História Love Me If You Can - A Cavaleira Silenciosa

- Elise?    

- Camile?

Essa é minha irmã gêmea?

Parece que sim. Ficamos nos encarando como se tentássemos buscar semelhanças entre nós, mas não existia, Bom, pelo menos não vimos nada de cara.

- Licença. – Um homem que queria entrar, pediu educadamente nos tirando do transe.

- Desculpe. – Sorri para o homem e me virei para Camile – Acho que já sabemos qual foi a ideia do Franco, me acompanha para tomar um café?

- Claro. – Ela deu um sorriso fraco.

Entramos e fomos até a fila para fazer nossos pedidos, não falamos nada enquanto esperávamos, afinal, ainda éramos estranhas uma para a outra.

- Olá, boa tarde. O que vai querer? – A atendente perguntou sorridente.

Não sei por que, mas foi inevitável não sorrir ao me lembrar de como conheci Lisa... Mas diferente de Lisa, essa não parece querer saber de toda a minha vida.

 - Hmm... Um café com leite simples, quatro fatias de torta de chocolate e cookies com gotas de chocolate.

- Eu não vou querer isso, Elise. – Camile avisou.

- Não é pra você, é pra mim mesmo. – Eu dei de ombros a vendo arregalar os olhos e a atendente tentou segurar o riso, o que não deu muito certo.

Paguei e fui esperar o meu pedido, não demorou muito para Camile estar atrás de mim novamente.

- Imagino que você puxou esse apetite da nossa mãe. – Camile comentou – Minha avó sempre achou estranho eu não comer muito, até porque não só nossa mãe comia muito, nossa avó também.

- Eu sempre comi muito desde pequena, todos sempre ficam impressionados, mas acho que meus amigos já se acostumaram... Bom, tirando as zoações. – Torci a boca lembrando-me de todos os comentários sobre o meu apetite – Mas agora eu vou comer isso tudo porque não almocei, acordei as três e meia e foi a mensagem do Franco me avisando para vim até aqui que me acordou.

- Noite agitada? – Se fosse qualquer um dos meus amigos ali, eu tenho certeza que aquela pergunta seria acompanhada de um sorriso maliciosa, mas eu percebi que Camile não teve a intenção de soar maliciosa, foi apenas curiosidade mesmo... Essa menina não é minha irmã, cadê a malicia?

- Muitas descobertas e términos. – Suspirei.

- Deixe-me adivinhar... – Nossos pedidos chegaram e nós fomos nos sentar em uma mesa próxima a janela, Ela tem a mesma mania que eu de querer observar tudo e todos – Você descobriu que tem uma irmã gêmea e terminou com a Minster?

- Como sabe sobre nós? – Dei uma garfada na minha torta.

- Franco, ele apareceu ontem no hotel onde estou hospedada e começou a falar sobre nos duas e como você foi deixada em um orfanato.

- Imaginei. – Tomei um gole do meu café – E então ele quis fazer o encontro das irmãs? – Levantei uma sobrancelha – Franco no inicio sempre foi carinhoso, o que foi muito estranho para mim, principalmente por saber quem ele era.

- Por que se juntou a ele? – Camile me encarou curiosa. Para qualquer outra pessoa que passasse ali, poderia achar que ela estava séria, mas eu conseguia ver a curiosidade em seus olhos. Por que a entendo tanto mesmo sem conhecer?

- Não me juntei a ele. – Comi um cookie de uma vez e Camile ficou me encarando como se eu fosse um alien – Me juntei a única esperança que eu tinha não necessariamente a ele, eu estava desesperada e no final eu me juntei a novos amigos, uma quase irmã e...

- O amor da sua vida! – Ela completou.

- Sim.

- Mas aparentemente você está passando por um momento difícil com Adrian.

- Você é uma grande prova disso! Veio aqui prender Adrian e eu acabo me ferrando por tabela! – Levantei um pouco a voz – Eu desde pequena fui manipulada por meu pai, depois disso a garota que um dia eu disse amar também me manipulou, meus amigos omitiram fatos e quando eu finalmente achei que estava em paz, eles ressurgem das cinzas para me jogar no circo novamente... Ah, e aproposito, ele está pegando fogo!

- Hmm... Então você nunca quis estar no meio disso? – Ela perguntou e eu balancei a cabeça negativamente – você está agora em um lugar aberto, nenhum deles está por perto e ainda tem uma agente do FBI em sua frente para te proteger, mesmo achando que você não precisaria.

- Aonde quer chegar com isso? – Perguntei já sabendo a onde isso levaria.

