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História Madness - Ninguém é o mesmo pra sempre, mas eu sou teu pra sempre


Escrita por: Sixxwins

Notas do Autor


Olaaaaaaaaa!!!
Então, eu salvei todos os números que me enviaram, assim que eu comprar um celular novo, irei fazer o nosso grupo <3
Tenham uma boa leitura, e ignorem os erros ^^
Bom domingo á todos!

Capítulo 23 - Ninguém é o mesmo pra sempre, mas eu sou teu pra sempre


Fanfic / Fanfiction Madness - Ninguém é o mesmo pra sempre, mas eu sou teu pra sempre

 

Sabe quando você chega a olhar para o céu, tentando achar uma esperança, ou um milagre para curar a sua dor? Quando você mal consegue respirar de tanto soluçar, chorar, espernear... e tudo o que mais quer na vida é abrir seu peito com as próprias unhas e arrancar esse coração, jogá-lo no lixo, chutá-lo com toda a sua força e isolá-lo para bem longe?

Eu raramente chorava com tanto desespero, mas aí Meliodas apareceu na minha vida. Droga, por que ele tem que ter um sorriso tão lindo? Por que diabos ele se veste tão bem? Por que mesmo quando está distraído, continua sendo a coisinha mais perfeita desse mundo? Por que eu deixei ele entrar em meu coração? Eu deveria saber, eu tinha que saber que quando uma coisinha dessas entra no coração é difícil de tirar... agora eu sei... como fui tão patética? Como fui me apaixonar por ele? Eu sabia que mais cedo ou mais tarde, o problema “Liz, a ex” iria surgir. Ele é absurdamente louco por ela, e eu queria que ele fosse absurdamente louco por mim, como eu sou por ele.

Já fazia uns 10 minutos que eu estava chorando sentada em um banco na praça, Arthur estava em meu lado, assustado, sem entender praticamente nada. Ele estava calado, ouvindo meus soluços como se ouvisse um berro.

– Sabe, Elizabeth, me desculpe, eu não sei o que fazer para você parar de chorar. – ele puxou minha cabeça, deitando-a em seu colo. – Sinto muito. Os adolescentes de hoje encontram o suposto “amor da sua vida” a cada 3 semanas, talvez 1 mês ou 2... quem sabe? – ele começou a mexer no meu cabelo, seus dedos longos e trêmulos adentraram meu cabelo lentamente. – E eles sempre dizem o mesmo um ao outro: “Você é tudo o que eu preciso. Eu te amo mais que tudo. Você é a minha vida.” Só que mais ingênuos ainda, são aqueles que supostamente acreditam nessas palavras que qualquer pessoa diz costumeiramente.

– O que quer dizer? – grunhi baixinho.

– Cheguei à conclusão que o amor não existe, não entre duas pessoas. Elas apenas se gostam. E gostar é gostar do sorriso e de estar perto. Das coisas que um proporciona para o outro. É simples de se compreender. Mas, parece que ainda são ingênuos demais pra esse tipo de assunto, tanto que nunca abordam.

– Não, Arthur – limpei as lágrimas e me sentei, sentindo tudo em mim doer. – Você só vai descobrir o que é o amor, quando você perceber que mesmo com os defeitos e indiferenças vocês se suportam, se amam, se cuidam e se querem bem. Quer saber mesmo o que é o amor? – arrisquei um sorriso, que saiu todo errôneo. – Amor é você ver dois casais de velhinhos se beijando numa pracinha qualquer, como se fossem dois adolescentes, não que seja errado dois velhinhos se beijarem, não que seja falta de respeito, pelo contrário, é lindo. Isso que é o “pra sempre”, mas o pra sempre de hoje em dia só dura duas semanas, três meses ou quatro, se der sorte. – me encolhi.

– Por quê? – Arthur se virou para mim, convicto. – Por que o Meliodas terminou com você? Ele não estava apaixonado? Estava todo metido te exibindo como namorada dele para todos os lados e agora você me aparece assim, deteriorada. Cadê o amor todo que ele emanava por você? O suposto amor? Não era amor? E agora, não é mais?

