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História Lumière - As luzes vão me levar pra casa e Sehun também


Escrita por: lunevile

Notas do Autor


Boa noite migos!

Cá estamos NO CAPITULO 14! CES TEM NOÇÃO DO QUE É ISSO?

Quero dizer que sou muito grata a todo o carinho que vocês tem com a fic e também felos favs e comentários: SURTEM COMIGO GALERA, LUMI CHEGOU A 632 FAVORITOS E O ULTIMO CAPITULO TEVE 39 FUCKING COMENTARIOS.
(ah, lembrando que pode demorar um pouco mais vou responder a todos, gosto de responder surtando e dar uma atenção a cada um,por isso a demora e também porque né a senhora aqui tá formando e o tempo é ouro!

Vocês não sabem o quanto em me deixado feliz essa resposta de vocês à fic! Os depoimentos que recebo diariamente de pessoas dizendo como a fic ajudou a pensar sobre a vida, sobre o que as move e a sair do comodismo... isso é maravilhoso! A fic é de todo esse povo que se conecta com ela!
Obrigada!

~~~ TENHAM PACIENCIA COMIGO OK? ESSA TERÇA EU APRESENTO O ULTIMO TRABALHO DA GRADUCAÇÃO E DEPOIS SEREI PSICÓLOGA AEEEEEEEE ~~~

IMPORTANTE: nao coloquei nome na cidade do baek pra voces imaginarem algum lugarzinho que faça sentido pra voces, algum lugar distante que os faça pensar.

IMPORTANTE 2: BYUN BAEKHYUN IS BACK BITCHES! E OH SEHUN FEZ SEU TAO ESPERADO DEBUT EM LUMI <333

LEIAM AS NOTAS FINAIS

Capítulo 14 - As luzes vão me levar pra casa e Sehun também


Fanfic / Fanfiction Lumière - As luzes vão me levar pra casa e Sehun também

Eu precisava desaparecer.

 

Quando a gente é leitor compulsivo, já tem experiência com a leitura de todo tipo de história, passamos a ter a habilidade de prever as modulações de cada enredo.  Quer dizer, todo conto tem um começo que às vezes é feliz, às vezes é improvável, depois a história se desenvolve, ganha corpo e os fatos vão se acoplando uns aos outros gerando um possível clímax que acaba sendo a deixa derradeira para o fim.

O clímax pode ser uma morte, um nascimento, uma revelação ou qualquer outra situação que faça aquela linda realidade que acompanhávamos girar de ponta cabeça. Mas é aí que está a beleza da coisa, não?

Afinal o que seria de uma boa comédia romântica sem um pouco de drama e uma boa reviravolta?

 

 

Acordei assustado quando o ônibus fez uma curva fechada que fez a minha cabeça bater com força contra o vidro da janela. Pisquei os olhos uma ou duas vezes para assimilar a realidade em que me encontrava. De um dos meus lados eu via os pingos de chuva no vidro e a estrada passava rápido e os faróis dos carros pareciam pequenas estrelas cadentes no asfalto. Rápidas como a Labareda.

Droga! Lá estava eu de novo pensando em Chanyeol! Eu tinha que dar um jeito na minha cabeça, inventar uma forma de cortar pela raiz aquilo que já estava enraizado em mim: o amor por ele. Aquele cara não merecia nem um pingo do meu amor e muito menos uma lágrima minha.

O que ele havia feito era ridículo, baixo e infantil, ou seja, típico dele mesmo.

O videozinho tosco que ele havia fornecido a seus amigos, a essa altura já devia ter sido visto por todas as pessoas da faculdade e não havia mais volta, eu estava totalmente exposto e vulnerável.

Eu me lembrava de algumas vezes em que Chanyeol havia me filmado, mas naquele apanhado de imagens que insistiam em permanecer martelando em minhas memórias, havia filmagens que eu realmente não sabia dizer de quando eram.

Eu já li muitos livros e eu mesmo já escrevi várias histórias, mas em todas elas o clímax ou o drama principal era qualquer coisa que eu consideraria mais clichê para uma história. Nesse sentido havia originalidade no enredo da minha vida: que outro protagonista que você conhece já sofreu cyberbullying?

