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História Lumière - Depois do sempre, há sempre um começo.


Escrita por: lunevile

Notas do Autor


Olá, não sei bem o que dizer, só sei que um pedaço de mim se vai com o final dessa história e também queria falar de como é duro marcar essa fic como terminada. Saibam que estou chorando!

editando: que loucura eu tentei postar ontem e nao tinha ido, acordei as sete para postar e o capitulo estava postado! estou locaaaaa

me encontrem por favor, nas notas finais e LEIAM ESSAS NOTAS FINAIS!!!!

Capítulo 27 - Depois do sempre, há sempre um começo.


CAPÍTULO FINAL • DEPOIS DO SEMPRE HÁ SEMPRE UM COMEÇO.

 

A moment, a love

A dream, a laugh

A kiss, a cry

Our rights, our wrongs

 

Paris foi onde eu me encontrei realmente. Sempre que eu escutava as pessoas falando de que a capital francesa era a cidade mais bela do mundo e no fundo talvez até desdenhasse aquilo tudo. Mas o fato é que ninguém nunca mentiu sobre Paris, pois aquela era uma cidade magnífica em seu resplendor.

Eu me conectava com Paris em um nível que era quase espiritual, a cidade tinha cores como eu, mas também podia ser cinza como muitas vezes eu era ou me deixava ser. Paris era como eu porque nós éramos Lumière. Paris fazia brotar em mim aquela criatividade que todo artista precisa para trabalhar e eu amava. Amava andar de bicicleta de um ponto a outro da cidade, adorava frequentar os cafés e os jardins da cidade. E os pontos turísticos, em poucas semanas já conhecia a todos.

O apartamento em que eu vivia era bem parecido com aquele de Seul, e uma das primeiras coisas que fiz foi comprar uma bicicleta azul e chamá-la de Faísca, para que eu pudesse me movimentar de um lugar ao outro com facilidade, assim eu poderia conhecer todos os lugares que quisesse e podia sentir o vento no meu rosto quando passava pelas ruas, lembrando assim da Labareda e seu dono.

Mas a maior razão pela qual eu amava estar ali, era porque aquilo era a realização de todos os meus sonhos e mesmo que fosse uma realização concreta apenas em minha vida, em cada pedacinho daquela cidade eu enxergava Park Chanyeol e meu grande amor por ele.

Eu e Chanyeol nos falávamos todos os dias sem exceção e sempre me atualizava sobre as novidades. Eu não podia dizer que não sentia a sua falta porque eu era feito de saudade, porém não era apenas o meu sonho que estava sendo realizado ali, era o nosso.

Meus dias não eram os mais fantásticos e eu não vivia grandes aventuras na cidade luz, tudo que eu fazia era ir até a faculdade pela manhã, e continuar lá de tarde realizando estudos sobre cinema e engajamento social, que alias era a razão pela qual eu recebia uma bolsa que era a garantia de uma vida boa ali.

 

Eu sempre acordava bem cedo, mas naquele dia em especial eu havia acordado muito mais cedo do que o normal e passado toda a manhã fora de casa porque por alguma razão estranha e desconhecida a equipe de vídeo do grupo de pesquisa em que eu estava inscrito, havia me escalado para ser assistente de direção em cenas de um pequeno curta que estava sendo filmado no centro da capital. De primeira, eu não entendi muito bem porque haviam me chamado para aquela tarefa, porque eu era um novato e ainda arranhava muito no francês, mas eu não me importei e agarrei a oportunidade, porque valia como experiência e eu estaria turistando também.

Por conta dessas atividades e também pelo fato de ainda estar me acostumando com o fuso horário eu estava exausto naquele dia. Quando as filmagens acabaram, todos nós regressamos a universidade e quando todos os outros foram almoçar eu fui até uma cafeteria pequena que ficava por ali, porque ela tinha um segundo andar muito aconchegante que eu sempre usava para dormir.

Sempre que chegava àquele estabelecimento eu me sentia um pouco mais francês, a decoração conseguia ser rústica, elegante e simplista tudo ao mesmo tempo e havia sempre uma música ambiente bastante acolhedora. Escolhi uma das mesas mais distantes, onde poucos iriam e eu poderia cochilar e pedi a garçonete que me trouxesse apenas um generoso pedaço de torta de nozes. A mulher anotou meu pedido e se despediu de mim com um sorriso.