- Por que não foge? Aposto que se aquela bela moto lá fora tiver sido dada por algum deles, com certeza tem uma arma escondida lá para você se proteger. – Ela sorriu de lado – Tudo está a seu favor! – Disse com convicção e eu dei uma risada fraca.

- Tudo está a meu favor? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça – Você não conhece Adrian Minster, ela tem pessoas ao lado dela que vocês se matariam para ter, ela sempre me acha!

- E uma dessas pessoas é você!

- Sim. – Enfiei mais um cookie na boca, mas ela não pareceu se impressionar dessa vez – Posso te perguntar uma coisa?

- Claro. – Ela tomou um gole do seu cappuccino e comeu um pedaço do seu cookie, Tão diferente de mim!

- Você encontrou com Franco em seu quarto e está de frente com alguém que é procurada, já que indiretamente eu sou, existem câmeras aqui e qualquer um poderia provar que você esteve comigo. Por que está se arriscando?

- Se isso fosse há uma semana, isso seria um ato impensável por mim, mas depois de descobrir tudo isso eu parei de me preocupar com certas coisas, não vou largar meu profissionalismo... - Ela suspirou – Eu não fiquei curiosa pelo Franco, fiquei curiosa por sua causa! Meu sonho desde pequena foi ter uma irmã e descobrir sua existência foi um choque e tanto.

- E como foi descobrir que eu estou ao lado da Adrian, como é saber que vamos acabar nos matando no final? – Terminei com minha torta e ela me encarou surpresa por ter acabado aqueles quatro pedaços tão rápido.

- Você é incrivelmente inteligente, hoje de tarde fiz uma pesquisa nos relatórios que me enviaram e me surpreendi com você! Elise, você não precisa estar com eles, eu posso te ajudar, não por você ser minha irmã e sim por você ser uma pessoa boa...

- Como sabe que eu sou uma pessoa boa? – Interrompi-a.

- Você tem o mesmo brilho no olhar que a mamãe.

- Você não me conhece e muito menos a mamãe! – Disse raivosa – Por que se importa comigo, nos conhecemos à uma hora, eu estou cheia de problemas e não preciso de você tendo pena de mim, porque no final você pode ser a pessoa que vai apontar a arma para a minha cabeça! – Sorri com desdém.

- Isso com certeza não é algo que a mamãe diria!

- Se acostume porque você é filha de um Gangster! – Continuei com o sorriso e ela me olhou irritada.

- Sabe por que me preocupo? – Perguntou entre dentes e eu neguei com a cabeça – Porque mesmo eu não te conhecendo eu vi em você a garota que eu sempre quis que estivesse ao meu lado quando eu era pequena, eu vi em você a copia exata da mamãe e várias outras manias dela você tem... Eu vi em você o meu sorriso, quer dizer, o nosso! – Ela sorriu – Você está desesperada e eu posso lhe ajudar, os entregue e posso garantir que você não sofrera nada, basta fazer a coisa certa!

- ... – A proposta dela era tentadora, mas... – Eu nunca seria tão filha da puta assim! – Falei e ela me encarou confusa, abri meu melhor sorriso sacana e continuei – Eu nunca abandonaria meus amigos, nunca os entregaria para a forca e sairia por cima! Como você disse, eu sou inteligente e não importa se tudo isso começou por desespero, eu sei muito bem o que faço e se está perseguindo eles, vai ter que me pegar primeiro! – Me levantei da mesa, Não sem antes enfiar o ultimo cookie na minha boca, e já ia saindo quando a senti segurando o meu braço.

- Você realmente vai ficar do lado mau? – Eu me virei para encara-la e sorri.

- Não existe bem ou mal nesse jogo, apenas jogadores que vão fazer de tudo para ganhar! – Ia saindo novamente, mas voltei até a mesa, tomei o resto do café e me virei de novo para ela – Se quer me entender, pergunte a Alexy, ela te explicara. – Pisquei para ela e finalmente sai.

Eu tinha pedido para a atendente guarda meu capacete, e antes de sair ela me entregou sorrindo e piscou para mim.

Depois daquela descoberta e da conversa inesperada, eu precisava me acalmar, sentia como se meu coração fosse sair pela boca e foi uma mensagem que eu recebi que me tirou do transe. Peguei o celular e estranhei ao ver a mensagem.

“Faz anos que não nos vemos e provavelmente você me odeia até hoje – se é que você ainda lembra-se de mim –, mas eu realmente gostaria de te encontrar, então pelos velhos tempos vá até a Praia Sul e me encontre em um quiosque.” – Número Desconhecido

Qual será o tombo dessa vez?

