História Madness - Keeping Secrets

You know I don't trust nobody 

— Sabe o que de fato aconteceu com sua amiga, que não é vadia, aquela que também não é virgenzona, que é só... Sua amiga? — Zayn apareceu de uma forma inusitada ao meu lado enquanto eu andava desajeitada com todos aqueles cadernos nas mãos já adentrando a sala de artes. 

Seu modo impertinente de falar sobre Ana me causava náuseas, mas algo que eu não precisava nesse momento era brigar com alguém tão pretencioso como Zayn. 

— Ela está bem, eu acho. — ri antes de prosseguir. Já que eu não havia nenhuma notícia sobre aquela louca, e que provavelmente estava se escondendo pela casa para não levar uma bronca da coordenadora da fraternidade. — E a sua ex namorada escorpiana e ótima de cama? — ergui a sobrancelha o olhando com ressalto, ele gargalhou surpreso com minha atitude. Depositei meus cadernos em cima da mesa próxima à janela como de costume,  enquanto respirava fundo e alongava meus braços que doíam pelo esforço, ele analisava cada movimento.

— Por que se importa com a minha ex, uh? — disse segurando meu maxilar com seus dedos da mão esquerda, logo virando meu rosto para o dele, já que eu tentava de uma forma nada relutante de ignorar seus olhos vibrantes a minha frente.

— Se sente incomodada com ela? — sorriu. — Isso é ciúmes, Adrielle? — seu sorriso abrangeu toda sua boca, ele me olhava com um olhar desafiador. Logo se sentou próximo a mim, — na cadeira ao lado para ser exata —, e não tirou suas órbitas carameladas de meus olhos.

— Não Malik, eu não sinto ciúmes de você. Só não me sinto confortável com ela vindo falar comigo apoiando uma relação na qual não temos, como se... — ouve uma pausa antes de prosseguir, então analisei os fatos. — Você não disse nada para ela, não é? Não está me usando para fazer ciúmes nela, né Zayn?

— O que? O que está querendo dizer? — perguntou como se o que eu havia acabado de opinar fosse um absurdo. —  Acha mesmo que sou o tipo de cara que usa alguém para fazer ciúmes? Não somos crianças Adrielle. E nunca ficamos, não tem como usar alguém sem de fato... Ter realmente usado, se é que me entende. — gargalhou dando de ombros para mim, sua sentença me fez engolir a seco.

— Não Zayn, desculpa, eu não entendo a língua de babaca. — divulguei.

— Como? — me olhou com repreensão.

— Você entendeu. — bufei.

— Qual é o seu problema, ein? Um dia estamos amigos, bebendo whisky no seu quarto e nos divertindo com uma prostituta, no outro você insinua que sou babaca. Não entendo a sua necessidade de tentar criar desavenças onde não precisa tê-las. Me desculpe, eu não vou brigar com você, não hoje, não agora. Satisfeita? — constatou.

— Não estou querendo criar desavenças, só não entendo seu estilo de diálogo. — falei em tom conciliador. Ele sorriu de lado revirando os olhos.

— Gostei da noite que passamos juntos, se quiser sair comigo outro dia para apenas fazer amizade com outras prostitutas á procura de uma amiga perdida, estarei sempre aqui. — mudou de assunto como se evitasse de todos os modos possíveis não ter desavenças comigo, o que de fato era... Bom?

— Zayn, não é assim que convida alguém para sair. — bufei o irritando.

— Não? E como convida? — sorriu desafiador, seu olhar sobre meu rosto me fez senti-lo queimar, eu estava tendo rubor por causa de um só olhar? 

— Assim Zayn. — pausei antes de prosseguir vendo seu olhar avaliador pairando sobre mim. — Olá Dri, eu realmente gostei de sair com você, espero que esteja disponível para sair novamente outro dia, que tal? — ele gargalhou balançando a cabeça negativamente.

— Ainda bem que nasceu com uma vagina no meio das pernas, assim nunca terá que chegar em ninguém. Isso foi broxante. — relatou.

— Qual é Zayn, não foi tão ruim assim.

—Foi sim, muito ruim. — riu. — Muito ruim mesmo.

— Então como se deve convidar alguém para sair?

— Adrielle, aceita sair comigo hoje à noite? Vista seu melhor vestido que irei busca-la às dez da noite, que tal? — disse ajoelhado em minha frente, meu rosto queimava de vergonha. — Estou sendo cavalheiro pela primeira vez na vida.

— Não sei se devo... — falei me fazendo de difícil. — Por que sairia com você?

