O sábado amanheceu manhoso como nós dois. Acordei algumas vezes e fiquei observando o meu... namorado. Eu ainda sentia uns calafrios engraçados ao chamar Chanyeol daquela forma, ainda que em pensamento, mas olhando o anel na corrente no meu pescoço e as cópias idênticas no dele, era apenas dessa forma que me ocorria nomear a nossa relação. De qualquer maneira, o nome dado ao que nós tínhamos pouco importava. Eu o amava, eu já o amava como nunca pensei ser capaz de amar outra pessoa e me sentia o cara mais sortudo de todo o planeta terra quando olhava pra ele e via em seus olhos a certeza de que o sentimento era recíproco. Nós tínhamos esse tipo de coisa, não precisávamos falar que era amor, nossos olhares conversavam por horas, e denunciavam aquele sentimento tão novo e tão forte em forma de juras de afeto silenciosas.
Eu estava me sentindo diferente depois da noite que tivemos.
Eu estava me sentindo vivo como nunca antes.
***
Ele acordou primeiro que eu e ficou mexendo no meu rosto e pescoço, insistente, para que eu acordasse, e de fato ele conseguiu. Ainda de olhos fechados e debaixo das cobertas pensei em me levantar imediatamente e correr em direção ao banheiro, em busca de um belo banho, mas então me dei conta de uma coisa. Eu estava praticamente nu. Senti vergonha.
Com apenas os olhos de fora do meu habitual casulo de cobertor, me virei para onde Chanyeol estava e me deparei com seu rosto a centímetros do meu. Ele selou nossos lábios rapidamente antes de cantarolar um bom dia. Me cobri imediatamente.
- O que foi? – ele quis saber.
- To com vergonha!
- Baek, depois do que fizemos ontem você não devia ter vergonha de mim. – Chanyeol riu.
Ele era inacreditável.
- Chanyeol! – gritei, me destapando, batendo nele.
- O que?
- Não sei, só sei que nunca mais deixarei meu casulo da vergonha.
- Desse jeito, vou ter que te dar uma lição.
Eu até queria, mas ele tinha que saber.
- Chanyeol, eu ainda estou um pouco dolorido – falei tapando a cara de novo com vergonha.
Ele ficou quieto demais, então pensei que talvez aquilo não fosse algo legal para se dizer após a primeira noite, então bem devagar destapei a cabeça novamente. E ele, de ímpeto me deu um beijinho doce na bochecha me fazendo corar feito um bobo.
- Ok, Baek. Vou cuidar de você. – ele falou passando os dedos de leve pelas maças de meu rosto.
Chanyeol fazia tudo parecer tão doce que eu sentia uma pontada de remorso por ter odiado ele tão gratuitamente um dia. Mas alguns de seus atos ainda me surpreendiam. Ele se levantou na maior naturalidade possível, pegou algumas coisas em sua mochila que repousava ao lado da cama e me disse que era hora de tomar um banho.
Para qualquer ponto do quarto que eu olhava, minha cabeça era tomada por lembranças de nós dois na ultima noite. Olhando para porta, me lembrava de estar em seus braços e dele me colocar na cama, delicadamente. Os lençóis me lembravam de todas as coisas que fizemos, de todas as formas que fui dele. Olhar para Chanyeol, agora em pé a minha frente, me fazia lembrar e querer seu toque mais uma vez, a minha pele fervia só de imaginar seus dígitos passeando sobre minha superfície novamente.
- Vamos?
Chanyeol era meio louco né? Mesmo assim, achei que devesse perguntar o que ele queria dizer com esse convite.
- Vamos onde?
- Tomar banho ué... Vamos meu amor, eu te disse, vou cuidar de você.
Não me entendam mal, eu sempre fui meio travado pra tudo, a essa altura do campeonato vocês já devem ter percebido isso, mas daquela vez, eu decidi que não pensaria muito e faria aquela loucura, afinal tomar banho com Chanyeol não me parecia ser algo tão ruim assim. Eu tinha que perder a vergonha né? Afinal, ele era meu namorado e eu confiava nele.
Fomos até o banheiro de mãos dadas e eu estava tão nervoso que quase desabei no chão no momento em que levantei da cama, mas Chanyeol estava lá pra me amparar. Como sempre esteve.
Ele me guiou devagar até o banheiro e lá assumiu as rédeas da situação. Chanyeol era lindo. Cada centímetro de seu corpo era perfeito. E eu mal podia acreditar que agora ele pertencia a mim.
