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História Lumière - Vestida para matar


Escrita por: lunevile

Notas do Autor


Olá bródinhos! Primeiro, quero agradecer a todo o carinho dispensado à mim e a fanfic! Nem de longe esperei isso tudo, mas é muito bom me divertir e divertir vocês!
ATENÇÃO: A cena final deste capítulo contém uma música, que é muito importante na composição da cena e muito importante para passar o sentimento que desejo com a cena! A música em questão é: Speed of Sound - Coldplay que é uma das minhas músicas favoritas, o link dela está nas notas finais lá em baixo! Peço encarecidamente que, se possível, escute assim que terminar de ler.
Aproveitem! Tem muita novidade nesse capítulo!

Capítulo 4 - Vestida para matar


Fanfic / Fanfiction Lumière - Vestida para matar

Eu estava achando estranho o fato de Chanyeol querer se encontrar comigo às oito horas da noite no portão da faculdade. Quer dizer, eu sabia que já era hora de começarmos a fazer alguma coisa sobre o nosso trabalho, mas marcar uma reunião para falar disso às oito horas da noite de uma sexta feira era estranho, certo? Afinal era para isso que Chanyeol havia me chamado né? Ao menos era isso que eu esperava.

Quando Kyungsoo me perguntou o que eu faria naquela sexta à noite e eu disse a ele que encontraria Chanyeol, ele quase pirou:

- Mas o que foi que eu perdi? – Ele disse praticamente aos berros.

Eu não respondi. Estava realmente muito apreensivo sobre o que aconteceria naquela noite. Tudo estava muito estranho. Chanyeol havia aceitado minhas desculpas muito facilmente e um alerta de perigo piscava em minha cabeça. Vendo que eu estava totalmente imerso em meus pensamentos Kyungsoo continuou:

- Quer dizer... até ontem você estava quase arrancando os cabelos por causa dele, e pensando em como se desculpar e hoje os dois já estão saindo juntos? Você me deve uma explicação Baek!

- Kyungsoo, nós vamos fazer trabalho! – Eu disse a ele imediatamente antes que ele pensasse besteira, mas pareceu não adiantar, porque ele me lançou um sorrisinho malicioso quando disse:

- Eu sei que tipo de trabalho que ele quer fazer com você!

Ele riu e eu dei uns tapinhas nele por pensar aquele tipo de coisa de mim. Ele, mais do que qualquer outra pessoa sabia que eu não costumava perder tempo com relacionamentos. E Chanyeol estava longe de ser o tipo de pessoa que me atraía, pelo menos era o que eu pensava naquela altura de minha vida.

- Daqui a pouco estou saindo para encontrá-lo – eu disse desanimado. – Devo colocar um vestido bonito? – eu disse me virando para Kyungsoo e fingindo uma expressão soberba.

Ele riu por alguns instantes e fui me arrumar porque a hora combinada já se aproximava. Tomei um banho demorado e escolhi meu figurino: não usaria um vestido, obviamente porque minhas coxas chamariam muita atenção de qualquer um que me visse, ao invés disso escolhi usar jeans e moletom, combinação que me deixava muito confortável e gostava de chamar de vestida para matar.

Fiz um pouco de corpo mole antes de sair e pensei em talvez não aparecer e depois dizer a Chanyeol que eu estava passando mal ou coisa parecida, mas depois raciocinei um pouco e concluí que eu já havia vacilado muito com ele. Eu não sei bem como descrever aquilo que sentia àquela hora. Um misto de medo e excitação, Chanyeol sempre me provocava esse tipo de sentimento e eu me sentia estranho sobre isso.

Mais ou menos às sete e meia da noite me preparei para sair. Peguei minha mochila e fui me arrastando até a porta, mas antes que pudesse abri-la para sair, Kyungsoo, que estava jogado no sofá perguntou:

- Por quanto tempo você vai ficar fora?

- Não sei Kyungsoo, eu realmente não sei... umas duas ou três horas... talvez mais, talvez menos... – eu realmente estava muito apreensivo. Eu não sabia para onde Chanyeol me levaria, o que faríamos e menos ainda quanto tempo eu ficaria fora.

- Ah... – Kyungsoo disse meio desanimado.

- Porque? – Perguntei. – Quer que eu te traga alguma coisa?