– Essas perguntas retóricas acabam com a minha consciência. – esfreguei os olhos, sentindo-os arderem. – Você não está entendendo o grau da situação, Arthur. Ele não terminou comigo, foi algo pior.

– O que poderia ser pior que isso? – ele me encarou como se eu fosse estranha.

– A ex dele está com câncer terminal. – não imaginei que essas seguintes palavras sairiam secas de minha boca. – E ele ainda a ama, tirei a prova quando li a carta que ela mandou pra ele. A única coisa que consegui fazer em seguida foi de induzi-lo a ir até ela. Para ela. – meus olhos queimaram, mordi o lábio inferior com força para impedir as lágrimas.

– Isso é realmente muito complicado para entender e pensar a respeito. Eu não sei o que dizer, deve estar sendo muito difícil para você tudo isso.

– Quando eu tinha dois anos, perdi minha mãe para o câncer. Ela morreu de câncer terminal, enquanto eu crescia, sofria constantemente com a ausência dela. Sei como dói, é horrível. Meliodas precisa ir para Liz, precisa vê-la, conversar com ela, dizer tudo que sempre quis dizer, abraçá-la nem que seja pela última vez. Olhar no fundo dos olhos dela, vê-la sorrindo, guardar os últimos segundos dela, parte por parte, na memória. Eu não me perdoaria se ele resolvesse ficar por minha causa. 99% de mim quer que ele vá...

– E o 1%?

– Esse 1% precisa dele mais do que já precisei nos outros dias inteiros. Mas eu irei esperá-lo, mesmo que ele decida não voltar.

– Eu não sou ótimo para dar conselhos, liga para uma de suas amigas, elas vão se sair melhor nisso do que eu. – ele me encarou nos olhos por mais ou menos 5 segundos. – Ah, Elizabeth, por que diabos você trombou com ele naquela maldita festa? Foi lá que tudo começou, e olha só como terminou.

– Chega a ser engraçado, pouco tempo ele me disse que nunca iria deixar eu seguir meu caminho sozinha... que sempre iria estar aqui para segurar a minha mão quando eu ameaçasse cair. Adivinha?! Eu estou caindo.

–  E onde ele está agora?

– Caindo. Por isso nenhum de nós dois podemos nos segurar.

Meu celular começou a tocar, o puxei do bolso, logo dando de cara com a foto de Elaine enfeitando o visor, atendi imediatamente e levei o celular de encontro ao ouvido:

– Oi. – lutei para não deixar minha voz tremer, foi em vão.

– Onde você está? Eu e Diane estamos loucas atrás de você!

– Aconteceu alguma coisa?

– Aconteceu. Ban me contou tudo.

– Tudo o quê? – troquei um rápido olhar de pânico com Arthur.

– Sobre Liz. – disparou Elaine. – Sobre a carta, sobre tudo...

– Diane está sabendo de tudo isso também?

– Que se foda eu nessa história. – gritou Diane no celular. – Venha para a sua casa agora, antes que eu comece a surtar. Olha Elizabeth, você escondeu muitas coisas sobre o Meliodas de mim, muitas mesmo, mas eu não me importo, não mesmo. Eu continuo sendo sua amiga e quero te fazer companhia nesse exato momento. Porque se tudo isso está me corroendo como se tivessem jogado soda cáustica dentro de mim, imagina então como está sendo tudo isso pra você!

– Diane... – comecei a chorar, pra variar, de novo.

– Não chora aí não, deixa pra chorar aqui.

...

– Lembra o que eu te disse? – perguntou Elaine no meu quarto. Eu estava encolhida na cama, com a cabeça no colo dela, chorando, enquanto ela passava um lenço descartável nos cantos dos meus olhos.

– Você disse tantas coisas, Elaine. – avisei com a minha voz horrível. – Fica difícil lembrar especialmente da certa. – encarei Diane que andava de um lado a outro do quarto parecendo com um leão preso dentro de uma jaula, ela estava de cabeça baixa, bufando, e com os dedos no queixo, como se estivesse perdida em pensamentos.

– Foi na praia, eu disse que se no final de tudo isso você acabar se machucando, meu ombro iria estar aqui disponível para você.