P.O.V Camile

Depois que Elise me deixou plantada lá sem reação, eu só consegui sorrir. Quão idiota é você se sentir orgulhosa por uma pessoa que você acabou de conhecer? Aquela garota, a minha irmã, tem uma garra que nem mesmo eu tenho e eu pude perceber isso quando a confrontei – e foram apenas palavras –, ela seria o tipo de pessoa que defenderia o amigo até o final, morreria por ele sem pensar duas vezes. Achei que sentiria raiva dela, mas ela realmente me surpreendeu.

Eu me sentei novamente na mesa para terminar de comer e diferente da minha irmã, sem afobamento algum. Franco tem razão, para certas coisas eu sou incrivelmente afobada, mas para comer sou o oposto da minha irmã que parece uma pedreira.

Logo quando terminei, lembrei-me que ela falou sobre Alexy, Quem é Alexy? Ela me falou que se quisesse entende-la deveria perguntar a essa garota, mas eu nem se quer sei quem é. Tenho certeza que não é alguém que está com eles, li e reli os relatórios sobre eles e com certeza lembraria se esse nome tivesse sido citado, o que não foi.

Eu não acredito que ela puxou esse lado enigmático do Franco... Pelo menos eu sou direta! Lembrei-me de um idioto que poderia me ajudar a descobrir quem raios é Alexy. Peguei meu celular e liguei para meu amigo que atendeu no terceiro toque.

- Hey, morena gostosa do meu coração, saudades? – Meu amigo perguntou animado.

- Você sabe que sempre, e ai, atrapalhei alguma coisa? – Perguntei divertida.

- Você sabe que não... Até porque só atrapalharia se fosse mais tarde. – Respondeu sugestivo.

- Está no meu apartamento? – Perguntei receosa, às vezes me arrependia de ter dado uma copia da chave do meu apartamento ao Matt, não que eu não confiasse nele, pelo contrario, mas constantemente meu amigo fazia coisas impulsivas... No meu apartamento.

- Você sabe que sim. – Ouvi meu amigo rir de forma safada.

- Eu não quero você dando para os seus amiguinhos no meu sofá não!

- Não se preocupe. – Matt riu – Eu vou dar pela casa toda. – E gargalhou ao ouvir o suspiro do outro lado da linha.

- Eu te odeio sua Gazela.

- Tão bem te amo Sapatão.

- Eu sou hétero! – Disse indignada.

- Tenho minhas dúvidas, principalmente quando fomos à praia e você achou muito mais interessante observar as garotas de biquíni do que os caras bombados, o que falando sério, é muito melhor! – Falou a ultima parte com voz afetada.

- Okay, passiva escandalosa, eu gosto de observar a anatomia feminina... Às vezes.

- Por isso gosto de você, joga nos dois times. – Ri com o seu comentário.

- Agora falando sério, preciso da sua ajuda.

- Pode falar Sapata.

- Você sabe quem é Alexy?

- Semana passada eu conheci uma garçonete que se chamava Alexy, quando era pequeno tinha uma amiga com esse nome, você sabe quantas Alexy’s devem existir em todo o mundo? Seja mais especifica minha querida.

- Olha, eu vou ser direta, eu descobri que sou irmã gêmea da Elise Bussie. – Falei de uma vez e escutei o barulho de algo caindo – Gazela? Você está bem?

- Eu até tombei depois dessa, mas me fala como você descobriu?

- É uma longa história. Eu acabei de me encontrar com ela.

- Espera, ela não está com a Minster?

- Está, mas espero que não conte a ninguém, ou se não eu corto o seu pinto e costuro o seu cú! – Ameacei e ele riu.

- Não faça isso, por favor... O que eu vou dar se você costurar? – Revirei os olhos.

- Continuando: Conversamos bastante, e eu me descobri adorando a minha irmã...

- Owwwwn, que fofa.

- Matt!

- Desculpa.

- Ela me falou que se ainda tivesse dúvida perguntasse a Alexy...

- Mas não lhe disse quem é essa. – Completou.

- Exato, e agora eu não sei o que fazer, não quero fazer nada sem ver primeiro o ponto de vista dela e só essa Alexy pode me explicar. – Bufei e escutei meu amigo rir.

- Mile, eu acho que posso ajudar.

- Como? – Perguntei ansiosa.

- O livro dela, a protagonista se chama Alexy, se tem algo a ver com Elise, deve ser isso.

- O que um livro de ficção vai me ajudar? – Suspirei.

