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História Lumière - A Fábrica de Ideias


Escrita por: lunevile

Notas do Autor


Bom dia gentes!
Há tantas coisas que eu queria dizer aqui: primeiro meu agradecimento aos 700 favoritos nessa fanfic que nasceu como uma loucura minha e que agora é de todo mundo que curte e acompanha. O comentários são muitos e eu estou respondendo aos poucos,ok?
Esse capitulo atrasou porque ontem não tive muito tempo pra acrescentar nada a ele então ele esta saindo agora num domingo de manhã. Espero que leiam e amem e comente etc etc etc.

OBS: Minha cabeça está doendo bastante e eu preciso sair daqui a pouco então não revisei. Desculpem-me e me comuniquem caso encontrem erros.

Capítulo 15 - A Fábrica de Ideias


Fanfic / Fanfiction Lumière - A Fábrica de Ideias

O vento fresco tocava a minha face e eu sentia um cheiro delicioso de flores ou algo parecido pairar no ar. Estava sentado sozinho em um banquinho de madeira estrategicamente posicionado a frente de uma bela vista. Meus pés estavam descalços e embaixo deles eu podia sentir areia um pouco quente.

A minha frente havia um por do sol magnífico e a imensidão do mar calmo ao fim de tarde. O céu era de um lilás que as vezes pinta o firmamento em dias de outono. Eu me sentia vivo e leve.

Tive vontade de deitar na areia daquela praia e o fiz. Deitei livre no solo airado e quente e fechei os olhos mais uma vez, como se esperasse ser engolido pela atmosfera tropical e simplista.

Byun Baekhyun é um cara de sorte! Veja onde ele chegou! Byun Baekhyun tem absolutamente tudo que um jovem em sua idade poderia desejar em seus dias de glória. Tinha uma família forte que sempre iria o amparar, amigos com quem podia contar em todas as horas, uma possível carreira em ascensão no ramo de produção de filmes, e além disso, tinha um namorado. E não um namorado qualquer. Byun Baekhyun tinha o melhor dos namorados.

Então abri meus olhos e olhei para o meu lado, onde ele descansava em todo o seu resplendor. Tateei pela areia até encontrar seus dígitos e entrelaçar minhas digitais nas dele.

- Eu te amo, Byun Baekhyun. – Ele falou me pegando de surpresa.

Apenas sorri.

- Eu te amo, Byun Baekhyun. – Ele repediu se aproximando um pouco mais para acariciar meu rosto.

Imitei seus atos e estendi minha mão para tocar-lhe a ponta do nariz e então em um passe de mágica não estávamos mais na praia paradisíaca e sim em uma sala repleta de computadores.

Ainda mantendo o seu olhar, estreitei meus globos oculares, pois a face dele me parecia cada vez mais turva e inalcançável ainda que estivesse ao alcance de minhas mãos.

- Por que? – Perguntei a ele e minha voz ecoou no recinto vazio e eu senti como se o eco estivesse me devolvendo a mesma indagação que havia feito.

- Eu te amo, Byun Baekhyun. – Sua voz mecânica repetiu aquelas palavras mais uma vez e algo em mim se moveu para retribuir o carinho em forma de palavras.

Porque era verdade apesar de tudo.

Mesmo que eu quisesse negar, era verdade.

- Eu te amo, Park Chanyeol. – Falei ainda olhando para ele.

Mas então como um truque de magia suas feições se tornaram maléficas e ele me empurrou para longe.

E eu fui caindo.

Caindo.

Até que um flash de uma câmera me despertou de volta à luz e eu vi que Chanyeol me fotografava ao mesmo tempo em que soltava uma gargalhada fria e ao mesmo tempo estridente. Quando tentei me mover, percebi que minhas mãos e meus pés estavam presos, amarrados de alguma forma.

Comecei a ouvir risos fortes e vozes que em meio a eles gritavam pelo meu nome e me hostilizavam de diversas maneiras.

