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História Lunária - Tudo é Eterno


Escrita por: Thatavisk

Notas do Autor


Boatos que tenho sérios problemas em seguir ordem cronológica.
Segundo bônus.
Boa leitura.

Capítulo 18 - Tudo é Eterno


 Ambas se lembravam da primeira vez que viram aquele ser exageradamente pálido entrando pela porta ao lado de um loiro que não parecia lá muito confortável.

Helena pensou que o mundo da moda estava aderindo o conceito rato de laboratório.

Agnes viu uma bonequinha de porcelana delicada tomar vida à sua frente.

A Lua afetou mais que o segundo plano em sua ida para a Terra, a vida de alguns humanos acabaram sendo mudadas até seu fim pela presença curta e vaga da astro de sorriso meigo e perguntas constrangedoras em momentos inadequados, principalmente aqueles com qual conviveu diretamente.

Seokjin jamais havia se sentido tão próximo de sua fé em toda sua curta, quando comparada aos astros, existência. A vinda de Diana para si foi mais que uma benção, os antidepressivos já não foram mais necessários ao decorrer do tempo, a morte de sua mãe ficou leve ao ter certeza de que ela vivia eternamente, agora Jin também viveria, mas a morte de Jimin... A morte de Diana... Abalaram bastante o psicológico do jovem adulto. O foco se tornou difícil e as cápsulas de nortriptilina passaram a deslizar na garganta de Jin com poucos goles d'água com cada vez mais frequência.

Não podia negar, parte de sua fé morreu junto deles, perdeu o melhor amigo e o ser mais confuso que já conhecera, mas possuía carinho por Diana. Os antidepressivos já não estavam fazendo tanto efeito e Jin ouvia as vozes que reconhecia não serem sua o assolarem noite a dentro, dizendo-o o que ele jamais ousaria repetir. Os demônios sempre foram uns oportunistas desgraçados, mas tudo é planejado nos mãos firmes do Senhor, e numa consulta psiquiátrica, Seokjin descobriu a voz que queria ouvir sem um cessar sequer de suspiros.

Amor é a base de tudo.

E Deus é amor.

O que deveria ser desagradável e constrangedor, tornou-se um encontro semanal na sala de estar daquela mulher, onde as sessões aos poucos tomavam conversas pessoais e causais ao invés do monólogo de Jin enquanto as unhas pintadas apertavam nas polpas fofas dos dedos a caneta que deslizava no papel. O caso de Jin foi o mais fácil de se lidar segundo a jovem psiquiatra e também o mais interessante.

Os encontros mudaram de local, vez ou outra num restaurante, num parque, na casa de Jin, até que as noites juntos se estendessem por semanas e nenhum sentir necessidade da ausência do outro, muito pelo contrário, a ausência de um apenas se faria para o outro após a visita inevitável de Yoongi ser solicitada para um dos dois.

Helena não pôde mais seguir na carreira de modelo após as cicatrizes em seu rosto e corpo a marcarem para sempre, mas não havia do que a loira se lamentar, estava viva, isso que importava. A morte a livrou, ela sentiu o toque gelado do fim deslizar suave por seu rosto nos dedos longos de Yoongi enquanto o pálido ditava num sorriso que a livraria por uma causa maior, mesmo que ela merecesse o inferno. Helena não sabia o que Diana era, mas naquele momento soube que não era humana e achou por melhor considerá-la o que realmente a albina foi em sua vida para si, um anjo.

Lembrava-se pouco de como todas aquelas marcas haviam sido feitas em seu corpo, apenas de uma discussão feia com seu namorado após ele receber um foto de Helena aos beijos com outro homem. Era o namorado de uma das modelos, Helena confessou que havia de fato o feito, mas que era para acertar as coisas com uma das garotas que se achou suficiente para prejudicá-la, que não faria novamente e não havia tido sentimento naquilo.

E não adiantaram pedidos de desculpa, nem gritos de dor, nem implorar para que parasse, Helena foi arrastada pelos cabelos para um beco enquanto seu namorado, que supostamente a amava, murmurava que era ela uma puta mal comida, que a daria o que merecia.

