— Você pegou a Serena? — indagou Chuck á Kyle.
— Eu estava bêbado, nem a conhecia. Quer dizer... Foram apresentações tão rápidas, nós dois estávamos tão bêbados que nem lembramos um do outro no dia seguinte.
— E quando acordaram? Não estavam juntos?
— Não. Eu estava na garagem e ela... Não sei onde estava.
Chuck ficou em silêncio durante um intervalo do tempo, pensativo. Kyle pareceu inexpressivo naquele momento.
— Como se lembrou de que foi a Serena que você pegou naquela noite?
— Por meio de um grupo de amigos que eram de uma fraternidade, a Geração Garoto, de Middleton que me disseram. E outras pessoas haviam me confirmado, também.
— E por acaso nunca pensou em contar á Serena sobre isso?
— Por que eu contaria? É desnecessário. Além do mais... Ela me odeia.
Kyle alisou o crânio peludo de seu mascote, indiferente. Chuck parecia estar decifrando tudo àquilo.
— Bem, agradeço a sua cooperação, Spencer. Te dou notícias. — disse Chuck, abotoando o blazer de seu paletó.
— Espera Bass. — chamou Kyle, ao reparar que Chuck estava prestes á ir embora.
— Sim?
— Por que do nada o assunto sobre a garota do blog ficou tão importante pra você? Já faz um ano que o blog tá desativado.
— Digamos que estou fazendo uma pesquisa e esse foi o seu depoimento. — falou Chuck, sorrindo — Adeus, Spencer.
Chuck retornou a sua limusine, enquanto Kyle voltou á passear com seu cachorro.
Faltava-se, então, apenas duas pessoas para que as investigações acabassem: Serena e Eric. Ao contrário dos outros, ambos resolveram ir atrás da própria fonte, para obter informações. Encontravam-se no Brooklyn, na residência dos Humphrey. Gentilmente, foram atendidos por Rufus Humphrey, pai de Dan e Jenny.
— Serena? Eric? Já faz um tempo, hein. — comentou Rufus. Seu estilo rockeiro nunca mudava, assim como a sua personalidade — Não esperava ver principalmente você, Serena. Não estava no internato?
— É eu estava. Mas resolvi voltar, já que estou melhor. — respondeu ela — O Dan tá em casa?
— Ele está espalhando alguns cartazes da Jenny pelas ruas. Por que não entram?
— É nós ficamos gratos, mas... — começou Serena, até ser interrompida por Eric.
— Nós aceitamos! — disse Eric determinado, puxando a irmã para dentro.
— Querem algo? — perguntou Rufus, fechando a porta após a passagem dos dois.
— Não, não. Só vamos esperar. A propósito... Espero que encontrem a Jenny, Rufus. Você sabe que para mim ela é uma irmã e quero muito ajudar á encontrar ela. — afirmou Eric. Serena o olhou, surpresa.
— Obrigado Eric. É bom saber que os Humphrey’s podem ainda contar com os Van der Woodsen’s.
Serena revirou os olhos, como se estivesse sentindo a pontada do segredo de Dan, ainda em seu peito. Sentiu o seu celular vibrar, até desbloquear ele e ver a mensagem.
Oito horas! Não se atrase! Conseguiu algo do Dan?
— B
Por um minuto, Serena sentiu que a sua amizade com Blair, havia voltado. Resolveu responder a sua mensagem.
Estou à espera dele! Chegarei na hora.
— S
Guardou seu aparelho telefônico e decidiu interagir com Rufus.
— Rufus, você acha que a Jenny está desaparecida ou apenas dando uma de fugitiva?
— A Jenny herdou muitas das características da mãe. Tenho fé que a Jenny não está em perigo.
— E qual seria a diferença entre desaparecida e fugitiva? — perguntou Eric.
— É simples: Desaparecida, em perigo; Fugitiva, seguindo uma rotina desconhecida.
A porta da humilde residência Humphrey se abriu rapidamente, revelando Dan. Ele estava com uma mochila nas costas e um copo de cappuccino na mão.
— Pai, você não vai acreditar! A Yale me indicou como um dos... — disse Dan, se virando, até perceber a presença de Serena e Eric — Serena? O que faz aqui?
— Precisamos conversar. E urgente. — respondeu à loura.
