You are a cinema
I could watch you forever
Action, thriller
I could watch you forever
You are a cinema
A hollywood treasure
Love you just the way you are
***
Quando me mudei pra Seul para estudar, estava eufórico com a ideia de viver em uma grande cidade, eu sempre fui muito sonhador e sabia que a vida reservava muitas surpresas, mas eu não conseguiria imaginar nem nos meus sonhos mais loucos, o que estaria por vir. Se eu te dissesse que minha vida daria um bom filme, você acreditaria? Sente-se e pegue a pipoca vou te contar minha história.
Na capital, eu morava em um apartamento minúsculo junto com o Kyungsoo, um amigo de longa data. Ele também iniciaria seus estudos na mesma faculdade que eu e eu tinha muita sorte em tê-lo comigo. Ele me ajudava a manter a calma quando as coisas desandavam, tinha um jeito quieto e sereno - às vezes até mais quieto do que eu, se é que isso é possível – que me ajudava a manter a calma. Nosso apartamento era nosso refúgio, o decoramos de forma que se tornasse aconchegante e nos lembrasse de nossa cidadezinha no interior, o que de fato acontecia. Tenho boas lembranças naquele pequeno apartamento...
A vida na cidade grande não era fácil. Não conhecíamos a capital quando nos mudamos e tivemos que dar duro pra nos acostumar. Às vezes sentíamos falta de nossas famílias e passávamos dias difíceis. Choramos juntos muitas vezes. Em outros dias assistíamos filmes, jogávamos vídeo-game e nos divertíamos como nos velhos tempos de nossa infância. Kyungsoo era um grande amigo, ele conhecia meu jeito e respeitava meu silêncio. Era realmente muita muita muita sorte tê-lo comigo.
Escolhi estudar cinema porque eu gostava de contar histórias. Por isso eu devorava todos os livros e filmes possíveis, porque amava histórias. Meu sonho era um dia produzir e dirigir meus próprios filmes, contar ao mundo minhas próprias histórias. Por isso me esforcei para conseguir ingressar em uma boa faculdade na capital, estudei muito e acabei entrando.
Foi nessa época que eu o vi pela primeira vez.
Nos conhecemos quando eu era um pobre calouro na faculdade, inseguro comigo mesmo, inseguro com a vida, questionando cada uma de minhas escolhas e com medo do futuro. Eu sempre fui muito covarde com tudo, sabe? Eu tinha medo de que não conseguisse dar conta dessa vida corrida sozinho. Mesmo que tudo isso rondasse minha mente, eu não podia admitir nem demonstrar nenhuma fraqueza. Eu estava pirando. Eu estava pirando e ele era pirado.
Fazíamos algumas matérias juntos e eu comecei a reparar nele. Era impossível não notá-lo, sua aparência não passava despercebida -ele era alto, forte e muito bonito- mas era sua personalidade brilhante que conquistava os outros. Ele era falante e comunicativo, conversava com todo mundo e fazia cada um se sentir especial. Ele cativava a todos facilmente e mesmo que todos o amassem, havia algo nele que me incomodava, eu só não sabia ainda o que era.
Nós éramos opostos porque tudo que eu queria era estar fora do radar, passar despercebido, concluir meus estudos, quieto, sozinho no meu canto. Eu preferia assim. Tudo correria como planejado, se o destino não quisesse zoar com a minha cara.
***
Era começo de semestre, outono. Eu adorava o clima ameno e os dias cinzas porque em minha opinião, combinavam comigo. Eu preferia acordar em um dia nublado do que em um daqueles dias onde o sol está de rachar, pois de alguma forma dias nublados me transmitiam calma. Eu vivia em cinqüenta tons de cinza, e eu amava isso. Nos dias cinzas eu achava mais fácil suportar o mundo, as pessoas e as aulas da faculdade.
Naquele dia foi especialmente difícil levantar da cama. A temperatura tendia para o frio e lá fora chovia fraquinho, porém o suficiente para me fazer querer tirar o dia de folga, o que eu faria se não fosse o Kyungsoo.
- Baek, não me faça jogar um balde de água gelada em você, vamos, levanta! – meu colega de apartamento veio ate mim e deu leves tapas no meu corpo.