Eu nunca imaginei que seria vítima de cyberbullying. Até porque nunca foi muito a minha cara filmar momentos íntimos com alguém – e até alguns meses atrás eu curtia uma solteirice quase eterna.

Aquilo me fez sentir triste, envergonhado, culpado e ainda com raiva, mesmo agora tentando chegar em casa, minha mente estava confusa e pesada, como se houvessem milhões de vozes gritando dentro dela ao mesmo tempo em que eu via aquela cena onde eu fui humilhado se repetir um milhão de vezes.

Mas eu era Byun Baekhyun e me orgulhava muito de quem eu era e de tudo que eu havia conquistado, a ultima coisa que eu faria era ficar me lamentando – pelo menos não naquele momento. Deixei a mente vagar e fiquei pensando que é uma dádiva divina existir uma lei que proíbe o porte de armas, porque eu teria matado todos naquela sala se tivesse armado.

 

Quando o ônibus foi se aproximando do meu destino, uma onda de nostalgia me invadiu: o cheiro de terra molhada e os poucos pontos de luz que eu via me faziam lembrar de minha infância em que eu e Kyungsoo brincávamos feito exploradores da região. Eu estava a caminho do único lugar em que sabia que teria descanso, um abraço apertado e comidinha boa: eu estava voltando para casa.

Sai de minha cidade natal com pouca coisa: uma maleta pequena, uma coragem grande e um amigo em quem eu poderia me apoiar em qualquer momento. As visitas à minha família eram esporádicas, porque eu sempre inventava desculpas para permanecer na agitação da cidade.

Voltar era um movimento necessário e em um momento mais do que certo, mas me fazia me lembrar do que me motivou a mudar dali: Os meus sonhos. Quando fui pra Seoul eu levei também vários sonhos na mochila e a esperança de realiza-los.

Fazia tempo que não via minha família e só o fato de respirar o ar daquele lugar me despertava tantas lembranças que eu sentia que isso, em conjunto com o trauma que havia sofrido naquele dia, eu poderia desabar em um choro compulsivo.

Pisei para fora do ônibus e dei uma ultima olhada no celular que indicava três chamadas perdidas de Chanyeol e uma mensagem de voz dele também. Havia outras quatro chamadas perdidas, duas de Kyungsoo e duas de Junmyeon. Os dois também haviam entupido a minha caixa de mensagens. Cliquei na primeira que era de Kyungsoo e então li mentalmente seu conteúdo:

Baek, como você está? Estou preocupado! Quando chegar na casa de seus pais me ligue, por favor, ok?

Alternei a ordem e abri uma mensagem mais antiga, dessa vez de Junmyeon, que dizia:

Migo, dê notícias! Quando estiver melhor me liga, preciso te contar umas coisas!

Ele era mesmo inacreditável, eu querendo desaparecer e o maluco querendo me atualizar sobre fofocas. Respirei fundo antes de criar coragem suficiente para abrir uma das várias mensagens de Chanyeol. Com muita raiva, meus dígitos passearam pela tela do celular e decidiram pousar despretensiosamente em um ponto, e uma mensagem se abriu:

Baekkie, meu amor! Por favor, me deixe explicar! Se você ao menos atendesse as minhas ligações… eu sei que às vezes posso ser um grande idiota mas eu nunca nunca NUNCA faria uma coisa dessas! Eu te amo! Foi a Taeyeon que fez aquilo, ela me ameaçou que faria e fez! Por favor meu bem, acredita nesse bobo que te ama e volta pra mim.

Fechei a mensagem rapidamente sem querer saber do que ele tinha para me dizer. Dane-se Park Chanyeol e seus amigos idiotas… A quem eu queria enganar? Mesmo que começasse a tratá-lo com hostilidade isso não faria desaparecer nem as memórias do que aconteceu em nosso laboratório ou o sentimento que eu ainda nutria por ele.

- Poupe-me das suas desculpas inúteis, Park Chanyeol! – Falei baixinho, só para mim em uma tentativa falha de me convencer de quer ser forte e indiferente era a resposta.

Dei uma ultima olhada de despeito em direção à tela do aparelho celular e o enfiei no bolso, ao mesmo tempo em que ajeitava a mochila nas costas observando com cuidado cada ponto visível da pequena rodoviária da minha cidade natal à procura daquele que iria me levar para casa.