— Estou ajoelhado a sua frente enquanto todos da classe nos olham desentendidos, alias, estou passando vergonha, não me dê um fora na frente de todo mundo se não eu mesmo enfio o extintor... — ok, eu saio com você. — o interrompi antes que terminasse a frase desastrosa.

— Sabia que não iria recusar. Esteja arrumada as dez em ponto, entendeu? — perguntou sério.

Ok, calma, ele está falando sério?

— Calma, isso é real? Pensei que estivesse brincando. — respondi assustada. — Aonde vamos? Meu Deus Zayn!

 — Já disse, vista seu melhor vestido que te buscarei às dez, sem mais perguntas.

— Mas isso é um encontro? De amigos, né?... Um encontro... de amigos? — mordi o lábio sem graça, ele riu me olhando desentendido, como se não entendesse o motivo do meu nervosismo, será que eu estava exagerando?

— Sim, claro. Por que somos amigos, e quando amigos saem juntos é de fato um encontro de amigos, eu acho. — gargalhou enquanto minhas bochechas coravam.

— Sim, claro. — sorri sem graça.

— Você é esquisita. — riu. — Nunca teve um encontro de amigos?

— Claro que já, ué, sim. Todo dia eu tinha um encontro de amigos no Brasil, ok?

— Uau, então quer dizer que tinha muitos amigos no Brasil?

— Sim, tinha. O que está querendo insinuar?

— Insinuar? Eu não quero insinuar nada, só estou te perguntando. Você poderia beber um suco de maracujá, sabia? Está muito estressada.

— Não me diga o que fazer, malik. — bufei. Ele gargalhou mais uma vez. Eu estava com cara de palhaça, é isso?

Mas devo admitir que adorava escutar sua gargalhada doce e divertida.

— Me desculpem a demora, me atrasei um pouco. Apresentem seus desenhos da aula passada, passarei em cada mesa avaliando os papeis. — a professora alertou adentrando a sala rapidamente.

— Deve ter dado uma fodida rápida na sala de professores. — disse rindo enquanto pegava uma folha em sua mochila o encarei minuciosamente enquanto ele concluía tal ação.

Por que ele tinha que ser tão idiota às vezes?

— Que foi? Você acha que professores não tem o direito de ter uma vida sexualmente ativa? — perguntou sorridente. Ele estava muito sorridente para o meu gosto, esse não é o Zayn Malik que conheço.

— Tanto faz. — falei dando de ombros e pegando o desenho que havia feito de Zayn o colocando virado encima da mesa, do mesmo modo que ele fizera. Ambo bufou revirando os olhos como se estivesse incomodado com tal ação.

— Se tiver me desenhado feio eu juro que cancelo o nosso encontro de amigos.

— Não tem como fazer milagres Zayn, se você não é bonito não tem como converter isso num papel. Apenas se eu quiser te iludir, coisa que não sou capaz de fazer. — sorri simpática enquanto ele revirava os olhos impaciente. Eu adorava irrita-lo.

— Mostrem-me. — a professora ordenou, então nós dois viramos as folhas de uma vez, ela olhou impressionada e sorriu como se estivesse surpresa. E eu de fato também estava.

— Vocês tiraram nota máxima são ótimos artistas. — sorriu simpática avançando para o outro grupo em nossa frente. Zayn sorriu orgulhoso enquanto eu engolia a seco certa sentença.

            O desenho de Zayn não havia sido feito aqui na sala quando eu estava com ele, parecia mais que havia fotografado o momento que chegou de surpresa em meu quarto. Eu o olhava confusa, e meus cabelos estavam presos num coque, como naquele dia. Ele havia um talento extraordinário, já que meus olhos pareciam tão reais, e meus cabelos caiam pelo pescoço num modo surreal, ele era realmente bom naquilo. Enquanto em meu desenho, Zayn havia um olhar mais tenso, já que havíamos brigado no dia em que realizei tal obra, e eu ainda não havia conhecido seu lado... amigo?

            Zayn e amizade não cabem na mesma frase, mesmo que essa seja a realidade entre nós. Eu não estava nada satisfeita, e me repreendia por isso. Somos amigos, não era isso o que eu queria? Amizade? Por que estou pensando em coisas, além disso?

— Você desenha bem, parabéns. Mas não tão bem quanto eu. — sorriu convencido.

— Seu desenho só ficou bonito por ser minha caricatura, admite. — pisquei á ele enquanto ambo me encarava minuciosamente como se eu tivesse o ofendido.

