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História Madness - Ele é meu, eu sou dele


Escrita por: Sixxwins

Capítulo 21 - Ele é meu, eu sou dele


Fanfic / Fanfiction Madness - Ele é meu, eu sou dele

 

Quando cheguei ao colégio, dei de cara com Meliodas. Ele estava no corredor coçando os olhos e assentindo a alguma coisa que Christine falava para ele. Parei por um instante e fiquei encarando aquela cena. A carta de Liz estava na minha mochila e parecia pesar uma tonelada, uma tonelada que estava me puxando para baixo a cada segundo que estava se passando. Eu não iria ler a carta, não queria invadir a privacidade alheia. Mas eu não sei realmente se devo entregar a carta para Meliodas ou simplesmente rasgá-la em pedacinhos. Eu estava muito confusa. Ban prometeu que não iria tocar no assunto da carta com Meliodas, ele disse que iria agir como se não soubesse de nada e deixou tudo em minhas mãos. Estou com a corda no pescoço.

– Oi. – Elaine estava parada em meu lado, abraçada com o seu fichário. – Diane me disse que o Ban queria falar com você, era algo sério? – ela parecia muito preocupada.

– Sim, mas não tem nada haver com ele.

– Tem haver com o Meliodas? – Elaine olhou para Meliodas a poucos passos de nós.

– Completamente.

– Ellie. – Meliodas veio animado na minha direção, meu coração começou a acelerar. Grudei no pulso de Elaine e comecei a correr pelo corredor, arrastando ela comigo. – Ei, Ellie! O que foi?! – eu não parei para respondê-lo.

– O que diabos aconteceu? – ralhou Elaine quando dobramos um corredor. Parei e respirei fundo.

– Escute – eu olhei para ambos os lados antes de continuar. –, eu recebi uma carta e não tenho a menor ideia do que fazer com ela.

Elaine ergueu as sobrancelhas.

– Você lê. – ela disse, me olhando com uma cara de quem diz “isso não é obvio?” – Essa é a parte essencial de uma carta, dela ser lida. O problema todo era esse?

– A carta não é pra mim. – admiti. – É pro Meliodas.

– Ah. É só entregar para ele então.

– Elaine, você não está entendendo. – grunhi. – Quem mandou a carta foi a Liz!

Os olhos de Elaine se arregalaram.

– A Liz? Como assim Elizabeth?

– Essa carta chegou no endereço do bar de Meliodas e Ban resolveu me dar ela primeiro, ele disse que eu ia saber o que fazer, mas na verdade eu não faço a mínima ideia do que deve ser feito. Se eu entregar essa carta pra ele, posso acabar estragando tudo, e eu tive uma noite tão maravilhosa com ele ontem.

– Sim. – Elaine sorriu. – Diane me ligou ontem mesmo para contar. Sabe o que você devia fazer? Não entregue a carta, mas também não a destrua. Simplesmente a guarde.

– Guardar? Elaine, pelo amor de Cristo, eu não vou conseguir dormir sabendo que tem algo alheio na minha gaveta. Ou eu entrego ou então destruo. Não me peça para guardar.

– Quer que eu faça isso?

– Fazer o quê? – Meliodas surgiu em meu lado, brincando de ficar na ponta dos pés e me olhando com um ar de desconfiado. – Correu de mim por quê? Virei bicho agora?

– É melhor eu deixar vocês conversarem. – observou Elaine, deu um rápido sorriso e saiu pelo corredor.

Eu me neguei a olhar para o Meliodas, eu estava olhando para frente, fingindo que Elaine ainda estava ali. Meliodas me puxou pelo cotovelo me obrigando a olhar para seus olhos verdes tão impactantes.

– Vai me dizer o que está acontecendo ou eu vou ter que descobrir sozinho? – ameaçou ele com os olhos estreitos.

– Não está acontecendo nada. – eu me afastei sorrindo e ajeitei as alças da mochila. – O que poderia acontecer?

– Não sei. – respondeu ele, sério. – Mas algo aconteceu. Você fugiu de mim. Foi por causa de ontem?

– O quê?

– É. Você não gostou de ter perdido a virgindade comigo e agora está arrependida. Por isso está me evitando.

– Fala baixo. – dei uma lapada no braço dele. – Quer que todo mundo escute?

