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História Love Next Door (Satzu) - Fourth Month


Escrita por: WisteriaHill

Notas do Autor


Voltei rsrsrs
Eu queria dizer que este é o meu capítulo preferido da fanfic, então eu realmente espero que vocês gostem.
Perdoem os erros, eu revisei mas pode ter passado algum :(
Até semana que vem e boa letura :)
Notas: Taeyang é sol em coreano e a música é Pretty U do Seventeen.

Capítulo 5 - Fourth Month


"Você não vai na sua consulta com o Dr. Kim?" Chae entra na sala onde eu e Sana estamos.

"Ah, não estou muito a fim, sabe, de saber se a criança vai ser menino ou menina." Me viro e a olho, percebendo que traz algumas coisas com ela. "O que é isso?"

"Olha Tzu, talvez você não esteja empolgada para saber o sexo do bebê mas eu estou ok? Afinal, eu vou ser a melhor tia que esse mundo inteiro já viu."

"Ok convencida, ainda não respondeu minha pergunta."

"Isso aqui são alguns livros que achei na biblioteca com nomes de crianças, achei que nós três poderíamos decidir."

"Podemos conversar em particular?" Chae faz que sim com a cabeça. "Sana, nos dê um minuto por favor, já voltamos."

Chae me segue até a sala que usamos para fotografar e fecho a porta assim que ela entra.

"Você não pode mesmo ir na consulta? Por favooor." Ela tenta fazer uma carinha de cachorro que caiu do caminhão de mudança mas eu sou imune a isso há um bom tempo, então apenas faço que não com a cabeça. "Mas até a Momo quer saber, além disso ela disse que quer nos contar uma coisa e pra isso vai fazer um jantar na casa dela, mas não me disse a data. Você sabe como a pêssego é. Eu não tenho ideia do que ela anda escondendo de nós mas se for o fato de que ela gosta da mesma fruta que os homens então nem precisa se dar o trabalho de contar porque...ei, o que foi?" Ela para assim que percebe que estou sentada no chão pensando em minha atual situação.

"Chae, eu não sei mais o que fazer."

"Como assim?" Ela se senta a minha frente.

"Sana. Ela não falou comigo ainda, e minhas ideias de como fazer com que isso aconteça já estão acabando."

"Então..."

"Então eu vou desistir."

"O que?!"

"Chae, eu não sei mais como ajudar ela e não sei nem se estou ajudando. E-eu vou tentar pela última vez hoje a noite, se não funcionar dessa vez então vou ligar para Jihyo."

"Tzu..."

"Chae, eu estou perdida."

"Tudo bem, eu te entendo. Quer dizer, Sana parece ser legal e tudo o mais, mas se você acha que isso é o melhor para ela então faça isso. Você já tentou tanto, talvez isso seja o melhor a se fazer agora."

"Eu-eu não sei Chae."

"Você quer desistir dela?"

"Que escolha eu tenho? Se ela não estiver bem de novo quando essa criança nascer, o que vou fazer?"

"Tudo bem, então parece que concordamos aqui."

"Obrigada Chae."

"Pelo que sua idiota? Eu só concordei com o que você disse." Do um leve empurrão nela mas a menor cai como se tivesse sido forte. "Agora, você tem 30 minutos pra sua consulta e eu realmente gostaria que vocês fossem. Não precisa nem me contar se não quiser, mas faça isso por você ok? Mesmo que você ache que não vai mudar nada."

"Eu te odeio Son Chaeyoung."

"Isso é um 'tudo bem amor da minha vida eu vou na consulta por você e nós três vamos decidir o nome da criança'?" Me levanto e caminho até a porta enquanto a menor continua sentada no chão.

"Talvez sem a parte de decidir o nome." Digo e saio da sala, logo vendo Sana olhando uma das revistas onde algumas fotos minhas estavam. "Ei Sana, vamos? Temos um ultrassom para ir." Pego em sua mão e nós duas saímos.

