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História Lumière - O funcionário do mês


Escrita por: lunevile

Notas do Autor


Muito obrigada pelos comentários e favoritos! No capítulo anterior eu estava agradecendo pelos 700 favoritos e hoje, uma semana depois já chegamos em 800! Muito muito obrigada, vocês são demais!

Esse capítulo será o ultimo do ano, esperam que entendam e considerem ele como um presente de natal! ♥ Devo voltar na primeira semana de janeiro.

Ah, escrevi o capítulo sobre forte influência de duas musicas: butterfly - bts e really really - aoa. Se quiserem ouvir ou mantê-las em mente, será bem legal!
Boa leitura!

Capítulo 17 - O funcionário do mês


Fanfic / Fanfiction Lumière - O funcionário do mês

Uma das coisas que eu estava apreciando mais em minha estadia no campo era a boa sensação de acordar com o canto do galo. Era sempre bom porque me dava a sensação de renovo e naquele dia em especial eu estava me sentindo revigorado. Dentro de mim eu sabia que teria que voltar para a minha vida na capital a qualquer momento, mas não era fácil porque eu sabia que estar novamente lá era ter que lidar com algumas coisas que eu preferia evitar. Vai saber quantas pessoas tiveram acesso àquele vídeo? Eu tinha que estar muito bem resolvido para conseguir lidar com os possíveis comentários maldosos...

Coloquei uma das minhas roupas mais frescas porque minha mãe havia dito que após o café da manhã nós faríamos compras no centro da vila, e eu como bom filho que era, a acompanharia porque meu irmão estaria trabalhando. Meu irmão era praticamente um nômade, eu só o via uma vez ou outra em casa, e ele passava mais tempo com sua namorada do que conosco. Eu apenas desejei que minha mãe não escolhesse justamente o mercadinho que eu e Sehun havíamos invadido no dia anterior, porque se por alguma razão eles conseguissem alguma imagem da minha pessoa cometendo aquele delito, todo o respeito que mamãe e papai tinham por mim desceria pelo ralo.

Mamãe disse que iríamos de carro até o centro e eu me senti um tanto apreensivo porque a minha carteira de motorista era meio que de enfeite, já que dirigir não era muito o meu forte, mas lá fui eu dentro da caminhonete do meu pai levar a minha mãe pra fazer compras, e era óbvio que minha mãe usaria esse tempo para uma conversa.

- Baek...

- O que foi mãe? – Minhas habilidades na direção como eu disse estavam bastante enferrujadas, então cada palavra que eu dizia era um esforço, pois morria de medo de me desconcentrar.

- Me diz filho... Porque você veio? – Mamãe disse sem cerimônia alguma.

O que eu podia dizer a ela? Podia ser “ah mãe eu conheci um cara, me apaixonei, comecei a namorar com ele e aí ele foi um idiota gravou uns vídeos e divulgou para a faculdade toda”, mas ao invés disso eu resolvi ser prático e dar a ela a resposta ensaiada que aliás era bastante convincente.

- Eu estava com saudades! – Dirigi o olhar rápido à minha mãe a tempo de vê-la erguer sua sobrancelha em desconfiança.

- Baekhyun, eu te conheço. Eu sou sua mãe.  – Que argumento baixo o dela hein – E, além disso, eu ouvi você chorar por várias noites seguidas.

- Ah! – O suspiro saiu de meus lábios antes que eu pudesse conter.

- Você sabe que te amo, e que quero seu bem não sabe? – Meu Deus! Eu definitivamente não estava preparado para um diálogo daqueles naquele momento então fiquei travado sem reação nenhuma.

Primeiro pensei que não falar nada era melhor, porque aquilo seria meio constrangedor, sabe? Não sei se minha mãe já tinha se tocado que aquilo implicava em uma nova opção sexual pra mim, e eu não sabia como ela reagiria a isso, mas depois olhei para ela, e seus olhos me transmitiam tanta calma e confiança que me senti seguro para falar.

- Mãe, eu conheci uma pessoa e...

- Chanyeol? – Apenas ouvir minha mãe dizendo aquele nome me fez saltar no assento e ela riu baixinho vendo tal cena.

- Que? – Mesmo com um grande esforço para parecer indiferente àquele nome, isso foi tudo que consegui dizer. Como a minha mãe sabia? – Mãe, eu não…

Minha voz morreu no meio da frase em surpresa, não podia imaginar como ela sabia, e nem o que exatamente ela sabia. Mas mamãe foi bem empática e percebeu que aquilo era bem difícil para mim.

- Tudo bem filho, entendo que você não queira falar disso agora, não vou pressionar.

Vou ser sincero, achei bem estranho minha mãe desistir assim tão fácil de conseguir as informações que desejava, mas também não insisti porque ela havia mesmo acertado: não queria falar dele naquela hora.