– Que se danem eles! – exclamou Meliodas, se aproximando. – Eu quero mais é que eles saibam mesmo. E sabe por quê? Porque foi lindo, e que se dane o resto. Nós dois não fizemos nada demais. Namorados transam, caramba, e é isso que somos. Somos namorados.

– Até que alguém destrua. – murmurei com um nó na garganta.

– O que disse?

– Eu quero dizer que eu não estou arrependida. Ontem foi... – eu não tinha palavras adequadas para definir. – Ontem foi maravilhoso, foi lindo, especial, um momento único e memorável. Não me diga que eu não gostei, porque eu gostei sim, na verdade, eu amei.

– E porque está fugindo de mim?

Eu o encarei em silêncio, ele aguardava minha resposta com os olhos ansiosos. Eu não podia falar que estou com uma carta direcionada para ele. Não podia falar que Liz escreveu para ele depois de tudo que aconteceu entre nós dois.

– Você me ama mesmo? – perguntei.

– Hein? – ele franziu o rosto. – Por que essa pergunta agora?

– Se eu fizesse algo pelo qual você não fosse capaz de perdoar, ou que talvez te deixasse um pouco irritado... você ainda iria me amar?

– Que papo estranho é esse Ellie? – ele riu. – Quer falar logo o que está acontecendo? O que você quer que a Elaine faça?

– Coisa boba. É coisa de garota, você não precisa se preocupar comigo não.

– Coisa boba? Ta, e porque fugiu de mim? – ele cruzou os braços.

– Porque eu me lembrei de ontem. – argumentei. – Fiquei um pouco envergonhada e não sabia como te encarar depois de tudo, foi isso, por favor, não ria. – mas ele riu. – O que Christine queria?

– Ah, só me dar esse convite. – ele puxou um pequeno convite do bolso pequeno da mochila. O convite estava repleto de glitter, estava vazando glitter até pelas bordas do pequeno papel.

– Convite de quê?

– Aniversário de 18 anos dela. – ele encarou o convite por alguns segundos. – Acho que ela me convidou porque eu a salvei da piscina no outro dia.

– E você vai? – perguntei tentando esconder o desconforto.

– Não sei. Eu devo ir sem você? – ele me olhou, como se quisesse rir de novo.

– Você não é um cão, Meliodas. E eu não quero te tratar como tal, se quiser ir, vá. Não vou me impor.

– Já concluí que você não quer que eu vá.

– Eu não disse isso.

Ele me encarou, o sino soou pelos corredores obrigando Meliodas a fazer uma careta desagradável.

– Aquele lance do “fiquei um pouco envergonhada” não colou. – admitiu ele, enquanto enfiava o convite de volta dentro da mochila. – Pense numa desculpa mais convincente e elaborada para me dar na próxima vez que eu perguntar. – ele sorriu forçado e foi para a sala dele.

Eu fiquei parada no corredor, vendo ele ficar cada vez mais vazio, até resolver cambalear em direção a minha sala. Afundei na cadeira, joguei a mochila na mesa e cruzei os braços, bufando logo em seguida. Elaine não quis saber o que Meliodas disse, ela estava mais preocupada com a matéria, e é isso que eu vou me preocupar também. O professor entrou apressado na sala enquanto ajeitava sua gravata. Eu peguei meu caderno e abri-o na matéria exata. Iria encher minha mente com os estudos e esquecer daquela porcaria de carta.

– Ah, Elizabeth? – o professor olhou diretamente para mim e eu senti meu coração bater no dedão do pé.

– Sim, professor. – ergui o olhar, um pouco preocupada.

– Poderia ir à biblioteca pra mim? Preciso do livro de Geografia deste ano, esqueci o meu. – ele sorriu amarelo.

Sem ter como dizer não, dei um sorriso de leve e me levantei. Todos os alunos olharam para mim, saí rapidamente da sala para fugir do olhar deles. Caminhei como um zumbi até a biblioteca. Ela estava vazia – bem, não tão vazia – tinha um garoto bem alto em pé perto da estante de livros de Matemática. Ele percorria a ponta do dedo em cada título como se procurasse por alguma coisa. Como se soubesse que estava sendo notado, ele girou na minha direção e eu tive um sobressalto.