Eu amava aquele lugar, achava tudo perfeito e talvez a razão para todo esse afeto era que aquela cafeteria me lembrava Park Chanyeol, não sei bem porque. Talvez fosse porque sempre havia música, talvez porque era a mistura de várias coisas, assim como ele. Talvez fosse pelo sentimento de lar que aquele estabelecimento me evocava. Aquele lugar me lembrava Chanyeol porque o meu lar era onde ele estivesse.

Minha maravilhosa torta chegou. Agradeci a garçonete com um aceno e abri logo meu aplicativo de mensagens no celular para mandar uma imagem da minha torta para Chanyeol e foi o que eu fiz. Reparei então que o aplicativo indicava que ele havia visualizado mensagens a muitas horas atrás e senti um aperto de saudade gritar no meu peito. Instintivamente pensei no que ele poderia estar fazendo, pensei em como seria legal se Chanyeol estivesse ali comigo, pensei em todas as coisas legais que poderíamos fazer e viver naquela cidade e então instintivamente ou insanamente até, fechei meus olhos e desejei aquilo com todas as forças. Desejei que Chanyeol estivesse ali para saborear aquela torta comigo e me fazer sentir menos só.

Com os olhos fechados eu apenas desejei, com tudo que eu era e com tudo que eu tinha, deixei que o desejo por ele tomasse conta de mim por completo e então... O meu celular começou a tocar. E não era Chanyeol porque infelizmente sonhos não se realizam assim. Era uma chamada de Junmyeon, que eu atendi até animado.

- Bonjour, juju! – Falei forçando o sotaque.

- Juju, Baekhyun? Juju? E você ainda fica reclamando de eu te chamar de Baekonda... – Ele falou, desapontado.

- Eu acho digno!

- Baek, presta atenção no que eu vou te dizer agora! – Ele falou sem paciência e eu fui escutando – Você lembra quando fomos à casa da sua vó e paramos em um mercado para comprar uns biscoitos?

- Hum...lembro não!

- Claro que lembra, foi naquele dia em que eu falei com Jongdae pelo telefone e me exaltei um pouco. – Ele explicou e eu quase fui capaz de enxergá-lo do outro lado da linha levando a mão aos cabelos.

- Ah, lembro sim da sua gritaria, do seu ataque de pelanca!

- Não interessa! O importante é que eu comprei um biscoito recheado chamado Doces Aventureiros e você não vai acreditar! Ganhei uma viagem pra Jeju e posso levar oito amigos comigo!

- Doces Aventureiros? Por acaso isso é nome que se preze? – Na minha opinião aquele não era um nome dos melhores.

- Não me importa o nome, o fato é que eu ganhei uma viagem para Jeju, com tudo pago, hotel cinco estrelas e tudo! Nós vamos pra Jeju no verão do ano que vem! – Ele estava muito animado e não vou negar eu também comecei a pensar que seria muito divertido estar de volta à Coreia no verão seguinte em que estaria de férias para nos reunirmos de novo.

- Só no ano que vem? – perguntei.

- É Baek! A mulher queria que fôssemos para Jeju no inverno, vê se pode?! Eu quero ver os homens na praia exibindo os tanquinhos. 

- Eu não perco isso por nada, migo!

E não perderia mesmo.

Nós conversamos por muito tempo, ele me atualizou sobre as novidades e contou um monte de fofocas também. Era sempre muito bom falar com Junmyeon, a conversa seguia tão fluida que eu facilmente me esquecia do mundo a minha volta e dos meus afazeres. E foi justamente isso que aconteceu, acabei me esquecendo da hora e quando dei por mim já estava atrasado para a minha primeira aula da tarde naquele dia. Eu não podia me atrasar por nada, era apenas a segunda semana de aulas, eu ainda estava me adaptando e aquela aula em especial era uma das que eu mais curtia.

 

 

Por culpa de Junmyeon lá estava eu correndo pelas escadas do prédio quase tropeçando nos próprios pés para não me atrasar para a primeira aula da tarde. Deixei a mente viajar pela possibilidade de estar com meus melhores amigos e com meu amor novamente e sorri. Eu mal podia esperar para vê-los novamente e por isso estava feliz com o prêmio de Junma e também com seu novo emprego.

Mesmo estando na pressa eu conseguia apreciar a bela Paris naquela manhã de segunda feira. O sol surgia preguiçoso e discreto por entre a grossa camada de nuvens que cobria o céu, deixando tudo em tons pasteis. Eu amava estar ali e por isso me permiti um rápido agradecimento mental por tudo que eu havia conquistado e então subi na minha fiel escudeira Faísca, pronto para mais um dia. Antes de partir, meus olhos repousaram no dedo anelar da minha mão esquerda onde estava o anel símbolo de meu amor por Chanyeol.  O meu amor não estava ali comigo, mas era como se estivesse em tudo, em cada passo meu, em cada filme feito, em cada palavra escrita e com certeza eu o faria orgulhoso de mim, e faria do meu, um sonho dele também.