O silêncio pairou entre nós durante todo o percurso até o centro da cidade, mas minha mãe sem saber havia me feito o grande favor de trazer lembranças de Chanyeol. Eu havia deixado a cidade para não pensar nele, mas tudo me fazia lembrar da sua existência. Eu estava bastante ferrado.

 

***

 

Minha mãe disse que compraria apenas algumas coisas no mercado e eu desejei bastante que ela não escolhesse justamente aquele que eu e Sehun e eu havíamos invadido na noite anterior. Mas a vida queria zombar da minha cara porque quando passamos em frente ao tal supermercado ela fez um aceno com a cabeça indicando que eu devia entrar no estacionamento do local.

Ao contrário da cena da noite anterior onde tudo estava quieto, escuro e solitário, dessa vez havia pessoas e vários carros no estacionamento. Estacionei e desci do carro sem dar atenção ao que minha mãe estava falando, queria apenas me esconder para que a minha vida de meliante não fosse descoberta.

Entrei pela entrada principal do estabelecimento ao contrário da ultima vez, em que havia usado uma pequena porta lateral. Toda vez que algum funcionário se aproximava eu abaixava a cabeça com medo de que alguma câmera do circuito de segurança tivesse capturado uma foto da minha linda face furtando água e baconzitos. Grande loucura essa.

Minha mãe que havia ido até o supermercado comprar apenas meia dúzia de itens, era na verdade uma consumidora compulsiva, e estávamos voltando em direção aos caixas com um carrinho quase cheio. Eu já estava colocando o carrinho no vão de um dos caixas e já ia começar a retirar as mercadorias quando ouvi a voz da minha mãe saudar alguém.

- Oi, Shin Hye. – Mamãe gesticulava para uma outra senhora que caminhava em nossa direção com os braços também abertos. Depois minha mãe se virou para mim e falou, me fazendo gelar – Baekhyun, essa é a Shin Hye, uma grande amiga e dona desse supermercado.

Merda!

Provavelmente a mulher estava vindo em nossa direção porque eu havia sido descoberto. Rapidamente coloquei o carrinho posicionado entre dois caixas, mas havia uma pessoa em minha frente. Pelo amor de Deus, que sofrimento! Mantive a cabeça baixa para que a mulher não me reconhecesse, mas a situação ficou ainda pior quando minha mãe fez a seguinte pergunta à mulher:

- Como vão as coisas, tudo bem com a família?

- Ah! Tá tudo ótimo, amiga! Só uns probleminhas do dia-a-dia – Mamãe deve ter feito uma cara sugestiva que incentivou a mulher a contar a sua história – Ontem a noite alguém invadiu a loja, acredita?

Merda!

- Roubaram aparentemente umas coca colas e água – A mulher riu provavelmente da inocência dos ladrões – Mas seja lá quem entrou aqui não arrombou nada, o que é bem suspeito, o ruim foi que deixaram um freezer aberto e algumas luzes acesas. Por isso pensei que fosse coisa do Sehun.

Ai merda! Sehun havia sido descoberto! Sua fama devia ser bem ruim naquela região para que aquela mulher estivesse tão convicta ao dizer seu nome.

Olhei para frente e vi que eu era o próximo a passar pelo caixa, me distanciando de minha mãe e a mulher. Mas quando mamãe viu que era a nossa vez, se aproximou também e de todas as coisas que ela podia falar, ela apenas escolheu dizer:

- Baekhyun, você e Sehun são bem próximos não é?

Pronto! Só isso serviu para a mulher também se aproximar e eu senti que aquele era o fim da linha! Eu tinha me ferrado bonito, mas não perderia a pose, comecei a colocar as mercadorias em cima daquela esteira que os caixas têm, pedindo para que o funcionário que me atendesse fosse rápido o suficiente para sairmos dali logo.

- Bom dia, senhor! – Minha cabeça estava baixa enquanto eu pegava cada mercadoria e colocava na esteira, mas aquela voz eu consegui reconhecer mesmo sem olhar.

- Sehun! – Eu gritei fazendo minha mãe e sua amiga se aproximarem de mim.

Sehun usava um uniforme azul claro igual de todos os outros funcionários e me direcionou um sorriso amarelo, enquanto eu me dava conta do que possivelmente tinha acontecido.

- O que foi, senhor? Algum problema, senhor? – Sehun exibia uma expressão seria e ao mesmo tempo medrosa.

- Baekhyun, você conhece meu filho Sehun? – A amiga de minha mãe falou, confirmando as minhas suspeitas. Foi por isso que invadimos o local com tanta facilidade, porque Sehun era filho dos donos e provavelmente tinha a chave. Olhei para ele que escondia a face debaixo de um boné, e dei um tapa na sua cabeça idiota.

- Conheço sim! – Foi minha resposta à senhora.

