – Eu não tenho dúvidas de que foi você que a meteu no meio de tudo isso!

- Então a pergunta certa seria: você me perdoa?

- Ei, nem adianta fazer essa carinha do Gato de Botas, que eu não sou otária!

- POR ELA VOCÊ É SIM! – Rachel, que eu não sei de que dimensão brotou, passou correndo por nós e seguiu para os fundos da casa.

- Vai se foder!

- Talvez mais tarde... – Ainda consegui ouvir ela dizer antes de sumir do meu campo de visão.

- Mais tarde você conhecera o resto dos nossos companheiros, Caleb e Steve você já conheceu, mais ainda falta o Angelo, e aposto que está com saudades do Martin!

- Adrian... – A chamei baixinho.

- Sim?

- Onde... – Suspirei – Onde está a Luna. – Perguntei receosa e vi ela dar um sorriso triste.

- Imaginei que fosse perguntar, ela também está com saudade... Ela agora deve estar... – Adrian teve sua fala interrompida por um alto latido que eu conhecia muito bem. White veio correndo em minha direção e atrás dele Lily também corria animada – Vejo que o Nick o trouxe. Percebi que você gosta muito dele, então não poderia o deixar para trás.

- Estava com saudade. – Falei enquanto me agachava e fazia carinho na cabeça do pequeno cachorro que balançava o rabo animadamente. Sem perceber, a pequena figura dos cabelos ruivos, se jogou em cima de mim, me fazendo cair sentada no chão. A cena ficou assim: Lily sentada no meu colo, enquanto eu estava “sentada” no chão, me impedindo de cair deitada apenas minha mão direita e White aproveitando a posição começou a lamber o meu rosto... É claro que a Adrian apenas ria – Olá Lily.

- Tia Lise. – A garotinha falou animada – Estava com saudadi.

- Mas você só me viu uma vez...

- Nesse tempo em que ela te viu, ela não parou de falar em você. – Adrian comentou e eu sorri divertida para a garotinha em meu colo, que de um jeito muito fofo, corou e escondeu o rosto em meu pescoço.

- Não fale assim, Tia Andy. – Ela deu um tapa na perna da Adrian que apenas riu da vergonha da garota.

- Tudo bem pequena, eu também senti saudade, na verdade, eu queria te encontrar de novo pra que dessa vez tivéssemos a chance de brincar. – Ela timidamente afastou o rosto do meu pescoço e me encarou com os olhos brilhantes, Essa garota é a cópia fiel da Rachel, a única diferença são os olhos da Luna.

- Serio? – As duas esferas cinzas me encaravam brilhando, enquanto um sorriso animado surgia em seus lábios.

- Claro, agora que tal se levantar para que eu também possa fazer o mesmo? – Perguntei divertida e a garotinha mais uma vez corou, mas atendendo ao meu pedido ela se levantou e Adrian estendeu a mão para me ajudar.

- Ele vai ficar com a gente? – Perguntou se referindo ao White.

- Claro, e que tal você ir brincar com ele agora? – Adrian perguntou, tentando afastar a garotinha para continuarmos a nossa conversa, mas para o azar dela, eu finalmente pensei em quem poderia me ajudar.

- Lily. – Eu chamei quando a pequena já estava nos dando as costas.

- Sim?

- Onde está a sua mãe?

- A mamãe Lua ou a mamãe Fogo? – Ela perguntou e eu encarei a Adrian confusa.

- Lua é a Luna, obviamente. – Revirou os olhos – E fogo é a Rachel.

- Por que fogo? – Perguntei encarando a garotinha.

- Mamãe disse que nosso cabelo é vermelho por causa do fogo. – Só podia ser a Rachel.

- Hmmmm, claro.

- Qual das duas? – Perguntou novamente.

- A Lua.

- Ela... – Ela fez uma expressão pensativa engraçada, mas ver que até mesmo uma garota de três anos ficou receosa em falar sobre a Luna, me deixou ainda mais assustada – Ela está ali. – Apontou para a praia.

- Ela está observando o pôr do sol novamente? – Adrian perguntou.

- Sim e ela disse que quelia falar com você. – Ela apontou para mim e eu ri – Vou brincar agora.

- Vá procurar sua outra mãe, está escurecendo e não é bom você ficar aqui fora, pode fazer frio! – Adrian alertou e foi a primeira vez que eu vi uma criança de três anos revirar os olhos, mas sem questionar ela correu até a porta da casa com o White a tira colo – Vai falar com ela agora?

- Eu não vou aguentar enquanto não vê-la! – Pontoei seria. Eu já ia seguir para a praia quando Adrian me segurou pelo braço e me olhou com o semblante triste – O que foi?

- Por favor... Não desabe! – Ela pediu e me soltou. Eu ainda fiquei ali parada por mais algum tempo, olhando o mar agitado e quando finalmente o sol se pôs eu caminhei até a areia, tirei meus sapatos e comecei a caminhar pela areia.

Depois de cerca de deis minutos eu encontrei quem tanto procurava sentada em cima de uma pedra, Luna estava provavelmente mais alta que Adrian, os cabelos estavam mais curtos na altura dos ombros, o castanho claro tinha algumas luzes.

- Luna. – Chamei baixinho, mas eu já estava perto o suficiente para ela me escutar, ela me encarou surpresa, mas logo sorriu.

- Quanto tempo, Lise.

- Sim, bastante. – Eu me sentei ao lado dela e comecei a encarar o mar – Como andas? – Perguntei de um jeito meio descontraído, mas a careta que ela fez me deixou preocupada.

- Irônico você perguntar isso. – Respondeu de forma melancólica. Eu a encarei sem entender, mas ao observar melhor o nosso redor, percebi que tinha uma cadeira de rodas ao lado de outra pedra.

Agora a frase da Adrian faz sentido, “Por favor... Não desabe!”. Infelizmente eu não consegui.

- Me... me desculpe. – Eu pedi em meio as lagrimas que já caiam livremente.

- Por que está se desculpando? – Luna perguntou confusa.

- Se eu tivesse sido mais rápida... Se eu fosse mais útil naquela época... Se eu não tivesse te abandonado!!! – Eu chorava descontroladamente, meus soluços eram altos e Luna tentava me consolar.

- Não foi sua culpa... Não foi, não foi. – E ela continuou a repetir isso até eu me acalmar, o que demorou uns trinta minutos.

“- Sente muita dor? – Adrian perguntou, finalmente deixando a preocupação dominar.

- Sinceramente... eu não sinto minhas... – A frase morreu quando ela desmaiou novamente.”

Pernas...

P.O.V Luna

7 Anos Atrás...