– Ah! – Diane parou de andar e se virou para a nossa direção. – Então você já estava profetizando uma desgraça, né Elaine? – os olhos de Diane estavam vermelhos e brilhando. – Droga, odeio sentir dor alheia. – ela sacudiu a cabeça, imaginando que a dor sumiria logo em seguida. – Droga de novo! – ela se jogou na cama e me abraçou com força. – King me disse uma vez que um abraço é a melhor forma de salvar alguém da tristeza.

– E onde ele está? – perguntei e apertei os olhos.

– Com o Ban e Meliodas.

– Meliodas ligou desesperadamente para Ban e suplicou por ajuda. Ban me disse que nunca tinha visto ele tão desnorteado daquele jeito. Eu imaginei que você poderia estar pior, depois que eu soube o motivo do desnorteio dele. – relatou Elaine.

O celular de Diane começou a tocar, ela deslizou para fora da cama, encarou o aparelho e atendeu imediatamente.

– Como está tudo aí? Aqui tá uma merda. – Diane me olhou preocupada. – Isso não é uma competição de choro, caralho, traga ele aqui.

– Ele quem? Meliodas? Não! – eu me sentei. – Não quero vê-lo depois que eu praticamente o empurrei pra cima da ex dele.

– Espera só um minutinho, King... – Diane me encarou furiosa. – Cu doce uma hora dessas não, Elizabeth. Cala a boca e deita aí...

– Eu...

Elaine me puxou pro colo dela de volta.

– Deixa a Diane cuidar de tudo. – pediu ela. – Pelo menos, dessa vez.

– Como assim ele não quer vir, King? – Diane deu de ombros. – Sei que ele está mal, mas ele não é o único a sofrer. Manda ele parar de ficar relendo a porra dessa carta... meu Deus! Cadê a desgraça do Ban que não queimou esse cacete ainda? – ela coçou o topo da cabeça com raiva, eu e Elaine observamos tudo em silêncio. – Coloca ele na linha. Não King, o Ban não... coloca o Meliodas na linha. – longa pausa. – Meliodas, oi.

Meu coração faltou saltar pela boca, de tão acelerado e desesperado que ele estava. Elaine percebeu meu nervosismo, ela segurou em minha mão firme e apertou. Aquilo me fez lembrar de quando andamos na montanha russa pela primeira vez, eu estava com tanto medo e apavorada, e ela simplesmente segurou na minha mão e disse “vai dar tudo certo.”

Só não imaginei que ela usaria aquelas mesmas palavras agora.

– Vai dar tudo certo. – repetiu ela baixinho, com aquele sorriso gentil e amigável que eu tanto adorava.

– Você a ama? Estou falando da Elizabeth, ou Ellie se preferir. – Diane olhou para o meu dedo anular. – Estou olhando para aquele puta anel bonito que você deu pra ela. A história de vocês dois ainda está no prólogo, ainda haverá muitos capítulos. Isso que está acontecendo com a sua ex é uma coisa realmente ruim. Ruim não, isso é péssimo! Mas ainda sim, você está com a Ellie agora. Você já sabia que sua ex morreria um dia, afinal, todos nós vamos morrer. A vida continua, com Liz ou sem Liz... então pelo amor de Deus – Diane já gritava histérica no celular. –, parem com isso que até eu que não tenho nada haver com isso tô sofrendo aqui. – ela se calou, Meliodas dizia alguma coisa para ela na linha. Ela ouvia atenta. Em seguida ela afastou o celular e olhou diretamente para mim. – Ele disse que quer conversar com você, apenas os dois. Conversa definitiva. – ela levou o celular ao ouvido de novo. – Passa pro Ban. – alguns segundos depois. – Ban, oi, então... queima a porra dessa carta.

Me perdi no restante da conversa, as duas palavras “conversa definitiva” só alimentou ainda mais o meu pânico. Ele vai querer terminar. É isso. Ele vai terminar comigo e vai para Londres para nunca mais voltar. Estou imaginando cada palavra dita pela aquela boca que tanto beijei. Eu não quero ouvir ele dizê-las, mas também não posso ficar me escondendo dele depois dessa reviravolta catastrófica no nosso relacionamento.