— Digo o mesmo. — bufou.

— Então quer dizer que gostou do meu desenho, uh? — sorri vitoriosa, ele havia gostado de minha obra. Eu sempre desenhava, desde sempre, porém nunca tive coragem de compartilhar meus desenhos com alguém, e pela primeira vez compartilhei e ainda ganhei um elogio, isso de fato havia mexido comigo.

— Não é algo que eu diria ser impressionante, nem extraordinário, apenas é bom, comum. — disse dando de ombros, aquilo havia tido o mesmo efeito de uma lança estacada em meu coração.

Por que você é tão filho da puta, Malik?

— Por que era você ali, não tem como ser algo impressionante sendo um desenho de sua pessoa. — dei de ombros, mesmo que por sua vez seu comentário tivesse, me atingido mutuamente, porém eu não mostraria isso a ele, não mostraria que sou tão vulnerável assim, que me importo com sua opinião.

— Você é uma boa artista, Dri. — sorriu brincalhão com seus olhos pairando sobre os meus, ele mexia comigo. Oh merda, ele realmente mexia comigo.

Mas ele é apenas um amigo,

Zayn é apenas um amigo.

Nada mais do que isso!

— Devo admitir que você me surpreendeu. — sorri de lado admirando sua obra.

            Alguns minutos se passaram e nada mais foi dito entre nós, estávamos em silencio absoluto e diversos pensamentos pairavam sobre minha mente, eu precisava me distrair com alguma coisa.  A professora logo avaliou todas as obras e compartilhou com a turma os desenhos que mais a agradou, e com isso, o desenho feito por mim e pelo Zayn estavam na lista.

— Todos os alunos que foram escolhidos por mim terão que ficar aqui após a aula, terei um assunto a tratar com vocês, e espero que não me decepcionem, é algo muito bom. — disse sorridente enquanto o sinal soava pela classe. Olhei surpreendida para Zayn que encarava a professora com repreensão. Ele diferente de mim não havia gostado da noticia.

— Então é assim? Nós nos empenhamos para fazer essa merda de desenho para tirar uma nota boa, e dai descobrimos que por termos nos empenhado teremos que ficar mais tempo nessa merda de escola, é isso mesmo? — indagou chamando a atenção da professora e de todos a nossa volta.

— Se não quiser ir, ótimo, menos um. — sorriu dando de ombros e seguindo seu rumo sala à fora.

O que? Como assim?

— Que? — perguntou confuso, confuso como eu.

— O que ela quis dizer com isso? — minha pergunta saiu como um sussurro e Zayn me olhou como se fizesse a mesma pergunta

— Deve ser algo muito bom, né? — perguntei ansiosa, ele deu de ombros.

— Você vai? — insisti nas perguntas, já que ele havia ignorado a todas. Ele revirou os olhos como se eu estivesse o incomodando, me afastei.

— Para de fazer tantas perguntas, Adrielle. — respondeu com repudio.

— Ok... — bufei para não ter que causar alguma briga, já que era isso o que estávamos evitando. 

— Te vejo mais tarde. — disse saindo porta a fora enquanto eu ainda estava em modo de defesa.

— Tanto faz. — disse dando de ombros logo saindo atrás de si e indo ao lado contrario.

— Tanto faz? — sua pergunta saiu como um grito confuso.

— Pare de fazer tantas perguntas, Malik. — dei de ombros desaparecendo de suas vistas ao virar no corredor.

Zayn é a contradição em pessoa, ele é o símbolo da bipolaridade aguda, se é que isso é existente. Nunca se sabe de suas emoções e sentimentos, Zayn é um enigma.

ANA LUIZA

[...]

— É isso ou expulsão, senhorita. — seu tom de autoridade me dava repulsa. Sua postura diante de mim me fazia arrepender-me de todas as merdas que fiz pra chegar até aqui.  Ela era de fato moderada, e demonstrava prudência e sensatez em seus modos, aquilo não me agradava.

— Você não pode me obrigar a fazer isso. — disse com rebelo, ela me olhou minuciosamente em repreensão.

— Sim, eu posso. — lançou um sorriso vitorioso. Bufei em resposta. — E aliás, por sua rebeldia e seus atos nada satisfatórios, colocarei um monitor que verá todos os seus passos e os de Giovanna nesta casa, qualquer desavenças vocês serão expulsas do programa. Nada de festas e bebidas, vocês não são maiores de idade e estão sobre minha responsabilidade. — disse autoritária como sempre.

 alá meu novo pesadelo!

