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História Lumière - Missão Impossível


Escrita por: lunevile

Notas do Autor


Boa noite queridinhos amadinhos florzinhas do meu core <3 como estão?
Quero dizer pra vocês que estou adorando os comentários na fanfic e estou feliz que estejam gostando dessa história! Eu me divirto escrevendo e espero que cada capítulo consiga divertir cada um de vocês também!
Eu estava postando os capítulos na terça, mas acabei percebendo que esse é um dia muito complicado pra mim, por ser bem no meio da semana! Então os capítulos agora sairão todo sábado, ok?
Sem mais delongas, boa leitura :*

Capítulo 3 - Missão Impossível


Fanfic / Fanfiction Lumière - Missão Impossível

Eu me lembro como se tivesse sido ontem. Depois de nossa briga na cafeteria, Chanyeol estava me evitando e até mesmo nas aulas ele estava mais sério. No dia que brigamos, mesmo me sentindo um pouco culpado eu estava decidido a não ceder, porque eu, daquele meu jeito egoísta e orgulhoso não podia admitir que precisava dele. Mas com o passar dos dias eu fui começando a me sentir estranho, como se estivesse sentindo saudade dele... Ou pelo menos das piadas dele. Não podia ser, credo! Passei a sorrir para ele nos corredores, mas ele não correspondia. Um dia, Jongin o convidou para almoçar conosco, mas ele recusou. De qualquer forma, pensei que as semanas estavam passando e Chanyeol tinha razão quando me disse naquele dia em que almoçamos juntos, que se nós dois deixássemos todo aquele trabalho pra depois, quando o fim do semestre chegasse, estaríamos lotados de provas e trabalhos e isso provavelmente afetaria a qualidade do nosso projeto.

Alguns dias após a nossa briga eu tentei me aproximar dele. No momento em que ele entrou na sala de aula, eu decidi que era a hora de agir. O lugar onde ele costumava se sentar não era muito distante de onde eu estava de modo que pude observar bem seus movimentos. Ele chegou sem olhar para os lados, usava um fone no ouvido e um moletom com um capuz. Ele se sentou e quando retirou o capuz da cabeça pude ver que as mechas de seu cabelo estavam desgrenhadas como se ele estivesse acabado de sair da cama. Chanyeol abriu sua bolsa e tirou de lá um livro que eu não pude ver qual era. É, ele realmente sabia ler!  Olhando assim, não havia nada de ameaçador naquela cena então eu fui até a sua mesa, aproveitando que ele estava sozinho.

- Oi – eu disse com um sorriso fofo no rosto, sim, eu sabia ser fofo.

Ele não respondeu.

- Então, Chanyeol, posso me sentar aqui perto de você?

Ele não respondeu.

Achei melhor esquecer essa idéia e me sentar no meu lugar habitual mesmo. Até porque logo chegariam os amigos de Chanyeol e eu não queria ficar no meio deles.

O clima estava tenso, mas tentei melhorar as coisas com uma piada.

- Chanyeol, quando eu vou montar na labareda? – Eu não acreditei nas minhas palavras. Que ridículo! Eu não queria montar em lugar nenhum, socorro!

Morri de vergonha, mas vi que minhas palavras haviam surtido algum efeito porque ele, ainda sentado levantou os olhos do livro que estava lendo e virou a cabeça em minha direção. Por um instante pareceu que ia dizer algo, mas não houveram palavras. Ele rasgou um pedaço de papel de seu caderno e escreveu algumas coisas em uma letra tão miúda que eu não consegui ler. Depois, estendeu a mão pra mim e eu não entendi.

- Pega – ele disse, a voz parecia mais grave que o normal. Agora que eu havia parado para prestar atenção nisso dava pra ver que Chanyeol era uma pessoa bem intimidante. Eu fiquei olhando pra ele sem entender o que eu devia pegar.

- O quê?

- O papel - Ele disse colocando o papel na minha mão que até então pendia ao lado do meu corpo.

- Ah ta.