 

 

O gel que passam em minha barriga já mais aparente é gelado como sempre, o que me causa arrepios. Depois de algum tempo fazendo o ultrassom, o Dr finalmente nos chama para sua sala. Ok, eu estou um pouco nervosa por saber o sexo do bebê, mesmo que isso não altere muito em minha vida. Talvez eu esteja nervosa por causa da Sana.

"Sentem-se meninas." O médico diz e nós duas nos sentamos, ficando de frente para ele. "Estão ansiosas?"

"Um pouco." Respondo e coloco uma mecha de cabelo atrás de minha orelha, Sana não responde a pergunta do doutor.

"Bom, o bebê está saudável e aqui está o cd com o ultrassom. Uma pessoa ligou para cá mais cedo e pediu para gravarmos. Ah, aí dentro há um papel com o sexo do bebê, talvez seja melhor se abrirem em casa." Concordo com a cabeça. "Bom, continue assim. Sua alimentação está boa, então consequentemente a do bebê também está. Parabéns senhorita Chou e senhorita..." Ele diz se referindo a mulher ao meu lado.

"Sana." Digo

"Senhorita Sana. Bom, nos vemos da próxima vez, podem ir agora." Me levanto e pego novamente na mão de Sana, em minha outra mão de encontra o sexo do bebê.

 

Quando chegamos em casa eu apenas largo o pequeno envelope em cima da mesa e vou para a cozinha preparar o que preciso para mais tarde. Ainda são 15:54, mas prefiro deixar tudo pronto. Sana provavelmente está na sala, mas não ouço o barulho da televisão o que muda minha ideia. Talvez ela foi dormir um pouco.

Subo até o telhado do nosso prédio. Toalha, comidas, bebidas. Tudo pronto.

Quando são aproximadamente 17:00, vou até a sala de nosso apartamento e me sento ao lado de Sana.

"Ei Sana, podemos conversar? Eu-Eu tenho um assunto sério, pode me acompanhar?" Subimos juntas até o local preparado e minha vizinha de senta em um dos lados da toalha estendida no chão, enquanto eu me sento no outro. "Sabe, aqui é sem dúvida o meu lugar preferido na cidade inteira. Eu gosto de subir aqui, geralmente antes do sol nascer e se por, assim posso ver isso. E é tão...tão lindo e mágico. As cores no céu, as luzes da cidade se acendendo ou se apagando pouco a pouco...eu realmente me sinto bem aqui. Por isso te trouxe aqui, quero que veja isso, mas ainda não está na hora então eu preparei isso para nós, pensei que poderia estar com fome." Jihyo me disse em uma das nossas conversas que Sana gosta de bolinhos de arroz apimentados, então é isso que preparei para nosso pequeno lanche. Pego sua mão e coloco um deles, e logo a menor o leva até a boca. Eu esperava alguma reação, mas o máximo que recebi foi um brilho nos seus olhos quando ela sentiu o sabor.

Ficamos algum tempo sentadas ali, bebendo e comendo, sem trocar palavras. Quando vejo que está quase no horário do sol se pôr, me levanto e puxo Sana comigo até o muro da borda do prédio.

"Sana, eu queria que você me desse um sinal...alguma coisa que me mostrasse estar te ajudando. Eu só...só queria saber se estou fazendo as coisas certo." Encosto minha cabeça em meu ombro. "Eu não sei mais o que fazer pra te ajudar, eu estou totalmente perdida.  Eu pensei muito sobre isso Sana, e essa é minha última tentativa. Se...se eu não conseguir essa noite, vou ligar para Jihyo e ela vai vir te buscar. Ela pode te fazer melhorar, e é isso que eu quero. Eu sei que você está aí dentro, sei que está tentando voltar mas se eu não consigo te ajudar...então não tem motivo para você continuar vivendo comigo." Fecho meu olho e deixo algumas lágrimas caírem livremente. "Sana, por favor, fale alguma coisa." Desencosto minha cabeça e a encaro, enquanto ela apenas olha para frente, para o céu à nossa frente. "Sana! Eu não consigo mais...se isso não funcionou, eu realmente não sei mais o que pode dar certo. Me perdoe, eu não queria desistir de você, eu não queria que você se fosse, eu só queria te ajudar!" As lágrimas caem sem meu controle agora. Me viro e caminho em direção à porta que dá acesso a escada, o que me levaria de volta ao andar de meu apartamento.