Sehun passou todos os produtos até bem rápido e eu cogitei votar nele para o posto de funcionário do mês. Dentro de mim eu sentia um pouco de raiva por ele ter me enganado ao mesmo tempo em que me sentia ridículo por invadir o mercadinho dos pais do meu amigo onde minha maior loucura havia sido furtar uma água e um baconzitos. Ou seja, eu devia muito pouco àquela loja.

- Não esquenta! – Sehun se aproximou de mim e falou em sussurros pra que ninguém além de nós dois pudesse ouvir – Eu paguei tudo que a gente pegou ontem a noite. – Ele exibia um sorrisinho meio orgulhoso, meio fora da lei.

Correção: eu não devia nada.

Acabei rindo da situação e Sehun riu comigo.

- Obrigado por utilizar nossos serviços, senhor! - Ele falou quando peguei a ultima sacola e me virei em direção à saída.

Mas então tive vontade de voltar e dizer uma coisa à ele, afinal ele era meu único amigo naquele lugar.

- Hoje à noite você está de folga?

Ele assentiu com a cabeça.

- Então fique com o celular a postos, eu vou te ligar!

Me virei para seguir minha mãe que já estava bem a minha frente mas ainda fui capaz de ouvir Sehun dizer.

- Ok, senhor! Volte sempre, senhor!

 

***

 

O relógio do painel do carro marcava quase onze da manhã quando todas as mercadorias já estavam na carroceria e nós dois dentro do carro prontos para voltar para casa.

- Baek... – Minha mãe falou em um tom meio sério que me deixou automaticamente apreensivo.

Não respondi apenas encarei minha mãe e vi que ela começava a tirar algo de dentro de sua bolsa, era uma carta.

- Isso aqui chegou hoje cedo. – Ela me estendeu o pequeno envelope e eu o peguei, de um lado indicava que era endereçada à mim, e eu não precisei virar o verso do envelope para saber o remetente. Era Chanyeol. Lancei um último olhar a minha mãe e lhe estendi de volta o envelope, pois não queria ler nada vindo dele.

- É sua, Baek! Você deve ficar com ela, ou decidir o que fazer.

Suspirei fundo e minha mãe percebeu que havia algo errado. Se eu não me segurasse ia chorar ali na frente dela.

- Mãe... – iniciei a frase, mas ela ficou pesada e embargada pelo meu choro – Ele...

Minha mãe se curvou sobre mim e me abraçou o que só me fez chorar mais. Droga! Ultimamente eu estava chorando demais, o tempo todo. Chorei por algum tempo até que minha mãe falou, com uma calma que eu invejava bastante naquela situação.

- Você gosta dele, não gosta? – Ela acariciava meu cabelo, e me abraçava forte o que me transmitia uma segurança muito presente.

Eu apenas assenti com a cabeça ainda em seu colo e chorei mais.

- Sabia que historicamente as cartas são um símbolo de amor?

- E- Ele não me ama, mãe. – Disse em meio aos choramingos.

- Se ele se deu o trabalho de escrever para você, talvez ainda ame, e talvez ainda use essa correntinha, que nem você.

Olhei para meu anel na corrente e fui obrigado a imaginar se Chanyeol ainda usava a dele. Minha mãe era muito inteligente e devia ter entendido de cara o significado daquela jóia.

- Ele é culpado, mãe! – Tentei me recompor um pouco e erguer o corpo para olhar nos olhos dela. – Eu sei que é.

Minha mãe me analisou por alguns instantes.

- Sabe Baek, quando você e seu irmão eram menores ele sempre quebrava os meus vasos jogando bola dentro de casa, e colocava a culpa em você. E sabe o que você fazia? Você assumia a culpa porque ele te mandava fazer isso. Mas eu sabia que você era inocente...

- Você está querendo dizer que ele é inocente, mãe? – Enxuguei as lágrimas do rosto e tentei ser bem assertivo na minha pergunta.

- Eu só estou querendo dizer que talvez você tenha que ouvir os dois lados da história antes de decidir o que fazer. – Ela sorriu para mim – É assim nos filmes, não é?

 

***

 

Tive que me recompor para fazer o caminho de volta para casa em total segurança. Quando chegamos, meu irmão e meu pai estavam em casa e eu fui liberado da tarefa de levar as compras para dentro, fui direto para o quarto e tudo que consegui fazer foi chorar baixinho mais um pouco. Eu me sentia ridículo porque tudo que vinha tentando fazer ultimamente era me tornar mais forte e indiferente a Park Chanyeol, mas a julgar pela minha situação e pela quantidade de liquido que fluía dos meus olhos eu havia falhado.

Não quis ler a carta logo porque queria adiar o sofrimento, mas as lembranças já me dominavam antes mesmo de abrir aquele envelope. Apenas olhar a caligrafia de Chanyeol nele foi algo que fez eu me sentir bastante nostálgico sobre tudo.