Voltei a minha mesa e abri o papel, que para minha surpresa continha o número de telefone e o email dele também, e embaixo um pequeno lembrete: “para falarmos do trabalho”. Mas é claro que falaríamos do trabalho, o ele estava pensando? Que eu ligaria pra ele no meio da noite para falar dos meus problemas? Eu não soube ao certo o motivo, mas fiquei bem triste depois de falar com Chanyeol. Será que eu vivia sozinho, porque eu era insuportável como ele havia dito quando brigamos?

Junmyeon chegou à sala enquanto eu pensava e ficou me olhando meio sem entender o porquê da minha cara de enterro. Eu queria saber se aquilo era verdade. Precisava saber.

- Junmyeon o que você acha de mim? – disparei de vez.

- Como assim? – ele perguntou. - Te acho até Atraente.

Ele era meio lento às vezes.

- O que você acha de mim? Tenho qualidades? Tenho defeitos? – Perguntei pensando já no que ele responderia.

- Tipo, de verdade, de verdade mesmo? – ele disse e eu pude reparar que ele era bem engraçadinho. Sempre exagerava nas expressões.

- Sim de verdade. – Respondi com expectativa.

- Ah, você é um bom amigo.

Que decepção viu? Eu esperava que ele fizesse uma grande lista dos motivos que me fazem perfeito e das razões pelas quais é um privilégio ser meu amigo. No fundo, bem lá no fundo mesmo eu tinha medo de que ele concordasse com os outros e me dissesse a verdade.

- Não Junmyeon, de verdade. O que você acha de mim? Eu sou tão difícil de lidar assim?

- Uhum – ele disse fugindo do meu olhar e encarando o chão.

- Se explica!

- Não vai me bater?

- Não – Eu teria que me segurar.

- Você às vezes é muito chato, Baek. Você é muito sistemático também, e às vezes é egoísta, sem falar que você é dramático demais.

Eu realmente tive muita vontade de gritar com ele, de dar uns tapas nele. Eu não era nenhuma dessas coisas, certo? Ao menos eu não admitiria. De qualquer forma fiquei pensando que ninguém era obrigado a gostar de mim, assim como eu não era obrigado a agradar ninguém. Forcei minha mente a se concentrar nessa idéia, mas bem lá no fundo fiquei encafifado com isso.

- Porque a pergunta?

- Por nada – eu menti.

- É o Chanyeol? – Junmyeon perguntou com um tom de curiosidade, e a menção do nome de Chanyeol me fez dar um pulo.

- Como assim o Chanyeol? – perguntei meio perdido.

- Ele ta olhando pra cá e bom... está lendo Harry Potter. Isso é estranho, não acha? Disfarça e olha pra ele.

- O quê? – me virei imediatamente para a mesa de Chanyeol que agora, mesmo cercado por seus amigos, continuava concentrado no livro.

- Que parte de disfarça você não entendeu?

Foi então que prestei atenção e vi que ele segurava em suas mãos um exemplar de Harry Potter e o cálice de fogo. Que ironia! Meu Deus! Eu quis gritar, fazer escândalo, ir até lá e perguntar em que parte ele estava e o que estava achando do livro. Levantei-me num impulso e abri caminho até ele sem pensar. Quando me dei conta de meus atos eu já estava na frente da mesa dele, sem saber o que dizer. Com cara de tacho!

- Olha só o Baconzitos – disse um dos amigos dele, pude reparar que ele parecia um ogro gordo.

- O meu nome é Beica. – WTF? O que eu havia acabado de dizer? Beica? Beica? Como assim Beica? Porque eu tinha sempre que ficar tão nervoso e estragar tudo?

Risadas.

- O que você quer Baekhyun? Você pode me ligar depois, mais tarde... – Chanyeol disse levantando os olhos em minha direção.

- É Beica, o que você quer? – Taeyeon disse. Eu odiava ela ainda mais depois do incidente na cafeteria. Eu e Junmyeon havíamos dado um apelido singelo a ela: Teião Caminhoneira.

- Eu só vim te dar o meu número, Chanyeol.

- Hum, agora o casalzinho conversa no celular de madrugada? – Ela disse. Que menina irritante!