Porém, quando vou girar a maçaneta para colocar um fim em tudo isso, ouço uma voz a qual senti falta.

"Chou Tzuyu...minha vizinha. Ou talvez não mais, já que moramos juntas agora. Seria isso um sonho?" Congelo. Isso está mesmo acontecendo? "Chou Tzuyu veio para a Coréia quando ainda era pequena, 7 anos de idade, apenas com sua mãe já que seu pai não quis vim para cá junto com as duas. Chou Tzuyu não sabia falar coreano mas ia para a escola mesmo assim, e foi lá que conheceu sua melhor amiga até hoje, Chaeyoung. Mais tarde Momo também entrou na vida das duas." Me viro e olho em sua direção, Sana está de costas para mim olhando para frente. Não saio do lugar, ainda estou chorando. "Chou Tzuyu gosta do inverno, mas também ama a primavera por causa das cerejeiras. Ah, e ela acha que eu ficaria bem com meu cabelo da cor da flor dessas árvores." Ela se vira e eu dou um passo em sua direção, ainda receosa. "A bebida preferida de Chou Tzuyu é chocolate quente, mas quando está nas estações mais quentes ela prefere capuccino, mais especificamente de uma cafeteria a quinze minutos daqui. Chou Tzuyu tem um sotaque adorável por conta de sua língua mãe não ser o coreano, e eu acho muito fofo. Chou Tzuyu sabe tocar violão mas tem vergonha de cantar quando toca, porque acha que sua voz não é bonita o suficiente para isso, mas ela não percebe que na verdade sua voz é linda como a de um anjo, porque Chou Tzuyu é um anjo." Começamos a nos aproximar lentamente e mantemos nossos olhares fixos uma na outra. "Chou Tzuyu gosta de ir ver filmes no cinema, mas na maioria das vezes dorme quando assistimos em casa. Chou Tzuyu gosta do céu porque ela acredita que mesmo estando longe de alguém que ama, se olharem para ele estarão olhando para o mesmo lugar e isso a faz sentir mais próxima dessas pessoas. Chou Tzuyu, mesmo sem saber, me fez olhar mais para o céu quando eu não conseguia falar com ela, porque o céu passou a me trazer uma boa sensação." Estamos cara a cara uma com a outra, muito próximas uma da outra, tanto a ponto de eu quase sentir muito bem a sua respiração. De repente ela leva suas mãos até minha barriga. "Mas eu sei de duas coisas que Chou Tzuyu não sabe. A primeira é que ela me ajudou muito quando eu achei que ninguém podia e isso só fez meu amor por ela aumentar. A segunda é que esse bebê que está na barriga dela...é um menino, e esse menino vai ser lindo assim como ela, não tenho dúvidas disso." Então ela quebra qualquer distância entre nós e junta nossos lábios em um beijo calmo, ao qual me rendo rapidamente. Quando nos separamos por causa da falta de ar, encostamos nossas testas e eu rapidamente coloco minha mão sobre minha boca devido aos soluços que insistem em sair por conta do meu choro.

Então me viro e saio correndo dali, descendo as escadas e deixando minha vizinha sozinha no telhado.

 

 

 

"Estou bem Jihyo, sério, não se preocupe. Sim, podemos marcar de nos vermos. Ok, até mais."

Ouço Sana falar com Jihyo enquanto estou jogada em minha cama olhando para o teto, pensando no que aconteceu há alguns minutos atrás naquele telhado. Sim, minha vizinha que não falava comigo há dois meses disse a maioria das coisas que contei para ela nesse tempo, mostrando que ela me escutava. Sim, minha vizinha sabe o sexo da criança e me disse no telhado. Sim, minha vizinha me beijou e sim, eu saí correndo de lá. Por que? Não sei, pareceu a coisa mais lógica a se fazer naquela hora.