  Pisquei algumas vezes e olhei para Diane, ela já tinha desligado o celular, e me olhava com os lábios tremendo, como se quisesse se inundar em suas lágrimas. Elaine estava quieta, me fazendo cafuné.

– Vou levar você lá. – ela disse.

– Eu não devia ter saído correndo daquele jeito. Eu devia ter ficado, ele estava precisando de mim e eu prometi que ficaria com ele.

– Vai lá frisar isso. Ele precisa mesmo de você. Eu ouvi a voz dele, estava bem rouca, como se ele tivesse gritado agoniado a plenos pulmões.

– E seja o que for que ele vá dizer – prosseguiu Elaine. –, ouça sem correr.

– Obrigada. – murmurei. – O que seria de mim sem vocês?

– Uma apaixonada tola sem conselhos úteis. – respondeu Diane com um sorrisinho.

– Você é a nossa melhor amiga, Elizabeth. – afirmou Elaine. – Estaremos com você nessa vida e na próxima.

Tomei um banho rápido e me vesti, saí com as meninas antes que Verônica, meu pai ou até mesmo Margaret chegasse. Elas me deixaram na porta do apartamento de Meliodas, mas não deram nenhum passo depois disso. A porta estava fechada, e estava bem silencioso do lado de dentro. As duas estavam do meu lado me olhando ansiosas.

– Ban e King não estão mais aí. – avisou Elaine. – Ban me passou uma mensagem, Meliodas está sozinho. Ótimo momento para conversarem.

– Estou nervosa. – admiti.

– E com os olhos inchados. – completou Diane. – Entra lá, vamos te esperar lá em baixo.

Virei-me para elas e uni os lábios, eu não iria mais chorar, estava completamente desidratada. Elaine e Diane me abraçaram juntas, logo depois acenaram confiantes e saíram do corredor. Olhei novamente para a porta e ergui o braço, prestes a bater, antes que eu pudesse concluir essa ação, Meliodas abriu a porta de uma vez, como se tivesse adivinhado que eu estava aqui fora.

Ele estava descabelado, de olhos inchados, nariz vermelho, de pés descalços, no seu refúgio descomunal.

– Ellie... – murmurou ele, num fio de voz quase inaudível.

– Meliodas. – caí de joelhos em sua frente e o abracei fortemente pela cintura. – Me perdoe por ter saído daquele jeito, eu devia ter ficado, como eu disse que ficaria. Isso que você está sentindo, essa dor dilacerante parece que vai arrancar fora seu órgão vital, eu conheço. Não é uma dor literalmente física, mas machuca tanto que parece que alguém lhe cravou uma faca no peito. Eu nunca tive uma faca cravada no peito, mas acho que seria até menos doloroso. Dói tanto que o não físico se funde com o que é, numa mistura desenfreada de problema de junta com náuseas e estômago embrulhado.

– Você entende. – sussurrou ele com a voz grogue e colocou as mãos nos meus ombros. – Já senti como se meu coração estivesse a ponto de explodir. – ergui o olhar para ele e ele olhou para mim. – E explodiu. – ele se afastou, dando-me as costas. Fiquei de pé e entrei, batendo a porta atrás de mim.

– Explodiu? – senti um arrepio por todo o meu corpo. Não era um arrepio bom como eu costumava sentir, esse era pavoroso.

– Sim. – ele mexeu no cabelo. – Foi mais ou menos igual Hiroshima e Nagasaki. Espalharam-se cacos por todos os cantos.

– Eu posso catar os pedaços! – exclamei. – Mesmo que eu me espete com alguma farpa. Eu não me importo. Olhe para mim, Meliodas, por favor. – ele girou lentamente na minha direção, e piscou os olhos fortemente quando me olhou. – O tempo vai passar e lentamente as coisas vão se reformar. Até mesmo as inconvenientes, e cada vez mais minúsculas farpas vão desaparecer, é só você deixar eu ter passagem na sua porta do mesmo jeito que eu deixei você ter passagem na minha.

– Eu... é só que... eu não esperava que... – ele mordeu o pulso, se controlando para não chorar. Eu me aproximei cautelosamente.