- Cala a boca! – Chanyeol disse me dando seu celular de ultima geração para que eu mesmo salvasse meu número em sua agenda de contatos.

- Sabe Chanie, depois que você virou dupla desse idiota, você ta ficando igual a ele. Olha o livro gay que você ta lendo... você que indicou esse livro a ele, Beica? – Ela disse, virando pra mim com um olhar tosco.

- Foi mal fia, eu não entendo o que você diz... Ainda não sou um ofidioglota formado.

Amaldiçoei ela em pensamento: sua barata nojenta abominável asquerosa!

- Isso é tudo que você tem a dizer, Baekhyun? Então tchau! Já pode voltar pro seu lugar.

 

***

 

As aulas daquela quinta feira terminaram e todos estavam animados para o final de semana, menos eu que estava de cabeça quente por causa de Park Chanyeol. Naquela noite contei tudo para Kyungsoo, desde a briga na cafeteria, que até então eu não havia compartilhado com ele, até o fato de Chanyeol estar me ignorando. Kyungsoo me surpreendeu ao dizer que eu estava sendo um babaca

- Baekhyun eu realmente não entendo você… esse cara nunca te fez nada! – Ele disse enquanto lia um livro sobre o Renascimento.

- Kyungsoo, é claro que ele fez. Ele me irrita. Gente como ele me irrita. – Eu disse enquanto me preparava para assistir a uma maratona de Game of Thrones.

- Como assim gente como ele? – O outro perguntou.

- Gente que acha que popularidade é tudo, gente sem conteúdo.

- Baek você tá sendo mesquinho, você nem conhece ele!

- E nem preciso Kyungsoo!

- Ele me pareceu legal, já você pelo que me contou, agiu feito um babaca.

Eu quis brigar com ele também, mas não consegui. Ao invés disso saí de casa por algumas horas, pra esvaziar a cabeça e andei um pouquinho pelo bairro onde morávamos até encontrar um parque. Era um parque que pela manhã, vivia cheio. Sempre haviam crianças, as vezes com balões, as vezes com bichinhos de estimação... Eu costumava ir até lá para ler. Mas, no momento, a noite, ele estava quieto, haviam pessoas, porém poucas.

Sentei em um banquinho, a beira de um pequeno lago ao centro do parque e fiquei pensando. Talvez todo mundo tivesse razão. Talvez eu fosse um tanto difícil de lidar. Mas ninguém me entendia. Eu preferia assim, se eu não me aproximasse, se não me apegasse a ninguém, eu não precisaria de ninguém. Em minha mente eu tinha uma única certeza sobre relacionamentos: eles acabam. Eu tinha muito medo de conhecer alguém e me apaixonar porque eu sabia que eu iria sofrer quando acabasse. Então, seguindo essa linha de raciocínio era mais fácil permanecer sozinho. Eu andava ao lado da solidão, justamente por temê-la.

Esses pensamentos me deixaram bem triste e eu acabei concluindo que eu era sozinho porque era assim que tinha que ser. Saí do meu lugar no banquinho de madeira e agi impulsivamente. Deitei na grama bem ao lado do banco e fiquei ali, parado em silêncio olhando as estrelas. Lembrei de uma frase de Shakspeare, em Hamlet que eu gostava muito, e por algum motivo recitei baixinho:

 

Duvides que as estrelas sejam fogo

Duvides que o sol se mova

Duvides de que a verdade seja mentira

Mas não duvides jamais que eu te amo

 

Droga! Eu estava tão carente que não estava me reconhecendo mais. Tentei pensar em outra coisa, me concentrei em Shakespeare: Seriam as estrelas mesmo fogo? Talvez as estrelas fossem labaredas, como a moto de Chanyeol. Lembro-me de pensar que se Chanyeol estivesse ali, com certeza faria alguma piadinha sobre Shakespeare. Pensando nisso, eu ri.

- Ah, Chanyeol – eu disse em um suspiro.

