B-Joo pov.
São quatro horas da manhã e eu ainda não consegui dormir, virei de um lado ao outro na cama, inquieto, nervoso, impaciente. Estou com os nervos à flor da pele, porque hoje é um dia decisivo em minha vida, é um dia de vida ou morte. Eu não consigo imaginar em como meu Hansol está, eu acredito que ele ainda está vivo, ele tem que está! Esse mês passou de uma maneira tão torturante sem meu pequeno, que nem consigo imaginar quando o encontrar, como ele deve estar machucado...
Levantei da cama, não consigo dormir muito menos parar de pensar no que vai acontecer, nas vidas que estão em jogo. Durante esse mês que estou com esses caras, acabei tendo uma nova família, porque em momento algum pensei que faria amigos assim, muito menos que vivessem uma vida tão perigosa, mas foi no meio do desespero que encontrei pessoas que vou guardar por toda minha vida. Sorri sozinho, todos aqui lutam por amor, todos temos nossos amores proibidos que podem nos tirar a vida, todos estamos unidos por causa do amor.
Tá certo que, P-Goon só aceitou nos ajudar porque soube que o Gohn não mataria mais (eles são rivais em suas segunda vidas, e Gohn fora do jogo significa mais clientes para P-Goon), mas ainda sim é uma ajuda necessária e que aceitamos de bom grado. Desci para a cozinha afim de tomar água, a luz está acessa e todos estão lá, parece que eu não fui o único a perder a noite de sono.
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Jenissi pov.
Já faz tempo, muito tempo que não saio de casa, não dá casa que divido com meus “funcionários” ou a casa do Kidoh, já faz tempo que não saio da minha casa, onde eu cresci. Aqui era pra ser o lugar que eu chamaria de lar, mas tudo o que aprendi nesse lugar foi o que me fez tornar o que sou hoje, foi aqui que vi minha mãe ser vendida e torturada pelo meu pai, foi nesse mesmo quarto que estou agora que sofri os abusos de meu pai, todas as surras e os estupros ainda estão bem vivos em mim.
Pai, ele deveria ter sido o homem que me ensinaria a ser uma boa pessoa, que me levaria para jogar bola, ele deveria ser o meu melhor amigo, mas ao contrário disso ele foi meu carrasco. Eu tive o pior exemplo de homem que alguém possa imaginar, ao invés de me levar pra jogar bola ele me levava a casas e clubes de fechada atrás de drogas, muitas vezes obrigou minha mãe a me levar durante os programas que fazia, muitas vezes me fez sentir dor.
E quando eu cheguei em casa um dia do colégio e encontrei minha mãe morta, soube naquele momento que vi o corpo dela estirado no chão, toda aquela dor acabaria. Não pensei duas vezes antes de matar aquele homem nojento. Graças aos contatos que ele me fez ter, dar um fim nos corpos não foi difícil, e então, me tornei um cara pior do que ele, até aquela única noite com JiHo.
Ainda não consigo acreditar que depois de tanto tempo o encontraria, ainda mais daquela forma. Desde aquela noite eu não consigo ser o mesmo monstro que sempre fui, com apenas um olhar aquele menino conseguiu me mudar de uma maneira que me assusta. Se eu teria coragem de largar tudo para tentar uma vida com ele? Sim, mas sabendo quem eu sou duvido que aceite. Suspirei pesadamente, de qualquer forma já está na hora de dar um fim nisso tudo, por isso terminei de despejar o galão de gasolina naquele único cômodo que faltava, sem pressa alguma, saí da casa e parando em frente da mesma risquei o fósforo e joguei pelo caminho do liquido vendo pegar fogo rapidamente.
Entrei no meu carro e arranquei depressa daquele lugar, hoje definitivamente deixarei tudo isso de lado, começando por libertar uma pessoa que já sofreu muito em minhas mãos, da mesma forma que sofri nas mãos do meu pai. Meus olhos lacrimejaram enquanto eu pisava mais fundo no acelerador, desviando dos carros que apareciam sendo xingado por todos na rua, estava dirigindo feito um louco, queria chegar logo a casa do outro e dar um fim nisso, demorei tempo demais pra entender o que estava sentindo, o que a vida me oferecia. Não percebi que era minha oportunidade de ser feliz, e se o Hansol ainda pode ser feliz, eu não vou mais impedir.
Depois de minutos que pareciam brincar comigo, cheguei à casa de Kidoh, o mesmo estava usando uma camisa preta aberta mostrando seu físico e suas cicatrizes de brigas passadas, ele sempre gostou de exibi-las, idiota como sempre.
— Mas olha só quem apareceu, pensei que nosso chefinho aqui tinha se matado, ninguém sabia onde você estava.