– Tem coisas na vida que demandam ela inteira, como superar o medo de andar de skate ou até mesmo o medo de perder alguém. A gente nunca vai saber lidar com isso. Mas outras só precisam de alguns segundos para se tornarem eternas, como o seu abraço apertado e aconchegante em momentos inesperados. Não vou correr dessa vez, pretendo ser firme, então... – respirei profundamente. – Eu quero que você vá para Londres, diretamente para Liz. Talvez você esteja realmente pensando em ir sem chances de voltar, e tudo bem pra mim se assim desejar. – menti descaradamente com um sorriso no rosto molhado.

Meliodas estava olhando para mim. A princípio, eu achei que era apenas uma impressão, mas ao encontrar diretamente aqueles fantasmagóricos olhos verdes por trás de emaranhados fios dourados, eu tive a certeza de que ele estava me observando em silêncio, quebrado por dentro.

– Acho que... – mordisquei o lábio inferior, que estava úmido. – Na verdade, o maior mal, no momento, é saber. Eu só queria não saber que tudo isso aconteceu. Mas saiba que irei te apoiar, seja qual for a sua decisão. Eu vou te esperar. Enquanto houver amor, Meliodas, eu vou te esperar. – eu sorri, nervosa. – Passe o tempo que passar. Meu pai me disse uma vez que para as coisas começarem a se realizar, você precisa primeiro acreditar.

– Ellie... – Meliodas deu um suspiro longo.

– E eu acredito. – concluí.

Ele sacudiu a cabeça e correu na minha direção meio caindo, meio tropeçando e se jogou nos meus braços, a cena foi muito parecida com uma criança assustada se jogando nos braços da mãe. Eu o abracei com força, queria nunca mais poder soltá-lo.

– Não quero desistir de nós. – anunciou ele, determinado. – Eu irei ver Liz, mas não pretendo ficar para sempre em Londres. Eu irei voltar. Preciso voltar. Vou voltar pra você, Ellie. Lembra da minha promessa? Não pretendo quebrá-la. – ele me apertou com força, envolvendo seus braços ao redor da minha cintura.

– Essa era a conversa definitiva que você queria ter comigo? – perguntei.

– Sim, era. – confirmou ele.

– Queria tomar sua dor para mim. É extremamente horrível te ver assim por causa dela. – grunhi. – Sei que ela poderia ser capaz de acabar com toda a sua dor, se ela não estivesse doente. Mas... desculpa, ta? Eu não sou ela!

– Tem razão. – Meliodas deu três passos para trás. – Você não é. – ele me olhou. – Mas quem eu amo... é você.

Por alguns instantes, tudo ficou silencioso. Passaram-se dez minutos que poderiam ser duas horas e eu não perceberia a diferença. Estava paralisada e surpresa com o que Meliodas dissera, sequer me movi.

  E então a voz dele quebrou o silêncio. Extremamente suave. Extremamente triste.

– Ninguém é o mesmo pra sempre, mas eu sou teu pra sempre, Ellie.

Fiquei calada. Seria isso verdade? Talvez fosse. Não. Era isso, com certeza.

– Eu... queria te pedir uma coisa. – continuou ele.

Obriguei as palavras a saírem:

– O quê?

– Você poderia me amar?

Eu me controlei para não esboçar reação nenhuma. O que ele estava pedindo? Eu já o amo, muito, inclusive. Ele se aproximou de mim, dessa vez chorando, e tomou meu rosto com as mãos. Eu me assustei um pouco com o desespero que ele transmitia.

– O que quer dizer? – perguntei no tom de voz mais calmo possível.

– Você poderia me amar? – repetiu ele, enfatizando cada palavra com a voz embargada. – Apenas... agora, aqui, e apenas aqui, olhe nos meus olhos... e sinta amor por mim como você nunca sentiu antes.

E eu obedeci, porque eu realmente o amava, e se ele estava pedindo que eu o amasse mais, eu simplesmente iria fazer isso. Não pensei, não tentei entender. Apenas senti. Olhando no fundo dos olhos dele, eu sentia calor. Quase podia ouvir o meu próprio coração batendo. E eu soube pelos olhos dele que ele sentia o mesmo. Eu entendia o que estava acontecendo ali. Não com a cabeça, mas com o coração. E isso se prolongou por cinco minutos.