- Não, eu só estava chamando o Jongin pra vir pra cá... – Kyungsoo respondeu, com um fio de vergonha em sua voz

- Ah, safado! – Eu disse, deixando que a malícia desse o tom de minhas palavras

- Baekhyun, cala a boca!

- Pode chamar ele, Kyungsoo! Você tá muito necessitado. – eu disse, aos risos ao mesmo tempo em que fui atingido na cabeça por uma almofada.

- A gente vai só conversar, Baek! Só conversar, ok? E não tem ninguém necessitado aqui! – Ele disse, na defensiva. Kyungsoo sempre ficava vermelho quando tocávamos nesse assunto.

- Ok... só não usem a minha cama, ok? Minha cama é sagrada, você sabe. – Eu estava falando sério.

- Eu hein, Baekhyun, porque usaríamos a sua cama se eu tenho a minha!?

- Aha, te peguei! Então você assume que não vão ficar só na conversa!

- Eu te odeio Byun Baekhyun!

- Um beijo!

Desci rapidamente os poucos lances de escada necessários para chegar até a rua e quando cheguei, pude perceber que Kyungsoo me olhava pela janela de nosso apartamento.

- Não vai me dar tchau? – ele gritou lá do alto.

Algumas pessoas que passavam pela rua olharam para aquele homem gritando da janela de seu apartamento e não entenderam nada. Pensei em dar um tchauzinho fofo, mas implicar com Kyungsoo era a minha maior diversão e aquela situação era perfeita, então eu respondi, também gritando:

- Use camisinha!

Virei-me rapidamente para seguir meu caminho, mas fui interrompido pelo grito de Kyungsoo em resposta:

- Você também!

- Você me ama, Kyungsoo!

- Você que me ama, Baek!

 

***

 

O percurso até a faculdade era pequeno, mas eu perdi a conta de quantas vezes eu pensei em voltar correndo para casa e de quantas hipóteses diferentes eu imaginei para o encontro com Chanyeol. Pensei até que ele podia me sequestrar.

Quando cheguei ao portão principal onde havíamos combinado de nos encontrar percebi que ainda haviam muitas pessoas entrando e saindo da faculdade, fato que me tranquilizou: ele não poderia me sequestrar com tantas testemunhas assim no local. Mesmo assim retirei de minha bolsa o pequeno spray de pimenta que sempre carregava comigo, por via das dúvidas. Eu não era fisicamente forte e se Chanyeol ou alguém tentasse algo contra mim, era com aquele spray que iria me defender. Eu tinha o hábito de sempre pensar o pior então fiquei pensando que talvez Chanyeol e seus amigos podiam ter armado uma armadilha pra me humilhar de alguma forma e senti medo. Mesmo com todos esses pensamentos me mantive forte, Byun Baekhyun o herdeiro de Salazar Sonserina, não se abalaria facilmente.

Um ronco forte de motocicleta me assustou e eu pulei para trás, quase caindo. Esses motoqueiros parecem fazer isso de propósito, olhei o cara que havia me assustado, ele havia parado a poucos metros de mim e agora retirava o capacete. Foi então que percebi do que, e de quem se tratava. Era Chanyeol e sua amiga Labareda.

Eu me odiava por estar admitindo isso naquele momento, mas além de saber fazer uma entrada estilosa, Chanyeol realmente ficava muito bem nas roupas de motoqueiro. Muito bem. O traje que ele portava era todo em couro preto e eu podia jurar que havia brilho nos tecidos dos quais as peças eram feitas. Nos pés, ele usava aquelas botas gigantes que se vê nos motoqueiros dos filmes do tipo que fazem os pés de quem as usa parecer duas vezes maior. A calça que ele usava era tão justa que em minha humilde opinião ele iria precisar de muita pomada para assadura no momento que a retirasse, isso se conseguisse retirar visto que o tecido estava tão colado do corpo que por uns instantes pensei ter visto o contorno dos músculos de suas coxas. Ele também usava uma camiseta de alguma banda que eu não conhecia por baixo de uma jaqueta pesada também de couro com alguns apliques metálicos. No rosto, ele trazia um sorriso discreto que combinava muito bom com o figurino e o contexto. Ele havia estacionado sua moto e agora, ele caminhava em direção a mim. Ele era a perfeita visão do motoqueiro gay. Ele era lindo.