Revirei meus olhos, não estava com saco para as piadinhas dele, por isso apenas o ignorei e segui até onde Hansol estava, parando na porta já que Kidoh estava atrás de mim.
— Quero falar com o Hansol, sozinho.
Uma das vantagens do Kidoh, é sua obediência. Assim que falei ele se retirou com aquele seu chato “Yes my lord”. Mais uma vez revirei os olhos, respirei fundo antes de girar a maçaneta da porta e entrar no quarto, fechei a porta atrás de mim e fui tateando pela parede até achar chave geral e acender totalmente a luz do quarto, engolindo seco com a visão que tinha.
Hansol estava jogado no chão sem roupa alguma, seu corpo estava cheio de hematomas tão fortes que eram de um roxo quase preto, tinha também cortes (que deveriam ter sido feitos por uma faca) um pouco fundos que ainda minavam sangue, sua boca estava cortada, suas bochechas vermelhas com marca de tapas, exatamente como eu ficava quando meu pai ainda era vivo. Engoli seco, sai do quarto às pressas e subi até o segundo andar da casa, procurei pelos cômodos toalhas e roupas limpas que servisse nele, e assim que encontrei voltei ao quarto. Molhei uma das toalhas na pia que tinha ali mesmo, me ajoelhei perante ele que recuou no mesmo instante.
— Calma não vou te machucar.
Disse e soltei suas mãos e pernas que estavam amarradas, o ajudando a se sentar, com dificuldade devido a serie de abusos que sofreu. Comecei a passar calmamente a toalha pelos machucados o ouvindo gemer, podia sentir seus olhos em mim, mas não tinha coragem alguma de olhá-lo permanecemos em silencio o tempo todo, limpei todos os seus ferimentos e o ajudei a ficar de pé, ainda sem trocarmos uma palavra o ajudei a se vestir, odiando saber que ele estava daquela forma por minha causa, calcei seus tênis e arrumei seus fios e só então, depois de limpo e vestido consegui olhar para seu rosto.
O sofrimento, tristeza e angustia eram nítidos em seu olhar, na verdade isso tudo era nítido em qualquer parte de seu corpo mais magro que o normal. Eu sabia que tinha que falar com ele, sabia que deveria pedir perdão por mais que meus atos fossem imperdoáveis.
— Por que está fazendo isso? Já tenho cliente?
O tom de ironia era presente em sua voz, seus olhos lacrimejaram e a única coisa que eu pude fazer foi abraçá-lo, o mesmo talvez surpreso não se moveu, e eu já esperava por isso.
— Você não tem mais clientes Hansol, nunca mais vai ter. Estou fazendo isso porque vou te deixar livre.
Fui empurrado sem muita força, ele estava fraco pois não comia a dias, mal estava conseguindo ficar de pé, mas ainda tinha forças para chorar e suas lágrimas corriam livremente pelo seu rosto.
— Do que me adianta isso agora? Você matou a única pessoa que foi capaz de me amar. Então pra quê me deixar livre? Você devia me matar e acabar com isso de uma vez!
Fui incapaz de responder pois Kidoh entrou correndo pelo quarto com armas em punho mirando em minha cabeça.
— Você está louco Kidoh? Abaixa essa merda!
— FOI VOCÊ QUE TROUXESSE A POLICIA AQUI? HÃ?!
Tanto eu quanto Hansol arregalamos os olhos, como era possível que a policia esteja aqui? Meu coração acelerou no mesmo instante, como sairíamos todos vivos dessa? Em questão de segundos foi possível ouvir a troca de tiros de lado de fora.
— CLARO QUE NÃO FOI KIDOH, POR QUE EU FARIA UMA PORRA DESSAS?
Ele me deu uma das armas que tinha em mãos, não tínhamos tempos para discutir quem era o traidor, segurei firme Hansol pela cintura, não o deixaria naquele fogo cruzado sozinho, sai seguindo Kidoh que passava por outro caminho na casa que nem eu sabia que existia.
— VAMOS SAIR POR ALI!
Gritou enquanto passávamos abaixados trocando tiros com alguns policiais que aparecerem, Kidoh estava na frente nos guiando enquanto eu me encarregava de proteger nossa retarguarda, quando estávamos correndo para um carro que acabara de parar ali, vejo três pessoas atrás de nós, duas que pensei que conhecia muito bem e outra que deveria estar morta, mas estava gritando desesperadamente.
— HANSOL! HANSOL!
Assim que o mesmo ouviu, virou e tentou correr até ele, mas eu não podia que ele saísse feito um louco assim, estava debilitado e poderia facilmente ser atingindo, abri a porta de trás do carro e o joguei lá entrando em seguida, sou voz já estava rouca de tanto gritar.
— B-JOO!
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