Nós entramos juntos no pequeno box do banheiro, não havia muito espaço para se mexer de forma que ficamos bem próximos. Chanyeol me virou de costas para ele, então eu não podia ver seu rosto, e isso me deixava apreensivo. Minhas pernas tremiam como nunca e eu podia jurar que estava mais nervoso ali do que na noite anterior. Chanyeol pareceu perceber meu nervosismo porque iniciou uma trilha de beijos de meu ombro até meu pescoço sussurrando em meu ouvido para ter calma.
Ele então ligou o chuveiro fazendo a água fria cair imediatamente sobre a minha cabeça, e também sobre ele. O frio da água em contato com minha pele fez meu corpo tremer imediatamente, e Chanyeol percebendo isso, me abraçou com força, e eu pude sentir o seu membro... Ele não usaria aquele momento para tentar alguma coisa, usaria?
Fiz um movimento para pegar o pote de shampoo que repousava sobre uma pequena prateleira a minha esquerda, mas ao fazer isso, Chanyeol segurou minha mão, impedindo meu movimento.
- Eu vou cuidar de você hoje, ok?
Dizendo isso, ele pegou uma pequena esponja que eu usava para me ensaboar, distribuiu um pouco de sabonete liquido sobre ela, e depois de esfregar até que a espuma surgisse, iniciou uma série de movimentos circulares pelo meu corpo com ela, de vez em quando estalando alguns selinhos sobre a minha pele molhada.
Eu então, me virei para ele.
Chanyeol molhado era uma visão dos deuses, a água que descia do chuveiro batia sobre seus cabelos e corpo lhe conferindo um ar bem sexy. Seus músculos em contato com a água de alguma forma se tornavam mais evidentes. Não contive o movimento de tocar seu abdome, e dançar com meus dígitos por ali, da forma mais provocante que eu conseguia. Seu corpo pareceu responder ao meu toque de maneira positiva porque, no momento em que passei meus dedos de leve traçando uma linha vertical em seu abdome, Chanyeol emitiu o gemido baixo e todo o seu corpo se enrijeceu.
Ótimo, eu havia encontrado o ponto fraco dele.
Sabendo que aquilo o afetava, depositei uma quantidade generosa de sabonete liquido em minhas mãos e comecei a massagear sua barriga lentamente, descendo e subindo com as mãos. Chanyeol riu, e se balançou como se estivesse sentindo cócegas, então começou a respirar de forma mais desregulada e eu adorei ver que aquele era meu efeito sobre ele, então, ainda com as mãos nas laterais de seu abdome, fiquei nas pontas de meus pés e aproveitei para beijar sua boca, com toda a vontade contida em mim.
Fiquei satisfeito em vê-lo daquela forma.
Podíamos acelerar as coisas a partir daquele ponto, mas nossos olhares diziam que tudo deveria correr de forma leve, singela. Por mais que eu quisesse que talvez várias coisas acontecessem ali eu apenas me abracei a Chanyeol, e ele devolveu o abraço, me aninhando em seus braços, me protegendo como uma criança indefesa.
Afundei meu rosto em seu peito e pude sentir o calor e o perfume de sua pele. Ergui meus olhos e sorri para ele de forma dócil. Foi então que ele se sentou sobre o piso escuro do banheiro e me posicionou sentado a sua frente, de onde eu podia ver seu rosto bem de perto. Fechei meus olhos e senti ele iniciar uma série de carícias com o meu cabelo, antes de voltar a massagear minha pele com a esponja.
Fui tomado por uma sensação de extrema leveza. Cada gesto de Chanyeol, cada toque, cada olhar, não eram meramente atos de luxúria e sim, cuidado e carinho comigo. Eu gostava de tê-lo ali e de ouvir sua risada fácil quando a espuma em nossas peles se transformava em minúsculas bolhas de sabão.
Chanyeol era raro.
Eu não queria nunca me perder dele.
***
Chanyeol me olhava por trás da bancada da cozinha, ocupado demais preparando o que ele chamou de café da manhã perfeito e eu, esparramado no tapete da sala, preparava a maratona dos filmes de Harry Potter que decidíamos fazer naquela manhã de sábado.