Minha mãe me chamou para o almoço e eu até tentei, me esforcei para comer, mas coloquei pouca comida para dentro e assim que tive a chance subi de novo para o meu quarto. Acho que dormi depois de um tempo e acabei sonhando com Chanyeol, no sonho estávamos felizes juntos.

Quando acordei, decidi que já era a hora de ler a tal carta e encarar seja lá o que tivesse sido escrito ali. Minha mãe tinha razão em dizer que ele não escreveria uma carta se não se importasse pelo menos um pouco, pelo menos era assim que meu cérebro apaixonado havia escolhido pensar.

Ainda deitado em minha cama, com uma mão a brincar com o anel que pendia na correntinha, comecei a ler a carta.

 

 

Baekhyun,

Você sabe que eu não sou tão bom com as palavras como você é, mas estou aqui tentando de todas as formas te fazer entender tudo o que aconteceu. Eu te entendo, Baekhyun, eu te entendo e consigo imaginar a dor que você está sentindo porque acredite, essa mesma dor tem sido minha fiel companheira em todos os dias em que você não está aqui.

Se você está lendo essa carta já me considero um homem feliz porque viveria em uma angústia profunda se você não entendesse o que aconteceu, se não ouvisse de mim as coisas como foram. Eu te amo, mas agora não espero que você volte pra mim ou muito menos me perdoe, só quero que me ouça, ou melhor, que me leia.

Fiz escolhas erradas na vida Baek, você sabe, e pela primeira vez, você pareceu ser o meu primeiro acerto. Quando estivemos juntos, tudo parecia certo e eu me sentia feliz. Os amigos que eu fiz foram os mesmos que me apunhalaram pelas costas, aqueles que roubaram meu celular, os que divulgaram aqueles vídeos. Eles sabiam que se te atingissem, me atingiriam em cheio também.

Os que eu chamei de amigos um dia, foram os que me ameaçaram dizendo me fazer algum mal se eu escolhesse você ao invés deles, e eu te escolhi Baek. Escolhi você e te escolheria mais um milhão de vezes porque você é a melhor coisa que já me aconteceu. Você é a minha luz, e mesmo que esteja me odiando agora, saiba que você é a minha luz e a minha vida é totalmente fosca sem você nela.  Desde que você foi embora tudo é tão sem graça e eu fico chorando feito um bobo todo dia porque sei que perdi você.

Te amo desde a primeira vez que te vi, tive que esperar a chance certa para me aproximar, tive que me esforçar para que você visse em mim mais do que apenas um idiota, mas eu não desisti porque te amava tanto que sabia que tudo valeria a pena. Engoli meu orgulho nas vezes em que você foi rude, porque sabia que nós dois seríamos ótimos juntos.

E somos.

E fomos.

E eu continuo te amando.

Não espero que me perdoe, quero só que você tenha a certeza de que não fui eu, eu não divulguei vídeo nenhum, entenda. Eu não divulguei e você sabe disso, você sabe que todas as coisas que disse pra você são verdade, você sabe que te amo. Você sabe que não divulguei, porque se sabe o quanto te amo, sabe o quanto também dói em mim ver aquelas imagens porque proteger e cuidar de você é o que mais quero.

Você talvez não imagine o quanto é difícil pra mim escrever cada palavra nessa folha de papel. É difícil porque cada letra me faz lembrar que isso é um pedido de desculpas porque EU FALHEI com você. Logo eu que devia te dar o mundo.

Espero que esteja bem, e que seus dias estejam sendo mais coloridos que os meus.

Eu te amo, como sempre amei.

Eu sou a lâmpada e você é luz, sem você aqui estou no escuro.

 

 

Para quem julgava ser ruim com as palavras, Chanyeol havia conseguido um bom efeito em mim porque mesmo que quisesse ser forte, não consegui deixar de chorar ao ler as palavras dele. Chorei por várias razões: primeiro porque eu era um manteiga derretida mesmo negando isso, segundo porque ao ler as palavras de Chanyeol, consegui reviver um pouco do nosso tempo juntos e do fim, que foi doloroso, terceiro porque eu estava comovido com a ação dele, se dar ao trabalho de escrever uma carta e me enviar, indicava que ele se importava de alguma forma, e mesmo não querendo, eu e meu coração levaríamos isso em conta. E por último, a razão pela qual muitas lágrimas desceram dos meus olhos, que era também a razão mais difícil de admitir: eu ainda amava Park Chanyeol.

Chorei pelo que pareceram horas e me senti péssimo por isso, porque em minha mente chorar ali era sinônimo de fraqueza. Mas o que mais eu podia fazer, mesmo longe, Chanyeol tinha esse poder sobre mim e se minha intuição estava certa, eu, ou melhor, minha ausência também havia lhe causado efeitos interessantes: ele também estava fraco, suas palavras demonstravam isso.