Tentei gritar, mas então percebi que também havia algo que me impedia de falar, algo que vedava a minha boca e impedia que minha voz fosse ouvida pelos meus acusadores. Eu sabia que havia dor em alguma parte do meu corpo, mas não conseguia distinguir de onde ela vinha.

Chanyeol ria ainda mais alto e apontava seu dedo indicador para mim como se eu fosse um palhaço no picadeiro de um circo. Não eu não era um palhaço, mas era uma piada. Alí, imóvel, incapaz, vulnerável e fraco diante daqueles que me machucaram, eu era uma piada.

E não havia mais nada a ser feito.

Chanyeol me fotografou mais uma vez antes de me empurrar em direção ao abismo e eu senti a escuridão se apossar de mim mais uma vez. Eu me sentia ligeiramente tonto e enjoado, mas não pude fazer nada enquanto continuava em uma queda livre infinita.

Eu fui caindo.

E caindo.

Com um nó preso em minha garganta.

Caindo.

E lágrimas nos olhos.

Caindo.

 

***

Um baque. Acordei no susto.

Tudo estava como deveria estar. Eu estava onde deveria estar. Na minha cama, no meu quarto, na casa de meus pais onde estava nos últimos dias. Eu já estava há alguns dias no interior, e esse era apenas um dos vários pesadelos que tive com Park Chanyeol.

Já era rotina que a imagem daquele infeliz aparecesse para mim em forma de sonho e me fizesse acordar desesperado e suando como um porco. Minha mãe sempre dizia que os sonhos eram uma forma que a nossa mente encontrava de dizer algumas coisas pra gente mesmo, e eu meio que acreditava porque meu cérebro estava certíssimo em enfatizar nos meus sonhos o quão canalha Park Chanyeol havia sido.

Levantei da cama de uma só vez, totalmente disposto a ignorar aquele sonho idiota e ignorar também a existência daquele imbecil que havia me enganado, afinal aquele era o maior propósito de passar um tempo com a minha família. Meu celular fora desligado no dia em que cheguei e assim permanecia, porque eu queria estar fora de área para Chanyeol e tudo estava funcionando exatamente como eu queria. Vez ou outra, Kyungsoo me telefonava para falar de como andavam as coisas na cidade e isso era apenas o que eu precisava.

Kyungsoo entendia que não se devia mencionar o nome você-sabe-quem nas conversas e por isso tinha muito cuidado com o que dizia a mim ou não. Mas é claro que em alguns momentos ele também se deixou levar – provavelmente influenciado por idéias de Kim Junmyeon – e se pegou tentando defender você-sabe-quem, me dizendo que havia coisas das quais eu não sabia, mas que deviam pesar em minha escolha.

Mas eu não queria ouvir nada que Chanyeol tivesse para me dizer pois ele teve sua chance e desperdiçou. Enfim.

Acho que estava conseguindo manter minha mente ocupada enquanto estava com minha família. Nossa casa estava sempre cheia, era sempre possível ouvir uma boa conversa e risadas. O clima era bom e por isso eu quase não pensava nos problemas, além disso eu havia redescoberto em Oh Sehun a grande amizade que tínhamos em nossa infância, ele era uma boa pessoa, um companheiro de aventuras. Todo dia ele me levava para conhecer algum lugar das redondezas e mesmo sendo aquela uma pequena cidade do interior, Sehun a fazia ser o local mais divertido do planeta.

Tomei um banho rápido do banheiro que eu havia implorado aos meus pais para que fosse construído no meu quarto. Meu quarto era meu pequeno mundo e durante a adolescência, ter um banheiro ali significava a minha total independência dos outros cômodos da casa.

Havia algo no ambiente que me fazia ficar feliz mesmo acordando de um pesadelo. Algo no ar me fazia estar sempre bem disposto, talvez fosse em razão do silêncio que apesar de não ser algo constante na minha casa, era algo possível de se encontrar ali em alguns momentos do dia.

Desci rapidamente para o primeiro andar da casa, guiado por um cheiro inconfundível de pão e café, que mamãe tinha o cuidado de preparar todo dia. Quando cheguei a cozinha me deparei com a vasta mesa de café da manhã que compartilhávamos todos os dias. Se tinha algo que me era certeza nesses dias em casa era o meu ganho de peso de tanto que eu estava comendo.