Mas que merda estava acontecendo comigo? Às dez da noite em um parque, deitado na grama, olhando as estrelas e pensando em... Pensando em... Chanyeol. Devia estar doente. Precisava desviar minha mente deste tipo de pensamento. Peguei meu celular e mandei uma mensagem pra Kyungsoo:

“Tô com fome”.

Esperei alguns segundos e a mensagem dele piscou na tela do meu celular:

“Não sou sua empregada”.

Eu ri e antes que eu pudesse pensar em responder, outra mensagem dele:

“Onde você está? volte pra casa agora, ou eu vou te deixar dormir na rua.”

Eu rapidamente respondi:

“Se eu levar uma pizza, você me deixa entrar?”

E em menos de um minuto, obtive a resposta:

“A pizza entra, você não!”

 

Mesmo tendo ficado um pouco confuso durante o pouco tempo que estive no parque decidi que voltaria outras vezes em outras noites. Lá era tão calmo que me ajudava a organizar meus pensamentos e eu precisava de ordem na minha cabeça. Bem quando ia me levantar, ouvi um barulho atrás de mim e me assustei. E se fosse um ladrão? Olhei pros arbustos logo atrás de mim e não havia nada. Apressei-me em sair daquele lugar porque certamente coragem não era o meu forte.

Comprei duas pizzas, se Kyungsoo não me deixasse entrar eu comeria uma, e ele a outra. Virei a chave na fechadura e quando entrei em nossa pequena sala dei de cara com Kyungsoo sentado em sua poltrona de couro, com cara de mafioso. Olhando ele daquela forma eu podia até ouvir os acordes da trilha sonora de O poderoso chefão na minha mente.

- Você tinha chave né desgraçado?! E eu aqui preocupado com você… - Ele disse.

Eu apenas ri e me apressei colocando as pizzas em cima de nossa mesinha de centro.

 

 

***

 

 

- Você tem que pedir desculpas. – Kyungsoo disse enquanto comíamos.

- Desculpa, Soo... eu não devia ter discutido com você por causa dele. – Eu disse.

- Não a mim Baek, a ele. Ao Chanyeol.

- Mas Soo! – eu disse fazendo manha. No fundo eu sabia que isso era mesmo necessário, mas sabia também que seria bem difícil – eu não quero ter que me humilhar até ele.

- Talvez a sua mudança deva começar por aí Baekhyun! Pedir desculpas não é sinônimo de humilhação. Eu acho que pedir desculpas é um ato nobre e corajoso.

Vendo que eu permaneci em silêncio pensando, ele continuou:

- Você nem ao menos deu uma chance a ele...

Kyungsoo tinha mesmo jeito com as palavras, pois vendo ele falar assim eu meio que cosegui entender pelo menos um pouco da situação. Eu estava sendo mesmo chato com Chanyeol esse tempo todo e ele tinha mesmo razão em me ignorar e eu teria que me desculpar se quisesse trabalhar com ele. O problema é que agora eu havia piorado tudo com meu ataque de pelanca na cafeteria.

O resto da noite correu bem. Eu e Kyungsoo comemos o resto das pizzas, brincamos e conversamos. Fui dormir ainda preocupado com o que faria em relação à Chanyeol mas ainda assim me sentindo incrivelmente leve. Kyungsoo era sempre um bom amigo, conversar com ele sobre os meus problemas sempre ajudava.

Lavamos os pratos e copos que havíamos usado e Kyungsoo foi dormir mais cedo enquanto eu me fiz um café e sentei para pensar em algumas coisas. Pensei em todo o trabalho que tinha pela frente e lembrei-me da ideia de Chanyeol que era falarmos sobre felicidade, lembranças boas e sentimentos bons… era realmente uma boa ideia. Ah Chanyeol! Eu teria que ser sutil e encontrar maneiras de me aproximar e pedir desculpas, mas como?

No momento em que me deitei na cama, estava decidido. Eu pediria desculpas a Chanyeol no dia seguinte e esperava que ele aceitasse meu pedido porque esse tipo de ato nobre, como Kyungsoo havia chamado não era muito do meu feitio e por mais que fosse algo que eu quisesse e precisasse fazer, eu não me sentia muito confiante.