Depois disso Helena apenas se lembrava do rapaz pálido agachado ao seu lado, acariciando seus cabelos parte embebidos no próprio sangue. Tentou pedir por socorro, mas o gosto do sangue em sua boca a fez tossir doloridamente antes sentir o frio se apossar de suas mãos e pés, estava morrendo. Sentiu-se desesperada, não queria aquilo, tentou puxar o ar de forma afoita sem conseguir respirar, sufocando na hemorragia causada pelos chutes fortes no tórax, mas o toque suave e gelado de Yoongi fez toda aquela dor parar e o homem de pele fria a ergueu e beijou sua testa.

Helena sentiu sua consciência adormecer e o corpo permanecer em movimento, quando se deu de volta ao corpo, estava parada à frente do hotel, sendo sacudida por um Taehyung desesperado ao ver a menina fora de si e ensanguentada.

As lágrimas correram pelo rosto ferido da loira e Sharon, a modelo que havia mandado a foto, engoliu em seco e torceu para não ser descoberta, mas Taehyung logo a expulsou em tom calmo do hotel, controlando-se para não surtar e piorar a situação, ameaçando denunciá-la caso não se afastasse da empresa e de Helena. A carreira de duas modelos acabou naquele dia, mas Helena se sentia melhor que nunca ao acordar na manhã seguinte, pois estava respirando.

O namorado de Helena foi encontrado morto em seu próprio apartamento, havia se suicidado após pensar ter matado sua namorada e mesmo depois de tudo, Helena ainda chorou pelo homem que quase a assassinou num surto de violência absurda.

Mas conseguiu se recompor com a ajuda de Taehyung, que jamais conseguia ficar indiferente vendo alguém sofrer tanto, os sorrisos retangulares do moreno eram os melhores analgésico e seus braços um refúgio que Helena não negava. 

Taehyung e Jin acabaram se aproximando mais após o falecimento de Jimin, a alma de Taehyung pesava por não ter conseguido o perdão do antigo melhor amigo a tempo, mesmo que a culpa não fosse sua, fosse de ninguém. Jimin culpava Taehyung e ele apenas carregava isso consigo sem sentir direito de reclamar. Taehyung sempre foi muito compreensivo.

Nunca foi de seu feitio ficar preso nos "E se...", mas ele vez ou outra pensava em como as coisas correriam se não tivesse escondido tanto e deixado as coisas saírem de controle por negar explicações. Muitas decisões Taehyung tomou de maneira errada em sua vida, mas nunca de maneira egoísta.

E se ele tivesse batido antes de entrar no quarto de sua amiga naquele dia, talvez ainda tivesse Jimin como amigo antes de sua morte.

— Eleanor, quer ir comigo 'pra casa d... — Taehyung perdeu a fala por segundo ao ver a menina pôr apressada novamente a touca. — O que houve com seu cabelo? — perguntou um pouco surpreso após ter visto as falhas nos cabelos negros de Eleanor. — O que é isso? — Pegou a cartela de remédios sobre a penteadeira antes que a menina o fizesse.

— Não é nada demais, eu já vou me arrumar, pode descer. — Tentou pegar seus remédios de volta, enquanto o moreno o erguia alto, ainda confuso. — Taehyung, me devolve isso! — gritou sentindo-se cansada apenas pelo pouco esforço de pular algumas vezes para pegar os remédios.

— O que você anda tomando? — Franziu o cenho, Eleanor já havia tido problemas com remédios antes e Taehyung não queria que isso se repetisse.

— Eu preciso disso, por favor, me devolve — pediu sentindo sua voz embargar, não queria que ele tivesse visto.

— Seus pais sabem que toma isso? — Fitou sério a garota, pensando que as lágrimas que se encontravam descendo por seu rosto fossem por ter sido pega.

— Eu preciso... — sussurrou andando até a cama, não conseguia respirar muito bem.

— É isso que 'tá fazendo seu cabelo cair? — Olhou as pílulas de um tom rosado, notando mais cartelas de outros remédios espalhados pela penteadeira de Eleanor. — Onde você arrumou isso tudo? — indagou surpreso pela quantidade de medicamentos, mas nenhum parecia ser antidepressivos, como os remédios em que Eleanor antes era viciada.

— Eu preciso disso, senão a quimioterapia me mata — disse baixo, atraindo a atenção do moreno.— Por favor, só me devolve isso — pediu passando as mãos pelo rosto, tentando retomar o fôlego.

Taehyung sentou-se ao lado de Eleanor ainda tentando digerir o que havia visto, olhando os remédios espalhados pelo quarto enquanto a menina explicava que não queria que Jimin soubesse, por não querer deixar as coisas desagradáveis. Eleanor viveria pouco, mas queria viver seu pouco em paz, sem ninguém a tratando como se fosse desmanchar apenas de sentir a brisa tocar-lhe a pele.