Depois de um tempo me martirizando e alternando o pensamento entre me achar um lixo ou achar Chanyeol um lixo, resolvi que mesmo que fosse apenas para lhe dar uma resposta definitiva e dizer que estávamos acabados, eu ligaria para Chanyeol. Precisava ouvir sua voz, depois de tudo o que ele havia dito naquela carta. Não pense que eu havia acreditado nele, uma grande parte do meu ser estava bastante comovida com suas palavras e – admito- o queria de volta, mas eu achava essa primeira parte muito boba e idiota por querer ceder mesmo depois de tudo. Justamente por isso, havia uma outra parte que estava receosa, com medo de sofrer novamente. Então, nem que fosse para terminar de vez esse relacionamento, eu ligaria para Park Chanyeol.

Lancei um olhar demorado e pesado à carta antes de decidir guardá-la no meio de um pequeno caderninho de notas que eu tinha. Puxei o pequeno bloquinho de anotações de uma pilha onde estava e ele escorregou para o chão, caindo aberto em uma pagina qualquer, com a capa virada para cima. Peguei o caderno e para minha surpresa ele estava justamente em uma parte que fazia jus à leitura da carta, que só de olhar já deixou meus olhos marejados novamente.

Na pequena folha de papel em branco havia algumas frases soltas que eu me lembrava muito bem de quando haviam sido escritas.

Foi em um de meus dias mais felizes, um dia em que acordei ao lado de Chanyeol, me lembro muito bem daquele dia porque foi nele que decidimos que para deixar nosso trabalho melhor, nós escreveríamos um sobre o outro, sobre nós e sobre o todo o processo de se encontrar e encontrar a felicidade. Foi também naquele dia que recebi a primeira ligação de Sehun... Tudo parecia parte de um passado distante, uma outra vida, que ali eu fazia questão de relembrar...

 

Quando abri meus olhos, ele ainda estava ao meu lado, porém dormia pesado, sua pele e músculos estavam a mostra e ao alcance de minhas mãos. Tracei devagar um percurso com meu dedo, do topo de sua testa até o fim de seu queixo. Sua expressão serena me transmitia uma sensação boa de constante segurança, mesmo que o conhecendo como já o conhecia e sabendo de sua faceta livre e infantil, eu soubesse que na verdade ele também – e principalmente – era quem precisava e devia ser cuidado.

Eu sorri sozinho, olhando pra ele e pensei em todas as coisas que ele me motivava a fazer e em tudo que eu queria ser capaz de mostrar a ele. Não sei bem o porquê, mas neste ponto me revirei na cama, estendendo a mão até a cômoda ao lado para alcançar o pequeno bloco de papel e a caneta que havia deixado lá antes que nos ocuparmos com outra coisa…

Fiquei olhando o papel em branco. Deus sabe o quanto eu queria ser poético ou ao menos criativo, para escrever para ele algo que fosse bonito, e que tocasse seu coração, mas ao mesmo tempo me sentia exageradamente meloso. Fiquei nervoso e desisti por um instante de escrever qualquer coisa.

Mas foi então que olhando pra ele me dei conta de uma coisa: Chanyeol era fascinante, mas era simples em certa medida e talvez ele exigisse de mim apenas isso: singeleza e simplicidade nas palavras.

Então como se uma inspiração divina viesse sobre mim, ao olhar para ele, as seguintes palavras brotaram em minha mente e eu as escrevi no papel.

 

Sujupdeon misowa sangnyanghan nundongja

Seu sorriso tímido, e seus olhos gentis

Ango sipeunde eotteohhajyo

Eu quero tanto te abraçar. O que eu faço?

 

Encarei novamente as palavras escritas sobre a folha branca e me lembrei de como elas faziam sentido quando usadas para falar de Chanyeol. Quando escrevi aquilo eu o olhava adormecido na mesma cama que eu, ele sorria timidamente mesmo que estivesse dormindo e eu queria abraçá-lo. Como queria abraçá-lo agora.

De repente tive um lampejo de ideia e não esperei muito para avaliá-la apenas segui minha vontade e desci depressa até a copa do primeiro andar da minha casa, onde ficava o piano. Quando mais jovem eu sempre usava a música como terapia, e as dores sempre pareciam menores ou pelo menos mais bonitas se misturadas à música. E era justamente o que eu faria naquela hora.

Me sentei em frente ao piano e deixei que tudo o que eu estava sentido passasse através de mim e antes que me desse conta lá estava a junção de poucas notas. Aquela simples melodia de poucos acordes me deixou sensibilizado e eu chorei novamente, é eu chorei e ao fim não consegui fazer muito mais do que cantar apenas aqueles dois versos que havia escrito, e então chorar mais um pouquinho porque acompanhado daquelas notas musicais, meu sofrimento parecia mais poético, mas não se tornava menos doloroso.