Talvez houvesse uma forma fácil de me desculpar.

Deitado, peguei o meu celular que estava em cima da pequena cômoda ao lado da cama, pronto para mandar uma mensagem para Chanyeol. Ele havia me dado seu número e não custava nada tentar me desculpar dessa maneira. Fiquei olhando a tela do celular por alguns minutos tentando escolher as palavras e acabei decidindo não enviar nada porque Chanyeol iria ficar achando que costumava pensar nele durante a madrugada.

Com raiva coloquei o celular de novo sobre a cômoda e sem querer acabei derrubando o pequeno abajur que também ficava sobre ela. Kyungsoo deve ter acordado com o barulho, pois a tela do meu celular brilhou com uma mensagem dele que dizia:

“Vai dormir, cabeçudo!”

Eu ri. Preparei-me para respondê-lo, mas não sabia bem o que dizer, provavelmente por causa do sono então deixei o celular de novo sobre a cômoda e me virei de lado para dormir. Mas Kyungsoo, aparentemente esperava uma resposta porque gritou do quarto ao lado:

- Você tá me ignorando? Acabou o amor! Agora eu é que vou te ignorar!

Peguei o celular novamente sentindo meus olhos arderem de sono. Fui até os números recentemente utilizados para digitar uma mensagem que expressaria todo meu amor e gratidão ao meu amigo. Pensei que ele talvez fosse me zoar por isso, ou rir da minha cara, mas mesmo assim, com sono escrevi as seguintes palavras:

“Por favor, não me ignore mais, eu não vivo sem você, seu idiota!”

Fiquei rindo do que havia escrito enquanto esperava uma resposta, mas não obtive nenhuma. Então presumi que Kyungsoo já estivesse dormindo. Foi aí que a tela do celular piscou novamente e eu gritei com a voz sonolenta para o quarto ao lado:

- Me deixa dormir, Kyungsoo, eu to morrendo de sono! Pare de mandar mensagens!

Ele respondeu:

- Eu não te mandei nada. Eu to te ignorando, esqueceu?

- Como você tem coragem de ignorar uma declaração como a que eu fiz? Eu admiti que não vivo sem você Kyungsoo…

- Baek, você deve tá sonhando, não chegou essa mensagem pra mim não – Kyungsoo disse aos risos.

Mas então, se eu não havia enviado a mensagem para ele, porque raios meu celular estava piscando? Eu tinha certeza de que havia enviado aquela mensagem! Eu me lembrava claramente de ter apertado no “enviar” na tela do celular. Bom, quem quer que fosse, alguém havia recebido aquela mensagem e havia respondido. Estava com medo de pegar o celular… Que mico! Eu havia mandado uma mensagem me declarando pra alguém às quase três horas da madrugada... Quem será que havia recebido a mensagem? Eu tinha um mau pressentimento sobre isso que só se confirmou quando peguei o celular e vi o nome de Chanyeol piscando na tela.

Foi tudo muito rápido. Peguei o celular e ao ver o nome que aparecia na tela, de susto me desequilibrei e rolei para o chão. O baque de meu corpo no chão fez Kyungsoo gritar do outro quarto:

- Baek, o que houve?

Se eu estava no chão, minha dignidade estava no subsolo. Ali mesmo jogado no chão frio, tomei coragem para ler a mensagem de Chanyeol, que dizia:

“Ok, isso foi estranho… amanhã a gente conversa…”

Pensei em responder dizendo que havia mandado a mensagem por engano, mas pareceria uma desculpa esfarrapada e eu estava morrendo de vergonha, então tentei dormir.

 

***

 

No dia seguinte acordei antes de Kyungsoo e saí bem cedo para a faculdade antes que desistisse de falar com Chanyeol. Estava frio e havia muita neblina de forma que ao fazer o pequeno percurso de casa até o meu destino eu me senti um soldado indo ao campo de batalha. Eu estava nervoso por ter que conversar sério com Chanyeol, tinha medo do que ele podia me dizer, medo de que brigássemos novamente… E, para piorar tudo eu havia mandado aquela mensagem humilhante na noite anterior e por isso receava não conseguir olhar na cara dele de tanta vergonha.