"Knock Knock." Ouço sua voz doce e me viro para a porta que logo é aberta o suficiente para mostrar seu rosto delicado. "Posso entrar?" Faço que sim com a cabeça e ela entra, se deitando ao meu lado. "Quer conversar sobre isso?" Ambas estamos olhando para o teto.

"Me desculpe por ter te deixado lá sozinha."

"Não tem problema, eu trouxe as coisas de volta. Os bolinhos de arroz estavam deliciosos, são os meus preferidos." um silêncio se instala entres nós até que ela respira fundo. "Você quer saber o porquê de eu estar ouvindo essas vozes não é?" Ela sorri, como se isso fosse engraçado.

"Você ainda está ouvindo elas?" Me viro e começo a observá-la.

"Sim, um pouco, mas consigo conversar com você agora e é isso que importa pra mim, não eles."

"Não precisa contar se não quiser, pode ser quando estiver mais confortável."

"Tudo bem, mas eu sinto como se eu não fosse conseguir se não fizesse isso agora." Ela fecha os olhos e respira fundo. "Meu passado é algo meio complicado, mas vou tentar resumir ao máximo ok? Você é uma das primeiras pessoas para quem eu conto isso, só minha mãe sabe, além de Jihyo e Dahyun. Bom, tudo começou quando eu tinha 16 anos. Eu me assumi lésbica para minha família e para meus amigos, as pessoas que eu mais amava e confiava em todo o mundo, e todos aceitaram isso, menos uma pessoa: um amigo meu. Ele passou a me tratar diferente e a mandar indiretas, como se quisesse mostrar sua masculinidade para me fazer voltar a ser quem eu não era, falando que mulheres só deveriam gostar de homens e não de outras mulheres. Eu apenas ignorava e seguia a minha vida, mas ele ainda era meu amigo. Até que comecei a sair com uma garota e esse garoto nos viu. Ele me ignorou a semana inteira no colégio depois disso. Então, uma noite, ele me chamou para sair, disse que me levaria em um lugar especial e eu fui, o que poderia dar errado não é?" Ela dá um sorriso. "Ah, como eu queria não ter ido aquela noite. Fomos para a escola. Estava escura e eu não queria entrar, alguma coisa não estava certa e eu sentia isso. Mas ele me pediu para confiar nele, que ele nunca me machucaria. Tzu, eu preciso dizer o que ele fez comigo naquela noite? Naquela escola?" Uma lágrima cai pelo seu rosto, seguida por outra e outra. "Depois daquilo, minha vida foi um verdadeiro inferno. Ninguém sabia do ocorrido, nem meus pais. Eu não conseguia entrar na escola, sempre matava as aulas e isso começou a preocupar Jihyo e Dahyun. Eu só ficava trancada no quarto, e quando eu não estava chorando eu estava dormindo. Meus pais tentavam conversar comigo, mas eu não conseguia falar, eu não conseguia me abrir para eles. Se minhas duas amigas não tivessem insistido tanto em eu falar com elas, talvez eu não estivesse mais aqui. Eu ignorava todos ao meu redor, até meus pais e...eu me cortava, para tentar aliviar toda a dor. Então comecei a ter enjoos, minha menstruação havia atrasado. Eu não queria acreditar naquilo, que tinha como piorar mais, mas fui até uma farmácia e comprei um teste de gravidez e ele deu positivo Tzu. Eu ia ter um filho com aquele...não consigo achar uma palavra para defini-lo agora. Eu não podia ter essa criança, então eu optei pelo aborto. Eu tirei a vida daquela criança, eu a matei. Minhas duas amigas ficaram sabendo pouco tempo depois que eu já havia feito isso. Claro, elas ficaram chocadas de início, mas depois me ajudaram. Quando eu não estava com elas, minha vida era um inferno. Eu ouvia vozes todos os dias. Uma era a de meu 'amigo' e a outra me chamava de mãe, como se fosse o bebê que abortei. Elas iam ficando piores a cada dia, e a cada dia eu queria desistir. Cada uma dizia coisas diferentes para mim, mas todas eram ruins. Às vezes eu acabava escutando elas e tomava uma decisão errada, mas minhas amigas sempre me ajudavam a tentar ignorar os dois, a não me deixar ser influenciada. Bom, como você pode ver eu dei um jeito nelas com a ajuda de Jihyo e Dahyun. Nesses últimos dois meses, essas memórias voltaram, tudo voltou, de uma vez só e talvez até mais forte. Eu não sabia o que fazer. Eu podia te ouvir, você fazia essas vozes diminuirem quando íamos para algum lugar e você me contava algo, mas eu não conseguia dizer nem escrever nada. Sabe quando você está sonhando e quer gritar mas não consegue? Era como eu me sentia. Eu queria te mandar um sinal, algo que te mostrasse que eu estava ali. Quando eu vi que você ia desistir...eu...eu precisava fazer algo. Então eu lutei contra essas vozes, eu não podia te perder. Disse tudo o que aprendi nesse último mês, tudo o que eu tinha para te fazer ficar porque eu não quero que vá embora Tzu. As vozes...ainda posso ouvi-las, mas quando estou com você, elas ficam fracas, menores. Ainda estão aqui, me dizendo coisas que não quero escutar, mas você...é o que me prende, meu motivo para não ter desistido ainda." Ela estava chorando mas se vira e me encara. "Eu estou apaixonada por você, desde que te vi na sua porta pela primeira vez. Tudo bem você não gostar de mim dessa forma, mas não vou sair do seu lado. Se você está feliz, eu estou feliz. Enquanto você brilhar, eu estarei bem. Eu vou criar essa criança como se fosse minha, ela será a melhor lembrança que eu vou ter de você depois que...que nos separarmos assim que ela nascer. Ela não precisa saber quem os pais biológicos são se você quiser assim, mas eu não vou conseguir te esquecer Tzu."