Quando estava em casa sofrendo pelo que havia acontecido mais cedo na aula, vi todos aqueles carros voltando para seu lar e me dei conta de que a resposta era essa: voltar para o início, à minha terra natal para quem sabe redescobrir as minhas prioridades na vida. Saí tão atordoado e com pressa de casa que apenas um bilhete foi deixado para Kyungsoo e à meus pais eu não havia avisado porque com certeza eles ficariam preocupados se eu os ligasse dizendo que estava voltando para casa, fariam perguntas que eu não estava disposto à responder naquele momento.

Só havia uma pessoa a quem eu podia recorrer naquela hora, só ele poderia me buscar na rodoviária e me levar até a fazenda onde meus pais e meu irmão moravam, porque já era quase nove horas da noite e o caminho era impossível de ser feito a pé.

Girei meu corpo totalmente tentando encontrar aquele que havia atendido minha ligação no celular e me prometido uma carona de volta pra casa.

- Baek, suas coxas continuam chamativas como sempre, te reconheci de costas facilmente! – Falou uma voz vindo de trás de mim.

Até o momento, eu não havia me dado conta disso, mas agora ficava óbvio para mim o quanto sentia falta de seu senso de humor… único. Girei o corpo para encarar o menino alto em pé a minha frente. Ele vestia trajes escuros; um jeans preto, uma camiseta velha e uma jaqueta de couro por cima. Seus cabelos continuavam loiros, como ele decidiu que seriam desde que completou dezoito anos.

- Como vai você, Sehun?

Sua resposta não foi expressa em palavras e sim em um ato típico dele: Sehun levou os dois braços até um pouco acima da minha cintura e me puxou para perto de seu corpo em um aperto que lembro de ter considerado forte demais para a ocasião. Depois de ser totalmente preso em suas garras, ele me ergueu no ar com uma facilidade admirável, como se eu fosse leve como uma pluma.

Eu havia me esquecido de como Sehun gostava desse tipo de coisa, contato físico.

Ele me manteve no ar pelo que pareceu serem minutos até o momento em que me colocou de volta em terra firme e eu cambaleei alguns passos para trás.

- Eu to melhor agora que to te vendo, Baek! – Falou levando uma de suas mãos ao meu cabelo, bagunçando meus fios – Você, depois que foi pra capital parece que esqueceu de mim. – Ele me direcionou uma expressão tristonha e um bico dramático - Nem quis me atender quando eu liguei!

- Ah Sehun…

Ensaiei dizer algo a ele mesmo sabendo que suas palavras estavam corretas, afinal eu realmente havia ignorado todos os seus chamados sem ao menos perguntar do que se tratava. E se ele estivesse precisando de alguma coisa? Que tipo de pessoa sou eu que não estou disponível quando um velho amigo de infância chama?

- Tudo bem, Baek! A vida na cidade é bem agitada, eu entendo! – Sua voz era doce e quase que sussurrada, ele parecia bem solícito quando sorriu para mim então eu conclui que estava tudo bem mesmo.

Até ele continuar a falar.

- E você tem seu namorado, que me pareceu bastante ciumento! – Seus olhos se estreitaram e sua voz saiu carregada de malícia.

Por alguma razão que não consegui compreender meu corpo estremeceu ao ouvir a palavra namorado. Por mais que eu entendesse que Chanyeol era um canalha depois do que ele havia aprontado para mim, eu seria um tolo se não admitisse que ainda sentia muitas coisas por ele e mesmo que quisesse fingir, nenhuma dessas coisas era ódio.

Devo ter ficado alguns segundos atônito porque Sehun acabou dando uns tapinhas nas minhas costas e indicando que eu o seguisse por entre as poucas pessoas que estavam na estação rodoviária. Nós dois fomos até a saída do local e o contornamos pela lateral para assim ter acesso à um pequeno estacionamento. Foi então que me dei conta das vestes de Sehun e me lembrei de um de seus velhos hábitos de quando éramos adolescentes.

- Sehun, por acaso você está de moto? – As palavras saíram da minha boca mesmo antes que eu me desse conta.

- Não! Eu vim com o carro do meu pai… - Ele falou apontando para a grande caminhonete verde um pouco à nossa frente – Por que?

- Por nada! Odeio motos.