Enquanto eu atravessava as ruas da cidade rumo à universidade, eu sentia o vento tocar meu rosto e assim ganhava cada vez mais velocidade e sorria como um bobo deixando que aquela sensação me recordasse do que eu sentia toda vez que Chanyeol me levava para andar em sua Labareda.

Sempre que eu chegava em frente do majestoso prédio da universidade me sentia em algum filme do século passado, era muito bonito e eu me sentia com sorte de viver aquilo. Mas havia algo diferente naquele dia, eu me sentia estranhamente sortudo.

Por um momento me permiti parar ali na entrada da faculdade e respirar fundo indagando sobre qual seriam as surpresas daquele dia. O meu sexto sentido nunca se enganava sobre essas coisas. Nunca. Meus olhos repousaram por um cartaz que estava pregado em um ponto do prédio. Ele anunciava a Fête dês Lumières, a festa das luzes. Aquele festival era comum na França só que costumava acontecer em Lyon e apenas daquela vez ele seria realizado em Paris, naquela noite onde todos os monumentos históricos e pontos turísticos da cidade refletiriam as mais variadas cores. Aquele festival seria uma comemoração de Lumière, eu com certeza veria aquelas luzes, mas veria sozinho, com Chanyeol nos pensamentos.

Lembrei do horário e de meu atraso e rapidamente guardei a Faísca no local onde ficavam as bicicletas dos outros estudantes, e sai correndo pelo longo corredor que levaria até a minha sala para a primeira aula: “Teoria do som e da música para cinema”. Música sempre me lembrava Chanyeol, por isso eu sempre me sentia mais perto dele durante aquelas aulas e tinha uma empatia forte pelo professor, por isso lamentei entrar na sala enorme bem atrasado e ver seu olhar tristonho me encarar, mesmo que houvesse um minúsculo sorriso no canto de seus lábios.

Corri para me sentar em um canto qualquer, mas antes que eu pudesse me sentar ou prestar atenção em qualquer outra coisa ele me chamou.

- Senhor Byun, não sei como é na Coréia, mas aqui na França nós levamos pontualidade bem a sério, ok? – O francês riu e gesticulou para mim um tanto animado demais - Já que o senhor chegou agora, venha sortear o nome do seu parceiro para a nossa produção do semestre.

Um sorteio. Só a mera menção a um outro sorteio fez a minha mente viajar para meses atrás quando eu sorteei Chanyeol e fui obrigado a trabalhar com ele. Me lembrei de tudo em poucos segundos como se revivesse cada pedacinho da minha história novamente. Me lembrei da minha dancinha da vitória e me lembrei de que as primeiras palavras que ele disse a mim foram “dance potranca dance com emoção”, e por isso eu ri. Não tinha muitos amigos naquela sala e o meu francês ainda não era dos melhores de forma que eu esperava que esse trabalho pudesse me ajudar a me enturmar com os outros alunos. Na ultima vez que sorteei um nome, ele me transformou e mesmo que eu soubesse que ninguém, nenhum francês fosse me mudar tanto quanto Chanyeol, eu poderia fazer uma boa amizade, não é?

O professor me estendeu uma pequena sacola em tecido e eu enfiei a mão ali, mentalizando o rosto de todos os alunos da turma e imaginando o que aquilo poderia me render, e pensando nisso escolhi um pequeno papel, me lembrei do que havia feito da ultima vez e por isso soltei o papelzinho e tateei outro. O apertei na mão e então retirei.

- Diga para nós, Byun. Quem será o seu parceiro de trabalho?

 

Quantos sonhos cabem em uma vida? Muitos. Eu mudei muito nessa fase da minha história que escolhi contar. Nessa fase eu incorporei algumas verdades e ao mesmo tempo desisti de outras, ganhei dúvidas e também certezas... Mas uma das coisas que se manteve intacta durante todo esse tempo foi a minha mania de sonhar e de contar histórias.

É preciso coragem para sair do comodismo.