Nunca pensei que fosse dizer isso em toda a minha vida, mas aí vai: como é bom a gente acordar ao lado de quem a gente gosta! Acordar ao lado de Chanyeol havia sido uma experiência tão nova e tão boa que com certeza eu faria de tudo para repeti-la mais vezes e o mais rápido possível.
O que me move?
No momento, o cheiro do café da manhã preparado por Park Chanyeol.
Chanyeol e eu parecíamos duas crianças com o apartamento só para nós naquela manhã. Ele corria atrás de mim, e eu fugia dele de forma brincalhona, então ele me abraçava por trás me dando beijos no pescoço e me fazendo cócegas. Eu queria que o tempo parasse ali. Inevitavelmente comecei a pensar que talvez um dia eu e Chanyeol pudéssemos ter um lugarzinho nosso, onde apesar das dificuldades da rotina, ao fim do dia, mesmo que cansados e desanimados ainda teríamos um ao outro.
Quando Chanyeol sentou ao meu lado com uma bandeja repleta de frutas picadas, pães, omeletes e bacon, eu ainda estava preso em meu mundo particular com esses pensamentos sobre o futuro.
- Você tem que comer! – Ele falou, empurrando um pedaço de morango em minha boca.
- Abre a geladeira ali e pega o meu toddynho!
Tudo era tão perfeito que parte de mim tinha medo de que eu estivesse sonhando.
Coloquei o primeiro filme da série para passar e me encaixei no abraço de Chanyeol, me sentindo em casa nos braços dele.
Para minha surpresa, Chanyeol assim como eu conhecia as falas do filme, de forma que quando eu disse baixinho, assistindo a cena famosa “You’re a wizard, Harry” ele riu e me respondeu no mesmo tom quase inaudível a frase em resposta “I’m a what?”. Chanyeol estava se mostrando a cada instante um namorado perfeito.
Quando os estudantes chegaram em Hogwarts, Chanyeol começou a especular a qual casa eu pertenceria, e eu fiz um apanhado de todos os nossos momentos juntos me perguntando se eu já havia revelado a ele essa informação. Ele jurava que não, mesmo que não tenha demorado mais de cinco segundos para dizer que eu era da Sonserina.
Chanyeol era da Grifinória.
Eca! Nunca gostei dos Grifinórios.
Mas dele eu gostava.
Seus carinhos não cessavam enquanto assistíamos ao filme.
Chanyeol sabia me provocar fazendo seus dedos dançarem despretensiosos em toda a extensão de meu pescoço. Ele massageava meus braços, e em alguns momentos tenho que admitir, esquecíamos um pouco o filme e nos divertíamos um com o outro, através de provocações, carícias e beijos.
Eu fui feliz como nunca durante aquele fim de semana.
***
Kyungsoo voltou para casa no começo da noite de sábado trazendo consigo Jongin a tira colo e algumas pizzas para comermos junto. Nós quatro comemos e conversamos sobre muitas coisas e eu fui capaz de perceber os olhares perversos de Kyungsoo sobre mim, na certa ele iria querer saber como havia sido a minha “surpresa de aniversário”.
Chanyeol e Jongin foram embora por volta das dez horas da noite e eu me despedi de Chanyeol com um beijo demorado na esperança de que ele entendesse o quanto eu era grato por ele, pelo presente de aniversário e por ele ser o maior presente que eu poderia receber.
Depois que ele partiu me senti absurdamente órfão e vazio de alguma forma, mas, não houve muito tempo hábil para me sentir depressivo porque Kyungsoo rapidamente me entupiu de perguntas sobre a minha primeira vez com Chanyeol. Ele fez perguntas fofas e delicadas, quis saber se foi especial, se Chanyeol foi carinhoso e se eu gostei, mas também havia feito perguntas um tanto indiscretas como pedir pelas medidas de Chanyeol e me perguntar se gostei de ser uke.
Fui dormir com um sorriso no rosto.
***
O domingo passou voando e logo outra semana se iniciou carregada de expectativas e muito trabalho. Nessa semana eu e Chanyeol realizaríamos a oficina de fotografia com crianças da ONG que Jongin havia nos apresentado. Havíamos combinado que Jongin nos levaria ate lá e acompanharia a oficina conosco produzindo imagens, filmando o trabalho que faríamos ali.