Seus lábios se mexiam, mas eu não ouvia som algum, eu estava prezo em algum tipo de transe estranho. Chanyeol era como um imã pra mim naquele momento. Seus olhos se estreitaram e ele deu uma gargalhada que fez com que eu me desse conta de que devia parar de encará-lo. Envergonhado eu disse:

- Oi, Chanyeol.

Ele sorriu pra mim, e eu senti uma coisa estranha, mas resolvi ignorar esse sentimento. 

- Pronto pra maior e melhor experiência da minha vida? – Ele disse com o mesmo entusiasmo de sempre.

Eu estava morrendo de medo, mas não podia demonstrar. O que será que ele chamava de melhor e maior experiência da minha vida? Quando se tratava de Park Chanyeol qualquer coisa era possível.

- Que seria... – eu disse, esperando ele dizer que experiência seria essa, apesar de já imaginar do que se tratava.

- Então Baekhyun, você ainda quer montar na labareda?

Eu nunca havia andado de moto, porque eu tinha muito medo e na minha mente esse era um transporte muito perigoso e eu não gostava de arriscar, mas por alguma razão que até hoje eu não entendo, eu aceitei o pedido de Chanyeol e respondi de maneira afirmativa a sua pergunta, o que fez com que ele abrisse um grande sorriso.

- Aonde vamos? – Eu perguntei.

- Você vai saber quando chegarmos, lá. – Ele disse se aproximando da moto e abrindo um compartimento do assento na mesma, onde se escondia um capacete.

- Nós não vamos falar do projeto? – Eu quis saber.

- Eu vou te mostrar algo que eu queria poder mostrar no nosso projeto.

Ele me estendeu o capacete, e eu sem jeito o coloquei. Chanyeol já havia montado na labareda e começava a acelerar para dar partida quando viu que eu continuava em pé esperando alguma palavra de comando. Eu não sabia bem o que devia fazer.

- Baekhyun, o que você ta esperando? Tenho que fazer cerimônia pra você montar?

Totalmente sem jeito eu montei na garupa da moto, cada movimento meu foi milimetricamente calculado porque aquela proximidade de Chanyeol era estranha pra mim, então eu apenas sentei e perguntei ao meu guia:

- Então Chanyeol, cadê o cinto de segurança?

Ele soltou uma grande gargalhada antes de dizer, com a voz abafada pelo capacete:

- Você não existe, Baekhyun! Segura na minha cintura, vai!

Ele não podia estar falando sério! O QUE? QUE INTIMIDADES SÃO ESSAS, QUERIDÃO?

- O quê?

- Segura na minha cintura, com força Baekhyun!

Eu fiquei meio relutante em fazer o que ele pediu, mas ele deu partida na moto e impulsivamente lá estava eu agarrado à cintura de Park Chanyeol. Com toda a força. Meu corpo colado ao dele. Parece que o jogo virou não é mesmo? E dessa vez eu estava na pior.

Chanyeol era um motorista habilidoso, ele avançou com a moto se afastando um pouco do centro da cidade e foi seguindo por uma rodovia plana e ampla, onde pode pegar mais velocidade. A sensação do vento fresco batendo no meu rosto e o barulho do motor se misturando ao som conturbado dos meus pensamentos juntos fizeram com que eu me sentisse incrivelmente calmo e indescritivelmente livre. Era tão bom que quase esqueci o fato de estar com o corpo colado ao de Chanyeol, tudo que eu queria naquele momento era continuar sentindo o vento no rosto e ir aos poucos me esvaziando de qualquer problema. Aquilo era muito terapêutico! Fechei meus olhos e me deixei levar pela sensação. Bem quando comecei a me imaginar em um clipe musical, senti que Chanyeol foi desacelerando até parar. Como assim? Não para Chanyeol, não para!

 

***

 

Chegamos à uma pequena praça afastada, onde pude perceber que haviam dezenas de outras pessoas com suas motos. Todos, homens ou mulheres vestiam trajes semelhantes ao de Chanyeol e ele não precisou me dizer palavra alguma para que eu soubesse que estávamos em uma das reuniões de seu clube de motoqueiros. Assim que Chanyeol estacionou, eu comecei a me sentir um estranho no ninho porque em um lugar cheio de pessoas em trajes escuros e em couro, eu, com meu moletom chamava mais atenção do que queria.