Meu pai não estava por ali e minha mãe avisou que estava em algum canto da propriedade fazendo uns serviços agrícolas. Eu sempre tinha assunto com minha mãe, conversávamos sobre várias coisas o tempo todo, e cada pedacinho do dia que eu passava ao lado dela era precioso.

Depois de terminada a minha refeição, fui em direção aquele que nos últimos dias estava sendo o meu maior refúgio e terapeuta: o piano velho que ficava em um dos cantos da sala de nossa casa. Em Seul eu não cosntumava tocar piano com frequência e por isso minhas habilidades precisavam ser exercitadas para que voltassem a atingir seu nível ótimo.

Eu sempre gostei de música e tocar sempre era algo que me relaxava, me impedia de pensar apenas nos problemas. Era como mágica. Meu mundo era a música que minhas mãos tocavam e enquanto eu tocava os problemas se silenciavam para que a musica ecoasse por todo o meu corpo.

O único problema é que estar ali a frente das teclas brancas de marfim do piano só me lembrava Park Chanyeol. Mas, mesmo que o racional a se fazer diante disso fosse evitar o piano, eu era bastante masoquista nesse sentido e só tocava mais. Todos os dias eu passava horas no piano. Minha mãe adorava me ouvir tocar, às vezes ela me acompanhava em algum dueto simples, às vezes ela apenas sentava e apreciava a música e em algumas outras vezes ela se atinha aos seus afazeres em quanto ouvia a melodia do piano tomar a casa e cantarolava alguma coisa junto a ela.

Naquela manhã em especial me sentei de frente ao piano decidido a tocar algo que fizesse sentido para mim naquele momento da vida. Pensei em todas as trilhas sonoras de filmes que eu conhecia, mas uma musica em especial ecoou em minha mente e eu torci para que me lembrasse da sequencia de notas e conseguisse toca-la.

Once upon a dream é de longe uma das minhas músicas preferidas, desde que assisti A Bela Adormecida quando era bem pequeno. Eu gostava tanto daquela música quando era menor que minha mãe costumava canta-la para me fazer dormir. E é uma melodia muito bonita, inspirada no balé “A Bela Adormecida” de Tchaikovsky.

Mamãe se posicionou em pé ao meu lado quando comecei a tocar a música que era tão bonita e nostálgica que mesmo que minhas mãos continuassem fazendo as notas fluírem a minha mente voou para longe, para uma realidade outra onde eu era a princesa Aurora e podia dormir por dias ou meses até que o pesadelo acabasse. Mas a vida não é um conto de fadas e eu também não sou uma princesa…

Ouvi a campainha de a casa tocar, e estremeci porque mesmo que eu soubesse que essa era uma das possibilidades mais remotas, meu coração bobo não pode deixar de acreditar que talvez pudesse ser Chanyeol, vindo ao meu encontro. Isso acontecia toda a vez que eu ouvia alguém chegar. Como sempre é de se esperar de Byun Baekhyun, eu estava dividido entre querer Chanyeol apesar de tudo que ele havia feito e não querer vê-lo nem pintado de ouro.

Esses pensamentos me ocupavam tanto que eu nem ouvi quando minha mãe chamou meu nome. Ela teve que gesticular algumas vezes e me sacudir um pouco para que eu parasse de pensar na vida e levantasse o olhar, que antes repousava sobre o belíssimo piano.

Quando eu finalmente levantei a cabeça dei de cara com minha mãe e Oh Sehun.

- Tocando piano, Baekhyun? – Sehun se escorou no instrumento velho e com a outra mão jogou os fios do cabelo para o lado. Típico dele.

Não to tocando piano não, seu imbecil, to aqui apenas contando a quantidade de teclas brancas e pretas. Sehun fazia cada pergunta!

- É! – Respondi rápido e talvez seco demais para a situação.

- Meninos, eu vou deixar vocês! – Mamãe falou se encaminhando para outro cômodo – Fica a vontade também, Sehun.