E assim aconteceu, não fomos as aulas na segunda, preparando as atividades que faríamos com as crianças e depois do almoço fomos até a ONG, que funcionava ainda dentro dos domínios da faculdade. Eu não tinha muito contato com crianças e fiquei pensando que talvez não conseguisse lidar com elas, porque vocês sabem que crianças as vezes são bem ariscas. Quando compartilhei meus pensamentos com Chanyeol, ele me tranquilizou dizendo:
- Tenho certeza que elas vão gostar de você como eu gosto.
Ele sorriu e o simples ato de segurar minha mão com força foi o suficiente para que eu soubesse que era capaz de qualquer coisa desde que estivéssemos juntos.
Jongin nos levou novamente até o local da ONG que havíamos visitado com ele há algumas semanas. É engraçado pensar que apesar do pouco tempo que separava uma visita da outra eu havia mudado muito e já não reconhecia aquele outro Baekhyun que havia visitado o local antes.
Quando nós dois chegamos, os voluntários da ONG e as crianças estavam animados. A instituição funcionava em um pequeno prédio anexo ao centro de artes da faculdade, o que me fez indagar como eu nunca havia visto aquele projeto ali. Tudo era muito simples, e apesar de já termos estado lá uma vez, Jongin foi aos poucos, mostrando o espaço e nos apresentando a equipe de voluntários.
O local basicamente consistia em algumas salas pequenas e uma outra sala que servia de coordenação onde ficavam os equipamentos de fotografia. Havia algumas câmeras simples e nós havíamos levado alguns de nossos equipamentos também. O grupo de mais ou menos seis crianças nos aguardava no pequeno quintal que havia aos fundos. Chamo de quintal porque havia muitas árvores e alguns brinquedos e por alguma razão aquele lugarzinho me lembrou um pouco de minha casa.
Eu estava com saudade de casa.
Nós reuníamos as crianças a nossa volta para dar as primeiras instruções sobre como seria a oficina e elas estavam tão compenetradas quando distribuímos uma câmera para cada uma que eu me senti incrivelmente útil como em poucas vezes em minha vida. Durante a primeira hora de atividades perguntamos a elas sobre o que elas conheciam de fotografia, se gostavam de fotos, se tinham fotos em casa e se já haviam tirado as próprias fotos. As demos também algumas instruções sobre o manuseio das câmeras e algumas técnicas simplificadas para se obter fotos melhores. Ao fim da conversa, dissemos a elas que saíssem naquele pequeno espaço para fotografar e quando elas nos perguntaram sobre o que deveriam fotografar, nós a dissemos: fotografem o que move vocês!
Para nossa surpresa, ao contrário do que imaginávamos, e ao contrário dos adultos para os quais disparávamos essa pergunta, as crianças não titubearam, não hesitaram um instante e simplesmente correram uma para cada canto do quintal para fotografar sem nos pedir explicações sobre a pergunta.
Dissemos às crianças que as fotos seriam inteiramente por responsabilidade delas e nós estávamos ali apenas para auxiliar no caso de alguma duvida ou problema na hora de fazer a foto. Assim, uma das meninas menores chamou por nós, mais ou menos um cinco minutos depois de iniciada a tarefa. Nós dois nos viramos em direção a ela mas Chanyeol foi mais rápido em alcançá-la e eu fiquei só de longe observando.
A menininha chorava por não conseguir fotografar um passarinho como queria, e Chanyeol a ajudou da forma mais terna, amorosa e paciente possível. Ele a ajudou a encontrar a posição perfeita e juntos eles esperaram até que o pequeno pássaro se posicionasse diante da lente da câmera mais uma vez,e com muita delicadeza ele a ajudou a fotografar.
Ver Chanyeol ajudando a menininha me fez pensar em várias coisas. Ele era tão cuidadoso com ela, em seus olhos eu via um brilho diferente… Chanyeol tinha jeito com crianças, e definitivamente seria um ótimo pai. Pai… Seria cedo demais para pensar em construir uma família ao lado dele? Em pensamento eu ri pensando em como Chanyeol tinha a capacidade de cogitar coisas que antes eu realmente não queria na vida.
Dizem que o amor muda as pessoas para melhor e era realmente assim que eu me sentia com Chanyeol. Ele havia me mostrado várias coisas nesse tempo que estávamos juntos, e com seu jeito leve e bem humorado estava me transformando, mudando meus hábitos, moldando minhas vontades conforme as suas… Eu não poderia e nem conseguiria achar que a influencia dele sobre mim, ruim de alguma forma, porque acima de qualquer outra coisa ele estava me ajudando a ser uma pessoa melhor. Uma pessoa melhor para mim mesmo e com ele, mas não só. O novo Byun Baekhyun era uma pessoa melhor para os outros também.