A vida é mesmo uma coisa louca. Eu tive que sair da minha cidade rumo a Seoul atrás de sonhos que eram bem maiores que eu. A minha coragem de vivê-los me manteve na capital por um tempo e quando eu balancei no meu propósito de ser fiel a eles, voltei ao início, voltei pra casa para assim recordar as razões que me fizeram sair de lá, recordar o primeiro sonho. Voltei pra Capital com vontades e anseios ainda maiores e o amor se fez presente em meu cotidiano quando me fez apostar todas as fichas no desconhecido e eu fui para Paris contar do que me movia.

 

Abri o pequeno papel.

E gelei.

Minhas pernas bambearam.

Minha respiração falhou.

E meus olhos pareceram ir perdendo a luz.

Ergui meus olhos para a turma e enquanto o olhar passeava nervosamente por ali eu o encontrei. Vi o seu sorriso largo e me reconheci nele como em todas as outras vezes.

- Park Chanyeol!

Como?

- Acho que você já conhece o Chanyeol, não é Baekhyun! O trabalho que vocês fizeram em sua antiga instituição de ensino já correu toda a nossa universidade. – O professor falou, mas a sua voz apenas ecoava por algum ponto distante do meu cérebro.

- Mas... – Nada daquilo fazia sentido. Como poderia ser? Será que estava sonhando? Me virei algumas vezes e percebi que era mesmo Chanyeol, ele era real e vinha em minha direção – Como? Como? – Eu só conseguia produzir essas perguntas perdidas, ao passo que ia sentindo a respiração cada vez mais ofegante e as pernas ainda mais fracas.

Vacilei nos passos e me apoiei em uma mesa para não cair. Percebi que estava mal, e Chanyeol também. Ele segurou em minha mão e me olhou bem nos olhos e eu fui derretendo ao passo que a realidade se tornava cada vez mais escura. A última coisa que fui capaz de ouvi-lo dizer foi o nostálgico: “dance potranca, dance com emoção” frase que meu cérebro estranhamente assimilou rápido e fez meus lábios se abrirem para dizer em resposta: “eu sou o Baekhyun da nova geração” e então eu apaguei.

 

Quando recuperei meus sentidos eu estava com Chanyeol, ele havia me colocado sentado em uma das cadeiras de espera do corredor e me olhava sorrindo feito um besta. Logo que o vi me assustei novamente. Não parecia real. Não parecia... O que ele estava fazendo ali? O que eu havia perdido?

- Agora que o senhor Byun já esta acordando vou voltar para a aula e deixá-los, ok? – Meu professor me lançou um pequeno aceno com a cabeça antes de sair do meu campo de visão.

Ficamos só eu e Chanyeol. Deixei minha cabeça pender para trás no banco onde estávamos e fingi dormir de novo.

- Acorde belo adormecido! Precisa que eu te de um beijo? – Ele usou seu tom provocativo e doce e eu soube que não era uma miragem.

- Não precisa! – Fui mais rápido que ele e juntei meu corpo ao seu só para selar nossos lábios rapidamente.

- A França te fez muito bem Byun Baek. O que andou fazendo em minha ausência? – Ele girou um pouco o corpo na cadeira a minha frente e eu mal podia acreditar naquilo tudo.

- Você me deve respostas, ok? – Fui direto ao ponto porque não estava me aguentando de tanta curiosidade.

- Eu te darei todas as respostas, mas não aqui. Há algum lugar que podemos ir? – Ele perguntou e na hora me lembrei do meu desejo mais cedo na cafeteria.

- Eu sei o lugar perfeito.

 

Fomos andando até lá, isso mesmo, matamos aula e saímos com nossas coisas feito dois foras da lei. Eu sempre me sentia um fora da lei capaz de qualquer coisa quando ele estava do meu lado. Enquanto andávamos ele me falava várias coisas sobre Paris e eu apenas ficava olhando para ele, incrédulo com a ideia que estávamos juntos ali, eu não queria nem ao menos interrompê-lo, eu apenas olhava para ele como quem admira uma obra de arte.

Na cafeteria nos sentamos no mesmo lugar onde eu havia estado antes só que sozinho e eu fiz questão de pedir a mesma torta de nozes dessa vez, porque sabia que ele adoraria. Quando nós dois já estávamos bastante afetados pelo açúcar e já falávamos várias coisas eu decidi começar o interrogatório.

- Senhor Park Chanyeol, o que você faz na cidade luz? – Estreitei os olhos para ele como se eu fosse algum tipo de investigador criminal.

- Eu vim porque minha pequena luz estava aqui e eu não queria estar no escuro outra vez.