 

Depois que minha mãe deixou o recinto, Sehun se sentou no banquinho a frente do piano, bem ao meu lado.

- Quero te levar a um lugar! – Ele pressionou teclas aleatórias do piano fazendo um tom constante e grave invadir o ar.

- Que lugar? – Perguntei curioso.

- Não vou falar! – O outro fez biquinho – Vai ter que pagar pra ver.

Se essa proposta fosse feita em qualquer outro momento ou em qualquer lugar, eu recusaria facilmente por odiar suspenses ou surpresas. Mas Sehun tinha algo que eu admirava: ele era um espírito livre, alguém que exala aventura. Eu devia muito a ele por estar me ajudando a segurar a barra da vida. Sehun me fazia acreditar que qualquer coisa era possível desde que eu quisesse. Ele era destemido e eu queria ser desse jeito.

Por isso me levantei prontamente.

- Vamos!

Sehun riu.

- Não esperava uma resposta tão rápida, Byun. – Sehun falou enquanto se levantava e assumia um lugar a minha frente.

Ele era bem mais alto que eu e parecia gostar disso e enfatizar a nossa diferença de altura em todos os momentos. O loiro levou uma das mãos ao todo da minha cabeça e bagunçou meus fios como sempre fazia. Eu me desvencilhei dele, mas ele foi rápido e me prendeu em um abraço que gostaria de definir como constrangedor.

Sehun e essa mania insistente de encostar nas pessoas sem aviso.

Mas pude notar que ele era cheiroso, muito cheiroso.

Disse a ele que iria até meu quarto me arrumar para sair e ele obviamente riu da minha cara porque se arrumar não era algo que ele costumasse fazer. Enquanto eu subia as escadas ele me pediu encarecidamente que levasse a minha câmera comigo para o tal passeio, porque precisaríamos dela. Por qual razão precisaríamos da câmera? Onde estaria ele me levando?

Essas perguntas não foram respondidas nem mesmo quando eu já estava pronto em frente à casa olhando Sehun todo de preto montado na moto sob um calor escaldante. Os emo-góticos desenvolvem o super poder de usar preto sem sentir calor né? Eu podia jurar que no guarda roupas de Sehun só havia peças negras, inclusive eu colocaria minha mão no fogo com a certeza de que até as cuecas dele são todas pretas.

- Tá esperando o que pra montar? – Ele me perguntou ao mesmo tempo em que colocava óculos escuros.

- Eu não vou montar na sua moto! – Falei enfático com as mãos nas cinturas.

- Claro que vai. Ou você pretende ir andando até o centro da vila?

- Te falei que não ando de motos.

- Olha, se o seu namoradinho te deixou traumatizado por causa de uma moto, não é problema meu. – Sehun falou ajeitando um pouco os óculos e depois virou a cabeça em minha direção – Ou você é um covarde?

Ele podia me chamar de qualquer coisa – menos de covarde. Então lancei a ele um olhar desafiador e subi na moto antes que mudasse de ideia. Eu e minha mochila estávamos com saudades de estar em cima de uma motocicleta. Ele acelerou só uma vez e eu tremi.

- Sehun, cadê os capacetes?

O outro apenas deu uma gargalhada estrondosa antes de acelerar de vez rumo a estrada que nos levaria ao centro da vila. Mesmo que andar de moto fosse algo que automaticamente me fizesse penar em coisas – e pessoa que eu queria esquecer - eu ainda conseguia perceber o quanto aquela sensação era maravilhosa, pois me fazia sentir livre como um pássaro.

 

***

Estar ali com Sehun era diferente de andar de moto pela cidade. No campo, o ar parece mais limpo e fresco que há menos barulho do que na capital. Me permiti voar através da mente e não pensar em nada enquanto a moto seguia pela estrada. Estava tão aéreo que nem percebi quando chegamos ao centro da cidadezinha que eu conhecia como a palma da mão.