Eu precisava fazer algo que vinha adiando há bastante tempo, eu precisava ser ouvido. Peguei o telefone fixo de casa que ficava em uma mesinha próxima, disquei aquele número que sabia de cor e esperei que o outro respondesse.

- O-oi!

- Kyungsoo! – Gritei desesperado quase como se fosse capaz de enxergá-lo à minha frente, e choraminguei novamente porque o mero contato com a voz do meu melhor amigo me fez sentir que podia me acabar de chorar de novo.

- Baek? Oi! Você ta chorando, Baek? Tá tudo bem? – Kyungsoo emendou uma pergunta na outra quando percebeu que eu chorava, e que meu choro se tornava cada vez mais forte.

- To... – Falei em meio ao choro – Ah, Soo! Preciso de você.

- O que houve? Respira e me explica o que ta acontecendo.

- Ah, Kyungsoo! – Chorei mais – Eu recebi uma carta dele! Não sei o que fazer.

- Chegou? Não pensei que ele fosse realmente escrever.

- O que? – Então Kyungsoo sabia? Será que tudo aquilo era um plano?

- A carta, Baek. Ele precisava de meios para te contar o que realmente aconteceu, mas você não queria ouvir... E seu celular parecia inativo, você não respondeu nenhuma mensagem nossa então presumo que não tenha lido também. Por isso que eu dei o telefone de sua casa para ele, pra vocês conversarem. Aliás, como foi a conversa?

Ah, agora eu sabia como ele havia conseguido o telefone de minha casa e possivelmente a mesma fonte havia lhe concedido o endereço. Será que Kyungsoo julgava Chanyeol realmente inocente?

- Não teve conversa, Soo. Ele é culpado, não posso ceder assim não facilmente.

- Baek, vocês precisam conversar. – A voz do outro era fria e firme.

- Não! Não tem nada pra conversar! Ele é culpado! As palavras dele naquela carta foram até admiráveis, mas não anulam sua culpa. – Ele tinha que saber que eu não estava convencido.

- Ele não é culpado. Eu acredito nele. E nós temos provas da inocência dele. – Kyungsoo parecia nervoso e se ele acreditava... possivelmente havia razões concretas para isso.

- Mas...

Suspirei.

- Baek, você fugiu de tudo, mas a vida aqui em Seul continuou e foi ele, foi Chanyeol que aguentou tudo sozinho.

Ai. Aquilo doeu.

- Olha Kyungsoo, não doeu mais nele do que em mim, isso eu te garanto.

- Baek, só para! Ninguém vai sentir pena de você, ta legal? – Ele estava quase gritando - A gente entende a sua dor, e se compadece, mas se esconder, chorar para sempre não vai adiantar nada. Dê a volta por cima e volte para a vida real.

Silêncio.

- Você não é a única vítima disso tudo, mas você foi o único que fugiu.

As palavras dele me acertaram em cheio e mesmo que quisesse me manter firme e indiferente, aquilo me fez pensar e lembrar da carta: Chanyeol também estava sofrendo.

- Tudo bem.

Desisti de lutar.

- Você não tem porque ter medo, eu sou seu amigo, eu te amo, vou estar ao seu lado. Agora enfrente o menor dos seus medos e ligue para o Chanyeol. – A voz de meu amigo assumiu um tom doce que ele sempre usava para me aconselhar e confortar. – Só fique bem ta?

- Tá bom Soo! Te amo, e to com saudade....

- Eu sei que ta. Espero te dar uns cascudos em breve.

Assim nossa ligação acabou e eu me vi em um dilema: reunir forças para ligar para Chanyeol

 

***

 

Kyungsoo e a sua capacidade memorável de me fazer ver as coisas de outro ângulo e entender meus erros. Eu tinha um desafio à frente que era fazer aquela ligação e encarar Chanyeol, mas antes subi até meu quarto e peguei meu celular que estava abandonado no fundo da minha mochila. Liguei o aparelho que começou a vibrar enlouquecidamente.

A caixa de mensagens estava lotada, e havia também várias ligações perdidas, que indicavam sempre as mesmas pessoas: Kyungsoo, Junmyeon e Chanyeol. Para minha surpresa havia até algumas mensagens de Jongin e Jongdae também. A princípio fiquei com medo de abrir qualquer uma delas e escolhi qualquer uma aleatóriamente, de olhos fechados.

A mensagem escolhida era de Chanyeol, e dizia:

"Baek, de sinal de vida pelo amor de Deus, nem que seja para gritar comigo e dizer que me odeia. Me deixe explicar tudo e consertar as coisas."