Ele segurou minha mão sobre a mesa e depois me beijou, assim mesmo, sem avisar. Seu beijo era de saudade, saudade que eu também sentia.

- Próxima pergunta, como você veio parar aqui? – Me livrei de seu beijo só para continuar mantendo a pose de durão.

- Eu ganhei uma bolsa parcial, Baek. Você quer saber logo de toda a história? – Ele me olhou e eu movimentei a cabeça em um sinal positivo e ele então continuou. – Quando eu soube que haveria olheiros franceses na exposição dos nossos trabalhos eu fui logo pesquisar sobre o sistema de bolsas. Eu descobri que era muito difícil que eles escolhessem a nós dois pelo nosso filme, mas eu sabia que o filme seria escolhido, meu pai tinha contatos e eu sabia do interesse deles em patrocinar nossa ideia. O problema é que só um de nós seria escolhido.

- Como? – Eu estava totalmente confuso naquela hora.

- Deixa eu continuar Baek... Bem, eu sabia que eles escolheriam apenas um de nós, então pensei em me inscrever no sistema de bolsas tradicional e pleitear uma bolsa que não fosse em um processo extraordinário como o que te selecionou. O problema é que precisava de um projeto que me trouxesse pra cá. Tive que passar horas acordado pensando, montando tudo, sem que você soubesse para que fosse uma surpresa. Depois eu tive que submeter o projeto e ir passando as etapas... Tive que viajar várias vezes para fazer entrevistas...

- Então é por isso que nos últimos tempos você estava sempre viajando? – Perguntei quando fui ligando os pontos soltos da história. Tudo começava a finalmente fazer algum sentido.

- Exatamente! – Ele confirmou minhas hipóteses com a cabeça – Eu sabia que provavelmente não receberia a mesma carta que você recebeu. A minha carta chegou algumas semanas depois. E eu tive que ajeitar tudo antes de vir aqui te contar tudo e te mostrar...

- Mostrar o que, Chanyeol? – Eu já não estava conseguindo raciocinar tão bem.

- O que me trouxe até aqui. Vou te levar até lá Baekhyun, mas primeiro precisamos passar em casa e deixar essas mochilas, eu também preciso pegar algo muito importante lá. – Ele abriu um sorriso provocante porém misterioso.

- Casa? Qual casa?

- A nossa casa, Baek! – Ele ergueu as chaves diante dos meus olhos e as balançou um pouco. – Você já sabe o caminho.

Saímos da cafeteria na mesma velocidade em que chegamos, ele guiava meus passos porque eu estava completamente perdido e confuso. Ele me ajudou a empurrar a Faísca até chegar na casa que agora poderíamos chamar de nossa e era exatamente o apartamento onde eu morava há algumas semanas.

Eu estava bastante lesado por conta das emoções, mas algo estacionado a frente do prédio, chamou minha atenção e me despertou de maneira avassaladora.

- A Labareda! Chanyeol, a Labareda, como ela veio parar aqui? – Corri até a moto, depois dela de volta ao seu dono, meus olhos deviam brilhar como os de uma criança, porque o outro achava tudo muito engraçado. Por alguns instantes me permiti indagar sobre como aquela moto estava ali e como faziam as pessoas para transportar veículos, mas depois conclui que havia coisas mais importantes para ocupar o pensamento naquela hora.

- Primeiro precisamos deixar essas coisas em casa. – Ele falou indicando nossas mochilas.

Enquanto subia as escadas até a minha casa eu mal podia crer que aquela seria agora a nossa casa. Subimos os lances de escadas necessários e quando chegamos em frente àquela porta marrom, ele me olhou, suspirou, fechou os olhos o que eu interpretei como uma tentativa de mentalizar coisas boas para aquela nova era que começava ali.

Em casa, acabei descobrindo na sala, as malas de Chanyeol e todas as suas coisas ali. Ele me contou que estava em um hotel nos últimos dias apenas esperando o momento certo de se mudar para o nosso apartamento e me surpreender. E havia conseguido exatamente isso, eu estava perplexo, sem chão acreditando que a qualquer momento alguém podia me beliscar e me levar para longe daquele sonho maravilhoso.

Tomei água enquanto observava cada passo de Park Chanyeol. Ele andou devagar até uma pequena varanda que havia na sala, e estendeu a mão em minha direção para que eu fosse até ele.

- Eu vim até aqui, por você. – Ele me puxou até que eu ficasse colado em seu corpo – Agora eu vou te mostrar porque as coisas foram como foram e porque eu preciso de você. – Dizendo isso ele depositou um beijo singelo na altura da minha testa e eu o abracei com toda a minha força.