Cada local ali me evocava lembranças: o pequeno supermercado da vila, a igreja que ficava bem na rua principal onde sempre havia festinhas de fim de ano, a praça enorme onde crianças brincavam enlouquecidas... de todos os lugares que passamos Sehun escolheu guardar apenas um olhar não se atendo em nenhum deles, mas quando ele subiu com a moto por uma pequena ladeira cheia de casas grandes e jardins floridos eu soube de cara qual era o nosso destino.

- Lembra da escola? – Ele falou após uma pequena curva que nos colocou de frete para o grande prédio de paredes amarelas.

Sehun parou a moto e nós descemos dela com cautela. Fiquei parado observando aquela grande construção deixando que as memórias tomassem conta de mim naquele momento. Com certeza eu me lembrava daquele lugar. Em nossa cidade só havia uma escolha onde alunos do ensino fundamental e médio se misturavam. Todo mundo se conhecia... era ótimo. Foi ali naquele lugar que minha amizade com Kyungsoo se tornou real, foi ali que conheci Sehun, foi ali que conheci a minha primeira namoradinha...

- Pensando na Soojung, né seu safado? – Sehun me deu um tapa forte nas costas que quase me fez ser arremessado à uma distância considerável.

- Não só nela! – Falei nostálgico demais para revidar a agressão.

- Byun Baekhyun pegador, como sempre só pensa em namorar!

Ah, se ele soubesse.

Sehun percebeu que eu não falaria nada e então seguiu com seu monólogo.

- A escola não funciona mais aqui e esse espaço foi desapropriado há alguns meses, mas eu e alguns caras influentes da cidade conseguimos uma autorização da prefeitura para fazer desse espaço uma Fábrica de Ideias...

- Fabrica de Ideias? Como assim? – Parecia interessante e eu definitivamente queria saber mais.

- É bem simples! Se você tem uma ideia vem até esse espaço e pode colocar em prática. Tem todo tipo de arte sendo feita ai dentro. – A voz de Sehun foi se tornando cada vez mais baixa enquanto ele encarava o prédio – Vem! Vou te mostrar!

Sehun seguiu pela velha escada que ficava na entrada da construção e eu o segui curioso demais para contestar alguma de suas palavras. Pela escada adentramos ao prédio que em seu anterior permanecia bastante similar à época em que era escola. Eu via algumas pessoas andando sorridentes pelo corredor e ao fim dele, eu tinha uma visão do grande pátio que usávamos para brincar, espaço que agora era ocupado por várias crianças posicionadas cada uma de frente para uma tela de pintura, que iluminavam com seus pequenos tubos de tintas. A cena me encheu de uma felicidade rara nos últimos dias e eu quis descer para ver aquele trabalho mais de perto.

Olhei para Sehun como se esperasse algum tipo de autorização e ele apenas me dirigiu um aceno de cabeça: sinal positivo. Havia uma rampa que ligava o corredor onde estávamos até o espaço externo que seria o meu destino. No caminho vi que havia várias outras salas onde outras idéias aconteciam simultaneamente: em uma sala eu podia ver pessoas se movimentando ao som de um balé clássico, em outra um grupo parecia debater um texto, e em uma ultima sala um homem ensinava a umas senhoras os primeiros acordes no violão.

Eu estava achando tudo aquilo maravilhoso.

Mais alguns passos e eu finalmente atingi o pátio externo onde as crianças felizes pintavam suas telas com as mais variadas cores. As árvores altas do local onde na infância eu fazia meus períodos de recreio escolar continuavam ali, e dessa vez serviam como sombra para as criancinhas e suas belas obras de arte. Aquela cena era tão bonita que merecia ser registrada de alguma maneira.

Me abaixei e coloquei minha mochila no chão para pegar a câmera que estava dentro dela, com certeza as fotos que tiraria ali ficariam ótimas, e eu adoraria produzir minhas próprias idéias naquele espaço...

- Quem é vivo sempre aparece! – Uma voz feminina falou me fazendo cambalear ainda agachado.

Me virei rapidamente em direção a voz e mesmo depois de tanto tempo, a visão daquela garota ainda fazia alguma coisinha em mim formigar.