 

***

 

A casa da minha família – assim como as casas das famílias de Kyungsoo e de Sehun – era o que se podia considerar como uma propriedade rural. Meus pais possuíam uma fazenda grande o suficiente para cultivar algumas variedades de leguminosas e foi nesse local onde eu cresci e morei até os dezenove, quando eu e Kyungsoo rumamos para a capital na esperança de realizar nossos sonhos.

O percurso da rodoviária até a minha casa podia ser feito em pouco mais de vinte minutos de carro, minutos preciosos que Sehun tentou preencher com várias perguntas.

- Baek, a cidade te deixou mesmo besta hein! – Ele falou torcendo o nariz ao mesmo tempo em que dirigia – Nem quis me atender quando eu liguei. O que aconteceu?

Eu tinha meus motivos, o menino loiro era sempre bem desenvolto e sedutor e tudo que eu não queria no momento que recebi aquelas ligações era que algo atrapalhasse o meu… er, - uma vez feliz – relacionamento.

Antes eu tivesse atendido a Sehun e ido com ele aonde quer que fosse ou feito sei lá o que ele queria que                                                                                                      eu fizesse. Afinal porque ele havia telefonado tão insistentemente?

- Sehun, eu estava mesmo ocupado – falei desanimado olhando os pingos de chuva correrem apressados pela janela do carro como se fossem a coisa mais interessante do mundo – Mas o que você queria afinal?

- Ah! – Ele apenas suspirou como se estivesse cansado, e só depois de algum tempinho de silêncio foi que falou – Bem, eu queria abrigo na capital, e não tinha o número do Kyungsoo.

- O que você quer em Seoul? – Minha curiosidade repentina ficou perceptível em minha voz e eu girei um pouco o corpo para poder encará-lo. O que ele poderia querer na capital, afinal de contas?

- Vamos deixar isso como assunto para os próximos capítulos, ok Baek? – Ainda controlando o volante da caminhonete com uma das mãos, ele levou a outra até o topo da minha cabeça e bagunçou um pouco os fios de meu cabelo despretensiosamente.

Essa era uma das manias de Sehun que o tempo parecia ter conservado intacta. Eu detestava quando ele fazia isso, me tratava como uma criança. Por isso me sacudi e fechei a cara para que ele entendesse que eu era o adulto ali, eu era mais velho e ele não devia ficar me tratando como um bebê, afinal um dia no passado eu até podia ter me deixado levar por seus encantos, mas hoje eu estava mudado ele precisava saber o quanto eu estava diferente e o quanto estava bem em minha vida adulta.

- Você não mudou nadinha! – Ele quebrou o silêncio mais uma vez.

- Mudei sim, mudei muito! – Falei convicto – Eu não sou o mesmo menino ingênuo que saiu daqui.

- Talvez tenha mudado mesmo – Sehun riu baixo e eu fiquei sem entender no que ele havia achado graça – Quando você saiu daqui não usava essas coisinhas de mulherzinha - Sua voz se transformou em um riso mais alto e ele me olhou mais uma vez.

Inicialmente com meu raciocínio lento de sempre, não entendi a que coisa de mulherzinha ele estava se referindo mas ele pareceu ter captado a confusão em meu rosto porque baixou o olhar que antes sustentava em meus olhos até o meu pescoço e eu não precisei olhar para saber a que ele se referia.

Meus dedos pareceram ganhar vida própria quando sozinhos foram até o anel na correntinha – os presentes de Chanyeol. Acho que uma parte de mim morreu quando deixou Seoul e se prendeu a aquele pequeno anel, criando uma Horcrux. Digo isso porque posso afirmar que de alguma forma havia vida naquela pequena joia.

Quando toquei aquele anel foi como se todas as memórias que criei ao lado de Chanyeol se fizessem vivas, e eu as vi em flash rapidamente passar diante dos meus olhos, e foi tudo tão intenso que ao fim, quando revivi a nossa ultima e derradeira briga eu pude sentir de novo na pele a sensação dolorosa de ter sido enganado.

Doía bastante e eu não conseguia dizer naquele momento se algum dia aquela dor teria fim.

Eu usava um de meus habituais moletons e por alguma razão que desconheço, minha escolha não foi tirar a joia do pescoço e sim esconde-la por dentro do tecido grosso. Eu nem sei bem porque não retirei a corrente e joguei pela janela… Será que eu devia ter feito isso?