Eu fiquei olhando aquelas pessoas e me perguntando o que é que os componentes do clube faziam em suas ‘reuniões’. Alguns grupos pequenos se amontoavam nos cantos e quando avistaram Chanyeol vários de seus colegas de clube vieram lhe cumprimentar.

- Pêcêípisilon, como você tá? Disse um deles se aproximando de Chanyeol e lhe dando tapinhas nos ombros.

 - E aí, orelha! – Disse um outro menorzinho.

- E aí, bródinho! Como é que você ta, rapaz? – Chanyeol respondeu a ele.

- Tô de boa... você trouxe um amigo? – disse o outro, virando em minha direção.

- Pessoal, esse é o Baekhyun. Um grande amigo. A gente estuda junto.

Um grande amigo? Vou confessar aqui que fiquei meio tocado com as palavras de Chanyeol naquele momento. E confuso também. Eu nunca fui muito de ter amigos e para falar verdade eu não sabia mesmo lidar com aproximação de pessoas estranhas, mas, surpreendentemente algo em mim inflou quando ouviu Chanyeol se referir a mim como um grande amigo.

A praça onde estávamos possuía algumas barraquinhas de comida, alguns brinquedos infantis e o fato de ser sexta feira faziam com que estivesse cheia. Eu e Chanyeol nos sentamos em um dos bancos daquela praça e ele começou a dizer:

- Lembra que te falei da minha ideia? De falarmos de sonhos? De lembranças?

- Sim. – eu falei, esperando que ele prosseguisse com a idéia.

- O que você acha? Digo, o que você acha da idéia?

Eu realmente achava uma idéia muito boa, apesar de ter discutido com ele por isso. Dessa vez, decidi não fazer pirraça.

- É uma ótima idéia, Chanyeol mesmo... O que você pretende fazer?

- Bem, eu não tenho nada totalmente estabelecido, mas, achei que poderíamos gravar algumas imagens a partir de uma pergunta disparadora, entende?

- Não muito, mas continue...

- Por exemplo Baekhyun, quais são as coisas mais preciosas do seu dia a dia? Quais são seus sonhos? O que te motiva todo dia? Eu pensei que podíamos produzir imagens a partir de uma pergunta assim, entendeu?

- Entendi... é uma boa idéia Chanyeol... e nós viemos aqui pra isso? Você vai gravar seu clube de motoqueiros?

- O nome correto é moto clube, e nós somos Os Lobos do Asfalto.

- Nós vamos fazer algo desse tipo hoje? Filmar ou Fotografar?

- Primeiro, se você concordar com a idéia, temos que conversar com o líder do moto clube, pra ter uma autorização pra produzir as imagens, entendeu?

- Sim, e onde está essa pessoa? – eu disse, olhando ao redor, me perguntando qual deles seria o líder.

- Então você topa? – Chanyeol perguntou, animado.

- Claro, sua idéia é ótima.

- Mas ainda não temos a tal questão...

- Podemos pensar isso com o tempo, amadurecer a idéia entendeu? Por enquanto, a gente faz um teste aqui e vê o que acontece. Chanyeol, você é demais!

- É, eu sei! – ele disse, fazendo cara de malandro.

- Então o que estamos esperando? Onde está o tal líder?

Chanyeol se virou para um baixinho que estava próximo da gente e perguntou:

- Minseok, onde está o Chen?

- Ele está ali na frente, atrás daquelas barraquinhas de churrasquinho. Mas cara ele ta acompanhado, não atrapalha não! É o Suho...

- O Suho tá aqui? O Suho misterioso? O namorado misterioso do Jongdae? Mas é agora que eu vou mesmo. – Chanyeol disse, com os olhos arregalados, já ficando em pé e começando a correr.

- Chanyeol, o que está acontecendo? – Perguntei, sem entender nada, tentando acompanhar, vendo que ele já seguia na direção indicada pelo outro motoqueiro.