Ela chorava bem na minha frente, então eu apenas a abracei.

"Obrigada por ter contado isso para mim. Você sabe que a gente não precisa se separar depois que ele nascer não é? Quero dizer, ainda seremos vizinhas."

"Me dá uma chance?"

"Uma chance?" 

"Uma chance pra te fazer gostar de mim como eu gosto de você, uma chance pra te conquistar. Só uma, é só isso." Não desfazemos o abraço. "Se eu conseguir, não vou a lugar nenhum. Se eu falhar então eu vou me mudar para longe, eu e ele."

"Se você falhar...por que não continuar sendo minha vizinha?"

"Seria torturante. Te ver todos os dias e lembrar disso tudo, lembrar que eu falhei..."

"Tudo bem, eu entendo. Eu te dou uma chance." Desfaço o abraço e a olho nos olhos. "Mas se eu fosse você me apressaria, você tem só 5 meses." Ela sorri.

 

 

Sana me acordou de madrugada, 2:56 da manhã para ser mais exata. Ela disse que me levaria à um lugar e que precisaríamos sair aquela hora para aproveitarmos o máximo. Coloquei uma roupa casual, assim como a que minha vizinha trajava, e logo estávamos na estrada com ela dirigindo para Deus sabe onde.

Confesso que dormi boa parte do caminho e quando chegamos ao nosso destino, Sana me acordou novamente.

Eu não conhecia aquele lugar, mas ela pegou em minha mão e me guiou por um caminho no meio de árvores e arbustos.