Cheguei à sala de aula e não havia ninguém. Teríamos que resolver tudo antes que a turma chegasse, porque aí seria impossível conversarmos. Tudo que eu podia fazer era sentar e esperar, e foi o que eu fiz por cerca de vinte minutos. Meu celular vibrou avisando a mensagem recebida de Chanyeol. Olhei para o celular e li as seguintes palavras:

“Bom dia! Encontre-me aqui nas arquibancadas do centro de esportes”

Não tinha um lugar mais próximo não? O tal lugar mencionado por Chanyeol ficava bem distante de onde tínhamos aulas de forma que eu teria que andar uns dez minutos. Ao menos eu teria tempo para ensaiar o que dizer a ele.

No centro de esportes de nossa universidade haviam várias quadras, uma delas, a maior, possuía arquibancadas largas que muita gente usava pra dormir ou apenas para passar o tempo. Ao me aproximar do local combinado eu vi Chanyeol andando por entre as arquibancadas, brincando com um grande galho, fazendo-o de cajado e batendo nos assentos a sua frente. Assim que me viu sua expressão mudou de um sorrisinho brincalhão para uma cara fechada e séria, lembrando-me que conversar com ele ainda era um desafio.

Aproximei-me de onde ele estava e nesse instante comecei a ficar nervoso. Quando cheguei ao lado dele ele assumiu um lugar em um dos assentos e eu o segui, sentando ao seu lado.  Ninguém falou. Ficamos encarando o nada até que eu pensei que não podia ficar adiando isso e comecei a dizer:

- Olha Chanyeol…

- Não. Hoje você vai me ouvir Baekhyun. – Ele me interrompeu.

Nós dois não nos olhamos, ambos focados no céu cinza a nossa frente. O local era silencioso e frio. Fiquei em silêncio esperando as palavras dele. Eu estava preparado.

- Você é um saco, Baekhyun!

Vendo que eu não me oporia a suas palavras ele simplesmente continuou:

- Você se acha melhor do que eu, quando na verdade nós dois passamos no mesmo vestibular, nós dois fazemos o mesmo curso, nós dois ralamos pra dar conta das matérias…Meu jeito palhaço pode enganar as pessoas, mas ninguém pisa em mim não! Eu não sou trouxa!

- Eu sei, Chanyeol. Me desculpa… Eu não sei o que me deu, eu não devia ter agido daquela forma com você – Eu disse de vez as palavras das quais vinha sentindo tanto medo.

Estremeci esperando a resposta dele, mas ela não veio. Chanyeol me torturava com seu silêncio que pesava sobre nós. Ele me olhou por uns instantes e depois voltou a encarar o nada a nossa frente, dizendo:

- Sabe qual é a diferença entre nós Baekhyun? Eu tenho coragem e você não.

- Coragem? – Perguntei confuso.

- Eu tenho coragem de ser o que eu quero, de falar o que eu quero, e eu não me importo com o que digam. Você não! Você se esconde atrás dessa máscara de prepotência…

- É.

Achei que ele fosse me descascar um pouco mais, mas tudo que ele fez foi dizer:

- Você está concordando comigo? Isso já é um grande avanço – falou rindo.

Eu também ri, só que um pouco mais travado e ele pareceu ter percebido já que me disse:

- Só tenta relaxar, tá bom? Você é um cara legal Baekhyun. A gente vai ter que se entender se quiser fazer essa parceria dar certo – Ele disse sorrindo me dando leves tapinhas no ombro.

Eu sorri pra ele e percebi que estávamos bem, pelo menos bem o suficiente para começarmos a efetivamente fazer o trabalho. Ele também era um cara legal, eu sabia disso. Vi que Chanyeol se levantava então o segui.

- Você tá lendo Harry Potter… - Eu disse tentando iniciar uma conversa.

- Sim, estou lendo o quarto livro da série... Os filmes eu já assisti mais de trezentas vezes Baekhyun. Tô lendo meio que por sua causa.