- Bem, o nosso líder, ele se chama Kim Jongdae, mas em sua opinião esse não é um bom nome para um líder de um moto clube, e ele odeia ser chamado assim, então ele tem esse pseudônimo Chen. Não o chame de Jongdae se você não quiser ser expulso do clube.

- E esse Suho?

- Suho é um cara com quem ele tem um rolo, sabe? Eu nunca vi a fuça desse sujeito, mas do jeito que o Chen fala, parece um deus grego. Vamos Baekhyun, corre, eu quero ver quem é esse cara.

Até eu estava curioso agora pra saber quem eram Chen e Suho. Que tipo de pessoa se chama Suho? E Chen? Ele era chinês? Os fatos narrados a seguir foram estranhos. Enquanto nós nos aproximávamos eu reconheci as duas sombras na escuridão. Os dois homens tinham mais ou menos a mesma altura, não multo mais altos do que eu. Conforme eu e Chanyeol chegávamos mais perto as vozes dos dois homens passaram de sussurros para vozes claras:

- Myeonmyeonzinho – A primeira voz chamou um tanto melosa.

- O que, Jongdae? – A voz do segundo homem soou baixa e irritada. 

- Me chama de pequena empresa que eu te mostro o meu grande negócio! – O primeiro homem disse galanteador.

Chanyeol riu.

- Que grande negócio o quê, Jongdae! Você é asiático! – disse a segunda voz, que agora soava bastante familiar aos meus ouvidos.

- Você também é, palhaço! – disse a primeira voz, irritada.

Agora, eu e Chanyeol estávamos tão próximos deles que eu podia ver os dois homens claramente. Soube que o primeiro homem se tratava de Chen porque ele estava com roupas tão pretas e tão justas quanto as de Chanyeol. Agora pude me tocar que o logo estampado em sua camiseta, assim como na camiseta de Chanyeol não se tratava de uma banda e sim a logo do próprio moto clube. Na camisa preta havia um lobo em tons de dourado ornado em algumas labaredas, embaixo da imagem, podia-se ler em letras garrafais: OS LOBOS DO ASFALTO.

O homem com quem Chen conversava, que devia ser o seu Suho, para meu espanto não usava o uniforme do clube, e sim um moletom muito similar ao meu. Eu não podia ver seu rosto de onde eu estava, via apenas sua silueta de costas. Mas já havia simpatizado com ele por causa de seu moletom. Ao menos eu não era o único nerd ali.

Antes que o Suho pudesse responder, Chanyeol interrompeu os dois com um grito.

- Suho!  – ele disse assustando Chen, que fingiu correr par Suho. Suho virou imediatamente para o lugar de onde o grito havia saído e eu pude ver seu rosto.

- Baekhyun! – Junmyeon gritou quando se virou e me viu!

- Junmyeon! – Eu disse assustado por encontrá-lo ali.

- Chen! – O próprio Chen gritou seu nome, eu não entendi porque.

O que Junmyeon estava fazendo ali? E desde quando ele se chamava Suho? O susto de encontrá-lo foi tão grande que engasguei com o chiclete que estava mascando e tive uma mega crise de tosse. Minha tosse era tão forte e seca! Eu lutava pelo ar, mas continuava engasgando. Chen correu até mim e começou a dar bofetadas fortes nas minhas costas enquanto gritava:

- São Brás! São Brás!*

- O que é São Brás, cara? – Junmyeon perguntou gritando.

- Não sei, mas minha vó grita isso quando alguém se engasga.

Eu não conseguia falar nem pensar direito, muito menos respirar! Enquanto Chen gritava desesperadamente por São Brás, Chanyeol rapidamente me segurou pela barriga e me ergueu no ar, pressionando meu tórax e me sacudindo.  Seus movimentos surtiram resultado pois o chiclete maldito voou longe eu eu consegui desengasgar, bem quando Junmyeon dizia:

- Chen, chama o xamu!

 

***

 

Passado o desespero do meu engasgo e quase morte, nos quatro nos sentamos para conversar. Quer dizer, Chen e Chanyeol conversaram. Eu e Junmyeon ficamos tentando nos comunicar através do olhar. Aquilo era estranho.