- Você não teria coragem! – Eu retruquei e as palavras saíram um tanto confusas da minha boca por causa do sono.
- Você sabe que eu tenho – Ele riu.
Ele realmente tinha coragem. Kyungsoo era o meu pequeno Dart Vader, ele tinha um lado malvado. Há algumas semanas eu havia me recusado a levantar da cama e ele ameaçou me jogar um balde de água fria. Eu não me levantei. E o que ele fez? Me acordou com um balde de água fria na cabeça, às seis horas da manhã. Eu não queria repetir a tortura então, dessa vez, levantei da cama como ele havia pedido e fui me arrastando até o banheiro, tomar um banho e quem sabe acordar de vez.
Depois de beliscar algumas coisas – porque Kyungsoo dizia que o café da manhã era a refeição mais importante do dia, saímos rumo a faculdade que ficava há umas três quadras de nosso apartamento. A chuva havia dado uma trégua mas havia muita névoa na rua e aquilo me deixava ainda mais sonolento. Tive que lutar comigo mesmo pra não voltar correndo para o refúgio quentinho que era a minha cama. Trocamos poucas palavras no caminho e eu lembro de dizer a Kyungsoo, apesar do sono, que eu tinha muitas expectativas para o semestre e sentia que muitas coisas boas aconteceriam pra mim. Mal sabia eu! Ao chegar na entrada da universidade, nos separamos, eu fui para o meu prédio e Kyungsoo para o dele, onde estudava História.
Haviam aulas da faculdade que eu curtia mais e por isso me esforçava pra caramba nelas, queria que minhas notas refletissem a minha dedicação então eu fazia o possível pra me destacar. Em uma dessas matérias, o professor era um senhor alto e bem magro, com poucos cabelos que usava um óculos arredondado sempre pendendo na ponta do nariz. Eu achava que esse professor era uma pessoa engraçadinha e gostava dele porque sempre estava inventando formas de tornar as aulas mais atrativas aos alunos. O senhor Choi era demais, algumas de suas produções eram famosas em nosso país e eu realmente me inspirava muito nele e no seu jeito criativo.
Certa vez ele disse que nos dividiria em duplas para um trabalho que valeria a maior parte da nota do semestre. Cada dupla seria responsável pela criação de um curta metragem que devia falar de nossas vidas, o que tínhamos de bom para mostrar ao mundo. Ao fim do semestre, as produções dos alunos seriam expostas ao público e eu via, aí uma grande possibilidade de mostrar meu trabalho. Eu com certeza adoraria a tarefa, tinha muito a mostrar e a produção das imagens seria fácil, o problema mesmo seria fazer isso com algum parceiro.
Eu odiava trabalhar em duplas ou em grupos, eu preferia estar sozinho porque assim era mais fácil resolver tudo. Olhei meus colegas de sala e estremeci. Não queria fazer aquilo! Me levantei e caminhei em direção ao meu professor, já decidido a implorar pra que ele me deixasse produzir o trabalho sozinho. Mas acho que ele conseguiu ler meus pensamentos, porque antes que eu o alcançasse ele disse:
- Senhor Byun, dessa vez não vou te deixar trabalhar sozinho não! – Disse ele, com um sorrisinho no rosto.
Devo ter feito cara de desgosto, pois ele continuou:
- O senhor vai ver que trabalhar em duplas é ótimo. Pra te ajudar, faremos um sorteio. Escrevi os nomes dos alunos cujos números na chamada são impares em papeizinhos que estão dentro deste pote. Vou chamar os alunos cujos números são pares para que sorteiem suas duplas. Eu chamarei os alunos que sortearão as duplas e quando estes sortearem seus parceiros, dirão o nome sorteado bem alto. Se seu nome for chamado, você vira á te quem te sorteou e juntos receberão minhas instruções e o material necessário para a produção do filme.
Houve um chiado forte de conversa entre os alunos. Sorteio? Não podia ser! De onde eu estava, à frente da sala, próximo ao meu professor,era possível examinar todos os meus colegas de classe. Corri os olhos pelos alunos tentando imaginar com qual deles seria menos incomodo trabalhar e acabei concluindo que seria uma tortura trabalhar com qualquer um. O cara mais próximo que eu tinha era o Junmyeon, ele era um cara legal na maior parte do tempo, mas ele as vezes também era insuportável, a única diferença entre ele e os outros é que ele já havia me pagado comida muitas vezes, e comida é sempre uma boa forma de me comprar.