— Tá. É... Pai?
— Eu vou à galeria. Se resolvam. — disse Rufus, pegando o casaco e saindo dali, despedindo-se dos três com um sorriso esperançoso.
— Veio com um discurso de ódio contra mim, novamente? — ironizou Dan.
— Um discurso de ódio doeria menos que metade de sua intimidade num blog. — retrucou Serena.
— Às vezes você se esquece de que publiquei coisas minhas.
— Para auto se proteger. — completou Serena.
— Não. Pois se eu fosse prejudicar vocês, que eu fosse junto também.
— Você brinca com a vida de todos aqui e acha que é o correto a se fazer?
— Serena você tem de entender que o intuito da Garota do Blog jamais foi humilhar vocês e sim, mostrar que não existe pessoa melhor que outra, independente de sua classe financeira.
— E acha que expondo segredos e intimidades era a melhor forma para mostrar que não somos melhor que os outros?
— E se a garota do blog não tivesse existindo, o que seria? — indagou Dan, demonstrando impaciência.
— Seria uma paz! A gente não estaria passando por uma situação complicada agora! — exclamou Serena com raiva.
— Vocês dois parem! Não viemos falar do passado e sim dos nossos futuros! — disse Eric, quebrando a tensão ali.
— Não tenho interesse em saber. — comentou Dan, ignorando os dois e indo até o quarto se trancar lá.
— Vai ter interesse quando souber que a garota do blog voltou. — falou Serena em tom de voz alto, fazendo com que Dan congelasse no meio do caminho.
— Como é que é? Eu nem ativei o blog. — falou Dan, após virar-se pros dois.
— Pois é. Eu estou recebendo mensagens anônimas desde que voltei. Além disso, Chuck, Nate e Blair, receberam a mensagem também. Achávamos que pudesse ser você.
— Tá de brincadeira, né? Eu não sou mais a garota do blog. Eu me revelei. Desativei o blog e todo o sistema de proteção. Não sou eu que estou enviando.
— Tá. Supondo que não seja você, queríamos saber se você teve algum aliado, durante o período do blog? — indagou Serena.
— Não. Era apenas eu. Os únicos aliados que eu tive foram passageiros que editaram o blog em meu lugar, quando tiveram o meu login. — respondeu — Mas que tipo de mensagens estão recebendo?
— Parecem ser de ameaças ou algum aviso prévio. — concluiu Eric.
— Não tem nada pra dizer mesmo? — perguntou Serena, olhando no fundo dos olhos de Dan.
— Não. — finalizou Dan.
— Certo. — disse Serena — Temos de ir ás escadarias do MET, Eric. A Blair marcou de nos reunirmos ás 20h. Vamos.
Pegou a bolsa e andou em direção à saída da residência, com Eric, até serem interceptados por Dan.
— Esperem. Eu vou.
— Não acho que vá ser uma boa ideia.
— Preciso que os outros escutem isso da minha boca.
— Tudo bem. Vamos.
Saíram do local e agora estavam á busca de um táxi. Não estavam com sorte. Os táxis estavam todos lotados e precisavam chegar ao Metropolitan Museu de Arte ás 20h. Tiveram sorte, pois um carro preto que estava passando por aquela área, havia parado para eles. Aproximaram-se do veículo, atentamente.
— Vamos de UBER? Legal. — disse Eric.
— Pelo menos o pegamos vazio. — comentou Serena, glorificando.
Após o comentário, o vidro do carro preto se abaixou, revelando o motorista.
— Oi de novo. — cumprimentou Kyle, sorrindo de modo cínico para Serena.
— Tá de brincadeira né? Primeiro garçom e agora motorista? Prefiro ir andando mesmo. — disse.
— Não temos tempo. Kyle tem como nos levar ao Metropolitan? — perguntou Eric.
— Claro. Se sua irmã se desculpar pelo que aconteceu no Brunch, eu os levo. — disse Kyle, convencido.
— Não vou me desculpar. — afirmou Serena em um tom orgulhoso.
— Então tchau. — disse Kyle, aumentando um pouco do vidro do carro, deixando-lhe no meio após a interrupção de Serena.