- Eu? Minha causa?

- É, você… você não tem um vídeo de seus surtos aos onze anos esperando uma coruja?  – Ele disse rindo – E, além disso, se eu quiser entender o que você fala, tenho que entender bem da série.

- Não tenho vídeos não. - Eu disse fingindo uma careta – Mas então Chanyeol dos filmes de Harry Potter você gosta?

- Baekhun, eu fiz meus pais me comprarem uma coruja e um dia, pouco antes do meu aniversário de onze anos ela foi embora e levou com ela minha única chance de ser bruxo. Eu chorei muito.

Eu ri.

Permanecemos em silêncio no resto do caminho até a nossa sala que agora já estava um pouco cheia. Chanyeol apareceu na porta da sala e um de seus amigos já gritou por seu nome lhe acenando com a cabeça. Não haviam mais lugares vagos no canto da sala onde Chanyeol costumava se sentar, no meio de seus amigos, mesmo assim fiquei surpreso quando ao invés de seguir até seu lugar habitual, ele depositou suas coisas em uma mesa próxima a minha.

Eu fiquei surpreso. Muito surpreso! Os colegas de Chanyeol ficaram surpresos, quando o chamaram e ele recusou o convite pra sentar entre mim e Junmyeon. Junmyeon ficou surpreso, e sem pensar disse:

- E aí, casal?*

Chanyeol arregalou os olhos e eu também. Minha vontade era esganar Junmyeon, mas me contive. Assistimos todas as nossas aulas assim, com Chanyeol por perto. Às vezes ouvíamos alguns risinhos vindos do pessoal babaca da turma, mas bastava Chanyeol lançar-lhes um olhar sério e eles cessavam por algum tempo. Trocamos poucas palavras durante as aulas e ao fim do dia, quando já se aprontava para deixar a sala, Chanyeol me disse:

- Baekhyun precisamos falar do trabalho… eu tenho uma ideia.

- Qual? – eu perguntei um tanto receoso.

- Surpresa. Me encontre na portão principal aqui da faculdade, por volta das 8 da noite, ok? – ele disse, já colocando a mochila nos ombros.

- Pra quê? – eu odiava não saber o que me aguardava.

- Surpresa. – ele disse com um sorrisinho malicioso.

- Mas Chanyeol, eu…

Antes que eu pudesse terminar minha frase e inventar desculpas, Chanyeol recolheu suas coisas e seguiu rumo à porta de saída. Eu gritei seu nome, mas ele apenas gritou de volta, já à distância:

- Às oito, Baekhyun.

Eu tinha que confiar nele dessa vez, eu havia prometido a ele e a mim mesmo que tentaria, então tudo que eu podia fazer era encontrá-lo às oito e me preparar para qualquer coisa. Fiquei olhando a porta esperando ele voltar como havia feito no dia em que discutimos na cafeteria, mas isso não aconteceu. Eu ri sozinho… Chanyeol era um cara engraçado, isso não se podia negar. Mas uma coisa estava estranha: ele havia aceitado minhas desculpas muito facilmente…

Fui surpreendido por Junmyeon que colocando um de seus braços sobre meu ombro disse:

- Cara, ele tá tão na sua!

Nem tive tempo de responder nada porque meu celular vibrou e pude ver o nome de Chanyeol piscar na tela. Abri a mensagem e fui tomado pela vergonha ao ler suas palavras:

“Você ainda tem que me explicar aquela mensagem.”


Notas Finais


* A fala do Junma é em referência à fala do Baek no capítulo anterior.

Gente do céu, Baek só passa vergonha tadinho, quero ver como ele vai fazer pra se explicar pro Chanyeol... e, O QUE VOCÊS ACHAM QUE VAI ROLAR NESSE ENCONTRO? QUAIS SÃO OS PALPITES DE VOCÊS?

Ah, esse capítulo tem trilha sonora:
https://www.youtube.com/watch?v=HqI0DBoMgJU

O próximo capítulo tem surpresas! Beijo!
lut, @baekonda


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