O momento ficou meio tenso, eu e Sehun permanecemos em silêncio porque eu não queria falar sobre o assunto e ele pareceu perceber aquilo em minha expressão. Mas ao contrário do que eu pensava, ele não era nenhum gênio da inteligência social e por isso não se importou nem um pouco em insistir no assunto.

- Foi presente do seu namorado, não é? – Ele perguntou mantendo os olhos fixos na entrada a sua frente.

Nossa!

- Sehun, eu agradeceria se você não falasse sobre isso, pode ser? – Para espanto dele e meu também a minha voz saiu cortante e nervosa.

Pensei que ele finalmente se calaria, mas para minha surpresa ele apenas mudou o rumo da conversa para algo que pensava ser mais conveniente.

- Tá fazendo muito filme Baek? – Ele era tão bom que conseguia sorrir sincero mesmo depois da minha explosão de nervos.

- To tentando… Mas você sabe ainda sou só um estudante. – O único filme no qual eu estava trabalhando não devia ser mencionado a menos que eu quisesse me lembrar dele de novo.

- Quando você aparecer num filme desses de cinema, eu vou lá na vila comprar um ingresso pra te ver que nem galã. – Ele falou em um misto de entusiasmo e orgulho.

Eu ri mentalmente antes de respondê-lo.

- Sehun, eu estudo cinema e não artes cênicas… Ele me olhou rapidamente como se minhas palavras não fizessem nenhum sentido, então eu continuei – Significa que vou produzir os filmes, e não aparecer neles, entendeu?

- Ah! – Ele suspirou meio tristonho – Agora tudo faz sentido – continuou sem me olhar.

- O que?

- Eu sempre me perguntei: como Byun Baekhyun vai estrelar um filme de cinema sendo idêntico a uma batata? Se precisar de um galã eu to na pista desempregado.

Mas que falácia! Eu era lindo: meu corpo era escultural e minha face era como a mais bela obra esculpida por anjos.

- Ei! Brad Pitt fica no chinelo se comparado ao maravilhoso Byun Baekyun, meu querido!

Nós dois rimos e eu me senti milagrosamente bem naquele dia em que tudo parecia ter dado errado. Talvez Sehun fosse de grande ajuda para me fazer ver o lado bom da vida de novo. Ele se ajeitou na cadeira e enquanto dirigia, mexeu em uma parte do painel da caminhonete e uma musica começou a tocar.

 

And the tears come streaming down your face

When you lose something you can't replace

When you love someone, but it goes to waste

Could it be worse?

 

Lights will guide to home

And ignite your bones

And I will try, to fix you

 

Ah não! Por que justo aquela musica?! Justo aquela que sempre foi uma das minhas preferidas? Ao ouvir as notas daquela canção senti imediatamente um fervor de várias emoções tomando conta de mim. Aquela letra dizia do que eu estava vivendo e em segundos me senti tão vulnerável que me virei mais em direção a janela para que Sehun não conseguisse ver o meu rosto – teria que me segurar para não chorar.

Mas então percebi que o carro fez uma pequena curva e ao longe algumas luzes que me fizeram vibrar por estar ali novamente: a minha casa. Ficava mais afastada do centro da pequena cidade, mas haviam outras propriedades vizinhas – Sehun morava em uma delas e Kyungsoo tecnicamente também.

O automóvel foi fazendo seu percurso, guiado por Sehun foi se aproximando da entrada da propriedade onde meus pais viviam: uma casa grande e bonita que em nada se assemelhava ao meu apartamento minúsculo em Seoul. Nossa propriedade era grande o suficiente para que meus pais cultivassem alguns alimentos e ao mesmo tempo moderna – haviam instalado uma piscina aos fundos e uma churrasqueira também.