Jimin e Taehyung chegaram a discutir por ciúmes do mais novo pela garota, achando que Taehyung estava escondendo um relacionamento com a própria apesar de saber o que Jimin sentia por ela, antes fosse isso. Taehyung preferiu bancar o babaca que dizer a Jimin que a garota que ele gostava estava morrendo, era melhor para todos, melhor para Jimin.

Mas não conseguiram manter por muito tempo esse segredo, Eleanor começou a faltar muitos dias consecutivos de aula para ir ao médico, Taehyung sempre a acompanhava preocupado, observando a menina morrer aos poucos e seus pais sofrerem junto dela. Foi na aula de literatura que Eleanor desmaiou de fraqueza e a hemorragia interna tingiu seu corpo por baixo da pele anêmica.

A menina simplesmente parou de frequentar a escola a partir daí, deixando Jimin preocupado o suficiente para não conseguir dormir ou comer decentemente, até que o permitiram saber o que estava havendo, mas já era um tanto quanto tarde.

O mundo de Jimin desabou, mas ele ainda possuía fé de que Deus não deixaria que a leucemia levasse Eleanor assim de si, de sua família, de sua vida. Ela era uma pessoa muito boa, não merecia aquilo. Custa muito acreditar que coisas ruins acontecem, mas elas acontecem.

Eleanor se foi, levando consigo a fé que Jimin possuía até em si mesmo.

Sem ter no que se apoiar o menino conversava obsoleto com a Lua, contando coisas aleatórias, perguntando se ela a ouvia, se era viva, já que Eleanor já não era mais, pedindo pela alma da menina que se foi tão cedo. Diana ouviu durante meses o luto de Jimin, mas ela só compreendeu realmente a dor da perda quando a sentiu.

Jimin culpou Taehyung por não contar, por permitir que Eleanor sofresse sozinha e em silêncio. Poderia ter aproveitado mais o tempo, tido mais coragem para dizer o que sentia, ter sido mais presente durante os últimos momentos de sua amiga e amada, mas não sabia. E mesmo que quisesse culpar apenas Taehyung por isso, parte da culpa era sua por não ter sido o suficiente.

Não adiantava se arrepender agora, mesmo que Jimin se arrependesse amargamente.

E os antes melhores amigos agora sequer se falavam decentemente, não importava se Taehyung sempre corria atrás de Jimin desesperadamente, tentando retomar a amizade que tanto valorizava, Jimin apenas o olhava de forma vazia aguardando que o próprio o soltasse para que continuasse seu caminho, ignorando qualquer pedido de desculpa ou qualquer coisa que o lembrasse Eleanor e o rosto de Taehyung era uma dessas coisas.

Jimin lidava com a dor como a vida o havia ensinado, respirando mais cigarro que ar e bebendo mais vodka que água quando não se afundava em trabalho e mais trabalho, recebendo o dinheiro que gastaria com um trago a mais ou alguns "doces".

Jimin nunca foi imprudente, não se deixava viciar e sabia seus limites, mas também não se afastava disso, era a única coisa que o fazia se sentir vivo.

Até que conheceu uma mulher que julgou ser a perfeita para sua vida. Nenhuma droga ou bebida o deixava mais louco que seus lábios e nem sexo algum superava a sensação de sua voz sonolenta o acordando pelas manhãs. Estava apaixonado, extasiado, e ficou eufórico quando soube que teria um filho.

Ou melhor.

Que alguém teria um filho.

Jimin precisou se controlar para não agredir a mulher que dizia amá-lo com a mesma boca que já havia passado por lugares que ele sequer ousava imaginar, expulsando-a de seu apartamento e guardando a aliança na gaveta antes de erguer uma taça e brindar com a ironia sua tão forte presença na vida humana.

Duas taças.

Três taças.

Uma garrafa inteira.

A vida sempre continua e te arrasta junto até decidir, por motivo algum aparente, te soltar pelo caminho. Foi assim com Jimin.

Taehyung seguiu o ramo da fotografia, paixão que ele e Eleanor possuíam em comum, e pôs em cada um de seus trabalhos um pedaço da saudade que carregava no peito ao decorrer dos anos que passou rodeado de pessoas e sentindo-se solitário.