— Ah! Ok! Eu digo! — exclamou Serena, emburrada. Revirou os olhos e mencionou as palavras que lhe doíam o peito — Me desculpe por jogar bebida na sua cara, senhor Spencer.
— Desculpas aceitas. Viu? Foi tão difícil? — indagou o garoto loiro, irônico — Tá entrem.
Serena abriu a porta da frente do veículo e foi ao lado de Kyle. Enquanto Eric e Dan sentaram-se nos bancos de trás. Pelo retrovisor, Kyle reconheceu Dan.
— Dan Humphrey?
Dan ficou surpreso pelo motorista o reconhecer, até que conseguiu distinguir quem ele era.
— Kyle. É... Oi. — disse Dan, encolhendo-se.
— Da última vez que nos vimos você não foi tão legal comigo.
— Da última vez que nos vimos você estava com problemas.
— Espera aí... Vocês dois se conhecem? — indagou Eric.
— É complicado. — respondeu Dan.
— Muito complicado. — respondeu Kyle.
— Legal... Mais mistérios. — disse Serena, revirando os olhos — Pé na tábua, Spencer.
Partiram do Brooklyn em direção ao destino, chegando ao local ás 20h como prometido. Kyle havia estacionado o carro em uma área ali próximo das escadarias e acompanhando Dan, Eric e Serena até o encontro de Nate, Blair e Chuck. Até que ocorreu.
— O que ele faz aqui? — indagou Blair, demonstrando uma feição enojada ao ver Dan.
— Ele veio falar com vocês. Só escutem-no. — respondeu Serena.
— Vai dizer que precisou apenas uma transa pra você voltar a ser cachorrinha dele? — ironizou Chuck.
— Eu e o Dan não transamos e muito menos nos reconciliamos de nossos problemas. — respondeu S.
— Agora você diz “nossos”? — indagou Nate, indignado.
— Parem! Não estão vendo? — perguntou Eric em um berro, chamando á atenção do grupo. No momento, eles estavam em um círculo desproporcional — É isso que a garota do blog quer! Separar-nos...
— Se você não percebeu, mini-Van der Woodsen, a garota do blog está na nossa frente. — falou Chuck.
— Alguém me explica o motivo de estarmos falando da garota do blog? — insistiu Kyle.
— A Garota do blog voltou seu pateta. Mas pode ser o Dan ou não. — respondeu Blair.
— Voltou? Isso explica a mensagem que eu recebi. — disse.
— Que tipo de mensagem você recebeu? — perguntou Serena.
— Esta. — falou Kyle, pegando o celular e mostrando a mensagem que havia recebido aos outros.
Em um mundo comandado por herança sanguínea e contas de banco, vale a pena ter um amigo.
— xoxo, GG
— Inicialmente eu havia pensado que tinha sido o Dan. Mas as minhas suspeitas acabaram.
— Por que não suspeita mais dele? — perguntou Blair.
— É bem óbvio, não acha? Por que a pessoa que está enviando a mensagem seria a mesma que postou sobre nossas vidas? Todos pensariam que é o Dan e todos colocariam a culpa nele. A verdade é que... — pausou por um tempo a frase e continuou — O Dan é apenas uma isca nesse jogo.
— E como sabe de tudo isso? — questionou Nate, desconfiado.
— Dan não tem mais motivos para continuar a garota do blog. Porém, ele inspirou outras pessoas á fazer o que ele fez e pelo visto, de forma pior. — respondeu — Ele é uma isca, pois nós somos os peixes. O que descobriram?
— A garota do blog não tem mais fornecimento de proteção de outras pessoas. — falou Nate.
— As pessoas não tão próximas de nós não foram tão ameaçadas pela garota do blog na época de Dan e muito menos foram ameaçadas. — concluiu Blair.
— A garota do blog está sozinha. — disse Chuck.
— A garota do blog não é Dan Humphrey. — falou Eric.
— Então... Se o Dan não é a garota do blog... Quem é? — indagou Serena.
No mesmo minuto, todos os celulares do novo círculo de amigos, tocaram e vibraram, notificando uma nova mensagem. Ela dizia:
Parabéns! Completaram uma parte do quebra-cabeça. Só falta resolverem a xarada!
E quem sou eu? Esse segredo eu não conto pra ninguém.
Vocês sabem que me amam.
— xoxo, Gossip Girl
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