Mas eu poderia muito bem dizer que foram cinco horas.

Meliodas desviou o olhar e fechou os olhos. Ficou um bom tempo com eles fechados. Respirando devagar, suavemente.

– Muito obrigado... Elizabeth. Eu nunca vou esquecer o que você fez por mim. – ele abriu os olhos, limpou as lágrimas e olhou para mim.

– Isso é... uma... despedida...? Mas você disse que...

– Eu não sei quando irei voltar de Londres, mas eu ficarei bem, porque terá alguém aqui me esperando. Você.

Ao contrário do que eu esperava, não me senti triste. Foi um momento que não se encaixava na minha realidade. Como se não passasse de um sonho.

Já estava começando a escurecer. Senti que a mágica já estava feita e que eu deveria cumprir com o pacto. Seria errado destruir aquilo. Não! Seria uma tragédia.

– Eu vou te esperar, eu prometo. – garanti.

Ele sorriu rápido. Olhei bem para os olhos dele, eles me diziam muita coisa, coisas que ele não queria dizer, mas que eu decifrei. Naquele momento, o abracei novamente. Um abraço forte e longo, minhas pernas tremiam, em seguida veio o beijo. Seus lábios procuraram os meus e quando os encontraram, meu corpo se arrepiou. Não foi um beijo salgado, muito menos um beijo triste como deveria ser por despedida, eu senti alegria.

Após o beijo, eu perguntei:

– Quando você vai?

E como resposta, tive:

– Hoje.

A ficha caiu, da pior maneira possível.

– Tudo bem. – busquei ser forte, sendo que tudo o que eu queria fazer era cair de joelhos e chorar escandalosamente puxando os cabelos e dizer “ele não vai voltar” mesmo que tenha dito ao contrário. – Boa viagem, então. – beijei a bochecha dele rapidamente e me afastei. – Tenho que ir.

– Ellie...

– Está tudo bem, Meliodas. Sério. E eu espero que você consiga dizer a ela tudo o que nunca conseguiu dizer. – mandei um beijo no ar e fui até a porta, a abri e saí. No corredor, olhei para Meliodas mais uma vez, ele estava parado olhando para a porta aberta e para mim. Ergui meu dedo anular e mostrei o anel que ele me dera. – Eu amo muito você. – declarei.

Ele simplesmente sorriu.

– Obrigado.

Estiquei o braço e alcancei a maçaneta da porta, antes que eu pudesse fechá-la, ele disse:

– Eu amo você também, Elizabeth Liones.

Meus dedos congelaram ao redor da maçaneta, arrisquei um sorriso tímido e fechei a porta. Fiquei sozinha naquele corredor, girei nos calcanhares e resolvi sair logo dali. Como foi torturante aquela volta, o caminho até a portaria era longo, não conseguia parar de pensar “ele não vai voltar”.

Encontrei com Diane e Elaine já fora do prédio, as duas estavam inquietas, e quando me viram, correram na minha direção.

– E aí? – perguntou Elaine, nervosa. – Como foi tudo?

– Eu estou tremendo aqui! – exclamou Diane, roendo as unhas.

– Ele vai hoje mesmo para Londres. – respondi. – Eu disse que iria esperá-lo. E irei fazer isso. – sorri com os lábios unidos, formando uma linha reta.

– Vem aqui. – Diane me puxou para um abraço. – Iremos esperá-lo com você. – garantiu ela.

– Sim. – confirmou Elaine se juntando no abraço. – Iremos.

Quando cheguei em casa, acabei dando de cara com Verônica agarrando alguém no sofá. Minha primeira ação foi gritar de susto. Eu não sabia se ela estava realmente agarrando o cara, ou o esgoelando.

– Elizabeth! – Verônica pulou do sofá e me olhou com os olhos arregalados.

O cara se levantou do sofá e girou na minha direção, quando eu vi quem era, arregalei os olhos.

Você?!

– Conhece ele? – quis saber Verônica.