Ajudar aquelas crianças me fez descobrir que minha vocação era fazer feliz quem quer que fosse. Era a felicidade que movia, e não só a minha como a das outras pessoas também.
***
Já era quase noite quando nos despedimos das crianças. Recebi muitos abraços dos pequeninos e todas elas não poupavam elogios a nós dois. Vou falar a verdade, eu nunca fui muito amigo das crianças, nunca fui fã dos pequeninos porque em geral eles costumam ser incômodos, mas estar com aquelas crianças ministrando aquelas atividades me revigorou de alguma forma. Acho que esse é o efeito que fazer o bem acaba tendo da gente né? A gente ajuda outra pessoa e a sensação de dever cumprido e de consequente felicidade acaba retornando para nós.
Deixamos aquele local na Labareda, e eu me senti feliz por estar terminando o dia daquela forma, sentindo me útil a humanidade, com a sensação de dever cumprido e acima de tudo me sentido amado por Chanyeol. Ele parou em um cruzamento, quando o semáforo fechou para os carros e eu o abracei ainda mais forte, repousando minha cabeça em suas costas e sorri ainda que ele não fosse capaz de ver o sorrisinho estampado em meu rosto.
Mantive meus olhos fechados durante todo o resto do trajeto, pensando na nossa primeira noite e no final de semana maravilhoso que havíamos compartilhado de forma que não percebi que ao invés de me levar para casa, ele me levou para o parque. Quando me dei conta de onde estávamos indo não me importei porque aquele lugar me transmitia calma, e eu adoraria encerrar o dia ali.
Nós nos sentamos naquele ponto do parque, que agora era um de nossos lugares secretos no mundo, e eu comecei a pensar naquelas crianças, em mim, em Chanyeol, nas minhas escolhas na vida... Conclui que boa parte dos anos de minha vida, eu havia passado me isolando do mundo e reclamando de tudo a minha volta, sem nunca parar para fazer algo que realmente importasse como ajudar aquelas crianças.
Quando nos sentamos na grama, ele me disse:
- Baek, eu to tão feliz… - ele disse abraçando os joelhos.
Sorri pois me sentia feliz também.
- Feliz porque, posso saber?
Eu tinha alguma ideia do motivo, ou dos motivos da felicidade de Chanyeol, mas perguntei porque queria ouvir ele dizer.
- Não sei bem… ajudar aquelas crianças me fez um bem danado! E além disso, saber que tenho você é muito bom. Depois de tanto tempo te obervando e tentando criar coragem para dizer o mínimo que fosse, ter você é como um sonho.
Dei um beijo doce em sua bochecha. Eu queria que ele soubesse o quanto eu era grato por ele nunca ter desistido de mim, mesmo eu sendo um boboca. A verdade era que já não conseguia imaginar minha vida sem ele…
Mas então me concentrei nas palavras que ele havia acabado de dizer. De novo, Chanyeol me dava pistas de que me observava já há muito tempo mesmo antes de me conhecer e aquilo me intrigava porque em minha humilde opinião não havia muito a se observar em alguém como eu. Mas aparentemente, Chanyeol discordava e eu adoraria saber o porquê, então perguntei a ele, mesmo que ainda descrente de que receberia alguma resposta:
- Chanyeol… há quanto tempo você me obsevava?
Ele deu uma gargalhada baixa e por um momento achei que mais uma vez ele fugiria de minha pergunta, mas para minha total surpresa ele começou a dizer:
- Desde a primeira vez que te vi, em nosso primeiro dia de aula, eu sabia que precisava te conhecer.
Aquilo era surpresa pra mim. Nosso primeiro dia de aula havia sido a mais de um ano atrás e ao contrario dele, eu não me lembrava de ter visto Chanyeol naquele dia. Tudo parecia um roteiro de um filme romântico e mesmo que eu quisesse dizer várias coisas, estava pasmo e minha boca não foi capaz de emitir nenhum som por um tempo, até que finalmente eu disse:
- Chanyeol, eu… eu não sei o que te dizer.