O resto da sala era um porre. Eu secretamente odiava aquelas pessoas e muitas vezes na minha mente elas já morreram queimadas. Meu mundo é bom sem elas, não preciso de ninguém. Se estivéssemos nos jogos vorazes eu mataria todas.
- Mas professor, eu realmente não posso fazer isso, eu prefiro ficar sozinho. – Para meu espanto minha voz saiu meio chorosa, talvez chorosa demais pro meu gosto. Eu detestava demonstrar qualquer fraqueza.
- Baekhyun, eu acredito que vai ser bom pra você, vai ser bom conhecer alguém, se enturmar... vou deixar que o senhor sorteie a sua dupla primeiro. – Ele claramente achava sua própria ideia brilhante porque seus olhos brilhavam ao dizer cada palavra.
Dizendo isso ele me entregou um potinho transparente, com alguns papeizinhos amassados que eu supus que fossem os nomes de metade dos estudantes da minha turma. Enfiei a mão naquele pote e em pensamento pedi “Deus eu sei que sou um filho relapso, mas por favor me ajuda dessa vez”.
Puxei um papelzinho.
Abri.
E quase surtei, quando li o nome que estava escrito:
Byun Baekhyun
Aleluia! Um sinal dos céus, eu trabalharia comigo mesmo!
- Eu tirei meu nome professor! Eu tirei eu mesmo! Eu vou trabalhar sozinho! – Eu disse cara palavra eufóricamente enquanto fazia uma dancinha maluca que eu sempre fazia quando estava feliz.
Chupa essa, otários.
Eu estava tão absorto em meu momento de glória que esqueci completamente onde eu estava, e continuei movimentando meu quadril festejando o fato de que trabalharia sozinho. Um assovio me despertou da minha dançinha da vitória.
- Dance potranca, dance com emoção – Park Chanyeol cantou, e todos riram da sua palhaçada.
Meu Deus! Eu estava tão feliz em ter sorteado meu próprio nome que havia feito a minha dancinha ridícula diante de toda a turma! Senti meu rosto queimar! Eu não poderia estar sendo tão humilhado! Devo ter ficado mais vermelho do que um tomate porque Chanyeol seguiu dizendo:
- Fica vermelha não princesa!
Houveram mais risadas e naquele momento eu queria que o chão me engolisse. Ao mesmo tempo fui invadido por um sentimento de fúria e ódio cada vez maior por aquele tal de Park Chanyeol.
Junmyeon sempre falava muito pouco e quando falava era sempre num tom bem baixinho quase inaudível, por isso toda a turma se espantou em ouvi-lo proferir em alto e bom som as palavras ao professor:
- Professor, vamos voltar ao sorteio, por favor. Chega de gracinhas!
Todo mundo se calou. Só o senhor Choi quebrou o silêncio:
- Eu devo ter cometido um erro, o senhor é o numero dois na chamada, Baekhyun, seu nome não devia estar aí. Tire outro nome. - Disse o professor, ajeitando os óculos.
NÃO
Alegria de pobre sempre dura pouco. Agora além de ter sido publicamente humilhado por aquele idiota eu teria que trabalhar em dupla com algum engraçadinnho da minha turma.
Contra a minha vontade peguei um outro papelzinho. Pensei em todos os idiotas da turma e troquei por outro papelzinho. Tirei do pote. Antes de abrir o papel, segurei com força tentando mandar boas vibrações. Tomara que não fosse um da turma dos palhaços... não tenho paciência pra imbecis. Podia ser o Junmyeon....
Abri o papel.
Li o bendito nome e engasguei.
Não.
Não.
Não Podia ser verdade.
- Baekhyun, diga pra nós quem será seu companheiro de trabalho. – Meu professor me fez lembrar de onde eu estava. De todas as pessoas que eu poderia tirar, porque logo ele? Eu devo ter jogado pedra na cruz... Eu li o bendito nome:
- Park Chanyeol
Só podia ser um pesadelo.