- Promete que você é real e não vai sumir quando eu dormir? – Falei manhoso erguendo a cabeça para olhar seu rosto de frente.

 - Eu prometo, Byun Baekhyun! – Ele me amassou contra seu peito em um abraço um tanto desesperado, mas eu não liguei, pois amava seu perfume e estava morrendo de saudade – Agora vamos, há algo que preciso te mostrar. Preparado?

- Mais do que nunca. – Respondi mentindo, porque eu nunca estava totalmente preparado para as surpresas dele.

Chanyeol vestiu seu casado dos Lobos do Asfalto e me estendeu um igual. Eu olhei para a peça e vesti como se me sentisse parte de um time muito importante. Ele fez um gesto para que eu passasse em sua frente e ele fechou a porta de casa enquanto meus passos corridos pelos degraus da escada já eram audíveis. Sai do prédio sabendo que aonde quer que fossemos seria a Labareda que nos levaria, por isso já me senti animado. Esperei que ele assumisse seu lugar como o guia da motocicleta, e então me sentei no banco adjacente e entrelacei meus braços a sua cintura como já era de costume.

Permiti ao meu corpo e a minha mente a dádiva de relaxar ali junto ao corpo de Chanyeol, mas fui retirado de meu momento de êxtase por sua voz grave.

- Baekhyun, espera! – Ele disse rindo da minha cara – Ouça isso para entrar no clima, ok? – Ele me estendeu um ipod que indicou que colocasse os fones.

O aparelho tocava Speed of Sound em um loop infinito e aquilo foi maravilhoso. Além de me deixar ainda mais emotivo, eu ouvia apenas a música e era inundado por ela a cada curva que a moto fazia pelas ruas de Paris. Aquela música me lembrava da primeira vez em que eu havia andado na moto de Chanyeol, ouvimos aquela musica juntos e de alguma forma fora ela a trilha sonora responsável por dar ao meu coração o sinal verde e permitir a mim mesmo me apaixonar por ele. Aquela música era a trilha do início de nosso amor e ela falava de vida, de amor, de música e som, falava da multiplicidade de coisas que nós dois éramos. Aquela música falava de fins e falava de começos, aquele era o nosso começo depois do fim.

Eu sentia o vento tocar meu rosto e acelerar as lágrimas que caiam ali. Sim, eu já estava chorando e talvez eu tivesse chorado ainda mais se já soubesse o que era a surpresa. Se eu soubesse, eu teria me poupado de chorar um pouco e guardado todas as minhas lágrimas pra depois porque eu realmente precisei chorar cada um delas depois do que ele fez.

Passamos por várias ruas cor de cinza nas quais eu nunca havia estado antes e cruzamos feito raio por rostos que eu nunca havia visto antes. Passávamos feito balas por uma Paris nunca antes vista, e tudo parecia parar apenas porque ele estava ali comigo.

Paramos bem no ápice da música, estávamos em um lugar com paredes de vidro e um belo jardim. Retirei os fones do ouvido e antes que eu pudesse averiguar mais sobre o lugar e talvez descobrir mais alguma coisa, ele me colocou uma venda.

- O que é isso? – Perguntei já não vendo nada.

- É só para não estragar a surpresa. – Ele falou calmo, bem quando senti apertar o nó por trás da minha cabeça.

Pronto. Naquele instante eu soube que estava perdido, eu soube que choraria rios e advinha só? Acertei na mosca. Chanyeol guiou meus passos, enquanto me dizia algumas coisas que apenas serviam para me deixar ainda mais curioso.

- Você lembra que eu disse que precisava de um projeto pra vir pra cá com uma bolsa? – Ele falou quando finalmente paramos e senti ele desfazer o nó que prendia a venda em meus olhos. – Esse é o meu projeto.

Dizendo isso ele permitiu que a venda caísse e meus olhos viram a mais linda homenagem feita a mim. Nós estávamos na entrada daquilo que parecia um pequeno salão onde se podia ler Ma Petite Lumiere, que na tradução literal quer dizer Minha Pequena Luz.  Abaixo do nome da exposição, havia um texto e uma grande assinatura de seu realizador Park Chanyeol.