— Mas senhora... — Gio tentou impor-se, mas foi cortada por Eliza, a dona da fraternidade, a autoritária.

— Quero vocês em suas respectivas camas às 22:00 todos os dias, caso desobedecerem minhas ordens... — Seremos expulsas, já entendemos Eliza. — a cortei, seus olhos se diminuíram com um sorriso jocoso.

22:00 horas? Ela estava brincando com a minha cara, né?

— Você aprende rápido, garota. — piscou levantando-se de sua cadeira confortável de couro preta e logo deu de costas a nós duas, saindo do cômodo que mais parecia ser um escritório executivo de luxo. Esperei que amba desaparecesse totalmente de minha visão e fui até a porta em passos curtos, quando vi que Eliza não estava por perto sai em disparada correndo pelos corredores e me escondendo no banheiro mais próximo, que logo percebi ser um lavatório e não um banheiro, o que era totalmente indiferente naquele momento. Eu só precisava de um lugar para desabar.

EVELYN MINEKO

            As aulas já haviam acabado, então eu precisava achar a Dri para irmos embora, eu estava mais do que nervosa, e precisava urgentemente ver a Ana, ela precisava de mim nesse momento.

            Depois de vários minutos perdidos a procurando, vi que amba havia mandado uma mensagem explicando que teria que ficar no colégio até mais tarde por um motivo que nem ela sabia de fato, então tive que esperar algum bendito ônibus passar para pegar os alunos que se atrasaram, e é sério, se não existir esse ônibus eu estou muito ferrada.

              Meu celular tornou a tocar e atendi urgentemente e então vi que era Justin... Meu semblante era de plena irritação, quem deu meu numero para esse garoto?

— O que foi, droga? — perguntei em tom de repudio, ele riu sem graça.

— Calma moreninha, eu só quero saber se a Nalu está realmente bem, a Megan acabou de me mandar uma mensagem dizendo que ela estava péssima e não quer me dizer o motivo, e aliás, parece que elas viraram amigas, eu não estou entendendo mais nada!

Moreninha, ele me chamou de Moreninha?

E calma, o que? Nalu e Gio sendo amigas? 

Oi????

— O que? Elas viraram amigas? A Nalu realmente não está nada bem... Estou esperando o ônibus ainda não a vi.

— Ok, vou te buscar aí, mas você vai ter que falar com ela e terá convence-la a voltar a falar comigo. — sua voz revelava nervosismo, ele parecia gostar mesmo da Ana, ou apenas do que ela fornecia a ele. Mas eu não quero e nem preciso saber disso, não agora.

— Por que você mesmo não liga pra ela e convence, uh?

— Ela não iria atender, e se atendesse iria me mandar para aquele lugar. — riu sem graça, ele parecia fazer isso com frequência. — Eu te ajudo e você me ajuda.

— Isso está errado, você não está querendo me levar até lá para me ajudar, está querendo me levar pra eu te ajudar. — falei séria. Ele bufou nervoso.

— Te dou carona todos os dias durante um ano. — declarou.

— Hm... E vai pagar meu lanche durante um mês, que tal?

— O que?? Isso é.... — Se não me ajudar eu não te ajudo. — cortei-o.

— Ok. — bufou irritado.

— Ah, e nunca mais me chame de moreninha na sua vida! Estou te esperando chofer. — desliguei sorridente, já ligando para a Nalu.

Deu na caixa postal todas as 43 vezes, o que deu nela?

ADRIELLE BEATRIZ

— Ei, namoradinha do Zayn. — a voz de Estephs cintilou pelo pátio enquanto eu devorava um X-Burguer com cream cheese extra na companhia de Niall — o irlândes mais fofo do mundo que pediu para almoçar comigo — , o mesmo que estava na festa no dia da minha briga com o Zayn e me ajudou.

— Ei, Dri. — insistiu.

— Droga, ainda tenho chances de me esconder? — perguntei a Niall que me olhava risonho com suas bochechas coradas como de costume, ele mastigava seu Hamburguer que era maior do que sua cara feliz da vida e meu desespero não parecia atingi-lo.

— nope. — respondeu com a boca cheia.

— Certeza? — perguntei com incerteza ainda sem olhar para trás. Ele balançou a cabeça fazendo que “sim”.

Ignorei sua resposta e me joguei para de baixo da mesa.

— Eu estou te vendo aí, Drizinha. — disse divertida batendo em meu ombro, enquanto eu sorria forçado e me levantava sem graça.

— eu avisei. — Niall cochichou enquanto eu tomava minha pose diante de Estephs.