Interpretei aquilo como um sinal, um lembrete de que Kyungsoo estava certo e eu precisava mesmo falar como Chanyeol, mesmo que isso implicasse engolir todo o meu orgulho e entrar em contato direto com algo ambíguo: alguém que eu amava, mas que também me fazia sofrer.

 

***

 

O relógio que ficava na parede da sala marcava quase quatro da tarde quando desci novamente as escadas, dessa vez com a missão clara de falar com Chanyeol. Meus pais já começavam a se arrumar para um churrasco de algum amigo da família e nem prestaram atenção quando eu comecei a chorar de novo, sentado em frente ao telefone. Não ligaria do celular porque não havia área.

Tortura é uma palavra que define bem o sentimento que se apossou de mim enquanto esperava que ele atendesse, em poucos segundos tive vontade de desligar, tive vontade de gritar, mas me mantive firme até ouvir seu sinal do outro lado.

- Baekhyun? – Ele sabia que era eu, porque já tinha o número da minha casa.

Droga! Ele havia atendido e agora eu não sabia o que fazer. Não havia nem ensaiado o que dizer, e ouvir a voz dele me deixava tão abobado que eu não consegui dizer nada só solucei alto engolindo o choro de novo. Droga! Tudo que eu não queria era parecer fraco.

- Baekhyun? – Chanyeol chamou novamente meu nome e eu tive que reunir forças para respondê-lo.

- Eu... Eu só quero dizer que li a sua carta.

Silêncio.

- Você não vai desligar? Achei que fosse desligar na minha cara. – A voz de Chanyeol era fria e desanimada.

- Não, não vou. Nós precisamos conversar, Chanyeol. – Falei tentando parecer neutro aquilo tudo.

- É. – Foi tudo que ele disse.

- Talvez eu acredite em você. – Suspirei fundo depois de dita essa frase, porque ela pesava bastante – Mas prefiro que nossa conversa seja pessoalmente.

- Sério, Baek? – De alguma maneira inexplicável sua voz se tornou um pouco mais animada, similar àquela voz do Chanyeol que eu costumava conhecer.

- Sim. – Fiquei feliz por ele não ser capaz de ver o pequeno sorrisinho que brotava em meus lábios naquele momento – Há coisas que eu quero dizer olhando para você.

- Então tá. Obrigada Baek.

Tu tu tu

Chanyeol havia desligado o telefone assim do nada me deixando com a maior cara de tacho, me achando idiota por ter ligado, querendo dar uns tapas no Kyungsoo por me convencer de que isso era a coisa certa. Tive vontade de subir para o meu quarto e chorar para sempre porque minha vida era uma droga e foi isso que eu fiz.

Chorei feito um louco por um tempão, ouvindo umas músicas do Simple Plan até que minha mãe veio até o meu quarto dizer que estava indo com meu pai para o tal churrasco. Nossa, até meus pais tinham uma vida social e eu não, até o meu irmão tinha uma vida social e ele nunca havia deixado o campo, ele até tinha uma namorada. Aquilo só me fez ter mais vontade de chorar, mas me segurei, limpei o rosto já coberto de lágrimas e quando minha mãe me perguntou se eu estava chorando eu menti dizendo que só estava com sono.

Meus pais saíram e eu fiquei mais uma vez sozinho naquela casa enorme, o que deixava mais evidente a minha solidão. O que eu fiz? Chorei muito e toquei um pouco de piano. Depois concluí que comer resolveria meus problemas e comi uns – vários – chocolates que pareceram apenas me deixar mais sensível.

Depois de um tempo passei da fase de sofrer e chorar e decidi que era a hora de fazer alguma coisa para dar a volta por cima, afinal como Kyungsoo havia dito, se lamentar e sentir pena de mim mesmo não era a resposta. Abri a geladeira de casa e vi que havia várias garrafas de soju, e algumas latinhas de cerveja ali e decidi que me embebedar podia ser bem interessante.

Mas eu não podia fazer isso sozinho porque se o fizesse poderia acabar chorando mais ainda cantando alguma musica bem emo das que eu ouvia na adolescência. E nem podia beber dentro daquela casa, que grande daquele jeito só jogaria na minha cara o quanto eu era solitário. Eu iria para a entrada da propriedade de meus pais, lá onde a estrada passava, e lá olharia as estrelas junto do meu mais novo companheiro de aventuras.

 

***

 

Só precisei fazer uma ligação para que Sehun entendesse que aquela era a hora, alguns minutos depois lá estava ele em frente em minha casa com umas garrafas de soju. Contei tudo a ele, e em um ato impensado mostrei também a carta que ele fez questão de ler em voz alta. Meus nervos estavam a flor da pele e meus pensamentos estavam a mil, e talvez à isso se devesse o fato de que eu não escutava nenhuma de suas palavras e continuava pensando em Chanyeol e em tudo que ele havia dito naquela carta.