– Ah, oi. – disse ele. – Eu estou um pouco perdido. Sabe onde fica o 2ª ano B? Comecei hoje aqui. O inspetor ficou de me mostrar à sala, mas eu quis bancar um de sabichão e disse a ele que já sabia onde ficava. Mas para falar a sincera verdade, eu não sei.

– Err... – me aproximei lentamente. – 2ª ano B, posso mostrar sim. Minha melhor amiga é dessa sala.

– Olha que coincidência! – ele sorriu. – Sou Hauser.

– Prazer, eu me chamo Elizabeth. – sorri de volta. – Eu vou só pegar um livro de Geografia para o meu professor, daí te levo para a sua sala, tudo bem?

– Claro.

– Ta. – fui procurar pelo livro de Geografia, ele estava em uma estante no final do corredor, o puxei da estante e assoprei-o para livrar um pouco a poeira da capa. Quando me virei trombei em Diane que estava na minha frente pálida igual a um fantasma. Ela me segurou pelos cotovelos e abriu a boca para falar, mas a voz não saiu. – O que foi? – eu queria rir da cara de pânico dela. – Por que está com essa cara engraçada?

– Me esconda, não importa o que aconteça.

– Hein?

– Elizabeth...? – ouvi Hauser me chamar. – Tudo bem aí?

– Puta merda! – Diane se escondeu atrás de mim. Eu franzi o cenho, sem entender absolutamente nada.

– Está tudo bem sim. – respondi, olhando estranho para Diane.

– Está demorando. – Hauser apareceu na minha frente. Ele estava sorrindo, mas o sorriso cessou quando ele encarou Diane atrás de mim. – Quem é essa?

– Ela é... – Diane beliscou minha costela. – Ai!

– Ai? – Hauser gargalhou. – Que nome diferente.

– Eu não estou entendendo nada. – admiti. – Diane, quer me explicar o que está acontecendo aqui?

– Diane? – os olhos de Hauser se arregalaram.

– Vai pra merda Elizabeth! – reclamou Diane saindo de trás de mim. – Eu não queria que ele me visse. – e apontou o dedo afobada para ele.

– E por que não? Se você tivesse me explicado direito, talvez eu não estivesse tão confusa agora. – me defendi.

– Diane! – Hauser piscou para ela. – Caramba, nunca imaginei que eu iria voltar a vê-la.

– Vai se foder. – Diane deu de ombros e jogou o cabelo para trás.

– Nossa, como você é boca suja.

– Boca suja é a porra da puta que te pariu!

– Ei, eu estou me sentindo num complô! – exclamei no meio deles.

– Você lembra aquele dia que eu atolei no álcool porque tinha conhecido um cara, mas ele só queria sexo comigo? – murmurou Diane e em seguida apontou para Hauser. – Olha o desgraçado aí.

– Cacete! – olhei com a boca aberta para Hauser.

– Cacete mesmo, o negócio está bem cacetado, você raramente xinga. – Diane me fitou com os olhos semicerrados.

– Diane, você conseguiu achar o... – King surgiu do lado de Hauser, ele parou e olhou de mim para Diane e depois para Hauser. – O que aconteceu?

– Nada. – Diane respondeu rapidamente e entrelaçou seu braço no de King. – Não achei o livro, acho que alguém o pegou. Vamos voltar para a sala, certo?

– Quem é esse? – quis saber Hauser, encarando Diane próxima de King.

– Meu namorado. O nome dele é King. – apresentou Diane. – Agora vem. – ela puxou King com ela, ele a seguiu sem entender absolutamente nada.

– Você achou que ela nunca iria arranjar um namorado depois de você? – perguntei, olhando o estado perplexo de Hauser. – Eu confesso que fiquei com medo dela ter uma overdose do tanto que ela bebeu aquela noite. Mas King apareceu logo depois, e ele varreu dela toda aquela tristeza mirabolante e devastadora que você causou. Então, por favor, não pense em se intrometer no relacionamento dos dois.

– Desculpe – ele sacudiu a cabeça e se virou para mim. –, mas quem é você para dizer o que eu devo ou não fazer?

– Diane é a minha melhor amiga do 2ª ano B. – esclareci, fazendo os olhos de Hauser se arregalarem.

– Eu vou estudar na sala dela? – pude notar vestígios de ansiedade e emoção nos olhos dele.