Moravam na mesma cidade, frequentavam as mesmas boates, trabalhavam praticamente juntos, Jimin fazia as artes para a revista de Taehyung e Taehyung as fotos para a publicidade de Jimin, mas nunca pôde estar numa reunião com o agora loiro. Jimin nem mesmo permitia que os amigos que possuíam em comum passassem seu contato para Taehyung, apenas arqueando uma sobrancelha e ditando palavras ácidas quando Taehyung tentava falar diretamente consigo.

Isso machucava Taehyung o tanto que a morte de Eleanor machucou ambos.

Foi quando a figura albina saiu do elevador acompanhada de Jimin que Taehyung viu uma oportunidade de se reaproximar do antigo amigo. Mas Jimin os pegou num momento um tanto que estranho, quando Taehyung tirava as fotos que Jungkook havia o pedido para a campanha de moda floral durante o inverno, o que era arriscado num momento tão opaco do mundo da moda, mas gostou do conceito natural e a modelo albina chamaria atenção por si só.

Jimin o empurrou de perto de Diana como se Taehyung estivesse fazendo algo errado, apesar do moreno apenas estar fazendo seu trabalho. Não havia tocado a garota, mas não deixou de dar uma boa olhada, o que fez Jimin cerrar o maxilar ao ponto de sentir os dentes rangerem.

Taehyung viu alegre o amigo voltar a parecer o rapaz que conhecera anos atrás, Diana parecia estar mantendo-o ocupado demais para que saísse atrás de álcool e drogas novamente, o que aliviou Taehyung. Mesmo que Jimin continuasse o olhando apenas de careta ou cenho franzido para Taehyung, ao menos agora ele o olhava.

O sossego na vida de Taehyung nunca durou muito tempo e dessa vez também não foi diferente. A tela de seu celular se reduziu aos cacos ao bater na parede e pender ao chão quando recebeu uma ligação pedindo que reconhecesse um corpo, gritou e puxou os fios curtos com tanta força que seu escalpo ardeu. E mesmo que tivesse se preparado tanto antes de entrar naquele lugar, ao ver Jimin naquela mesa, Taehyung sentiu seu estômago virar do avesso.

A vida não estava sendo fácil para Taehyung, entregando mortes em espaços compassados de anos.

Primeiro Eleanor. Depois seus pais. E por penúltimo, Jimin.

O dia pareceu mais escuro que o nublado geralmente proporcionava quando os passos retornavam aos seus lares após ver Diana ainda mais pálida que com vida, deitada serena num caixão de madeira escura, as maçãs do rosto expostas e os olhos cansados das noites em claro chorando.

Agnes em especial sentiu mais o impacto da perda que os demais, enquanto muitos achavam melhor que fosse assim, que Diana finalmente havia parado de sofrer, Agnes achava não ter sido o melhor que pôde e isso afetou seu relacionamento que não tardou em acabar.

A mulata perdia o rumo dos pés em pensamentos alheios e quando se dava conta, se via no caminho para o apartamento de Diana, como se fosse a visitar como normalmente fazia. A ardência lhe subia a garganta como ácido e queimava qualquer palavra antes que pudesse sair com pressa dali entre os soluços desesperados.

O amor de sua vida a abandonara, sua família a renegou após se assumir homossexual, não possuía fé, não acreditava em Deus, mas Lúcifer a rondava, aguardando sua morte para consumir o que restasse depois que Agnes se suicidasse.

Yoongi se negou a matá-la no dia em que Agnes engoliu trinta e quatro pílulas de calmantes mais os analgésicos que encontrou com um copo de refrigerante diet, deixando a mulata ainda mais revoltada, não conseguia viver e não conseguia morrer, era uma inútil. FútilEstúpida, piranha, suja, patética.

As palavras em sua cabeça não eram suas, mas Agnes as ouvia atentamente.

— Eu esperei à toa? — Jungkook perguntou olhando Yoongi segurar a alma da morena em seu corpo, impedindo que tivesse uma overdose.

— Chama uma ambulância, eu não vou levá-la — disse virando a garota de lado e enfiando a mão em sua boca, forçando-a a vomitar os remédios que ainda não haviam sido dissolvidos totalmente.

— Eu a quero, faça logo, tenho de voltar ao trabalho — ordenou em tom sério, olhando Yoongi suspirar fundo.