- Desde que te conheci, Byun Baekhyun, eu pensei que você era o que as lentes de minha câmera precisavam e depois de um tempo eu conclui que você era a minha pequena luz e seria egoísmo manter você só para mim. – Ele segurou forte em minha mão antes de continuar explicando – Então eu decidi duas coisas: a primeira era que eu não podia ficar longe de você, amor a distância é algo bonito, mas não pra mim; e a segunda: eu decidi transformar você em arte. Aqui estão expostas todas as fotos que tirei de você. As que você sabe e as que não sabe. Isso aqui é prova de todo o meu amor por você.

Eu tentei articular os músculos faciais para tentar por em palavras a minha emoção e gratidão por ele e pelo que havia feito, mas apenas o abracei e o beijei, porque as vezes essas coisas falavam mais do que as palavras mesmo. Eu era imensamente grato a Park Chanyeol por desde o início enxergar em mim mais do que eu mesmo via quando me olhava no espelho. Eu era grato a ele por achar em mim inspiração, logo eu que sempre me julguei normal demais, simples demais.

Ma Petite Lumiere nada mais era do que uma exposição interativa de fotografias. Digo interativa porque a todo tempo era possível que o expectador se conectasse com ela de vários níveis. As fotos seguiam uma linha cronológica que aos visitantes era inédita, mas que para mim era só nostalgia e em todo lugar havia música. Em um primeiro cômodo havia fotos pequenas ou grandes, algumas emolduradas, outras pendendo do teto como polaróides que nem mesmo eu conhecia a existência. Em uma delas eu pensava na vida, sentado na escada da faculdade em Seul, e nessa imagem havia a legenda: primeira vez.

Andei mais um pouco e me deparei com uma foto gigantesca. Dessa vez eu estava sentado na sala de aula, com a cabeça escorada na mesa, encarando o vazio. A foto estava em tons de sépia e nela se podia ler: primeiras impressões.  Mais adiante encontrei uma das fotos que havia visto uma vez em seu quarto, eu estava escorado na escada da faculdade e lia algum livro, nessa foto havia a seguinte legenda: primeiro diálogo.

Fui me deliciando com as imagens e deixando que elas contassem a nossa história. Fotos de nós dois juntos no apartamento, fotos minhas em casa, fotos de nós dois com nossos amigos até que bum! Outra parte da exposição: nesse cômodo ouvia-se Speed of Sound de todos os cantos e havia um sistema de luz e cor bem psicodélico ali, nas paredes além de fotos mais sombrias – minhas e de Chanyeol geralmente à noite – haviam televisões acopladas às paredes onde eram exibidos vídeos filmados na estrada. Esses eu reconheci no mesmo instante como vídeos feitos pela câmera acoplada na Labareda.

Em um ultimo cômodo me surpreendi, pois havia fotos recentes e nessa sessão podia se ouvir aquilo que parecia uma versão demo daquela música que eu e Chanyeol havíamos feito juntos. Nessa sessão havia na entrada um texto que eu parei para ler. Dizia o seguinte: “Quando Baekhyun disse que partiria eu me perguntei como seria viver sem ele, me perguntei se seria possível e apenas por indagar isso a mim mesmo eu chorei, chorei porque não queria estar no escuro novamente. Baekhyun sempre teve muitas lágrimas apesar de se fazer de durão e eu não podia demonstrar meus medos, eu tinha que ser forte por nós dois. Eu apenas queria dizer a ele que em seus olhos já havia lágrimas demais e aquela era a minha vez de chorar. My turn to cry.”

Eu chorei. Chorei por ver ali a raridade e a simplicidade mesmo que complexa do que ele sentia. Me senti pequeno por ser tão frágil aos seus olhos e alvo de um afeto tão grande, mas me senti gigante por saber que aquilo tudo era para mim. As fotos daquele cômodo me lembravam os últimos tempos, a fase mais adulta de nosso amor, o nosso sentimento em sua forma mais plena. Nós dois na casa de minha família, nós dois quando nós perdemos, nós dois no cinema e em nosso apartamento.

Nós. Dois. Prontos para fazer daquela exposição eterna porque nosso amor sempre produziria novas lembranças.

Estendi minha mão e Chanyeol a segurou quando olhamos uma ultima foto nossa, de costas naquele banquinho daquela parte perto de minha antiga casa.

- Agora é só o começo não é? – Deixei minha cabeça cair em seu ombro.

- É só o começo, Baekhyun.

 

***

 

Agora estávamos nós dois, de mãos dadas iluminados por todas aquelas luzes da Fette des Lumières indo em direção ao Place du Trocadéro onde podíamos ter uma visão de camarote da Torre Eifel toda iluminada. Quando chegamos ali, eu me permiti fechar os olhos rapidamente e agradecer aos céus pelo aperto forte e reconfortante das mãos de Chanyeol, e pela vida que eu tinha. Quem diria que um simples sorteio em uma matéria do início da graduação iria mudar tanto a minha vida?