– Não vai se animando muito não, King também é da sala dela. – a ansiedade e emoção pairando nos olhos de Hauser morreram.

– Só Deus sabe o quanto eu me arrependi por não ter firmado algo sério com ela. – se martirizou ele, olhando feio para o livro de Geografia em minhas mãos. – Não imaginei que ela iria encontrar outro cara tão rápido, e vamos combinar, esse King nem parece homem.

– Mas é o namorado de Diane e está fazendo ela feliz, algo que você poderia ter feito, mas não fez. Desculpa te dizer essas coisas Hauser, eu acabei de te conhecer, mas é a verdade. Esqueça a Diane, ela te odeia.

– Não fale por ela! – ele avançou para cima de mim e grudou no meu cotovelo, apertando com força.

– Ei! – esbravejei, assustada. – Isso está doendo!

Hauser respirou fundo, me encarando.

– Tire as mãos dela. – oscilou Meliodas atrás de Hauser.

– Quem é você? – Hauser olhou para ele por cima do ombro.

– Seu futuro assassino, prazer Meliodas.

Hauser piscou três vezes seguidas e me soltou, deu dois passos para trás e balançou a cabeça.

– Desculpe – pediu ele. – por isso, eu não queria... você... eu vou procurar o inspetor para me mostrar a sala. – ele nos deu as costas e saiu da biblioteca com as bochechas rubras, eu não sabia identificar se era de vergonha ou raiva.

Meliodas estava em pé olhando para mim com as mãos no bolso e com o semblante rígido.

– Obrigada. – agradeci num fio de voz e abracei o livro de Geografia com força.

– O que fazia aqui sozinha com ele?

– Vim buscar esse livro para o professor, aí eu acabei encontrando com o Hauser aqui. Rolou esse desentendimento porque o Hauser é o cara por quem Diane sofreu e bebeu uma noite inteira. Eu só quis deixar claro que ela não quer mais saber dele.

– Isso quase te custou um braço. – ele se aproximou e pegou em meu cotovelo. – Ta um pouco vermelho aqui, está doendo? – ele olhava preocupado para o meu cotovelo, eu mordi o lábio inferior com força.

– Eu estou bem. – os dedos dele estavam quentes ao redor do meu braço, eu o encarei. Seus lábios estavam úmidos e convidativos, eu queria beijá-lo, queria muito beijá-lo. – Meliodas...?

– O quê? – ele ergueu o olhar para mim.

Joguei o livro de Geografia no chão e puxei Meliodas pela gravata, trazendo seus lábios saborosos para mim. Ele se surpreendeu com o meu ato, mas não se atreveu a cortar o beijo. Eu precisava daquele beijo. Precisava lembrar que, ele é meu, eu sou dele. Talvez com isso eu esqueceria dos problemas que aquela carta poderia causar se por um acaso parasse nas mãos dele.

– Você se arrepiou. – disse ele em minha boca. Eu apenas sorri.

Como manter a respiração regulada quando tenho a boca dele explorando todos os milímetros possíveis da minha? Eu senti meu ar acabando, mas eu não pensei em parar para recuperá-lo. Minha euforia me fez segurar com força aqueles cabelos claros e macios que contrastam com a pele clara.

– Caramba, olha só! Você se arrepiou de novo! – ele sorriu.

– Arrepio é a forma que o meu corpo escreve em braile “continue”, quando você beija minha boca ou quando passa levemente os dedos na minha pele. – murmurei com a voz grogue.

Meliodas me encarou seriamente, passou a língua pelos lábios e me empurrou para de trás de uma estante e voltou a me beijar. Senti aquela mão forte apertando minha cintura, enquanto a outra se encarregava de deslizar pelo meu corpo, tomando um caminho percorrido na noite passada por aquela mesma mão. Senti as pontas dos dedos longos dele parando no meio das minhas coxas, me acariciando lentamente por cima da saia. Afastei um pouco as pernas e meu coração acelerou ainda mais quando aquela mão máscula brincou com a barra da minha saia, ameaçando subi-la. Eu soltei um suspiro abafado quando a mão dele passou por baixo da minha saia e se posicionou acima da minha calcinha rendada, tão fina quanto a pele do pescoço dele, onde eu agora fazia questão de afundar a minha cabeça para respirar o cheiro enlouquecedor daquela pele.

