História Lumière - Vous parlez français?

Entrei na faculdade tendo meus dois guarda costas posicionados ao meu lado. Junmyeon fofocava a cada instante e dizia que todos estavam nos olhando e Chanyeol permanecia sério e rígido como eu nunca havia visto. Ele estava preparado para me proteger assim como prometeu.

Se eu estava nervoso? Claro que estava. Eu não fazia ideia do que havia acontecido em minha ausência e por isso me questionava sobre as proporções que as imagens divulgadas haviam tomado. Nós caminhávamos decididos até a sala de aula e minha cabeça estava longe. Vez ou outra eu levantava o olhar e dava de cara com olhos arregalados em minha direção.

Mas, de verdade, eu não estava ligando não.

Junmyeon encontrou sua dupla de projeto, a Yoona e ela começou a dar a ele várias palavras de ordem, antes mesmo de chegarmos à sala. De uma maneira estranha aquilo me deixou feliz e eu sorri lembrando de que aquela era a minha antiga vida, mesmo que aquele fosse um novo eu.

Assim que chegamos à sala eu respirei fundo mentalizando um monte de coisas boas para que tudo desse certo, mas Chanyeol segurou minha mão e me impediu de seguir em frente.

- Antes de irmos para a sala de aula, tem um lugar que precisamos ir. – Chanyeol me segurou e me fez mudar de rumo.

- Onde?

Chanyeol não me disse nada, ele apenas segurou nas minhas mãos e me levou rápido a um banquinho que ficava em um pequeno jardim em um dos pontos do campus da faculdade. Ele se sentou ali e antes de dizer qualquer coisa ficou me encarando pelo que pareceram horas e eu percebi que ele estava nervoso com algo.

- Baek, quando você estava fora, muita coisa aconteceu. – Ele usava o tom pesado e baixo que sempre usava para falar sério.

- Como por exemplo...

Ele pegou o celular e começou a procurar algo que eu não consegui prever o que era, como Chanyeol estava sério e seu tom de voz era sereno eu comecei a ser inundado por uma sensação de apreensão, mesmo sem saber do que se tratava. Observei cada um dos seus atos e me perguntei se talvez sua intenção era me mostrar aquele vídeo novamente e estremeci um pouco por isso. Mas logo ele guardou seu celular novamente e eu fiquei tranqüilo por alguns instantes mas logo depois voltei a elencar milhões de possibilidades para o rumo daquela conversa com Chanyeol.

- Eu não quis te falar nada isso antes, porque queria te manter longe de tudo. – Ele falou com a cabeça ainda baixa sem me olhar e respirou um pouco pesado antes de continuar. - Depois de uns dias que você foi embora eu decidi contar ao meu pai o que aconteceu e...

- Você contou ao seu pai? – Fiquei abismado e envergonhado com a possibilidade dele dizer daquilo tudo, mas ele fez um sinal com a cabeça para que eu o deixasse falar e assim eu fiz.

- Eu contei ao meu pai do que havia acontecido. Primeiro ele quis saber de você e quando eu disse que você havia partido ele me disse que tinha que fazer alguma coisa, se havia um culpado ele não deveria sair impune dessa situação. Conseguimos um vídeo, gravado pelo Junma de logo após a divulgação dos vídeos onde a Taeyeon dizia que ela tinha sido a responsável...

- Junmyeon gravou um vídeo? Que vídeo?

- Não o tenho no celular agora, mas assim que você deixou aquele laboratório eu parti para cima dela e disse umas coisas. E o Junmyeon é um cara esperto, ele começou a gravar e ai pegou a confissão dela. – Chanyeol riu baixinho e eu não entendi o motivo da graça, mas então ele continuou – Eu acho que ele só começou a gravar porque achou que rolaria uma briga digna do Youtube...

- Fala logo Chanyeol, o que aconteceu?

- Bem, com base no que ela fez, e nos danos causados a nós e ao nosso relacionamento, Kim Taeyeon está sendo processada e está suspensa das aulas. Estamos indo até o reitor, Baek. Ele queria ter essa conversa com você, mas eu achei que você iria querer me matar se eu não te contasse antes.

E ele tinha razão.

Depois daquela breve conversa, que serviu para me atualiza bastante sobre a atual situação de tudo na faculdade, eu fui até a reitoria onde o magnífico reitor daquela faculdade me esperava. Chanyeol havia me dito que o reitor já havia convocado a minha presença, solicitando um momento de conversa comigo assim que eu estivesse de volta ao campus.

E assim aconteceu. O reitor era um senhor muito ocupado e por isso logo pensei que eu seria expulso, suspenso ou algo do tipo e por isso fiquei bastante nervoso, mas quando cheguei à sua sala me surpreendi com um abraço e uma xícara de café preparada para mim.

Ele me indicou que sentasse consigo à mesa que ficava posicionada ao centro daquela sala onde tudo era muito bem decorado em tons escuros. Eu me sentei enquanto ele apenas vagava pela sala me deixando ainda mais nervoso.

- Sabe, o senhor me lembra muito de mim mesmo na sua idade, senhor Byun. – O homem falou ainda sem me olhar. Eu via apenas a sua silueta parada de costas para mim olhando a janela.

- É... sério? – Dei uma risada nervosa.

- Eu estudei economia, mas me sentia muito preso em meio aos números e volta e meia arranjava formas de fugir. – Ele me olhou e sorriu tanto que seus olhos se tornaram pequenos fios em meia lua.

Eu não conseguia prever que rumo aquela conversa tomaria e também não fazia ideia de porque eu estava ali, então apenas ri de volta.

- Bem, eu chamei o senhor aqui para lhe dizer que a universidade está ciente de todos os últimos acontecimentos e também de todos os trâmites jurídicos relacionados a senhorita Kim, e assim eu gostaria de me solidarizar e dizer que estamos aqui para o que você precisar.

Pelo amor de Deus! Todo mundo já sabia né? Eu estava feliz porque algo havia sido feito, mas também estava morrendo de vergonha.

- Obrigada, senhor! – Eu fiz menção de me levantar e estendi a mão para um aperto.

- Sente-se de novo garoto, tem mais uma coisa que eu queria te dizer.

Eu o obedeci e me deixei afundar mais uma vez na poltrona fofa.

- O Chanyeol me contou sobre o projeto de vocês e eu fiquei bastante feliz de algo tão intenso e potente estar sendo produzido aqui. Eu admiro muito a sua força de vontade Baekhyun, de voltar aqui depois do que ocorreu e continuar fazendo esse trabalho. O Chanyeol disse de sua ideia e eu me senti tocado, o senhor é um artista com coração, um artista de carne e osso e isso é bonito... Eu não devia te contar, mas continue trabalhando nisso e o senhor pode ganhar uma chance única na vida.

- Como assim? – Fiquei nervoso de repente com as palavras do reitor e comecei a me mexer na cadeira.

- Não posso falar mais nada, Byun! – O homem se levantou e eu fiz o mesmo, ele apertou minha mão e me conduziu a porta.

Ele falava de algumas outras coisas, mas eu estava intrigado com aquela chance única que ele havia dito. O que seria? E porque eu? Achei que não teria resposta nenhuma porque o homem já voltava a sua mesa e eu já estava saindo da sala, mas então ele me fez uma pergunta, a pergunta que foi um divisor de águas na minha vida.

- Byun, vous parlez français?

E eu quase que involuntariamente, sem pensar respondi.

- Oui.