Ele então continuou a narrar os fatos daquele dia, como havia vivido:
- Eu te vir chegar na sala de aula com seu moletom do Coldplay, e seu cabelo desgrenhado…
Eu ri. Ri porque me lembrava de toda a animação que senti aquele dia. Era o meu primeiro dia na faculdade e o primeiro dia do que eu chamei de nova fase da minha vida. Eu não estava sozinho, Kyungsoo também teria seu primeiro dia e também estava ansioso. Achei engraçado o fato de Chanyeol se lembrar e mencionar o meu tão amado moletom do Coldplay porque eu ainda tinha viva em minha mente a lembrança de passar horas da noite anterior ao meu primeiro dia de aula debatendo com Kyungsoo o como a imagem era importante e dizendo a ele que por isso eu não usaria um de meus muitos moletons no dia seguinte. O problema foi que estava tão nervoso que acabei acordando atrasado, só tendo tempo de tomar um banho super rápido e vestir a primeira peça de roupa que vi pela frente: meu moletom do Coldplay.
Para a minha total sorte, o meu moletom surrado havia dado a Chanyeol motivos suficientes para querer se aproximar de mim, o moletom havia me indicado a ele, como há meses atrás Speed of Sound havia indicado ele para mim, quando ele a cantarolou em cima da labareda. Obrigada meu velho moletom do Coldplay. Obrigada Coldplay. Sempre Coldplay.
Chanyeol continuou:
- Havia dois lugares vagos na sala, um ao meu lado e outro ao lado do Junmyeon e você escolheu sentar ao lado dele.
Ele fez biquinho.
Eu me lembrava de ter chegado atrasado naquele dia e depois de passar os olhos pela sala de aula, encontrar apenas um lugar vago, no canto direito, perto de Junmyeon que eu de imediato achei uma pessoa muito engraçada.
Eu não notei Chanyeol naquele dia.
- Baekhyun, você é uma pessoa muito difícil, você parecia me ignorar a todo custo. – ele disse meio desanimado, me olhando e depois mexendo com punhados de grama.
- Mas eu pensava que você me odiava, Chanyeol.
Eu pensava isso mesmo, afinal Chanyeol parecia fazer tudo o que fosse possível para me irritar. Agora eu estava entendendo um pouco das coisas na perspectiva dele, talvez toda implicância fosse na verdade só uma forma de chamar a minha atenção.
Byun Baekhyun, o rei delas.
E deles.
Mas ele parecia me odiar mesmo. Como se tivesse a capacidade de ler meus pensamentos, ele continuou dizendo:
- Depois de um tempo passei a ter um pouco de raiva de você sim, afinal como pode um ser anão, antipático e dramático como você exercer tanto poder sobre mim? – ele se virou pra mim com um olhar irônico demais pro meu gosto.
Mas que audácia a dele! Eu podia ser mesmo bem dramático e antipático quando assim desejava, mas anão? Ele não podia me zoar daquela forma e sair ileso, então escolhi bem minhas palavras, imaginando o efeito que teriam sobre ele, antes de esbravejar:
- Ei! Cala boca orelhudo! Se tu bater as orelhas é capaz de voar!
Ele me deu tapinhas no ombro e eu me ajustei a ele, repousando minha cabeça em seu ombro.
- Me promete uma coisa? – ele pediu.
Eu prometeria qualquer coisa a ele, claro.
- O quê? – perguntei curioso.
- Que nunca vai fugir de mim?
É claro que eu não fugiria dele. Chanyeol já era mais do que necessário à minha vida e eu não desejava e nem podia mais ficar longe dele, mesmo assim resolvi brincar, respondendo de forma negativa.
- Não.
Eu gargalhei e ele quase se levantou injuriado.
- Baekhyun! Você estraga nossos momentos de casal.
Ele fechou a cara fingindo estar com raiva de mim e eu usando meu poder para comovê-lo dei um beijo leve em seu rosto, fazendo a expressão dele se abrir e se iluminar com um sorrisinho tímido.
- Me promete uma coisa, Chanyeol?
- Não.
Olhei para ele com meus olhos implorando por piedade, e ele cedeu.
- O que você quer?
- Me promete que se eu fugir, você vai atrás de mim aonde quer que eu vá?
- Eu prometo.
Quis ser romântico então eu disse:
- Chanyeol, eu carrego parte de você em mim agora. Você vive em mim.
Ele fez um silencio reflexivo, antes de perguntar:
- Baekhyun você tá grávido?
Nossa!
Nossa!
Nossa!