"Depois de tudo o que aconteceu, às vezes eu pegava o carro de meus pais e vinha para cá. Li sobre esse lugar na internet e me pareceu uma boa ideia." Acabamos na ponta de um rochedo, com o mar à nossa frente. O sol estava para nascer, então a vista era maravilhosa. "Como você gosta de observar o céu, achei que seria uma boa ideia te trazer aqui. Eu gosto de como esse lugar me faz sentir." Estávamos sentadas na borda da pedra, um tanto quanto perigoso. "O mar, se você olhar, parece infinito daqui. Uma imensidão azul, assim como o céu. E olhando daqui, parece que os dois se encontram. De alguma forma, isso me lembra você."

Profundo.

Eu sei que Sana tem sentimentos por mim, sei que ela já sofreu no passado. Eu prometi dar uma chance a ela, mas e se eu machuca-lá?

"Quando...quando eu não conseguia falar com você, eu olhava para o céu e tentava achar semelhanças entre vocês. Tzuyu e o céu. Os dois tem lados escuros e claros, assim como várias cores. Os dois são lindos de se admirar, e os dois são tão infinitos que cabem centenas de constelações dentro."

Eu não sabia o que dizer, nós duas apenas olhávamos o sol nascer. "Meu nome é Minatozaki Sana, venho de Osaka, Japão. Cheguei na Coréia ainda criança. Na escola, sempre me tratavam como qualquer outra, mesmo meu coreano não sendo dos melhores. Jihyo estudava comigo, enquanto Dahyun era mais nova, logo estudava em outra sala. Tenho mais três outras amigas, mas elas não pegaram aquela época ruim da minha vida, vieram depois. Nayeon e Jeongyeon são um casal, estudaram comigo e com Jihyo. Mina é japonesa, era da mesma sala que Dahyun. Todos somos bem unidas até hoje."

"Por que você veio para a Coréia? Quer dizer, sempre ouvi falarem bem do Japão, como veio parar aqui?" Questiono.

"Na verdade eu não sei, minha mãe apenas me disse que estávamos de mudança e viemos parar aqui. Eu era nova ainda, mas lembro que não tive tempo o suficiente para me despedir dos meus amigos de lá e nunca questionei meus pais sobre o motivo."

"Você ainda sabe japonês?"

"Sim, meus pais ainda conversavam comigo em japonês, diziam que era para não perdermos o costume. Era engraçado quando eu levava Dahy e Jihyo para casa e elas faziam alguma coisa errada, meus pais discutiam em japonês e eu tinha que inventar um diálogo entre eles."

"Me ensinaria?"

Nesse instante ela me olha, meio surpresa.

"Claro." Um sorriso se abre em seu rosto, o que me leva a sorrir também. "Quer jogar uma coisa? É assim: eu te falo duas verdades e uma mentira sobre mim e você tenta adivinhar qual é qual. Topa?" Aceno que sim com a cabeça. "Eu começo então. Hum...eu já pintei meu cabelo de rosa, eu não gosto de dançar e um dia, eu quero voltar ao Japão."

"A mentira, senhorita Minatozaki, é que você já teve cabelo rosa. Fácil."

"Errou." Ela ri da minha cara de surpresa e confusão. "Quando eu tinha 15 anos, resolvi pintar meu cabelo todo de rosa claro." Ela pega seu celular e procura uma foto para me mostrar. "Aqui está sua prova."

"Parece que eu estava certa quando disse que ficaria boa de cabelo rosa."

"Quer dizer que não sou boa agora, senhorita Chou?"

"Não foi isso que eu quis dizer! Aish." Nós duas rimos e logo ela me pede para continuar com o jogo. "Ahn...eu não gosto do verão, já tive cabelo roxo e minha mãe se casou com outro homem aqui na Coréia, que eu chamo de pai também."

"Sobre o cabelo roxo...é falso."

"Ah, eu sabia que ia ser fácil. Eu gostaria de pintar meu cabelo de roxo um dia, é uma das minhas cores preferidas."

"Quando eu pintar o meu, você pinta o seu."

"Feito. Lembra quando eu te disse que meu pai tinha ficado em Taiwan? No começo da gravidez, quando fui passar um tempo na casa dos meus pais, eu me referia à minha mãe e ao meu padrasto. Eu o chamo de pai porque, pouco tempo depois que chegamos na Coréia, minha mãe começou a sair com ele, então ficamos bem próximos. Sua vez."