- Eu me lembro de ter visto uma entrevista dela uma vez no Facebook, ela disse que Alexy foi inspirada nela e que Elisa foi inspirada em seu primeiro amor... Talvez ela tenha inspirado o livro na própria vida... Wow, eu preciso ler esse livro!

“Se quer me entender, pergunte a Alexy, ela te explicara” É isso, Alexy foi inspirada em Elise, por isso se conhecer Alexy conhecerei Elise.

- Obrigado Matt, te amo bicha. – Levantei-me apressada e corri pela rua atrás de uma livraria.

- Espera o que vai fa... – Desliguei o telefone antes que ele pudesse responder.

Para a minha sorte, não foi tão difícil encontrar uma livraria. Eu procurei entre as prateleiras, mas me lembrei de um detalhe importante: eu não sabia o nome do livro.

- Com licença. – Falei com a atendente timidamente, afinal, não sabia direito o que procurava.

- Pois não? – Ela me olhou sorridente.

- Eu procuro o livro de Elise Bussie, o que conta a história da Alexy... Só que eu não sei o nome. – Sorri tímida.

- Ah, não tem problema, esse livro é bem procurado, basta dizer o nome da autora que qualquer pessoa vai saber qual é! – E foi até a prateleira que estava por trás de mim, onde estava escrito “Ação” – Aqui. – Me estendeu o livro Love Me If You Can e eu sorri ao ler o nome da minha irmã na capa – Ela é uma ótima escritora, corajosa também, não teria coragem de fazer metade das coisas que elas fez quando escreveu o primeiro livro... Sabia que ela levou dois tiros quando estava na Faixa de Gaza?

- Não sei se podemos chamar isso de coragem ou de loucura. – Meneei a cabeça e ela riu.

- Realmente. – Ela concordou – Você a conhece?

- Como sabe? – Ergui uma sobrancelha.

- Seus olhos brilharam ao ver o livro, ou você é uma grande fã ou a conhece.

- É a segunda opção... Ela é minha irmã. – Sorri.

- Wow, isso é incrível, não sabia que Elise tinha irmãs, ela nunca falou sobre isso e olha que eu sou uma grande fã, me lembraria se ela tivesse falado. – Ela me encarou como se não acreditasse e eu ri.

- Acredite... Nem nós sabíamos! – Sorri.

- Vai ser só isso?

E como uma boa irmã babona.

- Me de também o primeiro livro dela.

Como em tão pouco tempo eu já tenho um sentimento tão profundo pela minha irmã? Mas admito que ela tenha razão.

“Porque no final você pode ser a pessoa que vai apontar a arma para a minha cabeça!”

P.O.V Elise

Depois de meia hora, cheguei até a praia e descobri  um grande problema... DE QUAL QUIOSQUE ESSA PESSOA MISTERIOSA TAVA FALANDO? Tem bem uns cinco... Tá não é muita coisa, mas eu sou preguiçosa. E outro problema... QUEM EU ESTOU PROCURANDO?

Quando eu já tinha criado coragem suficiente para procurar, recebi uma nova mensagem.

- Se for uma pessoa desconhecida de novo vai ficar no vácuo, porque isso já é sacanagem! – Murmurei irritada – Hmmm... Adrian.

[18:13] <3 Andy: Hey, você está bem?

[18:13] <3 Andy: Martin disse que você saiu rápido e Lisa disse que você nem se quer comeu

[18:13] <3 Andy: O que temos que concordar, é algo bem estranho vindo de você :v

Por que esse ser tinha que ser tão irritante...? E tão fofo... Affs.

[18:15] Eu: Vai se foder Adrian _l_

[18:15] Eu: Eu estou bem, só vim dar uma volta e já comi

[18:16] <3 Andy: Eu até poderia... mas você terminou comigo ;-;

[18:16] Eu: Você quer só encher o saco mesmo ou aconteceu algo? .-.

[18:17] <3 Andy: Eu só estou preocupada! :(

[18:17] Eu: Eu estou bem Adrian, só um pouco irritada...

[18:18] <3 Andy: Algo aconteceu? :/

[18:19] Eu: Depois eu conto, agora preciso resolver uma coisa.

[18:19] <3 Andy: Okay, te vejo mais tarde :)

Eu já ia guardar o celular novamente quando uma nova notificação apareceu. Lisa.

[18:21] Garçonete: O que de tão extraordinário aconteceu para você sumir... e o mais surpreendente, sem comer? :O

[18:21] Eu: Lisa, se você quer encher o saco, deixa isso pra mais tarde!