Com delicadeza, aqueles dedos me acariciam com uma certa pressão, repetindo movimentos sutis, mas que me causaram sensações extraordinárias. Ele sorriu ao sentir a umidade presente no único tecido que separava sua pele da minha, provavelmente imaginando como eu estava internamente, e eu corei profundamente. Suspirei ao senti-lo afundar o dedo em mim, porém ele interrompeu seus carinhos quando eu menos esperava, me causando um mix de sensações que eu jamais conseguiria descrever e, principalmente, me apresentando uma das definições de prazer.

– Por que você... – eu ia perguntar porque ele tinha parado, mas ele me interrompeu tampando minha boca com a sua mão e ajeitando minha saia.

Shi! Tem alguém aqui! – avisou ele.

Eu estava praticamente inebriada, eu sequer ouvi os barulhos antes, estava ocupada nas sensações maravilhosas que ele estava me proporcionando, que eu nem me toquei que alguém tinha entrado na biblioteca.

– Elizabeth...? – ouvi a voz de Elaine me chamar. – O professor pediu que eu viesse ver porque estava demorando. Você está aí?

Meliodas olhou para mim e eu soltei um suspiro de alívio e saí de trás da estante.

– Oi. – eu disse, com a maior cara lavada.

– Ah! – Elaine se virou para mim. – Você está aí! – ela sorriu. – Você estava demorando, então o professor pediu que eu viesse. Não está conseguindo achar o livro? – eu apontei para o chão, que era onde o livro de Geografia estava. Elaine olhou para o livro por alguns segundos e depois olhou confusa para mim. – Bem, o que fazia aí atrás?

– Nada. – respondi rapidamente, corada.

– Fazia nada com o Meliodas? – ela riu.

– O quê? – eu me virei, Meliodas estava escorado na estante, com os braços cruzados e com um sorriso de sem-vergonha. Nas mãos dele estava um livro de Filosofia, ah, então era por isso que ele tinha entrado aqui.

– Vou para minha sala, antes que o meu professor coloque alguém para vir atrás de mim também. Vejo vocês depois. – ele saiu apressadamente da biblioteca. Elaine olhou para mim, sorrindo desconfiada. Fugi do olhar dela e peguei o livro do chão.

– Vamos para a sala? – perguntei.

– Claro. – ela ainda sorria.

– Meu Deus! – passei por ela e saí da biblioteca.

...

– O que o Ban queria com você? – perguntou Diane no refeitório enquanto assassinava um pão.

– Ele queria falar sobre a suposta gravidez de Jericho. – menti.

– Por falar nisso, eu nem sei como vou conseguir reagir perto de Elaine. Vou ficar com a garganta coçando querendo entregar o Ban!

– Não faça isso! Além do mais, nem temos certeza se a garota está mesmo grávida, pode ser um engano.

– Ban está parecendo gato, faz a merda e quer esconder. – Diane revirou os olhos e encarou os farelos de pão sobre sua bandeja. – Inferno.

– Está nervosa assim por que o Hauser voltou? – tentei adivinhar.

– Eu quero que ele se foda.

– Você pode vir comigo, se quiser. – Hauser se sentou em meu lado e colocou sua bandeja na mesa. – Oi Diane. Como você está?

– Vai se foder! – Diane olhou para mim. – Esse filho da puta ficou mandando bilhetinho para mim as aulas inteiras, fiquei com um medo do cacete do King ver.

– E você leu os bilhetes? – perguntou Hauser, sorrindo.

– Vou usá-los para limpar a minha bunda quando eu chegar em casa. – sussurrou ela.

– Você não era assim comigo! – lembrou ele, enquanto encarava a bandeja dela.

– Você me magoou pra porra! Nem se importou, mas é claro, não eram os seus sentimentos. Agora faça o favor de desaparecer dessa mesa, porque o meu namorado e o namorado de Elizabeth estão prestes a vir para cá, os dois podem ser baixinhos, mas podem abrir uma cratera nessa sua cara de buldogue.

Eu segurei a risada e Hauser rangeu os dentes.

– Aquele seu namorado, Diane, é todo delicado. Eu prestei atenção nele enquanto estávamos na sala. Ele parece gay.

Diane sorriu genuinamente.

– Ah, gay ele não é. Os roxos em minhas nádegas podem provar isso.

