História Love requires sacrifice - Chapter VI: The misterious man

— Então, esse é o seu plano?

— Você tem uma opção melhor?

— Qualquer coisa que não seja fugir, é uma opção melhor.

Mesmo depois de Tikki ter me dado um sermão e insistido para que eu pensasse melhor, eu já havia me decidido: iria fugir ao encontro do meu amor.

— E como você vai chegar até Roma?

— Eu tenho uma quantia em dinheiro que venho guardando nesses últimos meses para o caso de uma emergência, e essa é uma emergência.

Verifiquei minha mochila novamente: água, comida, bolachas para Tikki, algumas roupas, dinheiro... Não, eu não havia esquecido nada.

Minha kwami ainda ficava voando para lá e para cá, tentando fazer com que eu mudasse de ideia.

— Marinette, eu ainda acho que...

— Tikki! – eu interrompi. – Eu sou a portadora do miraculous! Você deve obedecer a mim, e não me questionar!

Ela ficou quieta e baixou a cabeça. Infelizmente, só depois eu percebi o que havia dito: eu nunca a tratei como um simples bichinho que obedece às minhas ordens, mas sempre a tratei como amiga, em quem eu podia confiar e proteger.

Ficamos em silêncio por algum tempo. Não sei do que mais tinha medo naquele momento: deixar Tikki tão magoada a ponto de nunca mais falar comigo como antes, ou meus pais abrirem a porta do sótão e interromperem minha fuga e, ao mesmo tempo, descobrirem quem eu sou. Desculpei-me com ela e voltamos à estaca zero. A lua brilhava grande e redonda do lado de fora da janela, a hora perfeita para ir.

— E os seus pais?

— Deixei uma carta no meu travesseiro. Ainda acho que é melhor não manter contato com ninguém até que eu o encontre.

— Concordo.

Sem demorar mais, fui para a sacada e comecei a descer pelo lado de fora, segurando-me às plantas que desciam pela parede.

Quando coloquei meus pés no chão, Tikki veio ao meu encontro e juntas fomos pelas ruas até a estação de trem. Não precisei me preocupar, pois já não haviam tantas pessoas na rua e procurei passar por lugares mais tranquilos. Eu já havia traçado minha rota.

— Marinette, cuidado! – alertou-me Tikki quando uma bicicleta passou na minha frente, quase me atropelando.

— Obrigada! Ser atropelada por uma bicicleta não está nos meus planos para essa noite.

Continuamos a correr silenciosamente pelas ruas parisienses, passando por algums bistrôs e pequenas lojas. Ao dar uma rápida olhada para trás, vi a Torre Eiffel toda iluminada, com a lua bem atrás dela.

— A noite está linda, não é, Tikki?

— Sim, Marinette. Muito linda.

Por um momento, pensei: "Essa é a última noite de Paris que irei presenciar antes de embarcar em uma viagem que talvez não me traga de volta". Esse pensamento fez minha barriga gelar um pouco, mas eu não poderia voltar atrás. Já havia me comprometido a achar o Adrien, e iria até o fim.

Passei por mais algumas ruas e avenidas. De algumas casas saía um cheiro maravilhoso de comida. Fiquei com água na boca. Eu tinha alguns sanduíches na mochila mas não poderia parar para comê-los agora. Eu deveria ir direto para a estação de trem. Não podia perder essa chance.

Dobrei mais algumas esquinas e fui reto por uma rua. Finalmente cheguei à estação. Olhei o grande relógio: dez e vinte. Com sorte eu ainda poderia pegar o trem das dez e meia. Subi os degraus e me dirigi até a fila para comprar a passagem. Para a minha sorte, e meu medo, estava tudo vazio, apenas um senhorzinho de meia idade postava-se atrás do vidro da bilheteria, esperando alguém vir comprar uma passagem. Calmamente, fui até lá.

— Boa noite. Uma passagem para Roma, por favor.

— Boa noite, senhorita. Não tem acompanhante?

Meu coração parou por um segundo. Os olhos daquele senhorzinho chinês estreitaram-se ainda mais na minha direção, procurando qualquer pessoa que estivesse comigo. Como fui burra! Claro que ele não podia vender uma passagem para uma menor de idade, ainda mais sozinha. Xinguei-me mentalmente por ter pensado que aquele plano daria certo.

— Hã... Bem... Na verdade, estou sozinha.

Minhas mãos começaram a tremer e fui obrigada a colocá-las nos bolsos do meu casaco para que ele não visse. Sua expressão era indecifrável, mas percebi que ele me estudava cautelosamente. Ficamos um bom tempo em silêncio e fiz de tudo para não olhar para o relógio.

Ele ainda permaneceu em silêncio. Tudo o que fez foi rabiscar algumas coisas e carimbar um pedaço de papel, o qual ele me deu em seguida.

— Faça boa viagem – ele disse, finalmente.

Eu estava assustada demais para agradecer, então fiz uma pequena reverência e fui sentar-me em um banco perto da plataforma. O bilhete tremia em minha mão.

— Parabéns, Marinette. Você conseguiu – disse Tikki, saindo da minha mochila.

— É, consegui – disse, ainda perplexa.

— Vamos, anime-se! Logo veremos o Adrien!

— Tem razão, Tikki! Não podemos parar agora! A aventura está só começando!

Levantei minha mão e minha kwami bateu nela. Pelo menos eu não estaria sozinha. O trem não demorou muito a chegar e haviam poucas pessoas nela. Consegui achar um bom lugar para sentar e coloquei minha mochila ao meu lado. Um funcionário veio verificar meu bilhete e logo depois que saiu, olhei para o papelzinho em minhas mãos. Lá estavam todos os meus dados, incluindo minha data de nascimento. Achei bem estranho, pois não havia dito nada àquele velhinho. O trem começou a se mover e eu olhei pela janela a tempo de dar uma última olhada naquele senhor. Ele me olhou de volta e sorriu, e eu senti um frio enorme percorrer minha espinha.