– Ele é o cara da boate Mouth Goddess. Ele barrou minha entrada e a de Meliodas. – olhei para Verônica. – Estão namorando?

– Claro que não. – respondeu Verônica.

– Ah, estamos sim. – rebateu o cara musculoso e em seguida olhou para mim. – Perdão por eu não ter me apresentado para você antes, meu nome é Griamor.

– Sou Elizabeth, irmã de Verônica.

– Ela não me disse que tinha uma irmã.

– Na verdade – Verônica ajeitou a blusa amarrotada. –, tenho duas. – ela me olhou seriamente. – Não imaginei que estaria em casa agora. Cadê teu namorado? Aquele baixinho? – não respondi, Verônica se aproximou com a testa franzida. – E esses olhos inchados?

– Ela provavelmente chorou. – observou Griamor. – Relacionamentos são um saco. Não é mesmo, Verônica?

– Cala a boca aí Griamor. – Verônica me pegou pelo cotovelo e me arrastou para a cozinha. – O que diabos aconteceu? Ele te traiu? Você pegou os dois no flagra? Me diga que pelo menos deu uns tapas para deixá-lo arroxeado!

– Não aconteceu nada disso! Você ama uma violência, pelo amor de Deus! – me afastei dela e dei a volta no balcão. – Ele vai para Londres.

– O quê? Por quê?

– Eu não quero ficar divulgando esse assunto pra todo mundo!

– Eu sou sua irmã, porra, eu não sou todo mundo.

– Ta, me desculpa. – abaixei a cabeça e encarei meus pés. – A ex dele está doente.

– E daí? Por que ele precisa ir correndo pra ela?

– Você não está entendendo Verônica. – olhei para ela. – A ex dele está com câncer terminal. Ela está morrendo! Até mandou uma carta para ele. Só de pensar naquela carta, meu estômago se revira todo.

– Deixa eu ver se entendi – ela balançou a cabeça. –, a ex do seu namorado está em Londres, mandou uma carta para ele dizendo que está doente, com câncer terminal, e pediu que ele fosse vê-la?

– Ela não pediu que ele fosse. Mas ele deve ir, pelas coisas que ela disse na carta, até eu iria se estivesse no lugar dele.

Verônica se debruçou no balcão e encarou a parede com as sobrancelhas erguidas.

– A carta era muito deprimente?

– O quê?

– A carta, Elizabeth! – ela me olhou. – Ela era muito deprimente? Tipo, forçada?

– Por que você ta perguntando isso? O assunto é sério!

– Eu sei que é sério, por isso estou perguntando, sua idiota. Porque, vai que é mentira...

– Mentira? – a encarei.

– Não passou pela sua cabeça que essa carta poderia ser apenas uma desculpa para ele ir correndo para ela?

– A Liz não seria capaz de inventar algo tão grave para ter o Meliodas de volta, e além do mais, quando ela foi embora para Londres ela terminou com ele antes. Meliodas até insistiu para ir com ela, mas ela não quis. Por que ela iria inventar algo assim agora?

– Sei lá! Talvez ela esteja sabendo que ele está namorando.

– Acho que não. Quem iria contar para Liz lá em Londres, que Meliodas está namorando aqui?

– Tem alguma pessoa para a lista? Uma que provavelmente não vai com a sua cara?

– Não. Espera, tem a Christine, mas ela com certeza não conhece a Liz.

– E como você tem certeza disso?

A conversa cessou quando Griamor entrou na cozinha.

– Deixar a visita sozinha na sala é falta de educação. – reclamou ele, se aproximando de Verônica. Ele parou de andar e nos encarou desconfiado. – Aconteceu alguma coisa?

– Aconteceu. – respondeu Verônica. – Temos uma pessoa para investigar.

O quê? – vociferei. – Por que você quer insistir tanto nisso, Verônica?

– Porque você é a minha irmã, e essa história de ex doente não está me descendo, se for verdade, ok, tudo bem, não me intrometo mais, mas se for mentira – ela deu uma risada maléfica, enquanto estralava as juntas dos dedos. –, eu vou até Londres chutar a bunda dessa tal de Liz.

 



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