"Bom, tenho vontade de aprender mandarim, prefiro assistir filmes no cinema e minhas amigas me deram o apelido de shiba."

"Suas amigas te chamam de shiba?" Dou uma risada. "Por que?"

"Uma vez estávamos assistindo um filme que tinha um shiba, então de repente a Dahyun levantou e disse que ele se parecia comigo. Então o apelido ficou."

Ficamos algum tempo ali até que o sol tivesse nascido por completo, então decidimos dar uma volta pela praia já que o parque o qual Sana queria me levar estava fechado ainda. Caminhamos na beira do mar com a água chegando em nossos pés e molhando-os. Em determinado momento Sana segura em minha mão e passamos o resto do trajeto assim. Compramos até duas pulseiras de um vendedor ali da praia, uma com uma onda, que ficou comigo, e outra que tinha uma estrela, que ficou com Sana. Quando voltamos da nossa volta o parque já havia aberto, então ficamos indo nas atrações que tinham ali com exceção da roda gigante, já que Sana pediu para ser o último no qual fôssemos.

Na hora do almoço fomos a uma lanchonete perto dali, onde pedimos hambúrgueres e batata frita. No local tinha um karaokê com pessoas cantando e se divertindo, até que uma hora Sana se levanta e vai correndo até o palco, logo escolhendo uma música que encheu os altos falantes do local. Ela não faria isso, faria?

Faria.

 

 

Got so much to say

but can't organize myself

Help me, S.O.S

1, 2, 3, 4

 

Eu não conhecia aquela música, mas era coreana.

 

What kind of expression can deliver my heart?

Should I take my heart out to copy and paste on you?

 

On one fine day you magically appeared

You took my heart and attracted my eyes, you're greedy

What I wanted to say is

 

Sana me olha fixamente enquanto canta, sua voz é ótima. Todos no estabelecimento olham para ela e logo para mim, já que ela começa a se movimentar em minha direção. Minha boca está aberta de pura surpresa.

 

Don't take this the wrong way

But I can't see anything but you

You're so ice ice baby

At the same time you melt me down

Just can't get enough

I want to show you myself without hiding anything

 

Oh we chose each other and focus on by nano unit

When I see you, it's breathtaking

Normally I'm not like this

 

Minha vizinha, além de estar se declarando para mim por uma música em um restaurante, sabia a coreografia da música e a dançava também, e fazia tudo extremamente bem.

 

I want to pick and gather all the pretty words for you

They stick in my throat in front of you

 

I promise myself, while drinking a glass of water in the morning, to tell you

I will confess what has been on the tip of my tongue tomorrow

You are pretty

 

Nessa parte da música, Sana já está em minha frente e me puxa pela mão, me levando até o palco e me dando o outro microfone. Eu não sei essa música.

 

Pills for cold, meals for hunger,

me for you

I want to define you as me like this in the dictionary

By the way what should I do today?

 

Should I ask the internet?

What to wear, where to go

I should have studied hard like this

 

Ela me dá um sinal como se quisesse dizer que sei a próxima parte, que começa a aparecer na tela.

 

Oh we chose each other and focus on by nano unit

When I see you, it's breathtaking

Normally I'm not like this

 

Eu não gosto da minha voz, e nem de cantar para qualquer um, principalmente na frente de pessoas em um restaurante, mas Sana olha para mim como se me pedisse para cantar o refrão com ela. Suspiro e olho para seus olhos, talvez assim eu possa fingir que não há ninguém além de nós duas aqui.

 

I want to pick and gather all the pretty words for you

They stick in my throat in front of you

 

I promise myself, while drinking

a glass of water in the morning, to tell you

I will confess what has been on the tip of my tongue tomorrow

You are pretty

 

Estamos de mãos dadas e quando começa a próxima parte da música, deixo de cantar e Sana começa a chegar mais perto, andando ao redor de mim.