— O que estava fazendo debaixo de uma mesa do refeitório? — riu enquanto eu me sentava desajeitada e sem graça na cadeira de tabua desconfortável.

— Meu brinco caiu. — sorri forçado.

— Oh... Tem um alface no seu dente, acho melhor limpar antes que o Zayn apareça. — gargalhou.

Fechei a boca tentando limpar o dente supostamente sujo enquanto ela me encarava sorridente, seu sorriso branco perfeito me dava náuseas. Como o Zayn teve coragem de terminar com essa garota? Ela é perfeita.

— Fiquei sabendo que vocês dois vão sair... — disse sorridente, parecia contente com o que soube.  Revirei os olhos para Niall que me olhava desentendido.

— Como ficou sabendo disso? Eu e o Zayn somos amigos Estheps. — ruborizei.

— Zayn...? Tipo, o Zayn que brigou com você na festa em que te conheci? — Niall arregalou os olhos, então tornei a olha-lo com repreensão.

— Então foi assim que se conheceram? Em uma briguinha? Own que fofo, onde tem ódio tem amor. — respirei fundo para não explodir, eu necessitava urgentemente dispersa-la.

— Não, não tem amor Estefânia. — respirei antes de prosseguir. — Não tem amor, nem ódio. Somos amigos, apenas, amigos!

Era como se eu dissesse aquilo para mim mesma, para que aquilo entrasse na minha cabeça como deveria entrar na dela. Nós duas deveríamos ter a certeza disso, não é lá tão difícil.

— Ainda... — divulgou como se tivesse a plena certeza daquilo. — E bem, como não respondeu minha pergunta e eu já sei a resposta... — sorriu. — Use um vestido na cor rosa bem chamativo, ele adorava quando eu usava. — piscou, logo dando de costas a nos  e indo em direção oposta a nossa rebolando com aquela bunda e corpo perfeit — o que de fato era algo que eu não tinha —, até desaparecer de nossas vistas.

“Ele adorava quando eu usava.”

Tais afirmações entraram em minha mente como tumores incuráveis em meu pobre cérebro que não conseguia sustentar todas aquelas palavras.

Ela era a ex dele caralho, por que queria tanto que ele tivesse algo comigo?

E por que tinha que deixar claro tudo o que eles passaram?

Por que é que ela tem que ser tão bonita? Não que eu ligue, já que não tenho nada com o Zayn mesmo, e não teria chance de competir contra ela, mas me parece que ela não o quer mais, então não precisaria competir...

Mas ele é meu amigo, então não preciso pensar nessas coisas.

— Ok, agora você me explica essa loucura! Como assim você vai ter um encontro com o Zayn? — perguntou curioso mordendo mais um pedaço de seu hambúrguer. Sai de meus devaneios e mordi um pedaço de meu x-burguer para dispersar meus pensamentos cancerígenos.

— Não é um encontro. — bufei mordendo mais um pedaço e ele ergueu a sobrancelha como se minha resposta não o convencesse. — Ok, é um encontro... Eu acho.

— Eu sabia. — sorriu vitorioso.

— Mas é um encontro de amigos que já se odiaram e agora são amigos, tipo apenas amigos. Entendeu? — mordi o lábio nervosa, e logo em seguida sorri.

— Aposto 50 reais que não será só um encontro de amigos que já se odiaram e agora são amigos, tipo apenas amigos. — disse jogando 50 reais na mesa.

— Ok, apostado. Eu dou 60 por que eu sei que não será um encontro de casal, e aliás, tenho certeza disso. — falei confiante. — Mas não vou jogar o dinheiro na mesa por que não o tenho aqui. — disse desconfiada e ele gargalhou.

— Niall! — escutei uma voz conhecida soar pelos meus ouvidos e logo vi Zayn vim até nossa mesa com Harry ao seu lado. Senti o ar de meus pulmões prenderem, me senti sufocada, o frio na minha barriga logo se tornou uma nevasca, daquelas mais fortes.

Pensei que estivessem brigados, mas parece que só foi uma superstição.

— Me chamaram? — perguntou entediado abocanhando o que havia restado de seu hambúrguer, logo voltei à tona. Respirei fundo e mordi mais um pedaço de meu x-burguer evitando a presença dos dois a minha frente.

— Eu chamei. — Harry respondeu sério e Zayn revirou os olhos.

Não foi só uma superstição.

— O que foi? — perguntou curioso bebendo seu refrigerante light e logo voltando sua atenção a Harry que ainda o olhava sério.