- Soo... Jung!

- Baekhyun! – Ela me ajudou a ficar em pé e eu pude perceber que ela não havia mudado nada. Continuava linda e gentil da mesma forma.

Soojung havia sido a minha primeira namorada. Eu gostava dela desde que tinha dez anos e só na oitava série tive coragem de me declarar, porque na minha cabeça ela combinava muito mais com o Kyungsoo do que comigo. Nós terminamos mais ou menos um mês antes de eu tentar o vestibular porque acabamos nos dando conta de que éramos muito mais amigos do que namorados. Fazia quase uma no que eu não a via, e tudo que eu sabia sobre ela é que estudava Arte. Meu sorriso para ela foi totalmente sincero. Ela me trazia boas lembranças.

- Como vai a vida na cidade? – Ela perguntou com um sorriso largo estampado no rosto.

- Tão ruim que fugi de lá! – Eu ri, ela e Sehun riram também. Mal sabiam eles que essa era a verdade nua e crua.

- O que você anda fazendo? – Os olhos dela foram da mochila até a minha câmera como se procurassem por pistas.

- Nada de bom.

Então a ideia veio como um click em minha mente.

- Na verdade, estou trabalhando em um projeto que tem como objetivo principal perguntar às pessoas sobre o que as move a viver.  – Falei rápido demais quase atropelando as palavras.

- Você não tinha me falado disso... Podíamos ter vindo aqui antes. – Sehun estava inquieto como sempre.

- Uau! Que ideia legal, Baek! – Soojung falou parecendo realmente empolgada – Em uma sociedade violenta e hipócrita como a que vivemos, é o amor que deve mover as pessoas. Coloque isso no seu trabalho.

Pobrezinha! Ela acredita nessa coisa de amor? Eu podia sentar ali naquele chão e contar a minha história de dor para ela, para alertá-la sobre as ciladas desse tal amor, mas seu sorriso era tão brilhante que eu preferi poupa-la do meu sofrimento. Apenas sorri de volta.

- Acho que o trabalho feito aqui tem tudo a ver com isso... – Dei uma conferida ao redor – Posso fotografar?

 

***

 

Primeiro foram fotos, depois alguns vídeos e por fim acabei por almoçar ali mesmo, situação que me proporcionou conversas longas e proveitosas com participantes daquele projeto. Desde crianças, jovens adultos e idosos, todos unidos com o mesmo objetivo: produzir arte. A tarde passou mais rápido do que pensei e eu fiz questão de conhecer cada pedacinho daquele local, e cada pessoa que participava dele.

Já era noite quando nos despedimos de Soojung e dos outros voluntários da Fábrica de Ideias para finalmente voltar para casa. Refizemos todo o caminho de volta na moto em alta velocidade e o vento da noite já era frio fazendo a sensação de liberdade ficar ainda mais intensa.

Senti saudades da Labareda, e me senti um traído por estar montando em outra moto que não fosse ela. Pobre Labareda, não tinha culpa do dono desgraçado que tem.

 

***

 

Quando Sehun finalmente parou a moto em frente a minha casa, um turbilhão de pensamentos tomou conta de mim e eu fiquei pensando na iniciativa da Fabrica de Ideias e no monte de coisas legais que se fazia naquele espaço... aquilo era genial. Depois pensei em Sehun e no dia maravilhoso que ele havia me proporcionado, ele tinha um feeling para a arte, se não era pouco provável que me levasse até lá... Sehun era um cara misterioso demais. O que será que ele queria da vida, afinal?

- Obrigado pelo passeio, Sehun. – Foi a minha vez de erguer as mãos para bagunçar os fios do cabelo dele.

- Por nada!

Havia algo me intrigando, e pensei que aquela talvez fosse a hora perfeita para pergunta a Sehun sobre aquilo.

- Posso te perguntar uma coisa?

- Claro! – Ele respondeu em um tom educado enquanto sorria para mim.

Não havia uma forma delicada de perguntar então eu apenas perguntaria da forma que conseguisse, então fui bem direto.

- Porque você ficou me ligando todas aquelas vezes?