Paramos em frente a um grande portão de madeira que nos impedia de seguir rumo à casa, mas eu não tirei meus olhos daquela construção, me enchi de saudade ao mesmo tempo em que olhava as luzes dentro da casa e imaginava o que meus pais estariam fazendo. Minha vontade era correr e abraça-los logo. Eu e Sehun descemos do carro ao mesmo tempo em que um jovem senhor que eu conhecia muito bem, se aproximou da porteira dizendo:

- Boa noite! Posso ajudar? – O homem rechonchudo, falou enquanto ajeitava seu chapéu de palha na cabeça, e depois percebendo que era Sehun que estava mais próximo dele, continuou – Que é que você quer a uma hora dessa Oh Sehun? Quer jogar bisca?

- Como é que você está Shin? – Falei o fazendo notar a minha presença.

Shindong era o caseiro de nossa propriedade, e apesar de ser um pouco mais velho que eu, ele já parecia muito mais adulto. Nós havíamos crescido juntos e pelo que eu sabia ele ainda era um dos melhores amigos do meu irmão.

- Menino Baekhyun! – Ele gritou assustado – O que te trás pra essas bandas, batatinha? – O homem começou a abrir portão de madeira enquanto falava.

- Fiquei com saudades! – Essa não era de tudo uma mentira.

- Quer que eu avise seus pais? Ou te ajude com as malas?

- Não, eu prefiro fazer surpresa – falei arrastado – E eu só trouxe uma mochila pode ficar sossegado.

Subimos novamente na caminhonete apenas para fazê-la entrar pelo grande portão, e se aproximar um pouco mais da casa. Não foi necessário mais do que um minuto dentro do veículo para que pudéssemos estacionar novamente, dessa vez de frente para a entrada da residência.

Antes de entrar fiquei olhando a frente do local, me deliciando com a atmosfera familiar e nostálgica que podia ser sentida ali. A casa era rodeada por uma varanda adornada com um cercado baixo. Eu respirei fundo e meu coração até bateu descompassado quando eu subi os poucos degraus para ficar em frente a porta.

Ali parado me concentrei um pouco em ouvir os sons da casa, havia o som de um telejornal distante e eu ouvia o som da voz inconfundível e estridente de minha mãe fazer algum pedido ao meu pai que provavelmente estava a assistir seu jornal de sempre, meu irmão com sorte estaria em algum cômodo da casa.

Apertei a campainha ao mesmo tempo em que conferia as horas no relógio: nove horas da noite. O som metálico e melodioso ecoou e alguns segundos depois, ouvi o som de passos rápidos em direção à porta.

Em alguns minutos a porta se abriu e a figura da mulher baixa e engraçadinha - Byun SunHee, minha mãe - surgiu pelo vão. Ela estava com a cabeça baixa e limpava as mãos sujas nas laterais de seu avental de cozinha, e nem se deu conta de que eu estava ali.

- Quem é que tá aqui uma hora dessas mulher? – A voz de meu pai veio de algum lugar no interior da casa.

- Paciência, homem! Eu nem… - Ela não terminou sua frase por culpa do susto que teve quando me viu parado ali. Minhas visitas não eram tão frequentes, devia fazer alguns meses que não a via. Quando a vi em minha frente ali paradinha com aquele avental não me contive, a puxei para um abraço apertado e a ergui do ar, a fazendo gritar.

- Pare Baek, pare! Ai meu filho! – A pequena senhora gritava em meio ao riso.

- Que saudade da minha mamãe! – Eu falei quando finalmente a coloquei no chão encarando seu olhar ao mesmo tempo confuso e eufórico.

- Eu estava morrendo de saudade de você, minha batatinha! – Me puxou para um abraço ainda mais apertado, depois pareceu se dar conta de algo e disse – mas você veio tão de repente e sem avisar… por acaso aconteceu alguma coisa?

Ela era realmente esperta de uma forma que só as mães conseguem ser.

- Eu preciso de uma desculpa para querer ver meus pais? Eu quero carinho, oras! – Não podia dizer a ela que estava ali em busca de carinho e cuidado depois de ter sido enganado.

- Porque você não nos ligou? Eu podia ter pedido ao seu pai para te buscar na rodoviária, e… aliás como você veio até aqui, Baekhyun? – sua voz ganhou um tom de preocupação.

- Ah! Eu não queria preocupar vocês, mãe! Então eu pedi uma ajudinha ao Sehun! – Entortei o corpo para um dos lados para que ela pudesse ver o outro, que ainda estava a frente da casa, escorado na caminhonete velha.

- Obrigada, Hunnie! - Mamãe dirigiu a ele um sorriso bondoso. – Vamos entrar?