Eu engasguei com o suco que eu estava tomando.

– Que irônico! – ele se levantou, balançando a cabeça simultaneamente. – Eu querer alguém que quer outra pessoa.

– Irônico talvez seja, que você quer uma pessoa que está pouco se cagando pra você! – Diane piscou.

– Eu ainda vou roubar o seu coração, Diane! – ameaçou Hauser.

– Você por acaso trafica órgãos? – ela ergueu uma sobrancelha desafiadoramente. Hauser puxou a bandeja dele da mesa e saiu com passos pesados dali. E eu Diane explodimos em risadas, até Elaine se sentar conosco.

– Qual o motivo da risada? – ela sorriu ao perguntar.

Diane ficou pálida com a presença de Elaine, de certo ela estava se lembrando do teste de gravidez. Eu a olhei com os olhos suplicantes. Eu não queria que Diane soltasse a bomba ali no meio do refeitório.

– O que foi gente? – Elaine olhou para cada uma de nós. – Que caras são essas?

– O cara que brincou com os sentimentos de Diane começou a estudar aqui hoje. – respondi.

– Nossa! – Elaine olhou boquiaberta para Diane. – E como o meu irmão reagiu ao saber disso?

– Ele não sabe. – explicou Diane, assassinando outro pão. – Não quero preocupar o meu baixinho.

A conversa se esvaiu quando Meliodas e King chegaram à mesa.

– Receberam o convite para a festa da Christine? – perguntou Meliodas se sentando, e em seguida pegou o meu suco e deu um gole.

– Eu recebi. – respondeu King depois que se sentou ao lado de Diane, logo sendo fritado pelos olhos dela. – Mas não vou, então devolvi.

– Não vai? – perguntou Elaine. – Por quê?

– Diane não recebeu o convite, e eu não quero ir sem ela. – explicou ele com um sorriso fraco.

– E faz muito bem! – Diane empinou o queixo. – As festas daquela fulana devem ser repleta de piriguetes assanhadas que adoram caras comprometidos. – ela olhou feio para mim. – E você deve impedir que o Meliodas vá.

– Hã? – Meliodas a encarou. – Qual é, Diane? Está achando que eu vou aprontar nessa festa?

– Você é amigo do Ban, de você pode se esperar tudo.

– Ei. – Elaine bateu no braço dela.

– Se ele quiser ir, que vá. – dei de ombros e dei uma mordida no meu sanduíche. Meliodas me olhou de soslaio com frieza.

– O que acharam do cara novo? – King quebrou o clima e plantou outro maior ainda.

– Hauser? – Diane perguntou, indiferente. – Um completo babaca.

– Era isso que vocês dois estavam falando nos bilhetes? – King a encarou.

– Bilhetes? – Meliodas começou a rir. – Que bilhetes?

– O escroto do garoto novo começou a me encher de bilhetinhos no meio da aula. Pensei que você não tivesse visto. – ela olhou para King.

– Vocês se conhecem? – ele quis saber, um pouco frustrado.

– Quer saber? Que se foda tudo! Conheço ele sim, foi ele que me largou a míngua antes que você pudesse aparecer e me restaurar. – King arregalou os olhos na direção de Diane. – Mas eu quero que você saiba que eu nunquinha irei te trocar por ele. Agora cala a boca e come o seu pão.

No final das aulas, eu estava em pé na saída esperando por Meliodas. Christine passou por mim sorridente e parou em minha frente. Vê-la me fez lembrar daquele banho alcoólico.

– Meliodas é um garoto incrível, não é? – ela perguntou suavemente.

– Hm? – a olhei com desdém. – O que quer com isso?

– Pensei que você ia me pedir desculpas pela falta de educação aquela noite na boate.

– Cogitei essa ideia, mas excluí logo depois. – admiti.

– Sobre o Meliodas, eu não confio nele, mesmo que eu queira. – pausa. – Não vai perguntar por quê?

– Isso não me interessa. – respondi.

– Gosto do jeito que a mente dele funciona. – ela sorriu timidamente para alguns alunos que saíam. – Tem algo nele que não notamos quando está presente, mas sentimos quando ele não está presente. É algo simples e misterioso, acho que eu nunca vou descobrir.

Eu gargalhei.