[18:22] Garçonete: É sério, eu realmente fiquei preocupada :/

[18:22] Eu: Desculpa, eu já falei com a Adrian e ela também estava preocupada...

[18:23] Eu: Falo com vocês quando chegar :)

[18:23] Garçonete: Owwwwnnnn

[18:23] Garçonete: Mozão tava preocupada :3

[18:24] Garçonete: E você fez a cagada de dar um fora na sua bad girl

[18:24] Garçonete: Só faz merda você :p

[18:24] Eu: Tchau Lisa ‘-‘

[18:25] Garçonete: Te amo miga :3

Eu mereço esse povo como amigo.

 Essas pessoas anônimas podiam começar a se identificar. Eu já tinha andado um bom pedaço da praia e ainda não tinha achado, não sei bem pra quem olhar já que não sei quem procuro. As pessoas estão começando a me olhar como se eu fosse maluca, E eu até entendo o por quê. Depois de andar mais um pouco, resolvi me sentar no mais movimentado quiosque e pedi uma cerveja e alguns petiscos.

Depois que meu pedido chegou, eu fiquei observando o movimento e o mar.

- Aquela Harley Davidson Iron 883 2015 lá fora é sua? – Uma voz feminina perguntou atrás de mim.

- Sim. – Respondi sem me virar.

- É uma bela moto. – A garota comentou.

- Obrigada. – Nem me dei o trabalho de virar, já estava irritada com uma pessoa que eu nem sabia quem era, não precisava de mais nada me enchendo.

- Sabe, eu li o seu livro e espero que no segundo, o ponto de vista da Anna seja mais explorado. – A garota falou divertida

- Isso é estranho, quase ninguém gosta da Anna... Espera, eu mudei o nome dos personagens, como você sabe que Victoria é a Anna? – Me virei para encarar a mulher e não acreditei em quem vi – Anna?

- Quanto tempo Lise. – Ela sorriu, o mesmo sorriso de anos atrás quando ainda éramos amigas.

Ela não mudou muito, continua baixinha, os cabelos lisos estavam mais longos e os olhos âmbar continuavam com certo tom de doçura. Ela se sentou na minha frente e pude observar melhor o corpo magro a minha frente, ela usava um short jeans curto, escuro e nas pernas era desfiado, a parte de cima de um biquíni branco e nos pés um par de chinelas brancas. A pele diferente de anos atrás estava bem bronzeada e ela tinha uma cicatriz no lado esquerdo da barriga.

- O que você quer comigo? – Perguntei irritada.

- Queria te explicar algumas coisas, mas primeiramente, acho que um pedido de desculpas agora seria o mais apropriado, certo? – Sorriu alegre – Mesmo achando que você não vai aceitar tão fácil! – Assumiu uma expressão triste.

- Claro que não, nunca me esqueci do que você fez!

- Imaginei, até porque Victoria no seu livro foi retratada de maneira bem... cruel. – Fez uma careta – Mas as pessoas tem o direito de mudar e Adrian sabe bem disso!

- O que quer dizer com isso? – Perguntei confusa.

- Nesses sete anos não foi só você que teve uma grande mudança em sua vida, eu... bem, falando de uma forma bem simples, as pessoas me pagam para eu matar outras pessoas. – Ela falou calma como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

- Você é uma Assassina de Aluguel? – Perguntei um pouco mais alto do que deveria.

- Agradeço se falar mais baixo, e sim, eu sou. – Ela revirou os olhos – Não me jugue, olhe com quem você está se metendo.

- Eu sei, mas... afinal, o que você quer comigo? – Perguntei voltando a me irritar.

- Eu já conversei com Rachel e ela me perdoou depois de entender que eu mudei de verdade... Bem, isso demorou quase dois anos e foram vários xingamentos e machucados, mas ela perdoou. – Sorriu – Eu acabei de voltar de um trabalho em Los Angeles e achei que seria legal te ver.

- Com trabalho você quer dizer...?

- Assassinato? Sim, e ganhei algumas centenas de dólares com isso.

- Por que queria falar comigo? O que você tem haver com tudo isso?

- Adrian não falou? Eu sou uma peça estranha, na maioria das vezes você não vai me ver, mas eu vou estar lá como uma Cavaleira Silenciosa... Ou melhor, Assassina Silenciosa. – Ela sorriu – Já sabe quem eu sou?

Nem foi necessário pensar muito.

- Você é um Cavalo!

Cavalo:

Na forma de "L", dois quadrados em qualquer direção, uma volta de 90 graus e mais um quadrado. O cavalo é a peça estranha do jogo. Os cavalos também são as únicas peças que podem pular outras peças.