- Mulher é o Sehun que tá aí? Manda ele entrar pra gente jogar uma bisca! – Papai gritou novamente de dentro da casa.

- Diga a ele que terei que recusar, ok? – Sehun disse risonho – Mamãe me mata se eu não chegar em casa logo – O rapaz começou a se aprontar para entrar no carro novamente e voltar pra sua casa.

- Obrigada! – Falei acenando para ele quando a caminhonete começava a dar partida, mamãe também acenou enquanto me puxava em um abraço.

Entramos os dois na casa sem que minha mãe desgrudasse de mim, e eu estava muito agradecido porque de alguma maneira que não se é possível explicar, o toque dela era reconfortante e eu sabia que ela me protegeria de qualquer coisa. Mamãe era o meu porto seguro.

Tudo naquele lugar fazia com que eu me sentisse menos triste e acolhido, aos poucos as memórias da humilhação que sofri iam indo embora da minha mente pela primeira vez no dia. Eu olhava os porta retratos que mostravam fotos em família, uma foto minha quando ganhei meu primeiro prêmio na feira de ciências, uma outra foto onde eu aparecia abraçado com Kyungsoo em que devíamos ter no máximo uns oito anos… Era bom estar em casa, era bom estar ali em contato com as minhas raízes para de alguma forma talvez me conectar comigo mesmo e redescobrir os sonhos que me fizeram querer voar mais alto.

Chegamos os dois na sala onde meu pai assistia ao seu telejornal, ele estava de costas e de onde eu estava, tudo que conseguia ver era o alto de sua cabeça, onde poucos fios ralos de cabelo estavam.

- Eu não sou Sehun, mas aposto que te venço na bisca!

Papai se assustou com a minha intervenção inesperada e quase caiu da poltrona em que estava quando tentou virar em minha direção. O homem magro e alto abriu um grande sorriso quando me viu.

- Baekhyun! Vem cá meu filho – papai não era muito de abraços, mas me abraçou tão forte que quase senti minhas costelas estalarem – Mas que saudade do meu bebê cinematográfico!

Bebê cinematográfico, sim, isso mesmo! Meu pai tinha mania de chamar as pessoas de formas bastante peculiares. Ele me livrou do abraço apertado e depois me lançou um olhar minucioso que me percorreu de cima a baixo.

- Você tá muito magrelo, Baek! – Ele disse ao fim de seu exame apurado – aposto que você e Kyungsoo vivem a base de ramén.

- Onde está o meu irmão? – Perguntei curioso.

- Tá na casa da namorada! – Papai falou meio desanimado – Inclusive quero saber qual dos dois vai me dar netos primeiro.

Meu irmão já namorava a mesma garota há anos, por mim ele que se casasse logo e desse netos ao meu pai porque se dependesse de mim…

 

***

 

O resto da noite correu bem, milagrosamente eu não me lembrei de Park Chanyeol por cerca de duas horas em que estive muito ocupado curtindo minha família. Com eles eu sabia que nada de ruim me atingiria. A comida de minha mãe era mesmo maravilhosa, Kyungsoo até cozinhava bem quando resolvia tentar coisas na cozinha, mas minha mãe era inigualável e provar de sua comida mais uma vez quase me fez cogitar nunca mais voltar para a capital.

Papai e eu jogamos bisca e ao contrário do que eu esperava, ele me venceu todas às vezes. A vida tem dessas coisas né? Nem no baralho eu conseguia me destacar mais. Mamãe me entupiu de perguntas sobre a vida, sobre as aulas, sobre Kyungsoo e sobre namoradas, esse ultimo assunto me fez me sentir um pouquinho mal, mas logo ela quis saber de alguma outra coisa e minha mente se ocupou mais uma vez.

Quase ao fim da noite eu liguei para Kyungsoo para especificar para ele onde eu estava e dizer as minhas razões para voltar pra casa. Tive que aguentar seus gritos e puxões de orelha por ter o deixado preocupado, mas ao final ele acabou concordando que essa era uma ótima saída e que era bom ficar em casa por uns tempos. Aproveitei para dizer a ele que a qualquer um que perguntasse a ele – menos Junma é claro – sua resposta devia ser enfática: Baekhyun sumiu. E pressupondo que em minha ausência Jongin praticamente moraria em nosso apartamento, pedi encarecidamente que não usassem a minha cama para nenhum propósito libidinoso.