Quando Chanyeol falou da proposta de nosso trabalho, dizendo ao outro que havia trago mini câmeras para poder filmar o passeio que fariam, Chen aprovou totalmente a idéia. Ele disse que uma das maiores motivações de sua vida eram o moto clube e as viagens que faziam. Realmente, o jeito que ele e Chanyeol falavam das motos e das viagens era bonito de se ver. É bonito e poético quando as pessoas falam daquilo que as motiva... Apesar da beleza da conversa entre os dois motoqueiros não consegui me concentrar nela durante muito tempo porque era Junmyeon que me devia uma resposta. Mandei uma mensagem pra ele, mesmo que ele estivesse praticamente do meu lado. Conferi uma dezena de vezes se estava mandando a mensagem para o número certo, e enfim apertei o enviar:

Junmyeon que merda é essa? O que é Suho?

Eu mandei a mensagem e imediatamente voltei a me concentrar na conversa de Chen e Chanyeol, que agora falavam de algumas peças para motos. Ouvi o alerta de mensagem do celular de Junmyeon e segundo depois meu celular vibrou com a resposta de meu amigo:

Suho é meu nome de guerra, depois de explico

Não pude responder e muito menos ele, porque os outros dois que antes conversavam, direcionaram suas atenções a nós e então paramos de trocar mensagens. Chanyeol sentou ao lado de onde Junmyeon estava, dizendo:

- Então quer dizer que o Suho, o tão famoso Suho, era o Jonghyun esse tempo todo!

- Junmyeon. – o mais baixo corrigiu.

- Quem é esse? – Chanyeol perguntou. Inteligência não parecia ser mesmo o seu forte.

- Eu. – Junmyeon respondeu sério.

- O que tem você?

- Eu sou o Junmyeon.

- Hein? – Chanyeol perguntou, e era muito engraçado ver a confusão nos seus olhos.

 

***

 

Nós quatro andamos de volta até o centro da praça onde Chanyeol havia deixado sua moto e onde o resto dos motoqueiros estava.  Primeiro ele retirou os capacetes do compartimento secreto no assento, depois sentou na Labareda e colocou seu capacete, estendendo o outro para mim. Enquanto ele se aprontava para ir onde quer que fosse, fiquei olhando pra todos eles, rostos felizes em todos os cantos, muita conversa, risadas... Lá dentro de mim, como um segredo, fiquei pensando como seria pertencer a um grupo desses. Na minha vida eu sempre me senti deslocado, e mesmo tenho passado por muitos lugares e feito um pouco de tudo eu nunca achei meu lugar no mundo. Eu sabia que talvez isso se devesse ao fato de que eu era sempre muito controlado, e covarde, como Chanyeol havia dito... Eu teria ficado imerso nas minhas reflexões se Junmyeon não dissesse:

- Jongdae, to meio enjoado não sei se vou hoje, tá? – meu amigo disse ao ver que Chen montava na própria moto

- Mas Myeonmyeonzinho! – O outro disse fazendo pirraça e Junmyeon respondeu com um olhar de julgamento.

- Jongdae, você vai levar o Suho? eu vou levar o Baekhyun hoje... - Chanyeol falou muito animado.

Eu imediatamente pensei: Me levar para onde? Pensei que aquilo podia ser um seqüestro e desejei estar com meu spray de pimenta, mas lembrei que ele estava um pouco longe de mim agora, dentro da minha bolsa, no compartimento secreto do banco da moto de Chanyeol. Rapidamente descartei a possibilidade de seqüestro quando o Chen respondeu a Chanyeol:

- Primeiramente, pra você é Chen! Só o Myeonmyeonzinho pode me chamar pelo nome que mamãe me deu. Segundamente, sim, eu vou levá-lo e terceiramente, não menos importante: Sim, leve o Baekhyun.

- Ok Chen... – Chanyeol disse um tanto desanimado.

- Baekhyun, Chanyeol me disse do projeto de vocês e eu fiquei pensando que vocês podiam me filmar, porque eu sou um belo galã! – ele disse passando as mãos pelo cabelo.

- Jongdae, não se exalte, por favor – Junmyeon disse à ele.

- Ou vocês podem contar a história de Suchen, uma história de amor mais bonita que Crepúsculo. – Chen disse dando um sorriso e se aproximando de Junmyeon.

- Lá vem você com essas viadage! – Junmyeon disse com uma cara envergonhada.