- Tá louco Chanyeol? De onde você tirou uma coisa dessas? – me levantei de minha posição anterior, deitado em seu ombro pra encara-lo ainda rindo, mas com uma expressão incrédula.
- Você já ouviu falar em mpreg? É uma coisa que eu vi na internet.
Aquele diálogo não podia ser real. Chanyeol conhecia mpreg e merecia ser zoado pelo resto de sua existência por ler esse tipo de coisa. Eu queria rir, mas ao invés disso continuei encarando ele e disse:
- Chanyeol você deve tá com febre!
Me ajoelhei na grama baixa do parque e fazendo cara de preocupação, coloquei a palma de minha mão sobre sua testa fingindo apurar a temperatura de seu corpo. Ele estava sério pensando em alguma coisa.
Em um movimento tão rápido quanto um piscar de olhos ele me deitou sobre a grama do parque e girou seu corpo de forma a ficar ainda sentado, mas com seu tronco inclinado na diagonal acima de mim.
- Então se parte de mim vive em você, você é uma Horcrux.
Essa piadinha eu aplaudi, conhecimentos de magia negra nunca era demais quando se estava em um relacionamento comigo, mesmo assim disse a ele:
- Acho que já é hora de ir embora…
Ele me deu um beijo longo e quente, me segurando de maneira firme e me lembrando de como meu amava seu toque e de como agora me sentia em casa, dentro de seu abraço. Sua língua explorava minha boca com vontade como se essa fosse a sua ultima vontade.
Com muito custo, cessamos o beijo. Já era um tanto tarde e precisávamos voltar pra casa. Eu para a minha e Chanyeol para a dele.
Nos aproximamos da labareda, onde Chanyeol rapidamente assumiu seu lugar, preparando-se para nossa partida. Me ative um pouco, ainda de longe, olhando para a motocicleta estilizada de Chanyeol, e então eu lembrei de uma coisa que sempre pensava em pedir a ele, mas sempre esquecia. Com coragem, falei, tentando manter em meu rosto a expressão mais persuasiva que eu tinha em meu repertório:
- Posso te pedir mais uma coisa?
Já sentado sobre sua moto ele me puxou para junto de si e me beijou de novo, segurando meu corpo com tanta força que eu pensei que ele fosse me tomar ali novamente. Sua língua era áspera e invadia a minha boca de maneira ávida, me deixando totalmente sem fôlego. Suas mãos passeavam, uma em meus cabelos e a outra em minhas costas, e tudo que eu mude fazer foi devolver a ele os toques, levei uma de minhas mãos ao seu pescoço e com a outra me mantive pressionando suas coxas com vontade.
O beijo terminou depois de algum tempo porque eu já estava totalmente sem fôlego e totalmente perdido, sem saber quem eu era, tamanha a pressão do beijo.
Ele me olhava mordiscando os próprios lábios para me provocar quando eu finalmente me lembrei o que queria dizer.
- Ok... isso foi bom, mas eu ia te pedir pra me ensinar a andar de moto.
Chanyeol riu.
- Mas é claro que ensino! Jongdae vai adorar ter você no clube!
Montei na labareda com destino a minha casa. Tudo que eu queria naquele momento era dormir. Com mais um beijo, nós nos despedimos e em um instante lá estava eu em meu pequeno apartamento comendo a comida que Kyungsoo havia feito com muito carinho.
***
Estudei um pouco em meu quarto antes de finalmente me aprontar para dormir. Tomei um banho rápido e depois me aconcheguei na cama, apenas esperando que o sono chegasse. Olhei para o espaço um tanto vago em minha cama e me lembrei de quando acordei ao lado de Chanyeol há dias atrás. Ao pensar nele, imediatamente meus dedos foram até o pingente-anel em meu pescoço, e eu me dei conta do quanto eu era sortudo por ter um namorado com Chanyeol.
Então me lembrei de um fato pelo qual eu não podia deixar de zoar ele.
Peguei meu celular, que já repousava na cômoda ao lado da minha cama e digitei rapidamente uma mensagem para Chanyeol.
“Chanyeol, você me deve explicações”
Ri baixinho ao imaginar a cara que ele faria quando lesse a mensagem e de repente meu celular vibrou. A mensagem dele dizia:
“O QUÊ?”
Eu ri mais ainda e digitei bem rápido a resposta a ele:
“Então quer dizer que você curte mpreg?”
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