 

Naquela noite eu fui cedo para a cama – pelo menos antes que meus pais, mas eu tinha um motivo: sentia saudades do meu quarto. Meu quarto em Seoul era legal, mas não era nada se comparado ao que eu tinha em casa: um paraíso geek, um paraíso só meu.

O quarto era cheio de posters na parede onde se podiam ver cartazes dos filmes que eu amava, desde clássicos como E o vento levou e Psicose até Star Wars, Harry Potter e Senhor dos Anéis. Quando me deitei em minha cama eu não dormi rapidamente, apenas fiquei ali olhando as paredes e o teto. Eu olhava os filmes e tudo aquilo me fazia pensar em todos os meus sonhos e em todas coisas que almejava antes de iniciar a faculdade. Eu sonhava em um dia ter meu nome estampado em um cartaz de um filme bem sucedido, como diretor…

Eu sempre acreditei que fosse capaz de qualquer coisa desde que eu acreditasse nela, e sempre lutei muito para conquistar tudo que tinha, mas por alguma razão ali, naquele quarto olhando para o que parecia ser um retrato dos sonhos de Byun Baekhyun, pela primeira vez em muito tempo eu me dei conta de que talvez não fosse bom o suficiente.

Byun Baekhyun: saiu de sua cidade em busca de seus sonhos e agora voltava pra casa mais fracassado do que nunca.

Foi então que o choro veio, tão forte que eu não ousei tentar conter as lágrimas e elas fluíram rápido. Então para sofrer mais ainda minha mente me fez lembrar de tudo que havia acontecido mais cedo naquele dia, desde os vídeos exibidos, a minha raiva, a vergonha, e a sensação que agora me inundava forte novamente: a de não ser bom o suficiente para tudo aquilo que sonhei.

Meu choro se tornou alto e mesmo que eu tentasse conter, não era possível. Uma frase ecoava em minha cabeça sem parar: você não é bom o suficiente!

Ouvi alguém abrir a porta, mas nem me movi, continuei chorando compulsivamente deitado em minha cama, apenas tentei enxugar as lágrimas com as mãos, mesmo que isso não ajudasse muito.

Era a minha mãe.

Eu sentei na cama para tentar me recompor para que ela não se sentisse preocupada em me ver daquela forma, mas os atos dela me surpreenderam.

Ela me abraçou forte e sem dizer palavra alguma, iniciou uma série de carinhos em meu cabelo me mantendo junto ao seu peito, o que me fez chorar ainda mais, perdido em meio às lembranças do que havia acontecido.

- Mãe, eu senti tanto a sua falta… - Falei confuso em meio as lágrimas.

Ela não me olhou, mas ainda assim secou o rastro de lágrima em meu rosto com um de seus dígitos, e depois disse:

- Eu também, meu amor! Vai ficar tudo bem.

Suas palavras se seguiram de um silêncio onde só o meu lamento pôde ser escutado, depois minha mãe começou a cantar uma canção de ninar antiga ao mesmo tempo em que me acalentava com suavidade em seu colo.

E eu fui me acalmando.

O canto de minha mãe foi me confortando e eu fui aos poucos me esquecendo da dor, deixando que a voz dela me inundasse e em algum momento no meio daquele meu choro triste eu dormi a ouvindo cantar.

Seu canto calou meu choro.


Notas Finais


e ai, morecos?
eu confesso pra voces que esse tipo de cena me deixa balançada, mas o baek precisava disso sabe? os pais vao cuidar dele...

E SEHUN? AI MEU PAI

Tem uma musica que eu queria que vocês ouvissem porque influenciou muito o processo de escrita dessa parte mais triste de lumi, que é blind do trax, link aqui: https://www.youtube.com/watch?v=y2oM2Seh2SE

E pra quem gosta de musica, fique ligado que vai rolar a ost de lumiere hahahaah

Ah gente eu amei e surtei tanto com os quase 40 comentarios no ultimo capitulo... EU AOS POUCOS VOU REPONDER TODOS, OK?

Muito obrigada!
Amo vocês!

lut @baekonda


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