- O que... o que é Suchen? – Eu perguntei, mesmo tendo uma idéia do que se tratava.

- Suchen meu caro, é vida! Suchen é amor! Suchen é a belíssima junção dos nomes Suho e Chen. E além de representar esse amor poderoso e também o nome que dei a minha moto. Ela é forte, potente e poderosa como o nosso amor!

- Caramba, eu nunca fui tão humilhado em toda a minha vida – Junmyeon disse, enquanto Chen fazia biquinho e o mandava beijos.

- Bom, é um nome com mais significado do que Labareda, com certeza! – Eu disse, rindo

- Tá vendo PêCê, esse cara sabe das coisas, ele é dos meus! Fico feliz que vá com a gente hoje!

Chanyeol que estava quieto durante os últimos minutos, apenas riu ao ouvir as palavras de Chen. Ele estava muito quieto e se isso não fosse loucura eu poderia jurar que estava me encarando.

- Vá aonde? – eu perguntei confuso.

- Baekhyun, eu vou te explicar uma coisa. Eu sou o líder do melhor moto clube que existe, Os Lobos do Asfalto que são todos esses camaradas e bródinhos que você vê nessa praça – Jongdae falou enquanto mostrava o logo estampado em sua camisa e também nas costas sua jaqueta de couro e, pude perceber que todos ali, inclusive Chanyeol usavam a mesma jaqueta – nós nos reunimos quinzenalmente pra falar da nossa paixão, que são as motos, também fazemos passeios longos pela estrada, mas em dias como hoje a gente apenas roda por aí, sentindo o vento na cara, todo o mundo junto... Vai ser bom! Você vai gostar!

Eu ainda me lembrava da sensação de ter montado na Labareda, e de como a sensação de andar de moto era boa! Eu queria sentir a liberdade e a velocidade outra vez e por isso, quando Chanyeol estendeu um capacete para mim, não hesitei em aceitar. Eu o coloquei e desta vez, Chanyeol não precisou me dizer o que fazer, eu já sabia. Por isso me acomodei na garupa de sua moto passando os braços pela sua cintura e descansando levemente a cabeça na suas costas eu fechei meus olhos e esperei ele dar a partida.

- Baekhyun, é... a gente não vai agora não! - Chanyeol disse, me assustando.

Fiquei meio desconcertado. Junmyeon e Chen olhavam de mim para Chanyeol com uma expressão atônita como se esperassem algumas respostas. O momento era tão vergonhoso que fiquei meio chocado e só então percebi que permanecia com as mãos em volta da cintura de Chanyeol. Quando me dei conta disso, me soltei rapidamente dele e tive que me equilibrar bastante pra não cair da moto de costas no chão.

- É, vamos ali no centro da praça pra eu dar as coordenadas pro pessoal – Chen disse.

Ele foi chamando um por um dos cerca de vinte motoqueiros que estavam na praça e todos foram se aglomerando ao centro, ao redor de onde estávamos. Pude ver então que haviam pessoas de todos os tipos e alguns eram até conhecidos da faculdade. Assim que todos estavam perto o suficiente, Chen começou a dar as instruções:

- Lobos, hoje nosso roteiro vai ser mais curto. Partiremos daqui até o final da rodovia e depois voltamos! Não faremos um encontro de encerramento porque hoje é o ultimo capítulo daquele dorama que eu to vendo, então quero voltar logo pra casa! Recapitulando: Vamos até o fim da rodovia e depois, cada um vai pra casa.

- Beleza! – uma pessoa que eu não conseguia decidir se era homem ou mulher, gritou em resposta, acelerando sua moto.

-Ah, tenho mais um comunicado – Chen disse, animado – Estamos importantes! Nosso camarada Chanyeol aqui e seu amigo Baekhyun, que são estudantes de cinema, assim como o Suho, querem produzir umas imagens sobre a gente e sobre a nossa paixão que é rodar de moto! Ele e Baekhyun vão acoplar mini câmeras às motos e alguns capacetes pra filmar o nosso percurso, por isso preciso de voluntários!

Chanyeol pegou sua mochila e dela retirou cerca de cinco câmeras pequenas. Chen foi entregando as mini câmeras a vários integrantes do clube e eles foram acoplando aos capacetes ou às motos de bom grado. A idéia era mesmo ótima e eu quase não podia conter minhas expectativas sobre o que seria produzido. Não tínhamos ainda clara a pergunta norteadora do nosso trabalho, mas algo me dizia que a partir dessas imagens nosso projeto avançaria.