— Eu não vou fazer isso — ditou devagar, olhando Jungkook franzir o cenho. Lúcifer caminhou devagar na direção do pálido, iria ensiná-lo a não desobedecer uma ordem tão direta.

Yoongi não se importava com a dor que as punições lhe causavam, se ele dissesse "— Não.", o manto se recusaria a separar a alma de Agnes do corpo, mesmo que estivesse louco para isso.

Agnes iria de encontro a Jungkook de qualquer forma, Yoongi apenas pôde retardar esse acontecimento, mas surpreendeu-se ao ver Lúcifer guardar consigo a alma da morena ao invés de devorá-la. Como se fosse uma joia preciosa.

Era algo para se recordar de Diana, guardou-a num lugar especial, onde nenhum ser pudesse a destruir, sabia que Lua ficaria triste de saber que sua amiga não era merecedora dos céus, mas cuidou que quando o juízo final ocorresse, Agnes estivesse inteira para receber seu perdão.

Quem sabe Lúcifer também recebesse o seu.

Taehyung foi julgado como neutro, tornando-se um espírito digno dos céus, mas podendo transitar entre os humanos ainda. Acreditava em Deus, mas achou estranho quando, após ter tido uma parada cardíaca aos sessenta e dois, dar de cara com o homem de pouco mais de dois metros o observando com um sorriso estranho nos lábios. A voz de Deus fez até as células de Taehyung estremecerem e o homem achou estar alucinando ao ver seu corpo jovem novamente, mas depois de alguns anos percebeu que era a realidade e que não acordaria de uma coma num apocalipse zumbi.

Procurou por Jimin, mas ficou chateado ao não encontrá-lo, perguntando-se se ele havia sido condenado, mas um anjo contou que o rapaz estava na fonte da vida, conversando com o Pai havia já anos e mais anos.

Porém o que de fato surpreendeu Taehyung foi esbarrar por acidente com Helena no paraíso, ela fingiu que não o viu e continuou andando à beira do rio cristalino, ignorando seus chamados, até que Taehyung a alcançou e abraçou a loira o mais forte que conseguiu, quase arrancando seu fôlego. Ficou feliz de vê-la depois de anos distante, Helena morreu vítima de um acidente de avião, Taehyung na época quase acabou indo junto por conta de uma depressão.

Eleanor sorriu abobada ao ver os dois juntos, mas sentiu um leve vazio ao ver Taehyung antes de Jimin, mesmo que o mais novo tivesse morrido muito antes e já fizessem séculos que seu julgamento não acabava.

O paraíso, a Terra, até o tempo parou quando Jimin tornou-se nova criatura, movendo em suas costas dois pares de asas que pertenciam ao agora regente do submundo e um feito especialmente para si. O rosnado de Lúcifer ecoou inclusive no Templo, e o sorriso de Namjoon naquele momento foi o mais satisfeito possível.

A garota de fios escuros e longos viu Jimin abraçar Diana como se seus braços tivessem sido feitos para envolver a astro albina, e de fato, eles foram. Jimin passou séculos sem pensar em Eleanor sequer um segundo desde que havia chegado aos céus, preocupado com Diana, ouvia vez ou outra os resmungos da pequena cabisbaixa andando pelo Salão, mas Namjoon não o permitia deixar a fonte. Se Jimin pusesse os pés no chão do Templo sem ser digno, acabaria queimando até sua presença carbonizar e sua alma se desfazer.

Precisava esperar.

Eleanor não havia sido esquecida, mas não seria tão lembrada, Jimin apenas desceu para falar consigo uma vez, um pouco constrangido pela demora, mas deixou a garota satisfeita. Estava mais alto que quando havia deixado a Terra, Eleanor morreu quando Jimin ainda era quase uma criança, e também estava mais alto que um humano normal, suas asas eram enormes e sua presença acalmava as almas até mais distantes.

Não havia dor, temor, tristeza ou sequer lágrimas no paraíso.

E Eleanor não retirou essa definição ao sorrir largo e alegre, vendo o menino que havia desistido de tudo numa posição tão elevada, mesmo que seu peito quisesse doer por vê-lo enlaçar outra de forma tão amorosa e sua aura se contorcesse um pouco ao ver seus lábios pressionarem a testa da Lua. A presença de Deus negava qualquer sentimento ruim que pudesse crescer nos corações humanos, até nos mais machucados.

Mas a saudade ainda se faria presente vez ou outra na pós-vida de Eleanor.


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui.


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