 

I can't take it no more

I've got something to say

I can't take it no more

Right now, I'm gonna try

I can't take it no more

I was about to write a letter

I can't take it no more

I can't stand it

 

Baby you're my lady

I am running to your heart

Baby I'm almost there

 

(Oh~) I promise myself, while drinking a glass of water in the morning, to tell you

Beautiful words like the lines in a movie

The words I've prepared overnight for days

I want to say them to you tomorrow

With my clenched fists

You are pretty

 

Então ela desce do palco, me deixando ali sozinha e se dirige à mesas com pessoas prestando atenção em nós.

 

Does she love me

Does she love me not

I am counting flower petals all day long

Does she love me

Does she love me not

What will the petals answer to me?

 

A música acaba e eu ainda estou no palco, enquanto todos nos aplaudem. Volto rapidamente para nossa mesa, certa de que estou vermelha. Sim, Sana é louca de fazer isso, e sim, eu adorei essa pequena declaração que ela fez, mesmo que se alguém perguntasse eu iria negar. Terminamos de comer ali como se nada tivesse acontecido, e depois voltamos para o parque.

Quando o sol estava quase se pondo Sana decidiu ir na roda gigante. Quando estávamos quase no ponto mais alto conseguíamos ver o sol se pondo no mar, então entendi o porquê de minha vizinha querer que esse fosse a última atração a irmos.

"Hoje o dia foi perfeito Tzu, eu realmente não tenho palavras pra descrever ele." Ela encosta sua cabeça em meu ombro eu passo meu braço ao redor de seu corpo para que ela se aconchegue mais. "Está vendo o sol ali? Ele nasce no céu mas é refletido no mar. Mesmo que você não fique com seu filho, ele sempre estará com você, apenas será refletido em mim. E eu prometo, eu vou criá-lo como se ele fosse meu próprio filho."

"Nós duas vamos."

Sana se desencosta de mim quando ouve o que acabei de dizer. Há um sorriso em seu rosto e seus olhos brilham, então ela se aproxima receosa mas logo me beija e eu correspondo. É um beijo calmo.

"Taeyang." Ela diz assim que desfaz o beijo. A olho confusa. "O bebê, pode se chamar Taeyang." Ela sorri como se essa fosse a melhor ideia que ela já teve, então apenas sorrio de volta. Eu gostei desse nome.

"Taeyang."

Sana fez o caminho de volta para casa já que eu não sabia para onde ir, mas dessa vez fiquei acordada durante o trajeto, ouvindo as músicas que Sana gostava e confesso que seu gosto musical é ótimo.

Assim que chegamos no apartamento, preparamos nossa janta. Tentamos cozinhar juntas mas acabou que nenhuma de nós é boa o suficiente para preparar um grande prato, então acabamos no misto quente mesmo.

Quando acabamos, Sana vai até meu quarto e pega seu travesseiro, trazendo-o de volta para a sala.

"O que pensa que está fazendo?" A questiono assim que a vejo preparar o sofá como se fosse dormir ali.

"Me preparando para dormir." Ela responde concentrada em arrumar o cobertor no sofá. Caminho até onde ela está e pego seu travesseiro, saindo correndo para meu quarto logo em seguida. "Yah, Tzuyu!" A ouço gritar e logo ela aparece em meu quarto.

"Você dorme aqui esqueceu?" Coloco seu travesseiro no lado da cama onde minha vizinha costuma dormir.

"Você não precisa mais dormir comigo, não vou mais ter pesadelos." Ela diz e tira seu travesseiro do lugar.

"Mas...sabe, a cama vai ficar mais vazia sem você aqui, e mais fria também. Tem certeza que não quer dormir aqui comigo?" Quando digo isso ela para pouco antes de estar fora do cômodo.

"Parando para pensar, está frio mesmo estando no verão. Acho que vou dormir aqui hoje." Ela se vira sorrindo e logo se deita.

Sim, nós continuamos dormindo juntas. Não, não fizemos nada além de dormir.



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