Chanyeol era um idiota. O chefe dos imbecís. Ele se achava engraçado, mas eu nunca entendi porque riam das piadas dele, talvez fosse porque ele era bonito. A vida as vezes era injusta, se eu tivesse a beleza dele, aliada a minha inteligência, eu poderia conquistar o mundo. Ele era sempre notado, sempre. Em minha humilde opinião ele não era aquilo tudo que diziam, só era popular porque a maioria das pessoas naquele lugar eram idiotas o bastante para gostarem dele. Por algum motivo ele adorava fazer piadas sobre mim e sobre minha altura, aquele ser desprezível... Eu não sei mesmo o que tem de tão engraçado em ter um e setenta e quatro de altura. Eu poderia fazer uma lista de todas as vezes em que me irritei com Park Chanyeol e suas babaquices e os fatos dos últimos minutos so me faziam odia-lo ainda mais.
- Uhu, esse cara sou eu! – Chanyeol gritou do fundo da sala e se levantou do meio da manada de abutres que ele chamada de amigos. Eles eram tão imbecis que me dava raiva.
Algumas meninas da sala bateram palmas e enquanto Chanyeol passava gritaram:
- Lindo, tesão, bonito e gostosão.
Chanyeol respondeu com uma mesura exagerada, dizendo:
- Obrigado fãs, obrigado!
Eu olhei aquilo e achei tão, mas tão ridículo que mesmo antes que pudesse me segurar, fingi que estava vomitando.
Chanyeol percebeu, se aproximou de mim e disse:
- Coé cara, Cê ta emocionado? Fica tranqüilo que eu não mordo... só se você pedir – e deu uma piscadela pra mim.
Eu não podia acreditar naquilo que estava ouvindo. Ele estava me cantando, ou era impressão minha? Senti meu rosto queimar novamente e me odiei. Era só o que me faltava agora, ficar vermelho na frente desse babaca! Byun Baekhyun, a garota em chamas.
Seguimos juntos até a mesa do professor e consegui examina-lo mais de perto. Ele era bem mais alto que eu e seus olhos eram esbugalhados como se ele tivesse levado um susto. Seus dentes todos a mostra no sorriso largo que era constante em seu rosto. Ele me irritava, e muito.
Crucio ou Avada Kedavra? Em pensamento eu não conseguia decidir qual das duas maldições imperdoáveis usaria com Park Chanyeol. A única certeza que eu tinha é que ele iria pagar caro por me fazer passar tanta vergonha. Fui sugado para a realidade, longe de meus pensamentos de comensal da morte pela voz do senhor Choi dizendo:
- Então meninos, a minha proposta é que produzam imagens sobre a vida de vocês. Pode ser em formato de curta metragem, pode ser um documentário... isso ficará por conta de vocês, assim como o roteiro. Eu quero que se esforcem então vocês terão o semestre todo pra essa tarefa. Como eu disse antes, ao fim do semestre faremos uma exposição com as produções da turma que será aberta ao publico externo, então será uma ótima oportunidade de divulgar o trabalho de vocês. Por favor, não deixem para última hora, comecem o quanto antes para que o resultado seja bom. Meninos eu acredito que a parceria de vocês pode ser um sucesso, hein! Já tenho muitas expectativas! Boa sorte!
Trabalhar com qualquer um, já seria difícil, mas trabalhar tendo Park Chanyeol como dupla seria insuportável. Eu teria que me esforçar para trabalhar por nós dois, porque se minha intuição estava certa, ele jogaria todo o trabalho nas minhas costas. Eu realmente não me importava com isso desde que ele me deixasse em paz e não viesse com piadinhas. Minha paciência é como a namorada de Dumbledore. Isso mesmo, inexistente.
Olhei pra Chanyeol, que já havia ocupado de novo um lugar no meio de seus amigos. Ele dançava alguma coreografia que eu desconhecia. Girava os quadris e fazia movimentos de onda com o corpo. As meninas a sua frente, batiam palmas e ele parecia inflar. Passei por eles, no caminho de volta para a minha cadeira, a tempo de ouvi-lo dizer:
- Sou o rei delas!
Observei a cena e tive que segurar o riso. Ele não podia ser real, era inacreditável.
Eu tinha duas certezas naquele momento:
A primeira: Park Chanyeol era mesmo um idiota.
E a segunda: E eu estava oficialmente ferrado.
O semestre seria longo...
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