— Você disse que iria me ajudar com a música que estou escrevendo, e disse que iria me ajudar hoje, pra ser exato, agora! — disse impaciente.

— Sua música espera Harry, o Zayn pediu pra que eu almoçasse com a Dri, e é isso o que eu estou fazendo. E alias, foi ele quem pagou meu almoço, então não me culpe.

— O que? — perguntei abismada. Eu não sabia que o Zayn havia pedido isso à Niall, aliás, achei que ele estava aqui por vontade própria, que falso!

— Então é isso? Está me trocando por ela? — disse como se fosse uma pobre garotinha não notada pelo crush.

— Não, estou te trocando pelo meu almoço pago. — sorriu satisfeito.

— Tanto faz, agora dá pra você vir comigo pra me ajudar com a droga da música? — Perguntou nervoso.

— Só se você me pagar outro hambúrguer, estou com fome.

— Tanto faz. — deu de ombros, logo Niall levantou e veio em minha direção.

— Não acho que amigos fazem o que o Zayn fez. Eu vou ganhar a aposta. — cochichou em meu ouvido me fazendo o olhar com repreensão.

— Dri, não se esquece do nosso café amanhã às 6. — sorriu de lado com sua covinha à mostra e logo seguiu seu caminho ao lado de Niall que sorria pra mim.

 Respirei fundo e soltei o ar rapidamente, eu parecia ter prendido meu folego sem perceber, é o que a tensão faz comigo. Logo Zayn sentou-se à minha frente e mordeu o lábio como se não tivesse o que falar. Tentei limpar meus dentes rapidamente sem que ele percebesse, não queria que o alface ainda estivesse ali.

— Então... — pigarreou como se quisesse chamar minha atenção, logo voltei minha atenção rapidamente para si.

— Qual é o seu problema? — perguntei desacreditada por seu ato.

— Problema? Qual é, eu não queria que ficasse sozinha aqui, isso é um problema? O problema é me preocupar com você? — perguntou com tom rigoroso, ele logo respirou fundo.

“O problema é me preocupar com você?”

Ok, isso de fato mexeu comigo.

Por que faz isso comigo, amigo Zayn Malik?

— Não precisava alugar seu amigo, eu achei que ele quisesse ser meu amigo e agora sei que foi tudo da minha cabeça, porque na verdade ele estava almoçando comigo por que você o pagou. Então perguntou novamente, qual é o seu problema?

— Ah, qual é?! — bufou.

— Essa é a minha pergunta a você. E por que você mesmo não veio almoçar comigo? Por que não disse que viria? Que iria aparecer? Isso é o que pessoas que se preocupam com as outras fazem. — respondi com seriedade. — E acha mesmo que sou tão sozinha assim? Que não tenho capacidade de encontrar alguém para almoçar comigo quando você não está?

— Por que você tem que deixar tudo tão difícil? Que merda, eu estou mesmo tentando ser seu amigo, mas você não colabora. E porra, eu não sou amigo de outras garotas, eu só transo com elas, o mais próximo de amizade que tive com alguma garota foi amizade colorida, então não me culpe, ok? Estou tentando. — Engoli sua sentença a seco, com whisky seria melhor.

— Você tem razão. — respirei fundo.

— Eu sempre tenho. — sorriu vitorioso em resposta.

— Tanto faz, amigo Malik. — dei de ombros e segui em sua frente indo em direção à sala de desenho quando o sinal ecoou por meus ouvidos.

EVELYN MINEKO

            Quando cheguei à fraternidade, todos estavam preocupados com Ana, havia tantos boatos que minha cabeça explodia de nervosismo, espero que nenhum desses boatos sejam verdadeiros.

— Onde ela está? — perguntei para Megan que parecia segurar o choro.

— No último andar escondida no lavatório. — disse com voz rouca e séria. Corri todas aquelas escadarias até chegar ao terceiro andar, eu nunca havia vindo aqui e muito menos sabia onde era o tal lavatório.

— Ana, amiga onde você está? — gritei enquanto andava em passos curtos pelo corredor.

— Aqui. — escutei um som embaçado sair pela segunda porta a minha direita.

— Oi, o que houve? — perguntei ao abrir a porta rapidamente e dar de cara com Ana em um estado deplorável.

— Eu acho que vou pedir expulsão. O intercambio sonhado virou um pesadelo Eve. — disse entre balbucios.

— O que foi? O que aconteceu? — perguntei nervosa, não era nada bom.

TO BE CONTINUE...