Sehun riu baixinho e depois ficou um tempo em silêncio, tempo esse em que fiquei me perguntando se ele estaria ou não magoado ou com raiva de mim em razão da minha pergunta direta sem cerimônias.

- Ah, isso! – Ele ficou em silêncio como se escolhesse bem cada palavra que diria e então começou a dizer finalmente – Bem, eu prestei vestibular para uma faculdade perto da sua, e meus pais concordaram em pagar para mim. – Ele me olhou sorrindo e eu me senti orgulhoso do pequeno grande Oh Sehun. – Os resultados ainda não saíram, mas eu preciso de um lugar para ficar na capital. Pelo menos até conseguir um emprego.

- Você pode ficar lá em casa, é claro que pode. – Obvio, eu teria que conversar com Kyungsoo sobre isso, mas ele aceitaria no final.

- Sério, Baek? – Ele sorriu o que deixava seus olhos ainda menores – É provisório, e eu posso ajudar com as despesas da casa.

- O que você vai estudar, Hunnie?

- Fotografia… - Ele falou meio reticente olhando pro chão. – Por isso te pedir para levar sua câmera hoje cedo, queria ver como você tira fotos.

- Sehun! Você tem que me mostrar suas fotos!

Algo em mim parecia ter total certeza de que ele era ótimo, principalmente por ele ser como é: livre, decidido do tipo que faz loucuras.

- Não são boas como as suas, Byun! – Ele falou colocando uma de suas mãos sobre o meu ombro. – Eu te invejo.

Eu já ia respondê-lo quando meus pais surgiram pela porta principal da casa, vestindo trajes de festa: papai de terno e gravata e mamãe toda produzida em um vestido longo e cor de rosa.

- Posso saber aonde os dois vão? – Perguntei fingindo um tom autoritário.

- Vamos dançar! – Mamãe falou depois de depositar um beijo em minha testa.

- A associação de moradores da vila vai promover uma festinha em comemoração à colheita… sabe como é, né? Uma desculpa para sacudir o esqueleto. – Meu pai falou enquanto sacudia os quadris de um lado para outro.

- Se cuidem! – Minha mãe passou por mim e lançou um olhar misterioso a Sehun. Não entendi bem o que ela queria dizer.

Rapidamente os dois já estavam dentro do carro e já partiam me deixando ali sozinho com Sehun. Nós dois nos encaminhamos para a escadinha que levava a varanda de casa, e sentamos ali para dar continuidade a nossa conversa.

- Ir para a capital vai ser bom pra você Sehun. – Falei brincando com duas pedrinhas que havia encontrado no chão. – Você vai conhecer pessoas ou até mesmo encontrar um amor…

Porque foi mesmo que eu disse isso afinal?

- Eu já tenho um. – Sehun mantinha a cabeça em direção ao chão e falou tão baixo que eu quase não consegui entender suas palavras.

Ai meu Deus! Será que ele estaria falando de mim? Eu fiquei meio atordoado com a possibilidade e nãoconsegui dizer nada a ele, que pareceu ter percebido o meu choque, pois continuou dizendo:

- Você andou de moto sem capacete e não morreu, viu Byun? – Ele finalmente me encarou.

- Estou gostando dessa vida sem regras! – Ri olhando para Sehun que me retribuiu com um sorriso – Quero cometer mais loucuras como essa!

Eu estava falando super sério, mas não esperava que ele já fosse me fazer propostas ali naquele momento.

- Então você quer fazer uma loucura? – Uma das sobrancelhas dele se levantou e por alguns milésimos de segundo eu hesitei em responder.

Se tinha uma coisa que me incomodava em mim era esse meu jeito por vezes certinho demais. Eu sabia que essa havia sido uma das principais razões para Chanyeol ter me enganado, e ter feito o que fez: eu era bobo demais, correto demais e previsível demais. Uma presa fácil.