Quando as câmeras já haviam sido distribuídas a alguns integrantes do moto clube, Chen disse:

- Então é isso pessoal! Vamos acelerar!

 Fiquei esperando que algum deles desse partida na moto para iniciar o percurso que Chen havia estabelecido, mas ninguém se moveu. Por alguma razão que naquele momento eu não sabia, todos eles formaram um círculo ao redor de Chen, que disse:

- Mãos ao centro!

Dizendo isso todas as pessoas ali, incluindo Junmyeon e Chanyeol juntaram suas mãos ao centro do circulo. Eu continuei parado em meu lugar assistindo a cena mas o líder do clube me lançou um olhar de convite e entendi que devia me juntar a eles. Após ter colocado minhas mãos junto das outras, todos pressionaram as mãos ao dizer como um grito de guerra:

- Geurae wolf naega wolf auuu!

Dito isso, cada um se dirigiu a sua própria moto e aí sim se prepararam para efetivamente dar partida. Dessa vez Chanyeol montou na labareda e me lançou um olhar bem malicioso para que eu o seguisse.

O percurso que fizemos durou cerca de meia hora no máximo, mas foi o suficiente para que eu me sentisse incrivelmente leve novamente, quase não me importei de estar abraçado a Chanyeol. Ele acelerava e nós dois abríamos caminho como cometas na estrada, ou até mesmo, labaredas.

Naquele dia eu me diverti como não me divertia a muito tempo. Descobri algumas coisas sobre Chanyeol que até hoje permanecem intactas como, por exemplo, o fato dele cantar enquanto pilota. Na rodovia fria e silenciosa, agarrado à sua cintura eu podia ouvir sua voz aos berros entoando os seguintes versos, que eu já conhecia:

 

All that noise, and all that sound,

All those places I got found.

And birds go flying at the speed of sound,

to show you how it all began.

Birds came flying from the underground,

if you could see it then you'd understand

 

Às vezes as pessoas que conhecemos nos indicam boas músicas mas,  as vezes é exatamente o inverso que acontece, as boas musicas nos indicam alguém. Ali naquela quase madrugada de sábado uma das minhas músicas preferidas estava indicando Chanyeol pra mim.

Após rodarmos de moto, Chanyeol me levou em casa e eu relutante desci da labareda. Aquela havia sido uma das noites mais divertidas da minha vida, mas apesar de toda a excitação eu não fui capaz de dizer palavra alguma a Chanyeol quando ele me deixou na porta do prédio naquela noite. Trocamos sorrisos que foram mais do que suficientes para selar o começo de nossa parceria. Alí naquela ruazinha às quase meia noite há anos atrás, nossa parceria começou efetivamente e depois daquele dia não houve um segundo em que eu me arrependesse dela.


Notas Finais


* São Brás (Protetor das doenças da garganta). Ficou conhecido porque retirou com a mão um espinho da garganta de uma criança. Por esse motivo é padroeiro das doenças da garganta. É comum que os mais velhos clamem por seu nome quando alguém se engasga.

LINK DA MÚSICA (OUÇAM E IMAGINEM CHANBAEK NA LABAREDA): https://www.youtube.com/watch?v=0k_1kvDh2UA

XAMA O XAMU PRA ESSE CAPÍTULO! AQUI É SUCHEEEEEEEEN!
MYEONMYEONZINHO ARRAZANDO O CORAÇÃO BANDIDO DO MOTOQUEIRO CHEN!
E AÍ PESSOAL, BAEK MONTOU NA LABAREDA E GOSTOU HAAHAHAHAH ESPEREM MAIS INTERAÇÕES ENTRE BAEK E A LABAREDA HAHAHAH

esse final... toda vez que eu leio, em conjunto com a musica, me dá uma sensação boa e nostálgica, choro imaginando os dois ao som do refão atravessando seul de noite em cima da labareda!

é isso! me digam o que vocês acharam! aguardo ansiosa pelos comentários!
ATÉ O PRÓXIMO CAPÍTULO! @baekonda


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