Não demorou muito para que as várias garrafinhas de soju estivessem enfileiradas e vazias no chão à minha frente, prova de que estava alcoolizado. Eu até poderia ser exato e dizer quantas garrafas havia ali para que você entendesse como eu queria beber até cair, mas minha visão já estava turva e trêmula, minha cabeça pesava me impedindo de contar ao mesmo tempo e que minha língua se tornava cada vez mais leve e eu falava mais e mais.

Comecei a beber com a intenção de esquecer tudo, esquecer Chanyeol, esquecer a vida… mas para meu desespero a bebida apenas parecia fazer com que as lembranças viessem com mais força e tudo que eu fazia então era beber mais ainda para tentar exterminá-las. Eu estava completamente confuso sem saber o que pensar sobre tudo que havia lido.

Por vezes Sehun tentava conversar comigo para que talvez assim eu diminuísse um pouco no ritmo da bebida, houve um momento em que ele inclusive tirou de mim o copo que estava usando para ingerir o álcool, mas eu dei de ombros e levei a garrafa até meus lábios, sem cerimônia alguma, tudo que eu queria era beber até me esquecer de tudo, ou quem sabe acordar em outra realidade onde nada disso fosse real.

- Baek, pare de beber! – Sehun tirou a garrafa de minhas mãos e deu um gole, eu o olhei com uma expressão que devia deixar claro meu descontentamento porque ele seguiu dizendo - Sua cabeça vai me agradecer amanhã.

Não havia mais nenhuma outra garrafa de bebida, já havíamos consumido todas, eu principalmente.

Ergui um de meus dedos em direção ao outro para dizer alguma afronta, mas no meio de meus atos percebi que o álcool realmente me causava efeitos e meus sentidos pareciam mais aflorados, a mera visão do meu dedo erguido no ar, ou o fato de concentrar ali minha retina, me fez perder o equilíbrio e pender do banquinho onde eu me sentava a beira da estrada.

- Wow, Baek! – Sehun veio rapidamente ao meu encontro mais não foi tão rápido o suficiente para me impedir de cair no chão.

O loiro me ajudou a levantar e tentou me fazer dar alguns passos, mas eu estava sonolento e confuso e pareci desmaiar mais uma vez. As coisas estavam densas demais, confusas demais para que eu conseguisse apreende-las, então cogitei estar sonhando. Ouvi a voz de Sehun me chamar ao longe ou ao fundo de mim mesmo, não sei dizer, queria ver as estrelas, elas me lembravam Chanyeol e  brilhavam fortes como meu amor por ele…

Cambaleei um pouco e então prendi meu olhar a algo que fosse forte e constante, que me servisse de ponto de equilíbrio: vi outras duas estrelas brilharem mais que todas as outras e elas não estavam lá no alto no céu como as outras, essas duas estrelas pareciam terrenas e se aproximavam cada vez mais. Quanto mais perto as estrelas ficavam, mais eu pensava em Chanyeol e na falta absurda que sentia dele.

Ouvi a voz de Sehun me chamar ao longe e alguns outros barulhos, mas o zumbido na minha mente era mais alto de que qualquer outro ruído. Desejei ser engolido pelas estrelas para quem sabe assim fugir de tudo… Então, me entreguei a elas, fechei os olhos e caí no chão e adormeci.

Não fiquei muito tempo ali, porque senti braços fortes me envolvendo, eles eram quentes e macios como se fossem feitos sob medida para mim, para me proteger. Acho que estava dormindo e aquele era um sonho bem realístico.

- Baekhyun, abra os olhos! – Sua voz era doce, porém um tanto trêmula, mas ao ouvi-la todo meu corpo ardeu e eu respondi obedecendo a voz.

O rosto de Chanyeol se encontrava a centímetros do meu e iluminado pela baixa luz do luar ele parecia angelical, seus traços eram os mesmos dos quais eu me lembrava, mas havia algo em seu olhar que eu não sabia dizer o que era… Eles carregavam alguma coisa. Meus dedos descuidados traçaram uma linha vertical desde a testa de Chanyeol passando por seu nariz, boca até chegar em seu queixo. Ele parecia tão real que desejei tê-lo para mim ao menos em sonho uma ultima vez.

E então eu entrelacei meus braços a sua nuca e o beijei, com toda a doçura e carinho que eu podia colocar naquele ato. 


Notas Finais


E ai, amores? E essa carta, pelo amor de Deus que dor no coração!

O príncipe do Baek não vem de cavalo branco, ele vem em um jipe vermelho rs! Espero que tenham curtido, hein! Obrigada novamente pelo carinho que tem com a fanfic!

Torçam pela melhora do vovô, ok?
Feliz natal e feliz ano novo!
Até 2016.

lut @baekonda


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