– Você só o convidou para a sua festa, apenas para me atingir.

– Não. – ela corrigiu seriamente. – Eu o convidei porque gosto dele.

– Gosta? – franzi o rosto. – Gosta como?

– Como uma mulher gosta de um homem.

Trinquei os dentes.

– Meliodas é comprometido comigo. – avisei algo que ela já sabia. – Ele nunca iria olhar para você. Não crie esperanças só porque ele te salvou na piscina. Tenho certeza que isso foi tudo teatro seu e que você não estava se afogando coisa nenhuma!

– Não estou nem aí para o seu ponto de vista. – ela me encarou, em seguida sorriu animadamente. – Liza!

Arqueei as sobrancelhas, Meliodas parou em meu lado e sorriu para Christine.

– Estavam conversando? – ele perguntou.

– Eu estava falando para Liza que o cabelo dela é muito bonito. – Meliodas deu uma rápida olhada para o meu cabelo. – E também disse que ela é uma garota de sorte por ter você, confesso que tenho até um pouco de inveja.

Meliodas riu e eu cruzei os braços e bufei.

– Podemos ir? – perguntei, olhando para ele.

– Claro. – ele olhou para Christine. – Até mais Christine. – ela respondeu com um sorriso, ele pegou na minha mão e me puxou delicadamente com ele. – Ban me passou uma mensagem. – disse Meliodas enquanto andávamos pela calçada. – Tenho que passar lá, você vem?

– Sim, mas o que dizia a mensagem?

– Você vai saber quando chegarmos lá.

...

Grávida! – Ban jogou o teste de gravidez no sofá e puxou os seus fios de cabelo com força. – Jericho está grávida, como eu fui imprudente e idiota! Eu nunca desejei ter um filho que não fosse com Elaine. Acho que ela nunca mais vai me perdoar depois disso.

Meliodas estava sentado no braço do sofá e eu estava em pé, perto da janela, com a boca aberta.

– Eu estava torcendo para que fosse apenas um engano. – eu disse. – E agora?

– Agora? – Ban riu, nervoso. – Agora vou perder a minha namorada. Não estou nem um pouco feliz com isso.

– Meliodas – o olhei. –, diz alguma coisa! – pedi, estava ficando nervosa com ele ali calado, parecia mais uma estátua enfeitando a sala de Ban.

– O que eu devo dizer, caramba? Ban tem que se responsabilizar pelos seus atos. Se eu fosse ele, ligava agora mesmo para Elaine e pediria que ela viesse aqui. É o certo a se fazer.

– Droga. – Ban colocou as mãos na cintura e olhou para o chão, pensativo. – Eu vacilei com ela uma vez e ela me perdoou. Não quero nem imaginar as coisas errôneas que ela me dirá assim que souber que serei pai de um filho que não é dela.

Eu me aproximei de Meliodas e me sentei no sofá.

– Estou me sentindo mal com tudo isso. – afirmei e peguei o teste de gravidez e encarei aquela maldita coisa que constatava que Jericho estava realmente grávida. Meliodas se inclinou sobre mim, encarou o teste por alguns segundos e depois soltou uma risada escandalosa. – Para com isso! – o repreendi. – Ban está em maus lençóis e você ri dele? Que tipo de pessoa você é?

– Sou o tipo de pessoa bem detalhista, Ellie. – Meliodas respondeu,  pegou o teste das minhas mãos e olhou para Ban. – Esse teste é o mesmo que foi para a casa da Ellie?

Ban encarou o teste com um olhar furioso.

– É sim. Eu entreguei o mesmo teste para Jericho e esperei que ela fizesse todo o procedimento. Mas pra que isso agora? Eu já não estou lascado o suficiente?

Meliodas rodou o teste devagar pelos dedos.

– Curioso isso. – admitiu ele. – Como o teste mudou de marca?

O quê? – Ban veio para cima de Meliodas e arrancou o teste dele.

– Esse não é o mesmo teste que foi para a casa da Ellie, posso garantir. Já que faltei queimar esse troço com os próprios olhos tempo o suficiente para ler o nome da marca.

– O que quer dizer? – eu perguntei.

– Quero dizer que não existe gravidez nenhuma e que Jericho quer fazer o Ban de trouxa. – Meliodas riu para Ban. – E vai conseguir se ele deixar.

 



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