Ele havia me transformado e me ensinado muitas coisas sobre mim e sobre a vida. Comecei a contar essa história acreditando que demonstrar sentimentos era algo ruim e pensando que se abrir não era algo bom a se fazer. Mas Chanyeol não desistiu de minha vida cinza e trouxe cor e caos a ela, e eu o agradeço por isso, hoje eu me considero mais feliz por ele e por ter me ajudado a descobrir quem eu sou.

- Chanyeol... – Chamei reticente e me deliciei quando seus olhos gigantes e infantis me encararam – Eu te amo.

A princípio ele manteve meu olhar e abriu um sorriso largo mostrando os quatrocentos dentes que devia ter na boca.  Foram seus olhos grandes e desenhados que me deram a certeza da resposta, mesmo que palavra nenhuma saísse de sua boca. Depois, o olhar sincero e doce se transformou em uma encarada brincalhona que ele usou para dizer:

- Eu sei!

Quantas voltas a vida dá não é mesmo? Precisei rodar meio mundo pra descobrir que encontrar o que te move é mesmo muito importante, mas a vida não é só sobre o que te motiva, mas também sobre aonde você quer chegar. Ainda não tenho clareza na resposta, sei que quero ajudar e inspirar pessoas, mas sei que o amor é a pista e que somos seres humanos capazes de nos reinventar conforme as coisas da vida. Tudo que sei é que e aonde quer que o destino me leve, quero estar com Park Chanyeol ao meu lado. E mesmo se eu tivesse a oportunidade de viver minha vida outras mil vezes eu sei que faria tudo de novo.

- Promete que vai atrás de mim aonde quer que for, se eu fugir? – Fiz manha para ele.

- Eu já fiz isso duas vezes, você não devia nem mesmo perguntar ou duvidar. – Ele fez uma careta e cruzou os braços. Depois de um tempo se virou para ficar de frente para mim e segurou meu rosto com suas mãos – Baekhyun, eu vou atrás de você pra sempre, porque o que me move é chegar até você, entendeu? Sem você eu sou uma lâmpada sem luz. Eu sempre irei até você.

- Pra sempre? – Perguntei passando um de meus braços por trás de seu corpo, agarrando sua cintura.

- E depois do sempre também.

 

 

Je suis la lampe, tu est ma lumière


Notas Finais


Antes de mais nada, o meu sincero muito obrigada. Muito obrigada a todos que passaram por aqui e leram pelo menos uma palavrinha dessa história louca. Quando eu comecei a escrever eu não sabia que podia fazer isso, eu nem acreditava que alguém leria, mas então eu postei e quando pediram por mais, eu comecei a acreditar que talvez eu pudesse mesmo contar uma história do meu jeito, do jeito que eu acreditava que fosse o certo.

Eu queria uma história que fosse sensível, que transmitisse algo além do couple, além da doutrina chanbaeka, sabem? Eu queria que lembrassem e que ao lerem a história deixassem de pensar que era o Baek ou o Chanyeol e acreditassem que podia ser com elas, com as pessoas que leem.

E isso aconteceu! Eu vi um monte de surtos e recebi um monte de depoimentos de pessoas que me diziam do quanto a fanfic havia as feito pensar e do quanto elas haviam se conectado com a história e isso valia todos os calos, todas as vezes que meu braço doeu e todos os sabados que fiquei em casa pra escrever esse Baek.

Essa fanfic é pra todos aqueles que estão acomodados de alguma maneira e desejam mudar, essa fanfic é para aqueles que se sentem presos ou que não acreditam que podem ser mais do que lhes dizem. Essa fanfic é para aqueles que sonham e para aqueles que acreditam. Essa fanfic é minha, é sua e de todo mundo que abrir o link.

Eu só quero agradecer e dizer que nem tudo está perdido da vida, sempre tem uma luz, por mais que você não consiga vê-la ela sempre está lá. E se você não a vê ainda, pode ser que seja a luz você, na vida de outras pessoas.

Até a próxima!

(A PRÓXIMA É A SIDE SUCHEN EM JEJU)

ps: surtem comigoooooo
p2: depois vou escrever um jornal falando das surpresas que vem por ai!

obrigada por tudo!
vai lá o twitter e na ask @baekonda


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