Em toda a minha vida houve possibilidades de ousar, de fazer algo inesperado, de ir contra as regras e eu recusei porque sou um cidadão modelo. Mas havia algo no olhar de Sehun que me instigava e incitava a aceitar sua proposta mesmo que estivesse no escuro quanto aos seus planos e não fizesse a mínima ideia do que ele estava chamando de loucura. Será que ele já tinha algo em mente?

- O que você me propõe, menino Oh? – Perguntei no mesmo tom de mistério que ele havia usado antes.

- É segredo, Byun.

- Sem chance! – Ele era mesmo um maluco se estava pensando que eu sairia com ele sem saber o destino. Quem me garante que ele não é sei lá um integrante de uma máfia criminosa?

- Você não confia em mim? – Sehun falou estendendo uma de suas mãos em minha direção, como se esperasse por um aperto, sinal de um acordo que seria selado.

Ao mesmo tempo em que possuía uma atmosfera sedutora, misteriosa e rebelde que podia nos fazer imaginar que ele era um jovem fora da lei, havia algo nos olhos pequenos e doces de Sehun que me davam a certeza de que no fundo ele era como eu – um menino inocente do interior tentando ser alguém na vida. A carinha de gato dele e o pequeno sorrisinho que seus lábios exibiam me fizeram aceitar sua proposta. Eu cometeria uma loucura com Oh Sehun e tinha que admitir que estava bastante ansioso por isso.

Apertei as mãos do outro e o seu sorriso se alargou ainda mais enquanto ele usava toda a sua força para comprimir minha mão em um aperto exagerado que pareceu fazer meus ossos estalarem.

- Você não vai se arrepender. – Seus olhos se estreitaram e eu quase tive a certeza de que havia me metido em um grande problema.

- Diga logo o que faremos! Fale que loucura é essa antes que me arrependa. – Falei me desvencilhando do seu aperto de mão.

- Calma aí, Baek! Eu falei que é surpresa!

Sehun me deu alguns minutos para voltar em casa e me arrumar, porque segundo ele próprio a nossa missão da noite pedia por trajes discretos. Ele ficou a minha espera a frente da casa enquanto eu subi ate meu quarto procurando algo que imitasse suas roupas: negras e justas. Acabei por escolher um jeans escuro e justo demais nas coxas acompanhado por uma jaqueta de couro velha.

Estava tão animado que fiz tudo as pressas e desci correndo pelas escadas a ponto de quase tropeçar. Eu nem ligava de ter que andar de moto mais uma vez. Eu sentiria o vento na cara e aquilo me ajudaria a não pensar em nada.

Mal podia esperar para fazer a tal loucura com Sehun, então passei correndo pela porta e ele já me olhava sorrindo montado em sua moto quando ouvi o telefone de casa tocar. Aquele telefone quase não recebia ligações, por isso o barulho alto e repentino me fez saltar de susto.

Sehun riu.

A principio pensei em não atender, mas depois lembrei que meus pais estavam na tal festa da associação de moradores e me senti preocupado. Recuei para dentro de casa e fiquei em frente ao telefone, se ele tocasse mais uma vez eu atenderia.

E ele tocou como um grito estridente na casa escura.

Atendi.

Silêncio.

- O-oi… - Foi tudo o que consegui dizer. De onde eu estava era possível ver Sehun,escorado em sua moto do lado de fora da casa.

Eu morri e renasci mais ou menos umas quatrocentas vezes antes de ouvir uma resposta. Quem quer que fosse a pessoa do outro lado da linha, esse alguém devia gostar de me fazer sofrer porque enquanto eu esperava, minha mente conspirava contra mim e elencava as várias possibilidades de desastres que podiam ter acontecido.

E era mesmo um desastre: um desastre alto de orelhas grandes e uma voz grave inconfundível.

- Baekhyun? 


Notas Finais


SOCORRO MEU DEUS DO CEU
E AGORA MENINO BAEK: ATENDE CHANYEOL OU VAI PARA A NIGHT COM O NOVINHO SEHUN???

~SUSPENSEEEEEEE~


Desculpem os erros pessoal. Tinha que postar agora porque vou sair!
Me contem o que acharam, to no twitter e na ask @baekonda

bj.
lut


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